POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Infelizmente, a cidade de Joinville sempre foi muito previsível. Quando seus comandantes e gestores quiseram ser ousados foi para manter a ordem e a lógica conservadora. Ou seja, para corrigir os rumos em prol da mesmice. Assim, é muito fácil fazer uma previsão de como estaremos em 2040. Os mandatários locais são os mesmos e circulam há décadas pelos mesmos espaços. Esqueçam essa história de 2020, 2025, 2030 ou qualquer coisa assim porque em 10 anos pouca coisa estrutural mudará, ainda que pese a velocidade da inovação tecnológica e seus impactos na sociedade. Ao falar de cidades, preciso lembrar que as suas rupturas são muito mais lentas, que merecem grandes investimentos e uma mudança de vários paradigmas, e isso está muito longe de termos por aqui, convenhamos.
Bilbau, na Espanha, é um exemplo de como o arrojo transformou a cidade (e seus habitantes) em 15 anos |
Com isso, e somado a algumas políticas ultrapassadas de mobilidade urbana, pouco mudaremos para melhor em nossa forma e conteúdo. A Joinville do futuro terá suas periferias aprofundadas, com um distanciamento ainda maior da "cidade oficial", esta acessível apenas para os mais ricos. Surgirão novos bairros e novas localidades ainda mais distantes do centro e muito mais pobres. Por mais que os governos invistam em segurança, uma cidade desigual só tende a aumentar o número de crimes violentos. Copiamos um modelo perfeito que levou à destruição da qualidade de vida das grandes metrópoles brasileiras.
Já Elvis! |
Joinville não se desenvolve. Rasteja. Mendiga. Chafurda. Contenta-se com pouco. Retrocede. E só os de sempre saem ganhando.
Eu não tenho dúvidas que as estruturas da cidade de Joinville serão as mesmas que temos hoje. Se não houver nenhuma mudança drástica, certamente elas serão ainda piores, porque o modelo adotado por aqui já deu errado em várias outras localidades. Ainda temos a mesma cara, os mesmos valores e as mesmas opções de 30 ou até mesmo 40 anos atrás. Como acreditar que, nos próximos 20, a cidade será diferente, e com a projeção de 900.000 habitantes de brinde?
Cenas como essa, do Juquiá, continuarão existindo |
Os poucos lutadores que restaram são limitados por uma grande barreira invisível e que está presente nas almas e consciências daqueles que mandam. Segundo um empresário local, "gente assim não há de prosperar por aqui". Morreremos no mesmo quintal sujo e hostil de outras primaveras?
Parabéns pela reflexão, Charles. As cidades não podem se curvar ao poder dos especuladores imobiliários. Tenho uma relação afetiva a distância com Joinville e desejo sinceramente que a cidade saiba se modernizar e acolher a todos.
ResponderExcluirA visão do autor é muito viciada. Joinville não terá monotrilhos, como em Bilbao, porque o modal é caríssimo para uma cidade terceiro-mundista. Se Deus quiser, Joinville continuará a ser industrial, pois a o setor secundário ainda é o que mais mantém o emprego e os impostos nos países periféricos. O setor de serviços (excluindo o de tecnologia que, convenhamos, nesse ramo estamos satisfatoriamente bem para uma cidade média brasileira) é muito volátil e, ora, estamos no meio de uma crise sem precedentes – e quantas crises ainda virão? Vai depender de qual tipo de governo escolheremos. É uma questão de erro e aprendizagem, se o brasileiro médio não aprendeu com este último (do de Dilma Rousseff), merece o seu antecessor em 2018.
ResponderExcluirNão acho o futuro de Joinville tão previsível assim. Estamos falando de uma cidade média que produz e exporta (gera riquezas) e, por conta disso, depende mais das políticas nacionais do que municipais e/ou estaduais. Se os próximos governos forem populistas levianos, espere algo pior, se forem prudentes, ainda teremos alguma chance.
Eduardo, Jlle
Conversa fiada. Que eu saiba e eu sei, o caos em que se encontra Joinville, com favelas em todo canto, áreas de preservação invadidas, falta de opções de lazer, falta de planejamento urbano, loteamentos sem infraestrutura, etc, etc... é bem anterior aos últimos 14 anos. Coisa de no minimo 30 ou mais..lá dos tempos dos generais. Em tempo. Aqui nunca faltou dinheiro, faltou geston. A alemoada sugou o q pode, socou o dinheiro no rabo e deixou a cidade às moscas. Essa é a verdade.
