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domingo, 11 de agosto de 2013

O que aprendemos na última eleição?

POR IRIO CORREA

O que o governo Udo faz até agora?

Mercado Público, Expoville, Juquiá, Zoobotânico, Abel Shultz, reformas e construção de escolas, novos postos de saúde, Minha Casa, Minha Vida, mirante do Boa Vista.  Todas essas obras foram iniciadas, planejadas ou estavam prontas para licitação desde o governo Carlito.

Tá bom, vamos reconhecer que o programa Um Computador por Aluno, em negociação pela Secretaria de Educação, foi substituído pela novidade do tablet. Algumas obras em andamento, como a Casa de Cultura, o auditório da Fundação 25 de Julho e a rua Timbó, já esbarravam e continuam esbarrando em problemas com contratos ou empreiteiras. Poderiam estar concluídas, mas não foram.

O próprio Restaurante Popular II estava com as obras físicas concluídas e faltava apenas a licitação de equipamentos. Mesmo as obras de saneamento foram contratadas e projetadas pelo governo anterior, incluindo a nova estação da Jarivatuba, a adutora do Piraí, a estação de lodo e as obras de abastecimento e fabricação de água.

SAÚDE - E a saúde, Carlito construiu a casamata, policlínicas, almoxarifado de medicamentos, aumentou salários de médicos e enfermeiros, captou recursos para postos e UPAS.  O São José recebeu sistemas eletrônicos de prontuário, o quarto andar, climatização de unidades e controle patrimonial. Agora, pintaram as paredes, instalaram o ponto digital, que já estava contratado, e o governo Colombo aparece novamente com ajudinhas pontuais e ao que parece, novos investimentos no Regional.  O que mais além do cancelamento da UPA da Vila Nova?

Talvez a grande diferença atual seja mesmo o protecionismo do governo Colombo que, diferentemente da discriminação hostil com o governo petista, frequenta Joinville, destravou e acelerou politicamente as obras do BNDES III e do BADESC, contratos assinados pelo Prefeito Carlito. A própria duplicação da Santos Dumont era um projeto da campanha de Carlito em 2008 e que o Estado agora banca com o apoio entusiasmado dos empresários. Sobre isso, ainda acho que o binário com a Tenente Antônio João era um projeto de mobilidade que humanizaria mais a região norte, mais seguro do que um grande corredor duplo de alta velocidade no meio do povo.

Falando nisso, os projetos de mobilidade urbana do PAC cantados como conquista pela atual gestão nas fotos com a Presidenta Dilma, também foram apresentados pelo governo anterior.

CHOQUE DE GESTÃO? Ou seja, é bom, correto e saudável que haja continuidade dos projetos, mas há um continuísmo piorado na atual gestão. Piorado porque a alternância no poder suspendeu ou atrasou inúmeras obras estratégicas para a cidade. São oito meses em que o propalado choque de gestão não aconteceu. Pelo contrário, um governo que enxuga cargos estratégicos e negocia a conta gotas uma composição fisiológica com a Câmara de Vereadores só pode andar lentamente. O governo importou muitos estrangeiros que também precisam de tempo para conhecer a rotina administrativa e a cidade. A demissão linear dos cargos comissionados de carreira também atrapalhou. Muitos tiveram que voltar para evitar o apagão gerencial.

Mesmo com maioria política, midiática e parlamentar, o Executivo parece que entendeu tardiamente que fazer gestão não é só fazer gestão, é fazer política também, ou seja, dialogar permanentemente com os partidos e a sociedade os rumos do governo. É compor, negociar, ceder mas sem abdicar de decidir, o que não está acontecendo.

Algum sinal de uma grande transformação administrativa? Um governo de resultados? Indicadores de eficiência e controle de metas? Nada. Pode ser que ainda apareça algo por aí e vai ser ótimo. Mas o governo é de uma timidez política que atemoriza o futuro. A não ser que esteja em algum laboratório secreto, não se vislumbra um traço sequer do projeto de preparar a cidade para os próximos 30 anos. A própria mudança das Secretarias Regionais foi uma cópia grosseira e empobrecida do projeto que Carlito mandou para a Câmara e que foi olimpicamente arquivado pela maioria oposicionista da época. Há, esqueci, vamos ter guardas municipais, mas quem vai pagar a conta da ineficiência da Polícia Militar?

