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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Cota 40 - As invasões

POR JORDI CASTAN
Não é de hoje que a Cota 40 está ameaçada. Também não é novidade que há interesse em rebaixar cotas mais altas até chegar à Cota 40 em alguns pontos. Sem uma definição clara de até onde chega a Cota 40, as invasões ficam mais difíceis de controlar e sempre há políticos e politiqueiros por trás das invasões.
PJORDI C

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Cota 40 - Coisas estranhas

POR JORDI CASTAN
A Cota 40 deve ser preservada. Há motivos de sobra para manter esse pulmão verde em Joinville. Mas quando o tema é a preservação, sempre há coisas estranhas e movimentos para que a preservação seja "flexibilizada”. Há interesses, bem identificados, em não preservar e avançar para a ocupação. O problema é maior quando se juntam os interesses econômicos especulativos e a desídia e conveniência do poder público.


segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Cota 40: há quem queira ganhar milhões de um dia para o outro. E quem perde é você...


POR JORDI CASTAN
Estamos a ficar cansados de ter que participar em audiências públicas, mobilizar a sociedade, assinar petições e nos manifestar publicamente pela defesa da Cota 40. Porque aqueles que são contra nunca desistem, nunca dormem e estão sempre tramando uma nova artimanha para acabar com ela.


Com o discurso fácil do progresso, do desenvolvimento e da inevitabilidade do avanço da cidade sobre as áreas verdes, sempre há quem apresente novos argumentos para “flexibilizar” as restrições à ocupação da Cota 40. É bom lembrar. Desde há décadas é permitida a ocupação da Cota 40. Ou seja, não é verdade que a legislação não permita a sua ocupação. O que há, e isso é bom, são regras duras e restritivas para evitar que o verde remanescente seja destruído e dê lugar a ocupação imobiliária desenfreada e especulativa.
Enquanto há os que cabalam para que nos morros de Joinville pipoquem espigões de concreto, há os que defendem que se mantenha áreas de relevante interesse paisagístico, o verde, a biodiversidade, aquilo que a maioria das pessoas - e os especialistas em organização urbana - consideram que contribui a uma melhor qualidade vida.
Avançar é ir em outro sentido. Mais do que permanecer como está, é necessário ir além, regulamentar as ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico do Boa Vista e do Morro do Finder, implantar definitivamente a ARIE do São Marcos. E também garantir, com legislação suplementar, a criação de corredores ecológicos, a proteção dos morros dos Bairros América e Atiradores, proibir a mineração no perímetro urbano e assegurar para a Joinville do futuro a preservação das áreas verdes hoje ameaçadas.



O jogo é simples e sempre o mesmo. Comprar áreas de preservação, áreas de ocupação sujeita a regras e normas estritas e limitadas ou áreas rurais. Depois, com a ajuda de vereadores, funcionários e profissionais de princípios e valores elásticos e moralidade duvidosa, propor mudanças a legislação. E no fim permitir que, da noite para o dia, áreas rurais mudem de zoneamento, a cidade se expanda além do seu perímetro atual e se ganhem milhões de um dia para o outro.


O quadro é este. Não há outra novidade: de um lado, a insistência de uns em derrubar a Cota 40; do outro,  a persistente defesa dos que querem que permaneça como está. Bom que desta vez o Ministério Púbico (MPSC) também está atento e já acompanha de perto a elaboração do Projeto de Lei que ameaça a permanência da Cota 40.









É oportuno lembrar que o prefeito Udo Dohler assinou até abaixo assinado em defesa da Cota 40 e se comprometeu a garantir a sua preservação e a não empreender ações que a ameaçassem ou a pusessem em perigo. Seria bom lembra-lo do que assinou. Para ajudar a lembrar nada melhor que dar uma olhada no seu post e no comunicado oficial da própria Prefeitura e se você ainda não assinou seria bom que o fizesse. Cada assinatura conta. Mas não faça como aqueles que assinam e depois esquecem que assinaram. Defenda a Cota 40.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Os "udoboys" e a Cota 40. De novo...

