POR AMANDA WERNER
A manifestação do pensamento é uma das formas que
encontramos para demonstrar nossos valores, crenças e opiniões, formar a nossa
identidade social, fazer parte de grupos.
O ato de pensar pressupõe um sistema mental, uma
série de etapas que devem ser cumpridas, onde recebemos a informação,
analisamos a veracidade e a possível conexão com a realidade, enfim, digerimos. Ou seja, há todo um raciocínio, uma atividade cognitiva. O ato de
manifestar o pensamento, presume que tenhamos passado por todo esse processo de
pensar.
A quantidade de informações inverídicas, infundadas e
incompletas que circulam por aí impressiona. A falta de crivo, de uma
apreciação um pouco mais sofisticada, principalmente agora, em tempos de
eleição, e, no Facebook, assusta. As informações não são checadas - alguém que eu considero
inteligente, ou que aparente ter algum conhecimento, falou, então é verdade.
Ouço/leio, logo concordo. E replico. Ou, compartilho no Facebook.
Talvez, a onda dos mastigados livros de autoajuda
tenham nos feito mais mal do que imaginávamos.
Mas, afinal, não sabemos mais pensar? Ou, talvez, não
conseguimos mais nos expressar por conta própria? Aquela frase pronta, tentadora,
na nossa timeline, cuja origem não sabemos, por vezes nos cai tão bem, não é?
E, logo, passamos adiante. Pois estamos mostrando ao mundo que é exatamente
daquela forma que vemos a questão. De onde vem tanta credulidade?
Não há verificação da veracidade, não há análise do
contexto, não se dá o direito ao contraditório. Quem falou? A fonte é segura?
Por quem foi encomendada a pesquisa? Há conteúdo racista ou discriminatório? E,
no caso de compartilhamentos na internet, não seria uma tentativa de difamar ou
caluniar alguém, ou alguma instituição? Quais interesses ($$$) estariam
envolvidos? Eu tenho conhecimento suficiente para comungar ou discordar do que
está escrito/falado?
Não devemos replicar informações, se tivermos um por
cento de dúvida. Simplesmente. Caso contrário, não poderíamos reclamar dos
governantes, que não educam o povo, para virarem massa de manobra
(aliás, este é outro jargão bem repetido). Pois estaríamos prestando o mesmo
desserviço. Disseminando leviandades e desconhecimento. Somos responsáveis por
aquilo que falamos, e também pelo que publicamos. Não somente na acepção
jurídica de responsabilidade. Que não sejamos nós, contribuintes da falta de
cultura e desinformação. E do emburrecimento geral.
Sim, este é um rogo em favor do pensamento. Um repúdio
a novos dogmas. E a tudo o que nos cerceia a possibilidade do questionar.
Descartes nos ensinou um método, que considero válido
até hoje. O de sempre duvidar. Partir do princípio de que não temos certeza de
nada. Somente temos a certeza da nossa existência, pois pensamos. E logo,
existimos.
É Amanda, apesar dessa criação de dogmas ser bem forte no Facebook, a internet toda é um espaço propício para a imbecilidade. Assusta-me um pouco esse ranço 'idade média' que estamos vivendo. Depois daquele caso da Folha de Pernambuco, e do candidato a prefeito de São Paulo dizer que o Estado tem que cuidar das igrejas, além da presença maciça de "Deus" no horário político, além de outras obscuridades, eu estou fortalecendo meu mantra diário: "cai ni mim dezembro de 2012" :), Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, Rubens!
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