DISCURSO E MARQUETEIROS - Quando Carlito falava que não tinha dinheiro diziam que era apenas falta de gestão. Mas o PT, enfrentando calamidades, enchentes e não parando em nenhum dia o trabalho das Regionais, diminuiu proporcionalmente as dívidas e aumentou exponencialmente a arrecadação. Agora dizem que não tem dinheiro. Penalizam fornecedores, endurecem com servidores e jogam o contribuinte na cobrança judicial. Alguma diferença com o passado?

Enfim, o que acontece com o governo Udo é o mesmo que acontece com qualquer governo. O discurso eleitoral produzido por competentes marqueteiros, um financiamento eleitoral polpudo e os artifícios dublados nos estúdios de gravação, não ressoa na vida mesma da prefeitura. Vende-se ilusões para conquistar o voto, aniquila-se com os adversários com todas as armas e a sedução eleitoral está pronta. Logo, o que foi prometido não se realiza e o eleitor se frustra.

Mas alguma coisa aconteceu e o novo governo cancelou o aluguel da nova sede administrativa que iria racionalizar e reduzir gastos com a dispersão de unidades da prefeitura; foi cancelado o programa da internet livre , já com 14 antenas pela cidade; saiu do ar o site do IPTU eletrônico, que automatizava o atendimento e evitava corridas desnecessárias ao paço;  a conquista da realização dos jogos abertos foi solenemente desprezada e cancelada pelo governo eleito, com prejuízos para o esporte local; voltou o Museu da Bicicleta não se sabe como, pois o acervo é privado; o Orçamento Participativo, que era promessa, virou lembrança e ferramentas de transparência, como os cargos comissionados na internet, sumiram. Mas a proposta do Carlito da Ponte do Adhemar Garcia, já com estudos arquitetônicos em andamento no IPPUJ, e da fiação subterrânea, negociada em 2010 com a Celesc e recursos liberados em 2011, parece que irão se viabilizar com o novo e incondicional apoio do governo estadual. Inclusive o que foi proibido para o PT agora é possível com Udo como a duplicidade de um novo investimento do BADESC para obras de pavimentação.

OUTROS TEMPOS? Realmente, os tempos de Udo são outros. A hegemonia conservadora que sempre dominou os negócios e a vida política da cidade está novamente sedimentada e a imprensa feliz da vida, cordata e faceira, com o novo governo. 

Para aqueles que sabem que Joinville não é uma bolha de excelência no mundo, que estamos devendo anos de atraso em investimentos estruturais na qualidade de vida e na inclusão social, que temos problemas permanentes na saúde, na segurança, na falta de alternativas para juventude, na mobilidade urbana e que temos um déficit de democracia e controle social na cidade, dentro do moderno conceito de participação e decisão popular, cabe resistir e insistir para que tenhamos uma sociedade com opinião verdadeiramente livre e com vontade, com energia criativa para evitar o aprisionamento da liberdade pelo poder político.

Em cada eleição aprendemos um pouco. O que aprendemos na última?           

sábado, 15 de junho de 2013

Uma imagem que vale ouro

                                                                               POR FABIANA A. VIEIRA


Se há uma coisa que eu reconheço no governo Udo é a preocupação com a imagem. Não sei se parte de uma cabeça, ou de um coletivo, mas o mote da imagem está bem trabalhado. Senão vejamos o episódio do anúncio da redução da tarifa de ônibus, realizada na última semana, logo após pipocar comentários maldosos sobre participação do prefeito Udo Dohler na operação Fariseu, que investiga o envolvimento do Hospital Dona Helena, de Joinville, na compra de ouro para camuflar recursos e não perder o certificado filantrópico, que garante isenção tributária até para importar equipamentos. Mesmo com resposta da assessoria isentando Udo de qualquer participação ilícita, o estrago estava feito.