POR JORDI CASTAN
Acabar com a cota 40 tem se convertido na obsessiva tarefa diária do Executivo municipal. Para atender interesses especulativos e “promover o progresso”, o prefeito municipal encarregou a missão de destruir o mais importante pulmão de Joinville. E para isso um grupo de técnicos tem se dedicado diuturnamente a achar formas de acabar com a Cota 40.

Desconsideram que, para acabar com a Cota 40, é preciso desrespeitar a LOM (Lei Orgânica Municipal), a nossa constituição municipal. Uma lei que considera, de forma explícita, as regras e os pilares do convívio entre os joinvilenses. Ou seja, considera sabiamente que os morros, morrotes e todas as áreas localizadas acima de Cota 40 devem ser preservadas. O prefeito deve ter esquecido que, quando tomou posse, prometeu cumprir a lei que agora insiste teimosamente em ignorar e desvirtuar.

A “genial” proposta que o Executivo encaminhou ao Legislativo é a de permitir a mineração das Áreas acima da cota 40. Assim, todos os morros com cota superior poderão ser explorados para mineração e sua cota rebaixada com a retirada do material mineral, seja ele barro, saibro ou rocha. Ora, depois de não haver mais a cota 40, o imóvel poderá ser ocupado normalmente.

Já escrevi neste espaço que temas complexos não são o forte do prefeito. Há nele uma predisposição a simplificar as coisas de modo que possa compreendê-las. Gente simples não compreende ideias ou propostas complexas. O prefeito acha assim que consegue resolver com soluções simplórias temas que exigem analise, estudos técnicos e conhecimento que ele e sua equipe ou abominam ou não tem competência para compreender.

Por isso, o prefeito trata Joinville como um gigantesco tabuleiro de banco imobiliário em que ruas e bairros mudam de valor de acordo com o seu interesse ou o dos seus amigos e apaniguados. Para o grupo denominado de “udoboys” Joinville é um jogo de Sin City à escala gigante. E a cota 40 é na sua cabeça um empecilho para o “progresso” desta pujante cidade.

segunda-feira, 26 de março de 2018

E a Cota 40, prefeito? Como fica a palavra dada?


POR JORDI CASTAN
O Executivo Municipal ameaça a cota 40. Programar uma audiência pública para debater o tema, na segunda feria prévia ao feriado de Semana Santa, mostra a má fé do nosso Executivo.. É tudo pensado para ter um quorum baixo e pegar a sociedade desarticulada. Pensei em escrever um texto mais denso, mas desisto de escrever de novo sobre o tema. Até porque poderia perfeitamente reproduzir de novo o texto que já publiquei neste mesmo espaço em outras oportunidades: em 2014 Jabuti subiu na cota 40 e, de novo, em 2016 Joinville vitoria da ganancia e derrota da cota 40. Porque a Cota 40 é um tema permanentemente em pauta, tanto para especuladores como para os seus defensores. 

O problema não é a Cota 40. O problema tampouco é a preservação do pulmão verde que Joinville ainda mantém e que garante uma melhor qualidade de vida para todos os que aqui moramos. A Lei Orgânica do Município garante a preservação do Cota 40. A nossa constituição municipal, escrita em outros tempos e por joinvilenses com princípios e valores diferentes dos que hoje nos governam, garante que a cidade não avance sobre a Cota 40. O problema é sermos governados por gentalha sem ética, sem princípios, sem palavra, sem vergonha. E não falo só de Joinville. O país todo vive o drama de ser dirigido por amorais, que dão ouvidos a especuladores gananciosos igualmente amorais.  

Nenhum cidadão de bem pode dormir em paz quando o Legislativo está reunido, escreveu Benjamim Franklin. No Brasil diria que "nenhum cidadão de bem pode dormir em paz quando o Legislativo, o Judiciário ou o Executivo estão reunidos".

Se o prefeito não desse ouvidos a este tipo de gente - da mesma forma que não da ao resto da população - não teríamos que trazer uma e outra vez este tema de volta à pauta. O problema é que o prefeito, contrariamente ao que se comprometeu, acredita que o progresso de Joinville está vinculado a crescimento desenfreado. Ele, na sua simplória ignorância, acredita que não precisa respeitar o que disse, menos ainda o que assinou. Porque gente sem princípios e sem palavra é assim. E o pior: acredita que os outros joinvilenses são como ele. 