ResponderExcluirParabéns pelo texto Charles...Concordo com sua visão de que a cidade é desdruida pelo conservadorismo travestido de modernidade..qdo os pseudos tecnicos do Seinfra...Ipujj..e Secretaria de Desenvolvimento..falam em adensamento nos bairros centrais..liberando o gabarito dos prédios para cada vez mais altos...para que o povo não precise andar tanto de automóvel...outro dia em uma reunião com esses pseudo tecnicos e uma empresa alto patrão em investimentos eles conseguiram afastar um investimento de mais de 150 milhões de reais..simplesmente por essa visão estapafurdia que Joinville esta bom assim...e que os atuais tecnicos gestores...não tem interesse em que poucos cidadãos tenham mais qualidade de vida...morando em um condominio de alto padrão...enquanto outros cidadãos menos abastados não teriam beneficio nenhum desse investimento...putz...me deu nojo e vergonha..por esse povo que administra a cidade ter uma visão tão pequena...sendo que os ditos menos abastados seriam contemplados com no minimo 1000 empregos...sem contar com a arrecadação de tributos e taxas que a prefeitura teria para investir nessas periferias mais carentes...é como tu diz...o poder dominante não quer progresso nm desenvolvimento...
ResponderExcluirJoinville perdeu-se na virada dos anos oitenta.
ResponderExcluirAs cidades irmãs (campinas, caxias do sul, ponta grossa, londrina, maringá, uberlandia, ribeirão preto, sorocaba, santo andre, mafra …. ) todas urbanizadas e com centros mais adensados e verticais do que se presencia em Joinville. Nosso terreno urbano ficou muito caro. Ganância, especulação, investimento, oportunismo, omissão, ilusão (?) ….. um pouco de tudo.
Tempo em que poderia ter mudado o rumo de seu crescimento urbano. Hoje ... nada mais poderá ser feito (lamento)
O custo do terreno urbano inviabiliza qualquer mudança na planta original (vide a insanidade da Santos Dumont).
Perdeu papudo. Já era. Engole com cuspe porque é o que pode ser feito.
Além disso .... qualquer um que creia que haja um aquecimento global e que haverá alguma alteração climática e no nível dos oceanos não colocaria seus parcos recursos num terreno fadado à submersão.
Joinville para os próximos 30 ou 40 anos morrerá. Pode até mudar de Manchester Catarinense para Venesa Catarinense.
.... depois, faltou dizer que será uma aldeia de idosos. Nosso crescimento demografico já indica indices que apontam para a parábola. Ainda cresceremos até uns 750/800 K depois regrediremos para uns 600/650 K ... uma maioria idosa e pouco produtiva (e agora ainda por cima sem se aposentar).
O trabalho de doutorado do prof Naum considerou os últimos 1440 empreendimentos (prédios) feitos na cidade (20/25 anos). Os caminhos da cidade são bem modestos. Não há nem haverá demanda prara superprédios. A tendência é de construções de 7/10 andares para ocupar os terrenos vazios … pois ou o proprietário vende, ou vai transformar em horta (ou melhor em arrozal, visto que tudo estará inundado))
Demostração clara de que muitos medos proferidos tendem a morrer por falta de combustível.
Joinville tem que se reinventar ... particularmente, eu apostaria no outro lado da BR. Deixemos os que se iludiram numa especulação na área central com seus prédinhos bucólicos de dois e três andares (e gôndolas) e comecemos um debate sobre como poderia ser realmente uma cidade planejada.
Ah .... mas aí tem que incluir participação.
Tem que tirar a bunda do sofá e ir debater com quem não pensa exatamente como a gente.
Tem que ouvir critica sem levar isso como embates de ofensas e inimizades.
Uma coletividade não é formada por iguais (seria uma merda) ... Uns vão ganhar mais do que os outros. Uns vão estudar mais do que os outros. uns vão descansar mais do que os outros ... é assim a vida.
Agora ..... 'magina: investe, debate, briga, ganha, perde, muda .... e no final a cidade afunda (uhauhuahuhauhau)
A única coisa que muda em Joinville são as construções de casas, que a cada ano aumenta. Mas se tratando de infra estrutura, transporte público, lazer ou qualidade de vida, infelizmente concordo que em 2040 nada vai mudar.
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