POR JORDI CASTAN
A certeza nos apequena. São as duvidas que nos desafiam e nos fazem
crescer. Pode estar aí uma boa explicação para o momento atual que vive
Joinville. A cidade está apequenada, desnorteada, sem saber para onde ir, nem
como sair do atoleiro em que está metida. O desenvolvimento de qualquer cidade é dinâmico, as mudanças
constantes e surgem a cada dia situações que não existiam antes.O novo é desconhecido. E, por princípio, o administrador público deve trabalhar a partir do que conhece para resolver o que não conhece. Joinville não é diferente de qualquer outra cidade. Seu crescimento desordenado é o resultado das certezas dos seus dirigentes e não das suas incertezas. A persistência em manter modelos conhecidos, mas ultrapassados, impede o desenvolvimento e o aprendizado. A teimosia, neste caso, tem um efeito perverso sobre a cidade e os cidadãos.
O bom administrador é aquele que tem a humildade de
reconhecer que não sabe. O administrador
certo de que tem todas as respostas é o que tem maior possibilidade de
cometer mais erros. Porque isso o impede de escutar, refletir e, a partir deste ponto, aprender. É evidente que conviver com a ideia de “não saber” não é tarefa fácil numa sociedade que valoriza em
excesso a segurança das certezas. A humildade permite reconhecer o que não sabemos. A arrogância faz o contrário, pois quem acredita
que tudo sabe acha que não precisa aprender.
Isso explica por que políticos precisam recitar, com inventivo
fervor e frequência insuportável, slogans curtos com que apregoam as suas
certezas. Precisam mostrar que “sabem”, transmitir as suas certezas aos
eleitores. E com este pouco que sabem, têm o suficiente para se lançar a administrar
cidades e países. A verdade dessas pessoas está reduzida as poucas frases feitas que são recitadas diariamente. Não querem e não podem ser confrontados com informação
divergente, porque são incapazes de lidar com dúvidas e incertezas e arrogantes
demais para reconhecer a sua própria ignorância.
O risco desta estulta certeza é o de não entender que a
sociedade para crescer e se desenvolver precisa colocar em dúvida suas certezas, de forma constante. O conhecimento que não provoca novas ideias e não abre novas
perspectivas fenece rápido. É preciso manter a tensão que provoca o
desenvolvimento. Viver num mundo de certezas representa um risco letal para uma
sociedade.
A Joinville dos últimos anos parece estar submersa nesta espiral de certezas e ter perdido a capacidade de aprender. Neste quadro, a única certeza é a de que se reconhecermos que “não sabemos”. Ou, ainda, que as propostas apresentadas não são as únicas possíveis. Que pode haver outras melhores, mais econômicas e mais fáceis de implantar que as atuais. Isso pode nos levar mais longe que nos manter estultamente aferrados às nossas certezas.
A Joinville dos últimos anos parece estar submersa nesta espiral de certezas e ter perdido a capacidade de aprender. Neste quadro, a única certeza é a de que se reconhecermos que “não sabemos”. Ou, ainda, que as propostas apresentadas não são as únicas possíveis. Que pode haver outras melhores, mais econômicas e mais fáceis de implantar que as atuais. Isso pode nos levar mais longe que nos manter estultamente aferrados às nossas certezas.