Prefeito, não se engane. Em Joinville ainda há gente que honra a palavra dada.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

Joinville: a vitória da ganância e a derrota da Cota 40


POR JORDI CASTAN

Em agosto de 2014, o Chuva Ácida ( Apocalipse Now, Jabuti subiu na cota 40) fez uma denúncia: estava em andamento um ataque contra a Cota 40. A iniciativa estava sendo gerada nos gabinetes do IPPUJ, com a anuência do prefeito Udo Dohler. A Prefeitura fez veicular uma nota oficial a desmentir qualquer iniciativa neste sentido, mas as provas apresentadas comprovavam a existência de uma comissão para elaborar uma proposta para acabar com a Cota 40. Nessa altura, o Chuva Ácida lançou uma petição na internet "Não mexa na cota 40", assinada até pelo prefeito Udo Dohler.

Quem acreditou na bondade ou na sinceridade das intenções do Executivo errou feio. No texto da LOT, que em breve deverá ser aprovado pelos vereadores, está explícito o fim da Cota 40 como a conhecemos hoje. O verde de Joinville está ameaçado. A cupidez e a ganância não conhecem limites e o poder público é um aliado que compactua com a destruição do maior patrimônio ambiental de Joinville.

Cota 40 poderá ser ocupada

Art. 7° Parágrafo único. Os lotes contidos na Área Urbana de Proteção Ambiental (AUPA), registrados no Cartório de Registro de Imóveis, e cujas áreas são inferiores a 5.000m2 (cinco mil metros quadrados), serão enquadrados, para efeito de ocupação do lote, como Área Urbana de Adensamento Controlado (AUAC), devendo respeitar uma taxa máxima de ocupação de 10% da área do lote, acrescida de 180m2 (cento e oitenta metros quadrados).

Se não fosse suficiente, a LOT, que os vereadores têm tanta pressa em aprovar,traz outras ameaças ao meio ambiente.


Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei Complementar consideram-se: LXIV - morro: elevação de terreno com cota mínima de 100m (cem metros) em relação à base, e inclinação média maior que 25º (vinte e cinco graus);


Não satisfeitos com isso os vereadores propõem que, depois de aplicado o artigo 2º, os morros que ainda sobrem possam também ser ocupados.

Art. 357
§ 1º Admite-se a implantação de condomínios horizontais em áreas com inclinação natural superior a 30% (trinta por cento), ou 13o 30’ (treze graus e trinta minutos), e inferior à 100% (cem por cento), ou 45o (quarenta e cinco graus), apenas nos condomínios integrados à edificação, e cujo empreendedor apresentar solução técnica na implantação das edificações que garanta a segurança contra situações de risco.
§ 2º Admite-se a implantação de condomínios horizontais em unidades de conservação ambiental, desde que o mesmo esteja regulamentado no Plano de Manejo dessas unidades.

O texto da LOT, que já provocava danos para a cidade, ficou muito pior depois de ter chegado à Câmara de Vereadores. No aspecto ambiental, o cerne do problema está na protelação do Gerenciamento Costeiro/ZEE. Na verdade, o ZEE deve ser prévio à LO. E existe base legal para afirmar isto: zelar pelo ambiente é dever da administração pública. Mas neste caso, apesar de a Prefeitura já ter pago e mesmo iniciado audiências públicas do Gerenciamento Costeiro/ZEE, o programa foi abandonando. A prioridade foi toda para LOT, com a promessa de que depois - repito, depois - ela vai se adaptada ao ZEE. Quer dizer, pretendem aprovar a LOT, permitir a ocupação de tudo o que o atual texto permite e, no futuro, depois que o estrago já tenha sido feito, talvez deem prosseguimento ao ZEE.

Art. 75. Após a homologação do Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro de Joinville, o Poder Executivo Municipal deverá promover a compatibilização desta Lei com o referido Plano.

