Joinville vive dividida entre o seu sonho de ser grande e sua necessidade de ser melhor. Fez a pior escolha e renunciou a ser melhor, para seguir crescendo com a mesma lógica que utilizam as células cancerígenas. O resultado é o título de maior cidade do Estado. Ora, Santa Catarina é o único estado em que a capital não tem a maior população.
Ser a maior só garante que os problemas que Joinville sejam também os maiores. Os indicadores são perversos e mostram o quanto a cidade é penalizada por essa ânsia de crescer. Um crescimento sem planejamento e sem recursos. Podemos acrescentar ainda: sem ideias, sem visão e sem outro modelo que não seja o de continuar crescendo. Há, no imaginário dos dirigentes locais, a ideia consolidada que é possível seguir crescendo indefinidamente.
É um conceito que já tem sido abandonado pela maioria de cidades modernas e avançadas, que entendem que não é possível crescer sem que se estabeleçam parâmetros e indicadores de qualidade para a população. O modelo das cidades grandes é o que se baseia ainda no princípio de economia linear, aquela que precisa de recursos infinitos num mundo finito. As cidades inteligentes estão orientadas no modelo da economia circular. Cidades pensadas para ser sustentáveis. Para ser mais econômicas e eficientes. Para oferecer mais qualidade de vida aos seus habitantes.
Os pedestres ganham mais espaço e o espaço público é planejado para permitir que haja uma menor necessidade de deslocamentos de um extremo ao outro da cidade. O transporte individual é desestimulado e é cada vez maior o número de cidades que fecham as áreas centrais aos veículos individuais. Nos próximos 10 anos, já haverá cidades que não permitirão o acesso aos carros.
Ainda há tempo para reagir, mas a mudança exigiria um esforço enorme do poder público, que parece aceitar bovinamente a sua incapacidade para fazer e fazer bem feito. Se isso não fosse suficientemente grave, ainda por cima o joinvilense tem desistido de acreditar que outra Joinville é possível. E aceita a inépcia como modelo de gestão e o tamanho como modelo de cidade.
Joinville cresce muito e continua crescendo mal. As obras públicas são mal planejadas e pior executadas. A quantidade de imóveis públicos abandonados ou em péssimo estado de manutenção é a melhor prova do descaso com que é tratada a coisa pública.
A cidade cresce mesmo sem querer.
ResponderExcluirAh! Entendi o problema ou a culpa é da cidade
ExcluirUma correção: Espírito Santo também não tem a cidade de maior população como capital. Na verdade, Serra, Vila Velha e Cariacica têm mais população do que Vitória, segundo estimativa do IBGE de 2016.
ResponderExcluirObrigado
ExcluirExato, na verdade a falta de planejamento de longo prazo e a falta de discussão a respeito disto tem sido uma constante em Joinville. Creio creio que isto seja coisa de 30, 40, 50 anos e o grande X é como corrigir grandes erros cometidos por gestores que pouco fizeram e deixaram pouco espaço para correção.
ResponderExcluirNós somos uma pequena cidade grande, temos prefeito, vereadores e população de cidade pequena. Temos um pensamento pequeno e fazemos coisas pequenas e almejamos ser melhor que a capital, que pensa grande e vive como cidade grande, mesmo sendo menor que Joinville.
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