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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Cota 40 - As palmeiras imperiais estão morrendo?

POR JORDI CASTAN



Quando as palmeiras imperiais começaram a morrer, criou-se uma comisão para salvá-las. Boa ideia, mas foi pouco e foi tarde. A morte das palmeiras imperiais é uma morte anunciada. Só a Prefeitura Municipal não sabia.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O Executivo é o novo Rei Midas: transforma terra em ouro


POR JORDI CASTAN
Lembram da pressa em alterar a qualificação de área rural para urbana da gleba onde se instalaria a UFSC? Tanta pressa por nada. A universidade não deve instalar-se lá antes de uma década. Agora surge o projeto de regulamentação da Área de Expansão Urbana Sul. São aproximadamente 2.600 hectares (1 hectare equivale a 10.000 m2) e, de acordo com o diagnóstico elaborado pelo Executivo, 80% desta área apresenta algum tipo de restrição ambiental.

Que outro motivo poderia haver por trás dessa mudança de qualificação para ocupação humana de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco? Ora, não é outra senão a de enriquecer os seus proprietários. Curiosamente entre eles há conhecidos nomes da sociedade, da política e da economia local.

O valor venal das áreas rurais em Joinville, de acordo com a Tabela de Valor da Terra Nua (VTN), elaborado pela SEFAZ - Secretaria da Fazenda Municipal, é de R$ 3,75 por metro quadrado, com picos de R$ 9,5 e menores de R$ 2,0. Com a mudança de zoneamento, proposta na regulamentação da Área de Expansão Urbana Sul, este valor multiplicará facilmente por 10, 20 ou mais de 30 vezes. O executivo se converte assim num moderno Rei Midas, que, do dia para a noite, transforma em ouro 26.000.000 de m2. Que passam de valer R$ 100 milhões a valer entre R$1 e R$2 bilhões, numa conta conservadora e entre R$ 4 e R$ 5 bilhões numa conta mais realista.

Pode estar aqui o motivo principal de tanta pressa e a falta de estudos e justificativas bem elaboradas ou bem embasadas para regulamentar a Área de Expansão Urbana Sul. Pode ser também este o motivo da insistência em aprovar logo está AEU (Area de Expansão Urbana), mesmo depois que a UFSC tenha assinado um contrato por 10 anos para o campus instalado no Condomínio Industrial da Perini.

É bom lembrar os nomes dos notáveis que se empenharam, com pessoal dedicação para que a UFSC se instalasse, justamente, naqueles brejos e com isso se sobrevalorizasse grandes áreas de terras ambientalmente frágeis e de risco (e, portanto, com pouco valor de mercado). É bom lembrar também, que não seria a primeira vez, na história da colônia, a decisão de ocupar áreas baixas sujeitas a enchentes por interesses econômicos. E, claro, para atender a pedidos de financiadores de campanha ou dos que dividem as cadeiras do “stammtisch” das associações de classe.

O resultado sempre acabou sendo o mesmo, enriqueceu a uns e criou e continua criando problemas para a maioria da sociedade que posteriormente paga as obras para corrigir estes desatinos, como as obras de macrodrenagem dos Rios Morro Alto e Mathias estão ai para não nos deixar esquecer.

Por que Joinville teima em não querer aprender? Por não aprender comete uma e outra vez os mesmos erros.

(*) STAMMTISCH – mesa cativa





sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Cota 40 - As invasões

POR JORDI CASTAN
Não é de hoje que a Cota 40 está ameaçada. Também não é novidade que há interesse em rebaixar cotas mais altas até chegar à Cota 40 em alguns pontos. Sem uma definição clara de até onde chega a Cota 40, as invasões ficam mais difíceis de controlar e sempre há políticos e politiqueiros por trás das invasões.
PJORDI C

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Honra ou honestidade


POR JORDI CASTAN
Os estudos mostram que o brasileiro lê pouco e compreende menos a cada dia. Pouca leitura reduz o vocabulário e, com menos palavras, o sentido e o significado vão se perdendo. Em pouco tempo ninguém mais lembra do que significam. Com frequência escutamos palavras fora de contexto e chega a ser até hilároa quando chegam a ter o seu sentido deturpado ou tergiversado.

Aproveitando o período eleitoral, proponho uma análise sobre o significado de "honra" e "honestidade". Já acreditei que honestidade era pré-requisito para concorrer a um cargo público, mas hoje acho que os honestos fogem da política para não serem confundidos com esta corja de malfeitores que tem se apossado do Legislativo e do Executivo. Me atreveria a dizer que até do Judiciário tem ir por esse caminho, porque não há dois sem três.

Diz o dicionário que honra é:
1. Consideração e homenagem à virtude, ao talento, à coragem, às boas ações ou às qualidades de alguém.
2. Sentimento de dignidade própria que leva o indivíduo a procurar merecer e manter a consideração geral; pundonor, brio.
3. Dignidade, probidade, retidão.
4. Grandeza, esplendor, glória. 
5. Pessoa ou coisa que é motivo de honra, de glória.
6. Culto, veneração.
7. Graça, mercê, distinção.
8. Honestidade, pureza, castidade, virgindade.
Leio e fico pensando quantos dos candidatos que aí estão disputando a eleição encaixariam nesta definição. Então lembro que nenhum deles cita a honra. Escolhem a Honestidade para serem identificados pelos eleitores. É bom lembrar que Honestidade é uma das definições de Honra, casualmente a última delas. Definitivamente nenhum dos candidatos se apresenta como um homem, ou uma mulher de Honra e isso, neste momento, os honra. A dúvida é se tiveram um ataque de sinceridade e não querem apresentar-se ante o eleitor como algo que não são ou com o que não se identificam, ou se não tendo noção do que seja a Honra, optam por escolher a honestidade como característica definidora.
Honestidade:
1. Qualidade ou caráter de honesto; honradez, dignidade. 
2. Probidade, decoro, decência.
3. Castidade; pureza; virtude.

Só dar uma olhada no dicionário e fica claro, para qualquer um, que é mais fácil ser ou se considerar honesto que honrado. A diferencia pode parecer sutil, mas não é. Estamos, como sempre, por estas terras e manguezais, nivelando por baixo. O que deveria ser pré-requisito mínimo é apresentado como virtude, como diferencial.