Esta lógica esdrúxula de aprovar a LOT sabendo que o processo estaria errado é uma atitude irresponsável. Aliás, no mínimo daria motivos para exigir que a LOT só vigore após a promulgação do ZEE e sua compatibilização. Estaríamos correndo o risco que uma vez aprovada a LOT, se licenciassem empreendimentos e atividades que a LOT, na sua redação permitiria e que o ZEE vedará no futuro. O resultado seria uma situação de insegurança e ainda mais perversa, resultado da inépcia, o açodamento e da irresponsabilidade mancomunados com a ganância.

Leia os posts, em que já em agosto de 2014 denunciávamos o risco que a Cota 40 corria.  Felipe Silveira, do Charles Henrique Voos e meus, em defesa da Cota 40.




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Jabuti subiu na Cota 40

POR JORDI CASTAN

Se até o Prefeito Udo Dohler assinou a petição para que não se mexa na COTA 40, é evidente que há algo muito errado na ideia de mexer nela. A gente sabe que jabuti não sobe em toco, assim que quando apareceu na minuta da LOT, elaborada pelo IPPUJ, um jabuti chamado Cota 50, era claro que não tinha subido sozinho.

A LOT é assim mesmo. Não há nada lá que seja resultado do acaso e tudo tem um porquê. Mas o problema é que o pessoal que está mais vinculado ao setor do tijolo - e não estamos falando das olarias - vem perdendo a vergonha. Eles têm ficado mais ousados. E os jabutis começam a pipocar, ao ponto de se terem convertido numa praga. O discurso do prefeito tampouco tem ajudado a moderar os avanços vorazes sobre o solo urbano. Mas o que esse pessoal não tinha entendido é que mesmo na barbárie há limites. E a Cota 40 é um limite intransponível.

Bem que o Executivo tentou no primeiro momento olhar para outro lado, desacreditar, desconsiderar, dizer que eram insinuações, boatos e que não era nada disso. Mas o texto da minuta estava lá, para que quiser ver. 



O convite para a reunião do Grupo de Trabalho para “Estudar a COTA 40” com os carimbos e selos do IPPUJ e do Governo do Município estavam também lá. Houve quem chegasse a insinuar que só poderia se tratar de uma montagem, ignorando a ousadia dos que desejam avançar sobre a Cota 40 e aumentar os lucros das suas especulações.



Uma petição foi lançada na internet e as redes sociais começaram a mostrar a sua capacidade de organização, sua rapidez e sua capacidade de articulação. Facebook, Twitter e Blogs foram as ferramentas da mobilização. O Chuva Ácida foi o primeiro a entender que não se podia furtar a esse debate e depois seguiram os jornais. Inclusive o primeiro comunicado oficial da Prefeitura Municipal sobre o tema foi no Facebook e o próprio prefeito o colocou na sua página pessoal.



Depois Twitter, emails e em poucas horas e dias mais de 600 pessoas colocaram seus nomes na petição. O próprio prefeito inclusive utilizou sua conta em Twitter para confirmar sua posição a favor da manutenção da Cota 40.



A sociedade só acreditou na posição oficial do prefeito quando ele próprio assinou a petição que lhe será encaminhada, solicitando que “Não ousem tocar na Cota 40”. Dois alertas e meus agradecimentos.



O primeiro alerta e a estranha atitude do IPPUJ, que demorou em entender que jabuti não sobe em toco e só desembarcou da defesa da sua proposta de uma Cota 50 depois da posição oficial do prefeito. O prefeito deve olhar com atenção também os outros jabutis trepados nos tocos da LOT, porque há outros. O segundo mostra a força que as redes sociais podem ter quando se trata da defesa de temas de interesse coletivo.  A quantidade de compartilhamentos, de pessoas que passaram a conhecer a legislação que protege a Cota 40 e que passaram a participar do movimento foi surpreendente e suprapartidária. 

O meu agradecimento, primeiro aos companheiros do Chuva Ácida, que levantaram a bandeira da defesa da COTA 40 e escreveram textos sobre o tema e também geraram material para divulgar e esclarecer. E para todos os cidadãos que, de forma individual ou anonimamente, assumiram a defesa do verde urbano. Sem este verdadeiro exército de voluntários que, de forma altruísta se engajaram nesta iniciativa, a resposta não teria sido tão rápida e tão contundente. O meu agradecimento ao prefeito Udo Dohler, que entendeu que só uma mensagem clara poderia ser a resposta correta, e sua assinatura na própria petição atingiu o objetivo desejado.

