quarta-feira, 1 de março de 2017

Por favor, não diga que isto é gestão


POR RAQUEL MIGLIORINI
No início de 2013, foi instalada a rede coletora de esgoto na minha rua, numa região da cidade que faz parte da bacia do Rio Cachoeira. Tirando o fato de a empresa ter estragado toda a calçada e remendado com um serviço que só perde para o asfalto usado em Joinville - e ainda derrubando uma árvore com a retroescavadeira -, fiquei feliz por finalmente saber que os dejetos da minha casa não poluiriam mais o rio.

Rapidamente fizemos a ligação, a limpeza da antiga fossa e ficamos à espera da fiscalização para avaliar o serviço e dar o carimbo de liberado. E essa espera foi finalizada na semana passada. Isso mesmo, quatro anos depois. Nesse tempo, andando pelo bairro, pude observar a ineficiência do serviço: a bomba de elevação ao lado do Angeloni parece uma fossa aberta, de tanto que fede; quando chove, vemos tampas de esgoto pulando nas calçadas e nas ruas, jogando esgoto para a rede de drenagem; tampas das caixas de inspeção que foram concretadas junto com a calçada. E a fiscalização chega devagar, bem devagar.

Em 2004, a Águas de Joinville tinha 10 fiscais para a cidade toda. Cada fiscalização leva pouco mais de uma hora. Então, com bastante otimismo, cada dupla faz seis residências por dia. Os fiscais da antiga Fundema faziam a fiscalização das ligações de esgoto, mas o Governo Udo decidiu que era ineficiente. Bem se vê o quanto melhorou.

Aliás, tem uma fiscalização bem mais simples que a Prefeitura parece incapaz de fazer. O código de posturas do município diz que é proibido fixar cartazes em pontos de ônibus, postes e árvores. Com pouca observação é possível constatar que tem cartaz oferecendo limpeza de condicionador de ar, aluguel de kitinete, festas, leitura de tarô, etc. Todos os cartazes possuem número de telefone.

Quer jeito mais fácil de fiscalizar? Liga lá, agenda um horário e... pimba! Fácil, né? Seria, se o número de fiscais fosse suficiente, se fossem cobrados por produtividade efetiva, se tivessem carros e telefones à disposição e se pudessem ter a tecnologia como aliada. A fiscalização feita com drone, numa área de manguezal ou na APA da Serra Dona Francisca, por exemplo, impediria novas invasões e parcelamento irregular de solo e economizaria tempo e dinheiro.

Com esse desfalque na fiscalização, fica claro que não é prioridade a preservação dos rios, matas e solo. Temos nossa versão de Trump do sul do mundo, que coloca quase todo efetivo da guarda municipal para coibir um bloco de carnaval e deixa descoberto setores vitais para a vida da cidade. E, por favor, não me diga que isso é gestão. 

11 comentários:

  1. Nofffffa! Temos um Trump malvadão aqui...
    tiraram a ma-ra-vi-lho-sa gestão do Carlito e colocaram essa... magoei!

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  2. Distraído lá de riba tomou um nocaute logo no 1º assalto..são as águas de março levando mais um bobão..

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  3. E o que falar da invasão das áreas rurais e as de preservação sob a forma de loteamentos clandestinos? O município sabe onde ocorre isto, também tem placa de venda de lotes com telefones, e não se faz absolutamente nada. Locais como a Vila Cubatão, Estrada Timbé, Estrada Mildau, Pananagua e Morro do Amaral tem várias ocupações novas toda a semana. E depois algum politico fatura uns votos fazendo promessa de regularização disto.

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  4. Por favor não ofenda o Trump comparando com a Geston daqui !!
    Acertando ou errando Trump está tentando , com um lema pró americano !
    O daqui nem tenta pois tem as mãos limpas de não fazer nada !!!
    Abc du grego

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  5. Parabéns, Raque, sempre nos brindando com excelentes reflexões!

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  6. Trumph ainda dá as caras direto nem que seja nas redes sociais , o nosso "drunter" nem isso faz mais com medo das criticas da população.

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  7. Aqui não se conhece as leis ambientais. Isso não é de agora, pois a destruição de nossos rios e manguezais vem de longa data, incentivado principalmente por políticos que construíram suas carreiras destruindo áreas de preservação permanente e contribuindo para aterramento do nosso rico manguezal. Os pobres que aqui chegavam para trabalhar nas recém inauguradas indústrias não tinham outra alternativa a não ser edificar suas moradias em lotes construídos criminalmente por muitos políticos e empresários da construção civil e imobiliária. É mesmo, muita gente fez sua riqueza aqui em Joinville dessa forma. O problema do esgoto sanitário infelizmente é o mesmo em todo o estado, ou seja, não há investimento, ou não é dado prioridade a uma questão tão fundamental para a preservação de nossos rios e consequente melhoria de nossa qualidade de vida e autoestima.

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