Sou dos que acredita que se elegemos os políticos que elegemos é porque no íntimo, se estivéssemos lá, faríamos a mesma coisa. Quantos de nós somos honestos por falta de oportunidade? Só essa falta pertinaz de honestidade pode justificar os políticos que temos e a insistência doentia do eleitor em votar em candidatos investigados por corrupção ou pior até condenados. Candidatos que para piorar são e seguem sendo os mesmos de sempre.

Gente que enriqueceu na política, políticos profissionais, que só existem pela conivência do próprio eleitor. Tem ainda os que insistem em querer eleger presidiário cumprindo pena. É evidente que os mesmos que tem dificuldades em compreender a diferença entre honra e ser honesto, tenham, também, dificuldades em entender que um presidiário (detento condenado a cumprir pena ou a trabalhar num presídio) por ter sido condenado em segunda instancia, não pode pretender ser candidato a nada mais que a sindico do próprio presídio.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Cota 40 - Coisas estranhas

POR JORDI CASTAN
A Cota 40 deve ser preservada. Há motivos de sobra para manter esse pulmão verde em Joinville. Mas quando o tema é a preservação, sempre há coisas estranhas e movimentos para que a preservação seja "flexibilizada”. Há interesses, bem identificados, em não preservar e avançar para a ocupação. O problema é maior quando se juntam os interesses econômicos especulativos e a desídia e conveniência do poder público.


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Em época de eleições...

POR JORDI CASTAN
Quando os políticos começam seus discursos em época de eleições é bom ligar o detetor de ironia, cinismo e sarcasmo. Porque é importante saber distinguir entre eles, identificar os bons políticos dos mercadores de ilusões, vendedores de ar quente, engambeladores de iludidos. Isso é especialmente útil quando inicia a temporada de caça ao eleitor.

Ironia: Modo de exprimir-se que consiste em dizer o contrário daquilo que se está pensando ou sentindo. Ou por pudor em relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem.

Cinismo: Hist. Filos.  Doutrina e modo de vida dos seguidores dos filósofos socráticos Antístenes de Atenas (444-356 a.C.) e Diógenes de Sínope (413-323 a.C.), fundadores da Escola Cínica, que pregavam a volta à vida em estrita conformidade com a natureza e, por isso, se opunham radicalmente aos valores, aos usos e às regras sociais vigentes. [Cf. socratismo.]- P. ext. Impudência, desvergonha, desfaçatez, descaramento.

Sarcasmo: Zombaria, Manifestação intencional, malévola, irônica ou maliciosa, por meio do riso, de palavras, atitudes ou gestos, com que se procura levar ao ridículo ou expor ao desdém ou menosprezo uma pessoa, instituição, coisa, etc., e até os sentimentos.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

É hora de mudar. O modelo político esgotou...


POR JORDI CASTAN
O cenário eleitoral está posto. Os candidatos, como cavalos antes de uma corrida, estão prontos para a largada. Para o Legislativo, o resultado será conhecido já no dia 7 de outubro. Para o Executivo - em alguns estados - e para presidente será necessário esperar os resultados do segundo turno. Não há hoje um quadro claro que faça prever que o presidente será eleito já no primeiro turno.

Independente do que venha a acontecer até lá, fica claro que o modelo eleitoral brasileiro está esgotado, o eleitor tem a obrigação de votar e pode votar nas poucas alternativas que os partidos apresentam. A falta de renovação do sistema e a dificuldade imposta pelo modelo atual, que impede o surgimento de novas lideranças, condenam o eleitor a ter que escolher entre os mesmos de sempre. Sem renovação real, sem alternativas, a política nacional está cada dia mais podre. As alianças mais espúrias são possíveis porque não há nem moral, nem princípios que sobrevivam.

Todo o sistema eleitoral e o modelo político está construído para perpetuar as antigas capitanias hereditárias. Os nomes são os mesmos e os objetivos continuam sendo os mesmos que cem ou duzentos anos atrás, ou seja, a perpetuação dos mesmos clãs no poder. Em Santa Catarina, os mesmos nomes, as mesmas famílias. Um cheiro de ranço, de velho, de mofo. Não há, entre os candidatos ao Executivo ou ao Legislativo qualquer novidade. Os partidos, convertidos em espaços de poder privado, apresentam sempre os mesmos nomes, os mesmos candidatos, as mesmas propostas. A política catarinense fede. Falta ar fresco, luz e muita água e sabão para limpar tanta podridão. Não podemos contar com nenhum salvador da pátria. Não virá um Héracles moderno a limpar os estábulos de Áugias.

O modelo partidário está corrompido, esgotado. E sem uma mudança radical de modelo continuaremos vendo os mesmos nomes e sobrenomes, as mesmas propostas, as mesmas maracutaias. E o país está cada vez mais perdido. A única saída, antes da falência completa deste modelo, é entender que é hora de renovar, de não reeleger nenhum dos políticos que ai estão, que o tempo deles já passou, que nada fizeram pelo Brasil. Eles só enriqueceram, fizeram negociatas e não se preocuparam com o cidadão.

É hora de acabar com o fundo partidário. No Brasil que extinguiu, em boa hora, a obrigatoriedade da contribuição sindical, o fundo partidário é um anacronismo. A política só mudará com gente nova, com novas ideias, com novas propostas. É hora de mudar. Vamos começar não reelegendo ninguém desses que aqui estão. É tempo de mudança.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Cota 40: há quem queira ganhar milhões de um dia para o outro. E quem perde é você...


POR JORDI CASTAN
Estamos a ficar cansados de ter que participar em audiências públicas, mobilizar a sociedade, assinar petições e nos manifestar publicamente pela defesa da Cota 40. Porque aqueles que são contra nunca desistem, nunca dormem e estão sempre tramando uma nova artimanha para acabar com ela.