Quem trabalha com marketing sabe que, num momento de crise, o segredo é tomar decisões rápidas. E a resposta veio em um anúncio reduzindo a tarifa de ônibus de Joinville - numa semana recheada de manifestações polêmicas, lideradas pelo Movimento Passe Livre (MPL) em grandes centros do Brasil com destaque para São Paulo.

A decisão foi acertada. Ninguém mais fala do ouro. Udo já trabalhou bem com isso em outras ocasiões. Na campanha ainda, a decisão de doar o salário de prefeito para entidades assistenciais, nos últimos dias de campanha, é dada para alguns estudiosos como a grande virada nas urnas. Outro momento decisivo para a imagem de Udo foi revogar o anúncio deixado por Carlito Merss, também sobre a redução da tarifa. Começou o governo no lucro midiático.

Mas voltando sobre a decisão de baixar a tarifa de ônibus na última semana, cabe salientar que a medida é resultado da decisão anunciada há  um mês pelo governo federal, que isentou as empresas de transporte coletivo do PIS e Cofins. Esta ação foi tomada, inclusive, por outras prefeituras do Brasil Em São Paulo, por exemplo, já foram seis cidades que anunciaram a redução da tarifa do ônibus após medida do governo federal. Portanto houve também um benefício para as empresas.

Na visão do Movimento Passe Livre (MPL) de Joinville essa redução de impostos atendeu as necessidades diretas dos empresários do setor - não foi uma política pública para atender a população joinvilense que usa o transporte coletivo. Outra alegação do MPL é que ainda falta discutir em Joinville a questão da licitação que pode garantir mais concessões e acabar com o monopólio do ônibus na cidade. Saindo um pouco da opinião do MPL, vale destacar a opinião de enquete realizada pelo jornal A Notícia, onde os entrevistados lembram que não adianta baixar a tarifa agora e aumentar em dezembro, como já sinalizou o prefeito.

Mesmo com essas contradições após o anúncio de Udo, eu acho que sua imagem foi preservada, ou pelo menos restaurada. Pois quem utiliza o ônibus todos os dias sabe que uma redução de 10 centavos, faz diferença no bolso no final do mês. Mesmo que sejam seis meses apenas. Acho que esse joinvilense aprovou sim o anúncio de Udo. Agora ele já pode pensar em novas estratégias para dezembro, quando as empresas irão pressionar por um novo aumento.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

134 reais

Fonte. Clainete dos Santos, gaúcha, recebe o bolsa família.

POR  FERNANDA M. POMPERMAIER

Me envolvi ontem numa discussão desnecessária sobre a possibilidade de o Bolsa Família ter se tornado um "câncer" na sociedade brasileira por incentivar o conformismo e a preguiça. Existem realmente pessoas que acreditam que R$134,00 mensais por família, podem fazer com que as pessoas prefiram não trabalhar ou estudar e fiquem em casa sendo sustentadas pelos nossos impostos.

Eu disse que a discussão foi desnecessária porque nós não chegamos a lugar algum. O outro lado estava convencido demais. Existe um movimento da mídia nacional que deseja colocar a classe média (ou os não beneficiários) contra os beneficiários do programa. Chego a acreditar que essa possa ser a intenção da direita que considera que o voto dos beneficiários eles já não ganhariam, então vamos arrematar os de todos que não recebem colocando-os contra o governo e os pobres, ao mesmo tempo.
Pode ser apenas uma ilusão minha.

Vi um vídeo compartilhado em redes sociais, acompanhado do aplauso de muitos reacionários, no qual Raquel Sherazade no SBT fala sobre o velho "não dar o peixe, mas ensinar a pescar". Ela se referia ao recente boato de que o bolsa família estaria para acabar, o que fez com que milhares de pessoas corressem aos bancos e sacassem seus benefícios. A presidenta se referiu ao boato como maldoso e disse que o dinheiro do programa é sagrado. Eu nem sempre concordo com a Dilma, mas nesse caso a admirei.
Sinceramente, considerar que uma família consiga viver, no Brasil, com 134 reais mensais é desumano. Como viveria uma família nessas condições?

