POR JORDI CASTAN
Joinville é sui generis. Uma pequena vila do Norte de
Santa Catarina que ao longo do tempo desenvolveu uma idiossincrasia própria,
que a torna peculiar, única. Esta forma tão sua de ser fez que acabasse
desenvolvendo uma linguagem própria, só inteligível pelos que aqui moram.
Para facilitar a vida e a compreensão dos que aqui chegaram recentemente ou por aqui estão
de passagem, apresento alguns vocábulos desta língua própria, que por vezes
se assemelha a “novilíngua” orwelliana.
Honestidade – Característica do politico que não paga as contas em dia, dá pedaladas contáveis e tampouco faz as obras que prometeu em campanha. No entanto, insiste em se apresentar como paladino da honestidade, tentando fazer que o eleitor acredite que todo aquele que não roubar é honesto.
Parque – Uma praça.
Parque da Cidade – Três praças, sem árvores, com mato,
separadas por vias rápidas e, na maior parte do tempo, sem ninguém para usufruir
de tanta beleza.
Parque linear – Um canteiro comprido, com pouco mais de um
metro de largura e uma calçada perimetral. Apresentado pelos políticos em
campanha como uma alternativa à calçada do Batalhão. Em época de campanha voltam com força os projetos em maquete eletrônica.
Calçada do Batalhão – Uma calçada em volta de um batalhão do Exército.
IPPUJ – Instituto que supostamente planeja a cidade do futuro, mas sequer consegue planejar a sua mudança de uma sede a outra. Alguém incluiu no seu nome “sustentável” e ninguém ainda sabe o que isso pode querer vir a dizer.
LOT – Projeto mítico que propõe uma cidade futurística composta
por edifícios de 30 andares espalhados quase aleatoriamente por todo o perímetro
urbano. Nessa cidade futurística, que alguns imaginam que será a Joinville dos próximos
30 anos, a mobilidade como hoje a conhecemos terá deixado de existir. Os
sambaquianos se deslocarão por levitação, teletransporte ou em bicicleta. A LOT tem, para muitos dos seus defensores, propriedades mágicas, porque converteria áreas rurais em urbanas, multiplicando por 100 o valor dessas propriedades. A LOT também servirá para legalizar construções ilegais. Construídas à revelia da legislação atual, será uma anistia que premiará a safadeza, o malfeito e ilegalidade. Por isso, não é estranho que tenha tantos e tão furibundos defensores.
Transporte público – Sistema de mobilidade que a cada ano
transporta menos passageiros e fica mais caro. A equação impossível de fechar
projeta no futuro um modelo em que a tarifa embarcada será equivalente a uma
passagem em primeira classe num voo comercial entre a América do Sul e o
Extremo oriente.
Tarifa de transporte coletivo – Valor estratosférico resultante de algoritmo matemático que inclui custos desconhecidos e cálculos de
astronomia. Faz o deslocamento de 60 ou 80 passageiros, num ônibus
lotado entre o centro da cidade e qualquer bairro menos distante, ser individualmente mais caro que o mesmo percurso comodamente sentado num
veículo particular. Por isso, a cada novo aumento mais usuários abandonam o transporte público e passam a usar transporte privado.
Licitação – Figura extinta ou em perigo de extinção. No
passado era usada para que os prestadores de serviços públicos pudessem
concorrer, apresentando preços competitivos e cumprindo normas técnicas que
tinham como objetivo oferecer um melhor serviço aos cidadãos. Alguns exemplos
de licitações consideradas extintas ou das que nunca mais se teve notícia:
a das bicicletas do IPPUJ, a do Transporte coletivo, a do Crematório, a das funerárias,
a do estacionamento rotativo. Algumas nunca foram feitas, outras venceram e
repousam no limbo da inépcia sambaquiana. E há uma comunhão de interesses para que a situação se perpetue indefinidamente.
Carro – Objeto demonizado pelos planejadores da cidade. No
futuro estarão restritos a museus ou ficaram parados por horas nas ruas
sambaquianas. Sem mobilidade os carros particulares levaram horas para
percorrer distâncias que poderiam ser facilmente percorridas a pé em minutos. O
termo mobilidade será substituído por “rastejamento”.
Rastejamento – Velocidade a que se realiza a maioria dos
deslocamentos no perímetro sambaquiano. Equivalente ao tempo que demora um
cágado manco em atravessar uma quadra.
Saúde - Todo sambaquiano sabe que o problema da saúde não é falta de dinheiro, que o problema é a falta de gestão. Entra gestor sai gestor e a saúde continua ruim.
Saúde - Todo sambaquiano sabe que o problema da saúde não é falta de dinheiro, que o problema é a falta de gestão. Entra gestor sai gestor e a saúde continua ruim.
Que medo de descobrir onde será esse parque linear
ResponderExcluirOnde está prevista a instalação deste "parque linear"?
ResponderExcluirNa Avda. Ramos Alvim, aquele canteiro no meio da avenida sera o Parque Linear. Fantastico!!!
ExcluirE ainda tem quem critique.
Ramos Alvin, a melhor avenida de Joinville, pena que vai do nada para lugar nenhum.
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