Com o discurso fácil do progresso, do desenvolvimento e da inevitabilidade do avanço da cidade sobre as áreas verdes, sempre há quem apresente novos argumentos para “flexibilizar” as restrições à ocupação da Cota 40. É bom lembrar. Desde há décadas é permitida a ocupação da Cota 40. Ou seja, não é verdade que a legislação não permita a sua ocupação. O que há, e isso é bom, são regras duras e restritivas para evitar que o verde remanescente seja destruído e dê lugar a ocupação imobiliária desenfreada e especulativa.
Enquanto há os que cabalam para que nos morros de Joinville pipoquem espigões de concreto, há os que defendem que se mantenha áreas de relevante interesse paisagístico, o verde, a biodiversidade, aquilo que a maioria das pessoas - e os especialistas em organização urbana - consideram que contribui a uma melhor qualidade vida.
Avançar é ir em outro sentido. Mais do que permanecer como está, é necessário ir além, regulamentar as ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico do Boa Vista e do Morro do Finder, implantar definitivamente a ARIE do São Marcos. E também garantir, com legislação suplementar, a criação de corredores ecológicos, a proteção dos morros dos Bairros América e Atiradores, proibir a mineração no perímetro urbano e assegurar para a Joinville do futuro a preservação das áreas verdes hoje ameaçadas.



O jogo é simples e sempre o mesmo. Comprar áreas de preservação, áreas de ocupação sujeita a regras e normas estritas e limitadas ou áreas rurais. Depois, com a ajuda de vereadores, funcionários e profissionais de princípios e valores elásticos e moralidade duvidosa, propor mudanças a legislação. E no fim permitir que, da noite para o dia, áreas rurais mudem de zoneamento, a cidade se expanda além do seu perímetro atual e se ganhem milhões de um dia para o outro.


O quadro é este. Não há outra novidade: de um lado, a insistência de uns em derrubar a Cota 40; do outro,  a persistente defesa dos que querem que permaneça como está. Bom que desta vez o Ministério Púbico (MPSC) também está atento e já acompanha de perto a elaboração do Projeto de Lei que ameaça a permanência da Cota 40.









É oportuno lembrar que o prefeito Udo Dohler assinou até abaixo assinado em defesa da Cota 40 e se comprometeu a garantir a sua preservação e a não empreender ações que a ameaçassem ou a pusessem em perigo. Seria bom lembra-lo do que assinou. Para ajudar a lembrar nada melhor que dar uma olhada no seu post e no comunicado oficial da própria Prefeitura e se você ainda não assinou seria bom que o fizesse. Cada assinatura conta. Mas não faça como aqueles que assinam e depois esquecem que assinaram. Defenda a Cota 40.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Plano Diretor ou Plano Dirigido? Para crianças de 7 anos...


POR JORDI CASTAN
Na quinta feira participei daquilo que o pessoal da SEPUD denominou "Oficina de Revisão do Plano Diretor". O evento contou com menos participação que a esperada. Metade dos lugares previstos ficaram vazios e a dita oficina pareceu mais uma divertida quermesse - ou uma improvisação cênica aberta a participação do público - do que uma oficina, para revisar o Plano Diretor. Sobrou boa vontade e faltou seriedade e organização, mas isso por estes lados não é nada novo.

Primeiro é importante ressaltar que não houve nesta oficina (e parece que tampouco nas anteriores) nenhum controle sobre quem participava de cada mesa temática. Ora, isso permitiu que várias pessoas do mesmo setor, ou até da mesma empresa, sentassem na mesma mesa e votassem os temas do seu interesse. Assim, o princípio da representatividade e da equidade não foi cumprido.

Ainda mais curioso foi que os próprios representantes comissionados da SEPUD e de outros órgãos da Prefeitura Municipal escrevessem tarjetas com os temas a serem posteriormente priorizados. E assim ao mesmo tempo que escreviam também votavam nos temas que haviam escrito. O modelo é afinado com a linha dirigista e autoritária de que tanto gostam o prefeito e sua equipe. O resultado é que a população acredita estar participando e mesmo que é ouvida. A Prefeitura cria a fantasiosa ilusão de que as oficinas, assim como as audiências públicas, são um processo aberto, democrático e participativo.

Não há rastreabilidade sobre o que foi escrito pelos participantes, nem sobre os critérios seguidos para a priorização, E, pior ainda, não houve tempo para um debate aprofundado porque cada tema só poderia ser debatido, no máximo, por 15 minutos. A pressa obrigava a cumprir o horário, pelo que não foram permitidos debates consistentes. Tudo bem ao gosto desta gestão, evidenciando cada vez mais a conhecida dificuldade dos atuais gestores para compreender e tratar temas complexos. Por isso a necessidade que qualquer tema seja apresentado de forma superficial. Se uma criança de 7 anos não consegue entender, nem o prefeito, nem a maioria do corpo técnico tampouco.

Para concluir - e para forçar ainda mais o direcionamento dos temas -, os participantes deveriam escolher unicamente três e só três tópicos. A obsessão pela simplificação chega a ser simplória. E tem como objetivo evidente evitar os debates e discussões. O resultado das ditas oficinas caso se concretize a metodologia proposta pela Prefeitura, será um exemplo de eficiência. Se não fosse uma afronta à legislação vigente, claro. Onde? No que se refere à participação popular e a cidade de direito, além de pela superficialidade da abordagem, pela falta de preparação da sociedade para poder debater sobre o tema, agravado pela pouca qualidade dos documentos e dados apresentados e a nula informação entre o que foi previsto no Plano Diretor vencido e realmente precisa ser atualizado ou revisto.

É bom lembrar que estudos consistentes, análises e textos mais extensos que três linhas escritas em um pequeno post-it são o máximo que deve caber na memória RAM dos organizadores das oficinas e da equipe mais próxima ao prefeito. Não se pode pedir muito mais que isso. Ao que parece indicar, a revisão do Plano Diretor estaria pronta, não duvidaria, que os resultados e as conclusões já estejam definidos e redigidos antes mesmo de realizar as oficinas. 

terça-feira, 24 de julho de 2018

O algoritmo da acessibilidade: parecendo mais protetor, pode não ser na verdade


POR JORDI CASTAN
Não há quem possa discordar desta ideia: as cidades e os seus espaços devem ser acessíveis para todos. Logo, logo haverá alguém dizendo que as cidades têm que ser acessíveis a todos e a todas e os mais “moderninhos” escreverão que as cidades devem ser acessíveis a tod@s. E assim estamos.

