quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os políticos e a religião



POR AMANDA WERNER

Tenho ouvido e lido muito por aí sobre os motivos que fazem as pessoas escolherem este ou aquele candidato. Uns votam porque têm simpatia pelo sujeito, outros porque acreditam que o candidato escolhido tem propostas mais realistas, alguns analisam os feitos pregressos do pretendente ao cargo. Os mais céticos se baseiam em fatos sobre os candidatos. Exemplo: este, de fato, é honesto ou é competente. Já realizou muitas coisas antes, não apenas fala.

Mas confesso que fico assustada quando ouço alguém dizer que vai escolher um candidato por ele ser da sua Igreja, um “homem de Deus”. E ainda justificam: este vai moralizar a política!

Aqui cabe uma distinção. O político religioso, não é o próprio Deus personificado. Esta confusão governante x religião, aqui no Ocidente, se dava na Idade Média. Era o período teocentrista. Nesse período, as pessoas eram proibidas de utilizar a razão, deveriam ser voltadas inteiramente para a igreja. Hoje, ufa, os tempos são outros.

Em todos os meios, e em todas as religiões, há pessoas boas e pessoas más. Os políticos, como todos nós, são apenas homens. E, como o próprio Santo Agostinho concluiu, corrompidos “pelo pecado”. Ou seja, passíveis de cometerem erros.

Querem alguns exemplos? Quem nunca leu sobre padres x criancinhas? Ou sobre o famoso pastor que ensinava como roubar os fiéis? Há ainda o Reverendo Moon que, creio, todos conhecem pelos fatos. Estas histórias são verdadeiras? Me parece que sim. São muitas e muitas. E não escolhem apenas uma religião. É só ficarmos atentos ao noticiário.

Querem exemplos mais factíveis de que políticos religiosos nem sempre moralizam a política? O Bispo Gê da Igreja Renascer e do DEM, em um famoso programa de televisão, ao ser questionado sobre o que achava da “farra das passagens aéreas”, onde deputados viajavam com a família ao exterior com tudo pago pelo dinheiro público, respondeu que “a verba é pública, minha esposa e meus filhos são públicos também”. 

Na época, era permitido, ou seja era legal. “Sempre foi assim”, alguns se defendem. Mas seria moral? Há exemplos mais próximos de nós. Lembram da denúncia feita aqui no blog, pelo colega Charles Henrique sobre os deputados que recebiam diárias no valor de R$ 670,00 para visitarem suas próprias cidades? Não? Então, aí vai o link: Deputados joinvilenses ganham diárias para “visitar” Joinville. Lembraram? Na denúncia havia um deputado “homem de Deus”. Por coincidência, o mesmo que pleiteia o cargo de prefeito na nossa cidade. As diárias são ilegais? Como já vimos, não. Mas se existe alguma moralidade em recebê-las ao visitar as suas próprias cidades, já é outro papo.

Votar em um político porque ele é do seu time, da mesma religião, ou coletividade, não deve ser o motivo determinante da escolha do candidato. O político de verdade deve governar para todos, não somente para grupos ou interesses pessoais.

É inteligível que por razões de religião, as pessoas não usem a pílula, façam ou não aborto. Mas opção religiosa não pode, de maneira alguma, ditar as regras para toda uma sociedade. Estaríamos indo de encontro à democracia. Afinal, o paraíso de um pode ser o inferno de outro.

Mas a recíproca é verdadeira? Eu não devo votar em político somente pelo fato de ele ser religioso? Creio que não. Demonstra tanta intolerância quanto os que agem em sentido oposto. Para votar consciente é preciso mais do que o fato do postulante ser religioso ou não. Os meus pré-requisitos estão no texto que fiz já há algum tempo aqui no blog : Eu, cidadã, confio. E os seus?

13 comentários:

  1. Independe de religião, dinheiro ou formação. O que vale é o caráter, e isso é complicado... Não é regra... É exceção...

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  2. Só voto no cara se ele NÃO acredita em Deus :)

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    1. Feel, então, creio que terás dificuldades. Não sei quantos por cento dos eleitores são ateus, mas creio que poucos. O candidato que levantar esta bandeira, certamente é corajoso! Obrigada pela leitura e comentário!

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  3. Em um país cristão como o Brasil, a religião é uma das estratégias mais acertadas usadas por políticos. Se buscarmos o número de joinvilenses cristãos, com certeza teremos um grande percentual.

