POR JORDI CASTAN
Quem lembra ainda da frase que custou o posto de ministro a Rubens Ricupero, no governo do falecido Itamar Franco? O Brasil mudou muito e hoje ninguém mais perderia o
cargo por isso. Em Joinville, o MPSC
investigava uma denúncia contra quatro secretários municipais pelo acúmulo de
vencimentos, que recebiam, de forma cumulativa, o vencimento de Secretário e
jetons da CAJ de R$ 3.000,00 - o que é vedado pela lei Orgânica do Município. A
notícia divulgada pela imprensa foi que a ação foi arquivada.
A primeira leitura para o leitor desavisado é que nada havia
de errado, que tudo não passou de mais um caso de “denuncismo” e que os
secretários cujos nomes foram citados não cometeram nenhum ato ilícito. É bom
pesquisar um pouco mais. Quem estiver interessado em conhecer a verdade dos
fatos pode achar no site do MPSC as informações que são todas públicas. Até este momento somente os secretários Miguel Angelo
Bertolini e Romualdo França devolveram o valor recebido irregularmente.
O ÓBVIO ULULANTE - Parece que a recorrente concessão de liminares e
intervenções da Justiça em seu governo - eufemisticamente denominadas pelo prefeito como acidentes de percurso - tornou-se o carimbo do cotidiano,
envolvendo até os mais competentes e preparados auxiliares que fazem as vezes
de dublê de secretários municipais e conselheiros do Conselho de Administração
da Companhia Águas de Joinville. Nesta última semana, veio a público o
resultado de uma investigação iniciada pela Promotoria no ano passado, concluindo
o óbvio ululante: os secretários Nelson Corona, Miguel Angelo Bertolini,
Romulado França e Braulio Barbosa não podem acumular os seus vencimentos de
Secretários com os generosos jetons de R$ 3000,00 pagos por cada reunião com
duração de uma hora do Conselho de Administração da CAJ- Companhia Águas de
Joinville.
Inquiridos pela Justiça, dois secretários se apressaram em enviar um ofício (em anexo) para a Promotoria da Justiça e ao Presidente do Conselho da Administração da CAJ - um empresário indicado pelo prefeito Udo - dizendo que não podem mais receber o jeton de R$ 3000,00 devido à proibição existente na Lei Orgânica do Município. Imagino com deve ter sido doloroso aos eminentes secretários Miguel Angelo Bertolini e Romualdo França a devolução dos jetons percebidos nos últimos 10(dez) meses, cada qual a insignificância de R$ 42.052,14.
Inquiridos pela Justiça, dois secretários se apressaram em enviar um ofício (em anexo) para a Promotoria da Justiça e ao Presidente do Conselho da Administração da CAJ - um empresário indicado pelo prefeito Udo - dizendo que não podem mais receber o jeton de R$ 3000,00 devido à proibição existente na Lei Orgânica do Município. Imagino com deve ter sido doloroso aos eminentes secretários Miguel Angelo Bertolini e Romualdo França a devolução dos jetons percebidos nos últimos 10(dez) meses, cada qual a insignificância de R$ 42.052,14.
Ainda não se tem notícia que Nelson Corona e Braulio Barbosa
devolveram a parte deles, mas acreditamos que isto deva ocorrer em breve. Pesou
na decisão republicana do prefeito a eficiência administrativa, a preocupação
com a gastança dos recursos públicos e a tolerância zero com as cifras
douradas. Pena que isto só aconteceu por medo do pau comer na Justiça.
Acidentes de percurso acontecem nas melhores famílias e ainda assistiremos
muitos exemplos nesta (in)-eficiente gestão.
OBS: cifras douradas - é um conceito sociológico criminal que
se refere as infrações contra o Estado praticados pela elite política e
econômica que não são investigados pelos órgãos oficiais.
ACIDENTES DE PERCURSO - O prefeito tem se especializado em acidentes de percurso (é quase um campeão). Desde que assumiu a gestão do município de Joinville, Udo Dohler tem recitado o mantra da eficiência, da economicidade e da gestão profissionalizada. Acredito que ele seja fã do ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolf Giuliani, famoso por criar a doutrina da Tolerância Zero, prima-irmã da Teoria das Janelas Quebradas de Chicago. Mas como o pensamento sem reflexão é como a água no pântano, a experiência obtida na iniciativa privada não tem surtido efeito esperado no trato com a coisa pública. O resultado é sintomático: falta de planejamento, inépcia dos serviços públicos e avaliação em queda livre.
Nesta última semana, o toque de Midas (inverso) do prefeito foi ofuscado por duas ações na Justiça. Uma delas impediu temporariamente que o prefeito terceirizasse o serviço de saúde, contratando uma instituição privada para desafogar a grande pedra do sapato em sua gestão: o caos que se tornou a saúde pública na cidade, com falta de leitos, ausência de medicamentos, falta de médicos e represamento de 200.000 consultas à população carente de Joinville atendida pelo SUS.
Depois da Justiça afastar o ex-secretário da Saúde, dono de um perfil cooperfildiano, pela sua capacidade em fazer desaparecer nomes das longas listas de espera por uma consulta, agora entendeu que a terceirização da saúde, uma atividade-fim do Estado, configura indícios de malversação de recursos públicos e atenta contra as regras da boa administração pública. Assim, os míseros 10 milhões de reais depositados na conta do Fundo Municipal de Saúde predestinados a sangrar, por ora ficarão em paz em berço esplêndido.
Como sendo membros da administração direta desconhecem a lei orgânica do município??
ResponderExcluirCoisarada repertório de uma Joinville sem rumo ...snifff....
A água foi municipalizada em Joinville, mas a companhia Águas de Joinville não é uma estatal? Fui no site deles tentar descobrir o que é essa empresa e o estatuto social baixa, mas não abre! E aí, quem é o DONO da Companhia Águas de Joinville?
ResponderExcluirEmpresa de economia mista. É uma S/A, porém a maior acionista é a própria prefeitura, com aprox. 90% das ações. Há outros 10 acionistas minoritários, que assinaram a criação da Companhia, dentre eles o atual prefeito. Isso aconteceu em julho/2005. Tem que procurar o documento, para ver a lista de acionistas e o percentual de cada um.
ExcluirTodos tem direito à retirada anual de lucros. Por isso, a voracidade qto. aos reajustes de tarifa.
Eu não sei bem os termos da municipalização da água, mas sei que a CAJ é uma empresa de economia mista. Os funcionários, por exemplo, não são servidores públicos, mas CLT. (embora haja concurso para contratação).
ResponderExcluirÉ mais ou menos como era a CONURB até dois anos atrás.