Duvido que haja um algoritmo que calcule com precisão quantas vagas devem ser previstas para idosos, grávidas ou pessoas com necessidades especiais. Um estabelecimento comercial aqui da vila tinha três vagas para clientes: uma para idoso, uma para PNE e outra para clientes. Que estava ocupada. Fiquei pensando que, aplicando um algoritmo simples, neste caso 66% das vagas estavam reservadas a minorias e 33% aos demais. Achei o resultado do cálculo estranho.

Nos modernos pontos de ônibus instalados na vila há espaço para que sentar 4 pessoas: 3 num banco de ferro e um espaço reservado especificamente para um cadeirante. Assim, quem projetou os abrigos considerou que 25% dos usuários do sistema de transporte público de Joinville sejam cadeirantes. Ou 1 de cada 4. De novo o resultado desta conta me pareceu estranha. Não consigo, por muitas contas que faça, imaginar onde podem estar todos estes cadeirantes.

Nos supermercados e centros comerciais há dezenas de vagas reservadas para idosos, grávidas e PNE vazias à espera ou dos consumidores que teriam direito a utilizá-las. Ou de espertalhões que, sem terem o direito, as ocupam ilegal e imoralmente.

Quanto mais presto atenção a estas coisas, mais tenho a certeza que há um excesso. Um excesso de protecionismo, um excesso de margem de cálculo e uma falta de dados concretos e verazes que permitam à nossa legislação ser mais justa e adequada à realidade da nossa sociedade. Sinto que estamos vivendo uma espécie de ditadura das minorias. Que ser integrante da maioria teria se convertido num pecado grave. Que a maioria deve ser perseguida e punida por ser maioria. Que estamos fazendo, em nome da acessibilidade, cidades menos amigáveis para a maioria.

Não identifico nos países mais desenvolvidos essa sanha protetora. E o mais interessante é que os vejo as minorias integradas no tecido social e urbano. Cidades acessíveis são acessíveis para todos. Não vi, em qualquer das grandes cidades ocidentais, toda essa parafernália de pisos podo tácteis, nem guarda corpos em tudo que degrau. Mas, sim, é comum que os sinaleiros tenham um aviso sonoro para informar a cegos, que as calçadas estejam niveladas e ofereçam boa segurança para todos. Aliás, calçadas estas que são construídas e mantidas pelo município e não pelo proprietário do imóvel, como acontece aqui. Se o espaço é público deve ser assumido por todos.

Em tempo: não há como concordar com a gambiarra apressada e medonha aprovada pela Câmara de Vereadores de Joinville para o estacionamento rotativo. É incompreensível demorar tantos anos para, no final, aprovar de afogadilho um absurdo destes. Isso só acontece aqui porque o Legislativo se rende ao Executivo e aprova qualquer projeto que venha do alcaide. Multar com quase R$ 200 e 4 pontos na carteira quem ultrapasse em 5 minutos o tempo permitido é um abuso e uma sem-vergonhice. Mas numa cidade de gente acovardada não é novidade.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

As palmeiras da Al. Bruestlein estão morrendo. Joinville vai perder o seu cartão postal?


POR JORDI CASTAN
Quem fica gazeteando ou dormindo na aula acaba pagando caro pela omissão. Quando Joinville celebrou seus 150 anos, entre outras ações e atividades foi elaborado o projeto de paisagismo e revitalização da Rua das Palmeiras. Antecipando que as centenárias palmeiras imperiais tinham entrado no final do seu ciclo de vida - e para evitar que Joinville perdesse um dos seus cartões postais -, a empresa Whirpool adotou a iniciativa e patrocinou o projeto de recuperação. O projeto seguiu as mesmas diretrizes que anos antes já tinha sido feito no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ou seja, intercalar palmeiras novas entre as existentes, de forma a criar uma segunda linha de palmeiras que, no momento certo, iriam tomando o lugar das originais.

O trabalho foi feito. O projeto foi do nosso escritório, o Boa Vista Paisagismo, e a execução feita pela equipe da Agrícola da Ilha. O o resultado está lá, para quem quiser ver. Uma nova geração de palmeiras garante hoje que Joinville não fique sem uma das suas referências históricas mais importantes.

O presidente da comissão organizadora do sesquicentenário deveria lembrar os motivos que incluíram a revitalização da Alameda Bruestlein na lista de eventos organizados para celebrar a data. O projeto previa garantir que Joinville mantivesse a Rua das Palmeiras por outros 150 anos. A equipe que trabalhou no projeto olhou para além de quem, por visão curta, só enxerga quatro anos. E fez a sua tarefa de casa. Foi ao Rio, visitou o Jardim Botânico, viajou a diversos países do Caribe de onde as Roystoneas são originárias, estudou o seu ciclo de vida e propôs a melhor solução.

Depois disso, pouco foi feito. As palmeiras, tanto as originais como as novas, não receberam qualquer cuidado especial. Nenhum programa regular de adubação e manutenção foi previsto e executado. Sem falar da infeliz intervenção no governo Carlito. Agora - e depois de várias reuniões de uma comissão interdisciplinar - foram identificadas deficiências de nutrição e pregos e feridas nos troncos. Ações corretivas serão tomadas.

O governo fez o que melhor tem sabido fazer nesta gestão: acordar tarde e não estudar direito. As suas ações são insuficientes, tardias e lentas. Acrescentaria ainda que têm poucas possibilidades de ter sucesso, porque o problema das palmeiras é um problema de senilidade. Estão no final do seu ciclo de vida vegetativa. Aliás, com a pouca atenção que tem recebido ao longo das ultimas décadas, até que as plantas duraram muito. O nível freático da região é alto, o governo não tem dado qualquer manutenção as palmeiras imperiais, nem tem nenhum cuidado especial para um patrimônio tombado.