    Por isso temos tantos pastores, padres e líderes religiosos em horário eleitoral. As vezes até penso que a eleição é para eleger o próximo bispo.

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  4. Amanda, parabéns pelo texto. Claro e objetivo na sua finalidade.

    Só tenho uma consideração para fazer, devido a meu posicionamento ideológico. Em um parágrafo você fala: "Votar em um político porque ele é do seu time, da mesma religião, ou coletividade, não deve ser o motivo determinante da escolha do candidato. O político de verdade deve governar para todos, não somente para grupos ou interesses pessoais."

    Acredito que nossa sociedade viva uma luta de classes (trabalhadores x patrões), por isso, voto sim em alguém que defenda uma "coletividade". Em quem defenda a minha classe.

    Lá no final das contas não deixa de ser um bem para todos também.

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    1. Olá Eduardo! Obrigada pela tua leitura e comentário! O que quis dizer com "fator determinante", foi que não deve ser apenas por este motivo, o de pertencer a mesma religião que a minha, por exemplo. Considerando os comentários de vários textos aqui no blog, posso perceber que o único motivo que faz o candidato levar o voto é este. Não sei se consegui explicar. Abraço!

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  5. Politica e rejigião no mesmo debate? Isso é discussão que rende....
    Na minha opinião somos uma minoria intelectual que não elege candidatos no Brasil... Panem et circenses!!, vivemos ainda na politica dos antigos Romanos....bolsas familia, gas, mercado,etc, pra cá....centreventos pra lá...e o povo adora.
    Investir na Educação não será prioridade dessa corja de governantes atuais, Sarneys, Lula e sua quadrilha de mensaleiros, Magalhaes,Bornhausens da vida, pois ai vamos ser muito criticos como em paises desenvolvidos e começar a cortar a farra de recessos, trabalhar de terça a quinta, 13, 14 salarios, vereador ganhar mais que professores,verbas gigantes de gabinetes, despesas de viagens....
    Bom pra eles é continuar elegendo tiririca, Romario, Ratinho Jr...pra manter o povo controlado e quieto.

    A religião é mais uma muleta, de fato muito eficiente, pois estamos em um pais cristão onde são criadas igrejas se dizendo religioes (verdadeiras maquinas de fazer dinheiro e lavagem cerebral) as custas do sofrimento, agustias, traumas, que o povo padece nesse país desigual.

    De certa forma, o povo ...totalmente desacreditado na politica atual, ve em um candidato membro de uma igreja...alguém que sera menos corrupto, olhar para todos sem governar pra alguns como maioria e ajuda-los a ter uma vida melhor.

    Enfim, votar no Brasil é cada vez mais difícil, mas anular voto é apagar a história e esquecer de toda tortura, censura e choque com policia e governo que os brasileiros tiveram no passado para conseguir sermos democracia, portanto vamos em frente...é dificil mas vamos votar em algum desses 4 em Joinville.

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  6. O que você não comenta sobre o caso das diárias, é que ele não utilizava a mesma para a própria cidade, e sim pela PASSAGEM por Joinville, como bem o deputado explicou em seu facebook na época em que a turminha de sempre quis o atacar. Quem tem olhos para ver, que veja, quem tem ouvidos que ouça. As pessoas entendem as coisas como querem e da forma que querem. Acho injusto um blog como este não averiguar as fontes, a discussão em si, e também as explicações para tal situação. Ou melhor, entendo sim..é muito mais fácil utilizar um veículo para tentar desmoralizar a intenção de voto ao candidato. Sinceramente, desta vez o povo, que não é trouxa, vai mostrar nas urnas quem realmente quer fazer acontecer.

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    1. Ele dormia em Joinville. É só ver o apanhado do Twitter mostrado no dia a seguir.

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  7. Nada a ver com o assunto, mas vejam isto: http://www.ndonline.com.br/joinville/eleicoes2012/34275-flagrante-de-compra-de-votos-em-joinville.html

    Próxima matéria de vocês quem sabe... Estes partidos comunas são um antro mesmo!

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  8. Apesar de estarmos num estado laico, infelizmente a religião tem uma participação muito estreita na política, tanto que temos no congresso bancadas evengélicas, e o tema aborto foi um dos temas mais repercutidos e que foi crucial na eleição presidencial de 2010 .. De fato, política e religião andam de mãos dadas ...

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  9. NÃO ADIANTA! EU NÃO VOTO NO PT. AINDA MAIS NO CARLITO MERSS QUE VAI SE CASSADO DIA 27

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