POR JORDI CASTAN
Estamos a ficar cansados de ter que participar em audiências públicas,
mobilizar a sociedade, assinar petições e nos manifestar publicamente pela
defesa da Cota 40. Porque aqueles que são contra nunca desistem,
nunca dormem e estão sempre tramando uma nova artimanha para acabar com ela.Com o discurso fácil do progresso, do desenvolvimento e da inevitabilidade do avanço da cidade sobre as áreas verdes, sempre há quem apresente novos argumentos para “flexibilizar” as restrições à ocupação da Cota 40. É bom lembrar. Desde há décadas é permitida a ocupação da Cota 40. Ou seja, não é verdade que a legislação não permita a sua ocupação. O que há, e isso é bom, são regras duras e restritivas para evitar que o verde remanescente seja destruído e dê lugar a ocupação imobiliária desenfreada e especulativa.
Enquanto há os que cabalam para que nos morros de Joinville pipoquem espigões de concreto, há os que defendem que se mantenha áreas de relevante interesse paisagístico, o verde, a biodiversidade, aquilo que a maioria das pessoas - e os especialistas em organização urbana - consideram que contribui a uma melhor qualidade vida.
Avançar é ir em outro sentido. Mais do que permanecer como está, é necessário ir além, regulamentar as ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico do Boa Vista e do Morro do Finder, implantar definitivamente a ARIE do São Marcos. E também garantir, com legislação suplementar, a criação de corredores ecológicos, a proteção dos morros dos Bairros América e Atiradores, proibir a mineração no perímetro urbano e assegurar para a Joinville do futuro a preservação das áreas verdes hoje ameaçadas.
O jogo é simples e
sempre o mesmo. Comprar áreas de preservação, áreas de ocupação sujeita a
regras e normas estritas e limitadas ou áreas rurais. Depois, com a ajuda de vereadores,
funcionários e profissionais de princípios e valores elásticos e moralidade
duvidosa, propor mudanças a legislação. E no fim permitir que, da noite para o dia, áreas
rurais mudem de zoneamento, a cidade se expanda além do seu perímetro atual e se
ganhem milhões de um dia para o outro.
O quadro é este. Não há outra novidade: de um lado, a insistência de uns em derrubar a Cota 40; do outro, a persistente
defesa dos que querem que permaneça como está. Bom que desta vez o Ministério Púbico (MPSC) também está atento e já acompanha de perto a elaboração do Projeto de Lei que ameaça a permanência da Cota 40.
É oportuno lembrar que
o prefeito Udo Dohler assinou até abaixo assinado em defesa da Cota 40 e se comprometeu a garantir a sua preservação e a não empreender ações que a
ameaçassem ou a pusessem em perigo. Seria bom lembra-lo do que assinou. Para
ajudar a lembrar nada melhor que dar uma olhada no seu post e no comunicado
oficial da própria Prefeitura e se você ainda não assinou seria bom que o fizesse.
Cada assinatura conta. Mas não faça como aqueles que assinam e depois esquecem
que assinaram. Defenda a Cota 40.