Triste sina de uma Joinville que, nas mãos de uma gentalha como esta, não cuida do pouco que ainda resta do seu patrimônio e da sua história. As palmeiras morrem em pé. Com seu porte majestoso imponente nos lembram da grandeza dos líderes que Joinville já teve e da pequenez dos que a governam hoje.

E para não dizerem que foi por falta de avisos, releiam este post de 2016 (as palmeiras morrem de pé). A História da Alameda Bruestlein está toda ela registrada. Quem trouxe as sementes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em que ano foram plantadas. Quem plantou as palmeiras. Quanto custou o serviço. Quem tiver interesse deveria ler a publicação elaborada pela equipe do Museu Nacional de Colonização (Rua das Palmeiras).

Em tempo e aproveitando o tema do texto: a equipe do planejamento e da mobilidade segue firme na sua aloprada ideia de levar adiante, sem apresentar nenhum estudo técnico convincente, de converter a Rua Marajó na rua de saída de Joinville. Ver caminhões, ônibus e carretas passando pelo labirinto que estão propondo será um bom entretenimento. Depois não digam que não foram avisados. O problema nunca foi a falta de aviso, o problema é a surdez misturada com arrogância e teimosia. Juntas formam uma mistura explosiva.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Hora de licitar. Mas é lícito pensar que o joinvilense será beneficiado?


POR JORDI CASTAN
Não vai dar mais para postergar as licitações do estacionamento rotativo e do transporte coletivo. O prefeito não tem mais como procrastinar o que deveria ter sido feito faz muito tempo. Mas falta muito para que possamos contar com novos operadores para estes importantes serviços. O brinde vai demorar. Nada de cantar ainda vitória.

Se tomarmos em conta o tempo médio que leva fazer as coisas simples em Joinville, podemos calcular que, usando o mês lunar como unidade de tempo, devem passar muitas luas antes que as coisas aconteçam. Eu apostaria, sem medo de perder, que as licitações não sairão mesmo antes das calendas gregas. Mas não devemos ficar atentos aos prazos, que certamente não serão cumpridos. Primeiro por displicência, segundo por falta de interesse e, finalmente, pela própria inépcia a que esta gestão nos tem acostumado.

Há quem veja preguiça nisso tudo. É bom não confundir. Não há como negar a preguiça, porque ela está presente no dia a dia de boa parte da máquina pública. Essa que permeia gabinetes e corredores de quem desenvolveu a capacidade de achar um problema para cada solução. Sempre há como não fazer. Até porque não fazer é muito mais fácil que fazer.

É preciso estar atento ao modelo do contrato previsto. Quais os critérios que servirão para escolher o vencedor? A licitação busca atender o cidadão ou está mais direcionada para atender os interesses da Prefeitura?  Não se deixe iludir com o conto que a Prefeitura defende os interesses do joinvilense. Isso não tem sido verdade. 

O cálculo da COSIP é um bom exemplo de como o interesse atendido foi outro.  No caso do estacionamento rotativo ganhará a empresa que melhor remunere o município e, portanto, cobre mais pelo serviço?  Ou será escolhida a que ofereça o menor preço?  Até agora as informações divulgadas destacaram o quanto a Prefeitura calcula receber por mês pelo serviço.

Vamos a entender melhor. O estacionamento rotativo tem como objetivo melhorar a mobilidade, facilitar o acesso a vagas de estacionamento na região central ou, pelo contrário, aumentar a arrecadação para a Prefeitura? Facilitando a resposta: o objetivo deve ser o de cobrar menos e aumentar a rotatividade dos veículos que hoje podem permanecer por horas a fio ocupando a mesma vaga.

E o pagamento? Será feito por hora, por meia hora ou por minuto? Porque quanto mais justo seja o sistema de cobrança, melhor para o motorista. Assim, a maioria de sistemas de estacionamento rotativo cobra por minuto e há vários aplicativos que permitem o pagamento pelo telefone. Pagar o valor exato é mais justo.

O sistema exigirá a compra antecipada e penalizará o usuário, que acabará financiando a empresa operadora e assumirá, como já aconteceu em Joinville, todo o prejuízo de cartões deteriorados ou vencido? São esses entre outros muitos os pontos que devem ser analisados. Até porque não seria a primeira vez que o modelo de contrato seria elaborado pelas próprias empresas interessadas em vencer a concorrência.

Sobre o transporte coletivo, os pontos em aberto são muitos mais e devem começar a ser analisados desde a perspectiva de quais são os penduricalhos que acompanham a tarifa. Quantas e quais as gratuidades? E também a manutenção do perverso modelo de passagem única, que cobra o mesmo valor de uma viagem do terminal central ao terminal norte que do Itinga a Pirabeiraba.

O resultado é que as viagens curtas são muito caras e estimulam que os usuários fujam do sistema. Ainda - e só para abrir o debate - o sistema de transporte público continua mantendo o obsoleto modelo de integração nos terminais ou, como na maioria de sistemas modernos, a integração poderá ser feita em qualquer ponto do percorrido? Seria uma forma de evitar ter que passar sempre pelo terminal central, para atender o interesse das permissionárias?

Alguém imagina aqui que o verdadeiro interesse é o de beneficiar o usuário? Até agora o usuário tem fugido do sistema. Numa cidade que só cresce populacionalmente, o número de usuários do transporte coletivo diminui ano a ano e a tarifa só fez que aumentar muito acima da inflação.

Acompanhemos os prazos, o modelo de contrato e aprendamos a identificar as armadilhas colocadas para prejudicar o cidadão. Porque ninguém deve esperar destas duas licitações que venham para melhorar a vida do joinvilense. A melhor prova disso tem sido a falta de vontade e de entusiasmo desta gestão para que isso acontecesse.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Todos os caminhos levam ao Condor. E tem até placa de trânsito...


POR JORDI CASTAN
A Audiência Pública, realizada na ACIJ para que a sociedade pudesse avaliar o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) do supermercado Condor, mostrou mais sombras que claridade nos dados apresentados. As inconsistências foram questionadas, principalmente as referentes ao impacto negativo que teria sobre o trânsito da região. Não houve respostas concretas, nem convincentes.

