POR SALVADOR NETO
Há
coisas em Joinville que nos surpreendem, e para pior. Como imaginar uma cidade
acessível, moderna, sustentável, feliz e centro de excelência se ainda nos
ufanamos de, agora, em pleno século 21, anunciarmos a instalação de abrigos de
ônibus como se fossem a última moda no primeiro mundo? Sim, este anúncio foi
feito pela Prefeitura de Joinville, gestão Udo Döhler, com muita pompa. Uma
verdadeira piada de mau gosto, espalhada por veículos de comunicação. E fazem
isso com a certeza de que vão engabelar os cidadãos que pagam impostos
esperando algo de inovador em troca.
Por baixo ouvimos falar de novos abrigos de
ônibus há duas décadas, para ser generoso com os gestores que sentaram na
cadeira de Prefeito. Até hoje milhares de usuários do transporte coletivo são
obrigados a ficar sob o sol escaldante, ou chuva torrencial, sem qualquer
abrigo. E com o título de tarifa mais cara do Brasil. Os primeiros abrigos
então foram aqueles que copiam os modelitos dos anos 1960/1970... Depois
mostraram fotos de outros, modernos e reluzentes, mas que ficarão somente em
áreas onde transitam “mais” pessoas.
Ou seja, na cidade que se diz a segunda melhor
do Brasil (??) teremos, sim teremos, porque até agora é só mais uma promessa,
novos (?) abrigos de ônibus para áreas de primeira classe e de segunda classe.
É o que se entende com o anúncio de dois tipos: um para periferias, outro para
o centro, e se saírem! É somente isso que a população da maior cidade de Santa
Catarina merece? Um governo que dizia a novidade, de gestão exímia, moderno,
anunciar abrigos de ônibus? Nós queremos mais, nós podemos mais! Não subestimem
o desejo, a força e a vontade do povo de Joinville! Tenham mais respeito,
apresentem o futuro, porque de passado estamos fartos!
Não bastasse o executivo municipal se mostrar
atrasado, incipiente, iníquo, fraco, incompetente, temos também o modelo
novo/velho do legislativo. Com raríssimas exceções – e muito raras mesmo! – são
incapazes de fiscalizar os atos do Prefeito e sua gestão, ou por comodismo, por
cargos, ou por medo, e mais que isso, propor leis que promovam o debate para
uma cidade realmente moderna, acessível, inclusiva, sustentável, e assim feliz.
Os vereadores repetem a receita do passado: denominações de ruas, homenagens a
personalidades, empresas e entidades, moções de fazer rir, indicações para que
fechem buracos das ruas, ignorados solenemente pelo executivo. Basta andar nas
ruas para constatar isso. E o presidente da Casa, Rodrigo Fachini, joga para a
torcida: economizou grana.
Seria verdade, ou seriam palavras ao vento?
Claro que são palavras ao vento. Somente nas famosas catracas foram gastos mais
de um milhão de reais! Viagens e diárias abusivas denunciadas à vontade.
Vereadores que seriam promoters da Festa das Flores em Portugal! E viva
Joinville? O povo de Joinville quer mais, pode mais e merece muito mais
senhores Prefeito e vereadores! A cidade precisa de investimentos, e economia
por economia não melhora a vida dos cidadãos, e em muitos casos, mostra a
incapacidade de gastar naquilo que é essência e que mudaria a vida da cidade
para melhor. Gastar bem e melhor é mais efetivo do que anunciar economia.
A maior cidade precisa ser também maior em
líderes inovadores, tanto no executivo quanto no legislativo. No executivo, um
Prefeito corajoso, inovador, que peite interesses e faça as obras que podem
tirar Joinville do atraso em que se encontra. Quatro anos de atraso podem
representar na verdade muitos anos mais de retrocesso até que se encontre o
caminho do desenvolvimento. No legislativo, legisladores criativos,
provocadores, propositores de debates que elevem o nível dos projetos e sonhos
de uma cidade evoluída. Outubro vai chegar, e cabe a você eleitor observar o
que foi feito, o que não foi feito, o que foi prometido e não entregue, e
decidir melhor. Joinville grita: quer mais, pode mais.
É assim, nas teias do poder.