segunda-feira, 13 de junho de 2016

O show da LOT está preparado. E é ilusionismo...

POR JORDI CASTAN


A imagem divulgada pela imprensa, na sexta-feira, de um grupo de vereadores visitando algumas das áreas rurais onde está previstas a incorporação ao perímetro urbano (fac símile no final do texto) é parte de um show. Está em curso um espetáculo, cuidadosamente preparado para criar a ilusão que tudo esta sendo feito como deve ser feito, de que não há nada de errado no processo de aprovação da LOT.

Trata-se de um elaborado jogo de cena com o objetivo, não declarado, de iludir o eleitor. O joinvilense que participou das audiências públicas promovidas pela Câmara de Vereadores e aquele que ainda deverá participar da que esta prevista para amanhã no própria Câmara de Vereadores, deve estar ciente que a sua participação é parte do seu dever como cidadão, uma vez que as cartas já foram jogadas.


A ordem é aprovar a LOT a tudo custo e rapidamente. Se os mapas da LOT fossem detalhados (não são) e estivessem completos (tampouco estão), os vereadores poderiam verificar a amplidão e o alcance da mancha de alagamento. A cartografia do município tem estas informações disponíveis. Se a LOT incluísse os estudos e dados necessários (que não inclui), os vereadores poderiam avaliar o impacto que terá para a cidade.

Por exemplo, a mudança do ângulo dos prédios, que era de 60 graus no projeto original elaborado pelo IPPUJ, agora aumentou para 76 graus sem que tenha sido apresentado qualquer estudo técnico que justifique este aumento e a correspondente redução da insolação. Maior ângulo, menor insolação. Menor insolação, maior insalubridade e menor qualidade de vida. 

Um estudo adequado mostraria o quanto a LOT avança sobre áreas de mangue e de preservação permanente. Áreas que estão protegidas por lei , mas que as plantas que formam parte do projeto da LOT desconsideram. Se a LOT incorporasse os estudos imprescindíveis para permitir a correta avaliação de cada uma das propostas apresentadas, seria possível avaliar o impacto que teria sobre a mobilidade quando implantadas as Faixas Viárias. E estamos falando de uma Joinville que deixou de mover-se para só rastejar. 

É bom que se diga que implantar Faixas Viárias em ruas que não tenham a largura mínima, que não sejam estruturantes e que não tenham a infraestrutura adequada é uma temeridade que só atende aos interesses especulativos e alimenta a cobiça dos que olham a cidade como um tabuleiro de “Banco Imobiliário”.

Mas como o projeto apresentado continua incompleto. Os vereadores seguem sem ter as informações e os dados que precisariam para poder analisar e votar com conhecimento e responsabilidade. É preciso muito mais que colorir o mapa da cidade, é preciso que a lei garanta a sua preservação, a qualidade de vida dos seus moradores e o seu desenvolvimento futuro.

Caso essa LOT seja aprovada com as emendas apresentadas até agora, o resultado será que as Faixas Viárias terão lotes com largura de 5 ou 6 metros. E isso fará aumentar o caos no trânsito. Há casos em que se permitirá a construção de prédios com até 90 metros, equivalentes a 33 pavimentos. A ventilação e a insolação estarão comprometidas irremediavelmente.

O pior é ainda ter que escutar, nas audiências públicas, as avalizadas vozes que defendem os interesses dos especuladores. E dizem que ninguém deve se preocupar com isso, porque em Joinville não é possível construir edifícios tão altos. Escutar calado tantas sandices e ver os vereadores concordando com tais estupidezes requer paciência e tolerância. Se fosse verdade que a nossa engenharia não detém a tecnologia para construir edifícios de 90 metros, para que apresentar emendas que permitam construir tais prédios? Nem precisa responder, a resposta é obvia. 


Aumentar o perímetro urbano resultará numa cidade mais espalhada e mais cara para todos. O transporte público terá que percorrer mais quilômetros e as tarifas aumentarão. Será preciso construir mais escolas. E também mais PAs. A rede de água e saneamento, que já é insuficiente, precisará ser aumentada. E precisaremos de mais infraestrutura urbana para atender às novas demandas.

Para Joinville e os joinvilenses ficará muito pior. Mas para quem comprou estas áreas rurais a preço de banana e graças a LOT pode vê-las convertidas em áreas urbanas, o beneficio será gigantesco. O resultado será a socialização dos prejuízos, que pagaremos entre todos e a privatização dos lucros entre a minoria de sempre.


Vereadores não têm informações necessárias para saber os efeitos da aprovação.



14 comentários:

  1. jordi em horários de picos aquele entroncamento da estrada da ilha com tenente Antonio joao( supermercado amaral) é um caos TOTAL. imagino se estas emendas ou referido projeto passar. misericórdia.

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  2. ali na estrada da ilha tem uma empresa de galvanização que esta irregular e tem gente que insiste em dizer que tem direito adquirido. em área rural?