Não houve respostas, porque cada um dos atores, na audiência pública, estava representando seu papel. Os empreendedores defendo as maravilhas e benesses que o novo hipermercado traria para a região, destacando o número de novos empregos criados. Ninguém questionou o tipo de empregos e a média salarial de caixas e repositores de estoque.

Ao fim de contas a maioria dos representantes da sociedade estava fazendo de claque a favor do empreendimento. Não há como precisar se estavam lá por própria vontade ou se tinham sido mobilizadas pelo empreendedor ou pelo próprio poder público para apoiar o empreendimento. O certo é que houve só elogios ao supermercado. É bom lembrar que o objetivo das audiências públicas é de ir armado com dados, estudos e manter uma posição critica que permita separar o  eufemismo do empreendedor e da claque dos impactos negativos que o empreendimento trará para a região e para a cidade.

O tamanho do estacionamento. O tempo médio de compra. A movimentação adicional gerada pelos caminhões dos fornecedores. Tudo foi  questionado e não houve resposta. Neste ponto ficou claro que os representantes do poder público assumiram o papel de claque, passaram a defender sem rubor o empreendimento e,na sua defesa apaixonada, esqueceram que seu papel era o de defender os interesses da sociedade e não os do supermercado.

Sem dados e sem conhecimento evidenciaram a tendenciosidade dos seus argumentos. Baixou o telão, a audiência não permitiu que a vizinhança tomasse conhecimento do impacto real do autorizar um empreendimento naquele local. Os representantes do município, que já tinham autorizado o empreendimento, passaram a agir, e seguem agindo, mais como prepostos do supermercado que como defensores dos interesses de Joinville.

Agora no novo capítulo da novela do supermercado Condor. É que começam a ser implantadas as mudanças no trânsito no entorno. O que não foi respondido na audiência pública está sendo posto em prática. Com a instalação de um sinaleiro na Rua João Colin, para facilitar o acesso ao supermercado, os passos seguintes serão as mudanças de mão nas Ruas Almirante Barroso, Machado de Assis e num trecho da Rua Benjamin Constant.

Sinto pena dos moradores da Rua Machado de Assis, uma rua que hoje não permite o trânsito de caminhões de mais de 5 toneladas e que passará a conviver com ônibus, caminhões de maior tonelagem, a retirada do estacionamento e um volume de tráfego incompatível com uma rua com perfil residencial. O estrago está feito. Agora todos os caminhos levarão ao Condor, até placa de trânsito com o nome do supermercado já colocaram. Se a moda pega.

Pensei se alguém previu o que será daqui para frente a ligação Leste–Oeste na região, mas depois lembrei que não há que procurar maldade onde só há inépcia.  

segunda-feira, 25 de junho de 2018

A sociedade que votará em outubro


POR JORDI CASTAN
Trump prende crianças em jaulas e as separa dos seus pais. Neste momento não é conveniente, para alguns, lembrar dos “coyotes” que atravessam a fronteira com crianças desacompanhadas e cobram caro por isso. Na Rússia, grupos de energúmenos incitam loirinhas desavisadas a repetir mantras ofensivos dos que desconhecem o sentido. A pátria de chuteiras está jogando cada dia pior e o herói nacional é, ao mesmo tempo, o atleta que acumula a maior dívida com a Receita Federal. Além de ser um menino malcriado.

A violência e os ataques de racismo, homofobia e machismo são tratados pela sociedade e especialmente pela imprensa, de forma diametralmente oposta dependendo de quem seja a fonte ou o alvo. Há esquecimento conveniente de alguns e glorificação de outros. No meio desta bagunça toda é interessante perceber qual é a reação e o papel de cada um dos segmentos que compõem o tecido social. A sociedade esta comporta por diversas tribos e cada uma delas tem comportamentos e atitudes diferentes. Entender e conhecer esse comportamento ajuda a compreender melhor o momento histórico que o país está vivendo.

Há os que não sabem. Hordas de ignaros convertidos em massa de manobra de uns e outros. Seguidores cegos de mitos, escravos da sua própria ignorância. Há os que não querem saber. E os que mesmo tendo o conhecimento e acesso a informação, preferem não saber. Acompanham a estes os que odeiam saber, os que não conseguem lidar com a verdade, que a deturpam, a tergiversam pela sua absoluta incapacidade de lidar com o seu ódio ou sua raiva.

Também há os que sofrem por não saber, os que carregam a sua incultura e desconhecimento como um pesado fardo que os prostra e os marca. Piores são os que sem saber, fingem que sabem, projetam a imagem de conhecedores, sábios de latão que refulgem com maior intensidade quanto maior é a ignorância que os rodeia. No Brasil de hoje, não são poucos os que triunfam sem saber. Tinha razão Rui Barbosa quando disse que aqui triunfavam as nulidades. Não há dia em que um deles triunfe e tenha seus quinze minutos de fama, alguns até mais de quinze, não são poucos os que tem sucesso durante anos, aclamados por multidões.

Mas nenhum grupo é mais nocivo e perverso, nem ocasiona males maiores, nem mais duradouros que o grupo formado pelos que vivem graças ao que os outros não sabem. Os que se aproveitam da ignorância e o desconhecimento dos demais são os que se denominam “políticos” e as vezes até usam o nome de “intelectuais”. Cada um dos grupos cumpre zelosamente sua missão na sociedade. O resultado do domínio de uns sobre os outros ou de predominância de outros sobre os uns define o modelo de sociedade e permite entender a importância e a forma de abordar cada um dos temas do quotidiano.

No que toca ao Brasil, é essa a sociedade que vota em outubro.

terça-feira, 19 de junho de 2018

O eleitor gosta mesmo de votar em corrupto?

POR JORDI CASTAN
O tema hoje deveria ser a Copa do mundo. Mas quem se importa com isso? Esqueci que tem uma parte importante do país que acredita que este é um evento importante e que não há nada mais transcendental que torcer pelo Brasil. Há também os que preferiram debater a apropriação da camisa da seleção pelos “coxinhas” e que por conta disso este importante símbolo nacional não deve ser mais usado pelos torcedores que não sejam coxinhas.