Não é hora de deitar e confiar que vencemos a guerra. Esta foi só uma batalha e outras virão. A Cota 40 continua ameaçada e deveremos nos manter atentos e vigilantes.



A relação de assinantes da petição será encaminhada ao Prefeito Municipal em meio digital e a petição será formalmente encerrada hoje a meia noite. Se não assinou ainda há tempo.

Meu muito obrigado a todos.

sábado, 9 de agosto de 2014

Industry Minded em Joinville


POR GUSTAVO PEREIRA

Em 1995 o autor contemporâneo Stone, defensor do desenvolvimento sustentável, cunhou um neologismo ao afirmar que os elementos naturais necessitam ter voz,  pois somente através de uma moral coletiva é que a sociedade encontraria respostas para casos tormentosos, em que se contrapõe o utilitarismo e a defesa dos valores coletivos. Segundo Stone, Industry Minded traduz-se numa espécie de afinidade transmitida em que os agentes políticos e poder público adquirem e incorporam o modo de pensamento de agentes econômicos.

A consequência, em um país culturalmente patrimonialista como o Brasil, é que os serviços oficiais encarregados da administração pública convertem-se em feudos e panelinhas suscetíveis de pressões pelos mais variados interesses que não aqueles da sociedade, mediante concertação e relações políticas nebulosas, conflitos entre o público e o privado.

Os exemplos são inúmeros em Joinville, a começar pelo Conselho da Cidade, o nosso querido “covil”, dotado de baixíssima eficácia social. Refratários às mudanças, os Industry Minded asseguraram o controle no setor público municipal, em órgãos colegiados e buscam lançar os tentáculos em outras searas. A cota 40 tornou-se o símbolo da defesa da cidadania e a contradição dos Industry Minded.


Nos bastidores, nosso guia sonha com o aumento da arrecadação, admirando o modelo atávico de construção civil de outras cidades. Mas em público é o bom samaritano acossado a assinar a petição da Cota 40. O estilo rolo compressor dá sinais de desgastes e o pleito de outubro vai decepcionar muitos candidatos Industry Minded, esperançosos que o discurso falacioso da empulhação faça a população continuar a ter memória curta. Atenção Industry Minded, a paciência da sociedade tem limites.

Gustavo Pereira é advogado.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Algumas perguntas sobre a Cota 40

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Diante da mobilização popular, a qual pede a manutenção de toda a legislação atual sobre a Cota 40 em Joinville (veja o texto de Jordi Castan e o de Felipe Silveira), e a resposta do Prefeito de Joinville, Udo Dohler, dizendo que seu compromisso é deixar a Cota 40 intacta em toda a cidade (clique aqui e veja o texto de José Antonio Baço sobre o assunto), é hora de fazermos algumas perguntas sobre o tema. Afinal, o chefe do executivo vir a público dizer que quer manter a legislação atual tem uma distância enorme até a realização de tal promessa. Necessitamos saber quais serão as ações práticas do Prefeito.

Sendo assim:


