POR CHARLES HENRIQUE VOOS
O que estes reacionários não enxergam, por muitas vezes, é a ação de um discurso. Esta ação pode seguir dois caminhos muito distintos, dependendo da intenção do emissor da mensagem: pode transformar, trazer novos pontos ao debate, mudar o ponto de vista sobre determinada situação, ou simplesmente contrapor aquilo que, ao seu ver, está errado. Por outro lado, pode manter um status quo; esconder as reais intenções de uma situação, ou simplesmente propagar conceitos que não transformam e apenas reproduzem o vazio. Nenhuma palavra é solta "ao vento", sem intenções.
Foi este mesmo "blá-blá-blá" que mostrou para o mundo inteiro, através das redes sociais, o real problema da questão urbana brasileira. Foi o que levou milhões para as ruas, e iniciou o processo de conscientização de muita gente sobre a real importância da manifestação e busca por soluções, através das "Jornadas de Junho". Nada teria acontecido sem a propagação de discursos, de mensagens, de ações transformadoras embasadas em conhecimento sobre determinados assuntos. As redes sociais potencializaram a propagação. Até a eleição para Prefeito em 2012 teve cenários delimitados pelo o que surgia no meio virtual.
Portanto, o "blá-blá-blá" sempre está na cabeça de quem não acredita no poder de uma palavra. Está na cabeça de quem acredita 100% no que diz a mídia tradicional e corporativa, as camarilhas políticas, e as rodas de puxa-sacos. Está naquele que tem medo da mudança pela possibilidade de detrimento do individual em prol do coletivo.
Para finalizar, vale lembrar que o emissor tende a deslocar seus desejos de poder, tornando-os opacos, e o discurso explicita sua luta pelo poder. Não poderia ser diferente, pois a explicitação de seu desejo de poder é o próprio discurso. De forma diversa, o discurso tem lados, é um discurso de visões de mundo. Desconstrói o outro e a forma como constrói a si próprio, como oposição ao outro; (re)produz o mundo. Falar, criticar, escrever, apontar e desconstruir não é "blá-blá-blá". É a forma que alguns encontraram de mudar o lugar em que vivem. E, convenhamos, Joinville precisa demais destas pessoas.