Não é preciso dizer que frente a estas discussões tão filosoficamente profundas, vou trocar de canal e propor que a nossa conversa aqui seja sobre outros temas, que, ao meu ver, deveriam ser mais importantes e motivas debates e mobilizações mais transcendentais e maiores que as que motivam a seleção e o mundial.

Proporia educação, mas perdemos feio. Segurança? Mas esse outro tema em que o Brasil está ruim na foto, com mais mortos por arma de fogo que países em guerra. Da saúde melhor passar, porque agora que acabou a greve dos caminhoneiros, não sei o que as autoridades vão inventar para justificar a falta de remédios, o estado precário de hospitais e Pronto Atendimentos (PAs) ou a falta dos materiais mais básicos e elementares.

Corrupção é um tema delicado, se houvesse algum tipo de premiação o Brasil ficava em primeiro e bem à frente do segundo. De Joinville melhor não falar, até porque há pouco de bom para contar. De um lado o silêncio cúmplice de uns. Do outro a inépcia supina de outros, e do outro a inércia de uma cidade que se apequena um pouco mais a cada dia.

Mas num país em que eleitor vota de novo em corrupto e o reelege uma e outra vez, é difícil imaginar que o povo não tenha culpa no cartório. Acho até que o eleitor gosta mesmo de votar em corrupto. Algum tipo de prazer mórbido o leva a votar em gente que deveria estar na cadeia fazendo companhia aos que já foram condenados e estão cumprindo pena.

Copa do Mundo é a versão do pão e circo (panem et circenses) dos romanos. Se alguém acha que fácil iludir o eleitor, está certo. Não há nada mais fácil que iludir o eleitor. Em outubro teremos a oportunidade de ver serem eleitos os mesmos de sempre. Votar em candidatos novos é uma alternativa para mudar.

Lanço aqui o desafio de não reeleger ninguém, para isso precisamos votar em candidatos novos, que não sejam corruptos, que tenham um histórico de defesa dos interesses da sociedade, gente com princípios e valores, mesmo que para isso tenhamos que, como Diógenes, sair pelas ruas, com uma lanterna a busca desses homens e mulheres que o país precisa.

Menos Copa e mais olho no Brasil, porque é quando a bola rola que as coisas ruins acontecem.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Uma geston eficientizaçada #sqn


POR JORDI CASTAN

Não posso evitar o sentimento de otário quando cruzo na rua com um desses sinaleiros “eficientizados” que geram uma economia de R$ 720.000 ao ano. Primeiro, porque uma administração pífia e inepta pode fazer qualquer coisa menos eficientizar alguma coisa. Nem o verbo “eficientizar” aparece no Aurélio. Deve ser desses neologismos que burocratas ficam inventando nas suas horas diárias dedicadas a praticar o onanismo mental.

Em outras palavras, esta gestón ineficiente, que vituperou a inteligência coletiva do joinvilense afirmando que não faltava dinheiro, mas gestão, mostrou depois de poucos dias que não tinha nem dinheiro, nem gestão. A resposta à eficientização dos sinaleiros veio na forma de um aumento brutal da COSIP. Assim, o joinvilense paga mais caro pela eficientização dos sinaleiros. Bingo! Alguma dúvida que o resultado seria esse?

Depois de trocar todas as luminárias vermelhas do Carlito pelas novas de LED, que são mais eficientes e, portanto, consomem menos energia, a lógica diria que a economia deveria ser transferida para o cidadão. E o valor extorsivo da COSIP seria reduzido. Nem preciso avisar que isso não vai acontecer. Seguiremos pagando mais caro pela eficientização da iluminação pública. E ganharemos o pomposo titulo de otário do ano, na categoria ouro, com menção honrosa. Porque trouxa que é trouxa merece ser homenageado e sua bovina mansidão reconhecida publicamente.

Em tempo, nenhum vereador tem se manifestado pelo desperdício de recursos públicos que representa converter em sucata as luminárias substituídas com menos de um terço da sua vida útil. Porque cidade rica se faz assim, jogando fora o que ainda serve, aumentando os valores das contribuições e taxas e administrando cada dia pior.

Para não ficar restrito à eficientização da iluminação pública, podemos incluir a da sinalização horizontal, as mudanças de trânsito, intempestivas e sem estudos técnicos que as sustentem, ou a administração por tentativa e erro. Com mais erros que tentativas, o que, convenhamos, tem muito mérito porque não é fácil cometer mais de um erro em cada nova mudança.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

A greve dos caminhoneiros pôs o país de joelhos. E agora?


POR JORDI CASTAN
Não há como não comentar a greve dos caminhoneiros, seu desenvolvimento, seus impactos e os aprendizados a tirar dela. Comentar o que foi, o que não foi ou, melhor ainda, o que poderia ter sido e não foi.

Primeiro, não foi surpresa. Se alguém no governo - ou nos governos - diz ter sido pego de surpresa ou mente ou achou que não ia dar em nada, como quase tudo neste Brasil. Não foi falta de aviso. O setor de transporte rodoviário vive, desde faz tempo, numa crise que só tem se agravado. Cresceu - e muito - na onda dos preços controlados pelo governo e no crédito fácil que estimulou o consumo e levou ao aumento da frota além do necessário. Se agigantou na falta de infraestrutura adequada e disparou de vez quando a Petrobras passou a praticar preços de mercado. E acabou o sonho.

Um frete rodoviário de Natal a São Paulo custa aproximadamente R$ 16.000, dos quais quase R$ 13.000 são para pagar o óleo diesel, outros R$ 1.200 para pedágios, o resto para pagar o desgaste de pneus, manutenção, salário e despesas. E ainda falta remunerar o investimento. As contas só saem mesmo para quem não tem contato com o Brasil real.

É evidente que essa bomba estouraria mais cedo ou mais tarde. Estourou por conta do preço do óleo diesel e quando os caminhoneiros receberam o apoio da população. Porque é importante lembrar que, antes que aparecessem os oportunistas de sempre, a maioria da população apoiou a greve. Depois aos poucos o movimento foi perdendo foco. Ou talvez ganhando foco, até porque o foco era o preço do diesel e dos pedágios. E na medida em que o governo, tardiamente e devagar demais, atendeu as reivindicações dos grevistas, o brasileiro percebeu que de novo seria ele quem teria que pagar a conta. E neste ponto o apoio começou a arrefecer.