  • O Prefeito de Joinville sabe ou não de que há uma minuta de lei que acaba de fato com a Cota 40? Não ficou claro em seu comunicado no Twitter...
  • O Prefeito de Joinville irá pedir para o IPPUJ, órgão que confecciona todas as minutas de lei da LOT, retirar as AUPAs que alteram o efeito prático da Cota 40 e colocam a Cota 50 como nova referência?
  • Por qual motivo as reuniões do "Grupo de Estudos sobre a Cota 40" continuarão (a segunda reunião acontecerá na sede da AMUNESC nesta semana), sendo que a Prefeitura não tem interesse em alterar a lei? Se o grupo continua, é sinal de que existe o interesse de algum conselheiro ou grupo de conselheiros?
  • Por qual motivo o coordenador deste grupo que estuda a Cota 40 é o representante do SINDUSCON (Sindicato da Indústria de Construção Civil) no Conselho da Cidade? Quais os interesses que esta entidade tem para com a cidade de Joinville? A entidade irá se posicionar sobre o assunto, ou fingirá que não tem nada a ver com as reuniões e que elas são uma iniciativa pessoal do seu representante no Conselho da Cidade?
  • Considerando que o Prefeito manifestou-se publicamente contrário ao fim da Cota 40, cedendo aos apelos populares, os representantes do governo no Conselho da Cidade terão a mesma postura? Cobrarão, estes, o fim do citado "Grupo de Estudos"? Ou seguirão em conjunto com os interesses daqueles que querem a continuidade das reuniões?
  • Ou quer dizer que o Prefeito de Joinville não conhecia a minuta da LOT elaborada pelo IPPUJ e não é pontualmente informado com detalhes do que acontece no Conselho da Cidade e deixará os técnicos da municipalidade atenderem a interesses que, comprovadamente, não são os da coletividade?
  • A Prefeitura apresentará, neste "Grupo de Estudos" (caso ele continue), algum contraponto e mostrar a função social que a Cota 40 exerceu ao longo das últimas décadas em Joinville?
Caso estas perguntas não sejam respondidas com efeitos práticos para a sociedade, vislumbramos um cenário muito parecido com o que ocorreu com o feriado da Consciência Negra em Joinville. O Prefeito sancionou o projeto, se dizia a favor, mas no primeiro movimento contrário "deixou a coisa rolar" e nada fez para que o feriado fosse implantado em Joinville. Pelo contrário: sublimou-se perante o discurso ideológico-conservador (e as ações judiciais) de grupos econômicos da cidade - seus doadores de campanha, mostrando que o discurso foi um e a prática foi outra. 

Será que o Prefeito usará da mesma estratégia para "lavar as mãos" e atender o interesse daqueles que são favoráveis à flexibilização da Cota 40? As perguntas estão lançadas. Faltam as respostas. 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A Cota 40 não é negociável


POR JOSE ANTÓNIO BAÇO

Mudei para Joinville no início dos anos 80 para estudar na Faculdade de Engenharia. E fui morar numa república de estudantes chamada Mosteiro Boca Maldita, que ficava num prédio na esquinas das ruas do Príncipe e Abdon Batista. Uma das coisas mais legais do apartamento era a janela do meu quarto, que dava para o Morro do Boa Vista.

Na época ainda não havia prédios e a vista era ampla. Dava para acompanhar o ciclo da vida na cidade pelas mudanças nas tonalidades da vegetação do local. O espetáculo dos jacatirões a florescer e a dar outra cor ao morro é uma das imagens mais marcantes dessa fase da minha vida (a parte chata eram os “palitos” – as antenas).

Eu vinha do norte do Paraná, onde as árvores haviam sido derrubadas para dar lugar às plantações de soja, e tinha uma desconfiança de que aquela beleza toda pudesse acabar em nome do tal “progresso”. Mas um amigo, que fazia projetos arquitetônicos, explicou que a área estava preservada por causa de uma coisa chamada Cota 40.

Fiquei descansado. Aliás, desde então assimilei a expressão Cota 40 como exemplo de civilidade e de respeito pela natureza. É por isso que a formação desse grupo de estudo para analisar a tal cota deixa um elefante atrás da orelha. Qual o objetivo do tal grupo? O que se pretende? Tenho muitas dúvidas. E uma certeza: a Cota 40 não é negociável.

É natural que tenha surgido uma reação dos cidadãos. A simples ideia de mexer em algo que é exemplar soa a disparate. Tenho acompanhado os esforços das autoridades no sentido de desmentir qualquer pretensão de mudar as normas da Cota 40. O problema é que até agora as explicações têm sido pouco consistentes.

Se excluirmos os especuladores imobiliários, duvido que alguém na cidade seja favorável a alterações na Cota 40 (a não ser que queiram baixar para 30, claro). Portanto, o assunto é muito simples: basta o prefeito vir a público e dizer pessoalmente, de forma categórica, que não vai haver mudanças e os eventuais equívocos serão desfeitosAliás, recomenda-se. 