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  3. Bem, segundo sua avaliação, Jordi, então não deveremos ter LOT alguma. Nem a proposta pelo IPPUJ, tampouco a discutida pela Câmara de Vereadores por meio de emendas. Isto porque a LOT planejada pela prefeitura (IPPUJ) é limitante, ou seja, coloca apenas as regiões centrais como áreas prioritárias, o restante como interesse secundário. Ou seja, continuamos a deixar o melhor apenas para as áreas centrais e as periferias continuadamente esquecidas. Uma tremenda injustiça, sobretudo com a zona sul que não sabe o que é ter um empreendimento de grande porte como um hipermercado ou outro shopping. E se não houver mudança na LOT, continuará sem saber o que é isso, fazendo com que mais e mais pessoas tenham de se deslocar para usufruir destes serviços. Você cita que o discurso dos vereadores vai ao encontro dos interesses dos especuladores. Diga-me, se é assim como você afirma, o que explica a intenção de o IPPUJ limitar o potencial construtivo da periferia, colocando apenas autorizações maiores nas áreas centrais? Isso não é encher ainda mais o copo de quem já está transbordando? Interesse da população da periferia certamente não está sendo atendido. Expandir a área urbana da cidade até onde eu sei servirá para mudar a lei e definir nesta futura área urbana o perímetro industrial sul, que hoje não é permitido. Outra área de expansão é no Morro do Meio, como você bem situou, pode ser alagável. Neste ponto concordo contigo, como também existe ali uma área potencialmente de mata em estágio avançado de existência. Isto inclusive foi discutido com a maior transparência na audiência pública no bairro, num debate de alto nível e que você não estava. Quem mora lá sabe disso e os vereadores ali presentes discutiram os possíveis desdobramentos deste fato com quem realmente interessa. Dizer que uma lei desta magnitude está sendo discutida às cegas é leviano, uma vez que não se faz uma cidade para meia dúzia de gente, se faz uma lei desta magnitude para todos, onde pelo menos a maioria vai ganhar com isso, não os privilegiados, não os que moram em bairros centrais. É impossível fazer esta lei agradando gregos e troianos. Estamos falando de interesses sim, afinal esta lei vai mexer com uma situação existente desde a década de 70, zonas de conforto serão mudadas e é claro que a chiadeira vai aparecer. Só que no fundo o que fica é o ganho maior entre aqueles que vivem na periferia, onde a LOT finalmente vai oferecer caminhos de vida própria em cada localidade. Quando você fala em jogo de interesses, nunca esqueça de perguntar: interessa a quem? Pensar que numa cidade de meio milhão de habitantes todos vão aplaudir uma única lei é esperar, no mínimo, um regime totalitário. Está longe disso, pois vivemos numa democracia e tal qual sempre referenciará a maioria, nunca a minoria como a legislação joinvilense até o momento privilegiou.

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    1. Preocupa ler tantas sandices de um assessor parlamentar, que deveria saber que não há nada que impeça abrir um hipermercado na zona sul.
      Seu texto transpira preconceito, confusão e desinformação. Vindo de alguem que trabalha na Câmara, só confirma o grau de desconhecimento e desinformação que impera naquela casa de leis.

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  4. jordi e o projeto vale verde? oq vc acha?

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  5. Você entendeu, caro Jordi, o exemplo que coloquei em relação ao Hipermercado. Claro que a zona sul permite a instalação de um empreendimento como este, desde que o mesmo esteja em uma ZCD e tenha EIV. Ainda assim restritivo a uma única via. Já a nova LOT inserirá novas faixas viárias, oferecendo mais opções. Não somos desinformados, Jordi, apenas reprovo o ataque pelo ataque. Ou usando de leviandade para argumentar mentiras. Repito: a LOT não está sendo discutida às cegas. Repito 2: não vi vossa presença nas audiências públicas como Morro do Meio e zona sul, as quais você citou.

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    1. Leandro eu não citei essas audiencias públicas, imaginação sua.
      Alias não envolviam os bairros onde moro e trabalho.
      Como não sou assessor de nenhum vereador, nem candidato, não teria porque participar. Não acha?
      Fiquei feliz que reconhecesse que sim se podem instalar hipermercados na zona sul, contrariamente ao que tinha mencionado no seu comentario anterior.
      Sobre as Faixas Viárias quando sejam apresentados os estudos tecnicos correspondentes e os mapas corretos podemos conversar. Até la é puro achismo de quem as propõe.
      Quando você acha que estes estudos serão apresentados?

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  6. Acho interessante aprovarem meu comentário anterior para manter o debate equilibrado. Obrigado!

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    1. Eu acho interessante apresentar os estudos tecnicos que provem o impacto das alterações que a LOT vai provocar. Promover audiencias públicas sem dados tecnicos é leviandade. Imagine você votar qualquer coisa sem ter essas informações.
      Para quando você acha que o IPPUJ apresentará os mapas corretos das Faixas Viárias?

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  7. jordi hoje tem audiência publica na estrada da ilha você vai?

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