O resultado é que o governo não mexeu onde deveria. Todos vamos pagar o subsídio concedido aos caminhoneiros e ,já sabemos, que este modelo de subsídios pontuais a determinadas categorias em detrimento de outras, não resolve o problema, que fica só postergado. O Brasil precisa cortar na carne. Precisa cortar o número de carros oficiais, os supersalários - acima do limite constitucional -, os benefícios ilegais e imorais. Precisa reduzir as estruturas inchadas e ineficientes, cortar os R$ 28.000.000 que custa por dia o Congresso Nacional. Precisa cortar a carga tributária.

E não só não o fez, como escolheu cortar na saúde, na educação e na desoneração das exportações. Sem reduzir o tamanho do Estado, o Brasil não tem solução. O gasto público está fora de controle e o que poderia ter sido o início de um movimento para reduzir o tamanho do estado e cortar o gasto público acabou sendo só uma greve por R$ 0,46.

O Brasil segue deitado eternamente em berço esplendido. Quanto maior for o governo, menor será o cidadão. A greve expôs a fragilidade de um país que não tem nem governantes, lideranças e nem a infraestrutura capazes de enfrentar os problemas de frente e resolvê-los. O alerta está dado. O Brasil é um gigante com pés de barro. Se houver uma próxima greve, porque não devemos nos surpreender se tivermos outra a curto prazo, que seja geral, mais longa e com o apoio de todos, não haverá governo que resista. Um grupo de caminhoneiros usando WhatsApp colocou o país de joelho. É bom não esquecer.

Em tempo: tanto Santa Catarina como Joinville foram um péssimo exemplo de como lidar com uma greve. O governador e o prefeito agiram tarde e mal. Não estavam preparados para lidar com a gravidade da situação. Foram mal assessorados e não tiveram à altura da responsabilidade necessária.



segunda-feira, 28 de maio de 2018

Temei, joinvilenses. O futuro de Joinville pode ser lúgubre e assustador


POR JORDI CASTAN
Uma cidade será tão inovadora, inteligente ou avançada como a soma da totalidade da sua população. O planejamento urbano é um tema importante demais para ser deixado na mão de um pequeno grupo de gênios. Apesar de ser um tema complexo e que requer conhecimento técnico específico, uma peculiaridade do planejamento urbano é que todos os que aqui moram e vivem a cidade podem e devem contribuir.

O primeiro erro é o de pressupor que seja preciso um conhecimento especial, um conhecimento restrito a um pequeno grupo de “çábios” encastelados numa torre de marfim. Eis o problema: quanto mais encastelados e afastados da realidade das ruas e do dia a dia da cidade, mais absurdas e descabeladas serão as soluções encontradas.

O antigo IPPUJ é um exemplo disso. Os donos da verdade e os detentores do conhecimento fizeram mais trapalhadas que acertos, partiam da premissa que o planejamento urbano era complexo demais para que as pessoas comuns pudessem compreendê-lo e que gente sem mestrados e doutorados não poderia contribuir com suas sugestões.

Não lembro que em nenhuma das mais de duas dezenas de audiências públicas em que participei nos últimos anos, uma única sugestão feita por alguém da plateia fosse considerada, anotada e incluída na discussão. Menos ainda que o autor da proposta recebesse uma resposta, ou pudesse rastrear a análise da sua proposta.

Na verdade, as audiências públicas foram convertidas, e continuam sendo, em pantomimas homologatórias. Com o único objetivo de fazer de conta que a população é ouvida. Não canso de repetir que até pode ser que seja ouvida, mas faz tempo que não é escutada.
É por conta desta arrogância superlativa que vemos, a cada dia, novas intervenções no tecido urbano uma pior que a outra. Desde as ciclofaixas que unem nada a coisa alguma, criando uma falsa sensação de segurança para o ciclista. De fato são ciclofarsas que acabam tendo o efeito contrario do pretendido.

As estatísticas estão aí para mostrar que o número de acidentes envolvendo ciclistas tem aumentado. Há mais ciclistas? Deve haver, mas também há mais acidentes. Portanto, as ciclofaixas não melhoraram a segurança dos ciclistas, são verdadeiras armadilhas.
A LOT permite que um maior número de atividades geradoras de tráfego se instalem num maior número de ruas. Até uma criança de oito anos sabe que polos geradores de tráfego, como escolas, supermercados, indústrias, academias ou bares e restaurantes aumentam o número de pessoas e veículos que se dirigem a aquele empreendimento.

Portanto, aquelas ruas que já não davam conta do trânsito local agora terão que absorver um volume ainda maior e o risco de colapso será cada vez mais forte. Parques, praças, ruas arborizadas e ambientes mais caminháveis melhoram a saúde das pessoas, reduzem o risco de doenças e melhoram a qualidade do ar. Em Joinville a cobertura arbórea urbana diminui a cada ano, poucas gestões municipais tem tido uma relação mais perversa com o verde urbano e com a qualidade de vida dos joinvilenses que esta.

Ignorar o bom senso, alijar a participação da sociedade do debate do modelo de cidade e desconsiderar a sabedoria e o conhecimento popular não é a melhor solução para o futuro desta cidade. Mas é o que fazem as gestões  autocráticas. O resultado é que tanto o gestor, como seu séquito de tecnocratas, tem se convertido no “faz-me rir” da maioria da população. Essa gente tem caído no descrédito e é motivo de chacota de um extremo ao outro da cidade.

Extinguir o IPPUJ foi um erro. Desmantelar o pouco conhecimento que o instituto foi capaz de produzir ao longo de três décadas foi desastroso, mas foi o preço a pagar por planejar de costas ao cidadão. A realidade atual é ainda pior. Sem conhecimento, sem referências, sem capital humano capaz e sem a humildade de reconhecer que estão perdidos e sem rumo. O futuro é lúgubre e assustador.