O que foi feito até agora em defesa da Cota 40 (a criação de uma petição pública e a divulgação do tema e debate nas redes sociais) é apenas uma amostra do que pode ser feito. Até este momento a repercussão do tema tem sido limitada. Mas o assunto tem tudo para ganhar uma outra dimensão e alcançar a maioria dos cidadãos.

O político que der guarida à ideia de alterações na Cota 40 está a pôr a sua imagem na linha de fogo. E vai inscrever o seu nome no livro negro da história da cidade.

É como diz o velho deitado: "A paciência dos eleitores tem limite. E o limite é a Cota 40".



P.S.1.: Este texto foi publicado às 05:06min. Por volta das 06h40min o prefeito Udo Dohler  publicou um twitt a garantir que não tem interesse em mudar a Cota 40. Por mim, está respondida a questão deste texto (destaque em amarelo).





segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Apocalipse Now!

POR JORDI CASTAN


Como no filme de Francis Ford Coppola, Joinville está às portas de uma situação apocalíptica. Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse vêm cavalgando nos seus corcéis e o resultado da sua passagem tem tudo para ser devastador.

A proposta de criar um grupo de trabalho para “estudar” a Cota 40, no Conselho da Cidade, é o início do fim. A Cota 40 é uma marca emblemática de uma cidade que nunca cuidou do seu verde, que avançou sobre fundos de vale, aterrou mangues, desmatou e avançou sobre tudo em nome do progresso, mas que foi capaz de preservar a Cota 40 como um ícone.

Se hoje temos algumas áreas verdes no perímetro urbano foi graças ao fato de, na década de 70, a Casan não conseguir bombear água acima dos 40 metros e a incompetência tecnológica da Casan garantiu a Joinville uma malha verde que, sem maiores sobressaltos, está preservada até hoje.

O joinvilense entendeu a sua importância, tanto que a LOM (Lei Orgânica do Município), a nossa constituição municipal, garantiu a sua preservação no seu artigo 181, fazendo da Cota 40 uma referência de preservação e um exemplo a ser seguido.



Agora um grupo dentro do Conselho da Cidade tem a ousadia de propor, escondendo-se sob supostos “estudos”, a flexibilização da COTA 40, Há inclusive uma proposta, na minuta da LOT, elaborada pelo IPPUJ e aproveitando um invento local denominado AUPAs, que na surdina, permitiria acabar a cota 40, substituindo-a por uma nova cota, a cota 50. Depois nada impediria que novos "estudos" propusessem que fosse criada uma cota 55 ou 60 ou 75. Uma vez rompido o conceito, nada impediria que “estudos técnicos” propusessem novos números e Joinville perdesse o seu referencial verde mais importante.

Se é para acabar com tudo, se o objetivo é, no nome do progresso, propor uma nova Joinville, mais moderna, por que não recuperar o projeto que propunha desmatar o morro do Boa Vista. Quem sabe instalar umas carvoarias para aproveitar a lenha. E, com o barro do morro, aterrar o mangue? Porque não propor que seja permitida a caça das procelosas capivaras e que seja autorizada a venda de espetinho de jacaré na frente da Arena em dias de jogo?

Se a ideia é acabar com o pouco que ainda resta desta Joinville que teima em manter um mínimo de qualidade de vida e de verde, por que não fazer todo o estrago de uma única vez? Assim teríamos uma cidade plana, sem esses morros que tanto atrapalham, sem as arvores que perdem folhas e requerem podas e manutenção periódicas, sem esses manguezais que só servem para criar caranguejo e  que poderiam converter-se em praias artificiais? O que nos impede? 

Ah! O bom senso. Sim, o bom senso nos impede fazer toda essa bobagem. Mas o bom senso tem escasseado por estas terras e há gente que acha mesmo que agora que a Companhia Águas de Joinville dispõe de bombas mais possantes, não há motivo para manter essa tal de Cota 40.

Antes que esses aloprados levem seus “estudos” adiante assine a petição “Não ousem tocar na Cota 40” compartilhe este texto, faça a sua parte, não se omita, porque esse pessoal parece ter perdido a vergonha.