quarta-feira, 10 de junho de 2015

Cachoeira respira, mas ainda há muito a fazer

POR FELIPE SILVEIRA

Apenas alguns anos de tratamento de esgoto na bacia do Cachoeira foram suficientes para ver a vida voltar ao rio. De acordo com análise recente do Laboratório de Controle de Qualidade (LCQ) da Companhia Águas de Joinville, o Índice de Qualidade da Água (IQA) subiu de 25 para 44 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100. Os 25 pontos foram registrados em 2012.

Além da diversificada fauna (jacaré Fritz e família, peixes, capivaras, preás e inúmeras aves), o cheiro também não é tão forte como há alguns anos. Pelo menos é a impressão que tenho ao pedalar às margens do rio de vez em quando.

Mas o rio ainda não está limpo e há muito a fazer, pois o rio ainda fede, é sujo e sofre com o despejo contínuo de lixo, esgoto e efluentes industriais. A implantação da rede de tratamento teve início apenas neste ano na zona sul.

Além disso, o rio Cachoeira é apenas um dos diversos rios dentro da cidade. Ainda há o Morro Alto, o Águas Vermelhas, o Bucarein, o Mathias, o Jaguarão, o Bom Retiro, o Itaum-açu, o Itaum-mirim e outros. Todos poluídos e recebendo diariamente lixo, esgoto e lixo industrial. Aliás, a região do Espinheiros sofre com um deserto em formação logo atrás de uma grande indústria da cidade.

O meio ambiente está longe de ser uma prioridade na cidade. O trabalho está sendo desenvolvido, mas esbarra nos interesses das elites econômicas e sociais da cidade, que até têm interesse em ver o rio central limpo, já que daria um ar europeu à coisa.

Mas a questão ambiental vai além. Demoramos 160 anos para começarmos a parar de jogar cocô no rio, mas não temos tanto tempo pela frente se continuarmos no mesmo ritmo. A poluição industrial, o lixo que produzimos e a quantidade de fumaça de carros que jogamos diariamente no ar vai acelerar o processo de destruição do ambiente a uma velocidade bem maior do que a nossa capacidade de preservação.

2 comentários:

  1. Eu acrescentaria mais uma coisa Felipe. O Rio Cachoeira está submetido ao regime de marés, que leva e traz a imensa sujeira doméstica e industrial que está acumulada há décadas na Lagoa do Saguaçu, Canal do Linguado e parte da Babitonga. Se não partirmos para a recuperação destes de nada vai adiantar os investimentos do saneamento, ou pelo menos a sua eficiência em grande parte não vai acontecer.
    Faz tempo que se dicute um consórcio entre os municipios que compõe a Babitonga para solucionar isto, mas quando a União resolveu agir e decretar a Reserva de Fauna da baía a primeira entidade a se posicionar contrária foi por uma "estranha coincidencia" a ACIJ.

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  2. Pensamento diferente: PREFERIA MIL VEZES VER AS ÁRVORES, FLORESTAS E FAUNA QUE ELIMINADAS DERAM LUGAR A ESTES MONTES DE TIJOLOS EM INEVITÁVEL RUÍNA ... Melhorar sim, mas com extremo controle era e é imprescindível, porém foi ignorado. Então, embriagados nesta nossa ânsia insana de crescimento, estamos exaurindo o ambiente e todas as condições vitais do planeta (fauna polinizadora, água, nascentes e rios, clima, oceano,etc.). A loucura consumista cresceu e misturou-se às metafísicas (crenças, religiões, mistérios, etc.), cega-nos a todos, vítimas e algozes, assim todos caminhamos igual "gado" rumo ao abatedouro admirando o "corredor de tijolos" que nos confina... Um pensamento diferente, que visa o bem geral. A Joinville de ontem, com hostidade, inclui a Joinville das florestas, dos caminhos indígenas bucólicos e milenares, das ruas sem espigões enfileirados, de residências com jardins, ar puro, rios limpos e aprazíveis. É uma fraqueza humana: "Com o tempo, a pessoa acorrentada passa a admirar a corrente que a oprime", então cuidemos e reflitamos todos dias.

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