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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Joinville: décadas e décadas de enchentes


POR WELLIGTON CRISTIANO GONÇALVES

Documento fotográfico mostra que desde a colonização Joinville sofre com enchentes.

Nossa saga molhada começa em 1850, quando um grupo de pioneiros  foi enviado para cá com o objetivo de preparar as terras para a futura chegada dos colonos. Seu líder era o representante da Sociedade Colonizadora de Hamburgo, Hermann Guenther, e coube a ele escolher o local da sede da colônia, optando pelas margens do rio Mathias, afluente do Cachoeira.

Quando os colonizadores de Joinville desembarcaram, em 9 de março de 1851, bem em frente onde hoje é a prefeitura (temos o monumento A Barca para comprovação), eles seguiram pela trilha aberta por caçadores às margens do Mathias, chegando até o abrigo cedido pela Sociedade Colonizadora onde hoje é a Biblioteca Municipal.

Se antes da chegada dos pioneiros já viviam portugueses na região dos futuros bairros Bucarein e Itaum, áreas mais drenadas e menos propensas à inundações, por que a escolha de um terreno pantanoso como centro da nossa futura cidade? A decisão de Hermann Guenther resultou em sua demissão dois anos mais tarde, porém os colonos já haviam se estabelecido. Foram tempos difíceis e muitos voltaram para sua terra natal. Os que ficaram construíram nossa cidade em volta daquela área alagadiça, que cresceu e precisou ocupar regiões mais distantes do centro, que mesmo assim sofrem com as constantes inundações.

No plano diretor de 73 já se sabia que regiões no Vila Nova, Morro do Meio, Jardim Sofia e outros bairros da cidade inundavam. Mas ninguém morava por lá, então ninguém sofria. Isso não impediu a ganância de empreendimentos imobiliários que construíram loteamentos, logo habitados por migrantes atraídos pela riqueza industrial da chamada Manchester Catarinense. Nesse caso, nem foi questão de incompetência como na nossa fundação, mas falta de caráter e má gestão pública.

Com o aumento da população crescem os problemas. As regiões alagam mais, pois há mais lixo jogado nos mananciais, o povo sofre mais e uma solução definitiva provavelmente nunca será encontrada. O próprio rio Mathias corre hoje sufocado por galerias abaixo de onde é a Wetzel, passando por baixo do estacionamento do shopping Mueller, seguindo por todas as lojas da rua 9 de Março, terminal central, Abel Schulz e finalmente deságua no rio Cachoeira.

Abaixo algumas fotos de nossa história aquática:










Welligton Cristiano Gonçalves é designer.
Fotos: recolha do autor (parte das fotos publicadas pertence ao Arquivo Histórico).