POR FELIPE CARDOSO
Nesta semana, a foto de uma matéria publicada em 2013, do jornal A Notícia, voltou a ser compartilhada. Acompanhado de muitos comentários indignados, a foto serviu para acender o debate sobre as questões raciais aqui na cidade e também no Brasil.
A matéria informava que “o perfil ideal de trabalhador procurado é homem, branco, de 25 a 35 anos de idade”. Além do racismo e do machismo, a matéria também deixa evidente o recorte e o preconceito com a idade.
Uma informação como essa é necessária para mostrar a qualquer pessoa que defenda a meritocracia que vivemos em um sistema desigual, que não oferece as mesmas oportunidades para todos.
Mais adiante o texto diz que “em parte, as vagas não são preenchidas porque os candidatos não têm as habilidades e competências necessárias”. Oras, de 7 mil vagas, dizer que não há gente qualificada é de uma injustiça sem tamanho, talvez devessem se atentar as exigências que fazem e não imputar aos trabalhadores a falta de qualificação. Se procurassem por mulheres, negros e pessoas com idades abaixo de 25 e acima de 35 anos, talvez pudessem encontrar com maior facilidade pessoas para preencherem as vagas. Mas, pelo visto, é melhor deixar 7 mil vagas abertas do que empregar pessoas fora do “padrão ideal”.
Prova do racismo são os tratamentos e os empregos ofertados aos imigrantes haitianos, grande parte com formação acadêmica, mas que não conseguem validar seus certificados por conta de ter que desembolsar uma quantia aproximada de 15 mil reais para ter um tradutor juramentado que realize os processos necessários. Para sobreviver, muitos aceitam subempregos que nem sempre oferecem a garantia de segurança ou muito menos de pagamento pelo serviço.
O que devemos nos atentar é que, segundo os dados nacionais, a taxa de desemprego é maior entre a população negra, principalmente entre as mulheres negras. Agora imagine a chance de uma mulher negra, com 45 anos, estrangeira em conseguir um emprego na área que estudou.
Mulheres negras além do machismo enfrentam também o racismo e estão na base da pirâmide social, muitas vezes sustentando suas famílias sozinhas. Em época de crise, são as mais propensas a serem demitidas, voltando a sofrer para serem reinseridas no mercado de trabalho novamente.
E tem gente que chama isso tudo de vitimismo.
Não é tão simples falar em meritocracia quando os dados insistem em nos mostrar a realidade.
Pelamordedeus!
ResponderExcluirUma reportagem estúpida lança uma informação equivocada sem nenhuma fonte sobre o “perfil ideal de trabalhador” e o autor a usa para embasar o seu já combalido argumento sobre as minorias perseguidas até na seleção do trabalho.
Não há gente qualificada porque poucos querem estudar e se qualificar nesta merda de país, e aqueles que se qualificam com 60 hrs de curso acham, piamente, que devem receber 300% a mais do que recebiam no emprego anterior, mesmo com todas as dificuldades que passa a economia do país.
Ué, mas estes dados mostram a meritocracia ou a falta dela?
ResponderExcluirNem meritocracia nem a falta dela...mostram racismo. Desde quando a cor da pele é critério para seleção de postos de trabalho.
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