Li recentemente que o salário mínimo no Brasil deveria ser de 2 mil reais considerando o custo de vida. Eu não acredito que uma família consiga viver com o mínimo de dignidade recebendo apenas 2 mil reais por mês. E sinceramente, se existem pessoas que se contentam com esse valor e não buscam algo mais significa que temos problemas ainda mais sérios. Problemas com os empregos formais, com os salários, com a educação, com a profissionalização e muito outros. E são esses problemas que a população (e a mídia) deveria atacar. Seja a classe média, baixa, alta, ou sei lá que casta, se é que essa divisão faz sentido.
Desejar a profissionalização dos beneficiários é uma coisa, atacar o programa como se ele fosse o culpado das mazelas é outra completamente diferente.
O programa é necessário e não cabe à nós julgar os motivos pelos quais uma pessoa chega ao ponto de usá-lo. Se ela não teve oportunidades, se é mãe solteira, se teve muitos filhos, se é órfão, está desmpregado, acabou de se separar... todos podemos passar por situações de dificuldades e um governo decente precisa oferecer esse auxílio emergencial aos seus cidadãos.
Álias, de acordo com o MDS 93% dos beneficiários são mulheres. 70%  trabalham mas não conseguem viver com a sua renda.

Achar que o governo oferece apenas o programa para por comida na mesa ou para ganhar votos e nada mais é uma idiotice e uma inverdade. Existem inúmeros programas educacionais associados e só o fato de ter baixado os índices de evasão escolar já são um mérito.

É lógico que o governo precisa fazer muito mais do que faz hoje com relação à educação. Certeza.
Mas se revoltar com essa merreca que é dada para milhões de pessoas que passavam fome, num país ainda com 14% de miseráveis (segundo a ONU) é maldade pura. Seria melhor que esse dinheiro tivesse ido parar nas contas do Maluf? Ou talvez na construção de algum estádio?  Melhor, podíamos usar para pagar os altos salários dos políticos que muito o merecem pelas expressivas contruibuições à nossa sociedade, (not).

Faça o teste. Olhe nos olhos das pessoas que recebem  o benefício e pense se realmente você considera que o programa deveria ser extinto: Fotos dos beneficiários.

PS.: Em tempos, o auxílio social na Suécia é de 8 mil coroas, aproximadamente 3500 reais e eles ainda pagam o aluguel do beneficiário. A maioria dos países que se prezam tem programas sociais. Isso é uma questão respeito ao ser humano.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Os vereadores estão solidários com os grevistas? Diminuam os próprios salários!

POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Tem vereador levantando bandeira no Twitter à favor dos grevistas porque, claro, pensa na qualidade de vida dos funcionários públicos joinvilenses. Não existe nenhum interesse obscuro nesse apoio. É uma solidariedade genuína. Muito nobre.

Mas vindo de uma pessoa que recebe mais de 10 mil reais por mês de dinheiro dos nossos impostos para manter seu alto padrão de vida. Dinheiro este que deveria estar indo para a saúde, educação, cultura etc.  Lamento, isso não é justo.

Vereadores joinvilenses recebem demais sim! Sabe que parcela da população recebe mais de 10 mil reais por mês? Uma minúscula minoria. Nem professores universitários que estudam e pesquisam a vida toda recebem perto disso. Esses são os bem intencionados que se puseram a serviço da população? Que deveriam estar trabalhando para o bom uso do dinheiro público?


Eu não tenho absolutamente nada contra a greve. Considero uma forma legítima de conquista de direitos, muitas vezes necessária. Claro que deve-se levar em conta que as formas de negociações pacíficas já foram esgotadas e não existe mais possibilidade de diálogo. Assim, naturalmente, parte-se para a pressão.

É triste, é.
Prejudica os usuários? Prejudica. Mas não é motivo para colocar a população contra os grevistas. Eles têm o direito de lutar pelo que acham certo, e a população deveria cobrar de quem pode resolver e ajudá-los a mudar esse quadro.

Se o prefeito pegou o caixa quebrado, o que não é novidade na nossa cidade, e se 60% da arrecadação vai para folha de pagamento, que resolvam os vereadores e seus assessores. Vamos cortar.

É justo que alguns funcionários fixos ganhem aproximadamente 2 mil reais e vereadores que estarão na câmara por apenas 4 anos (oi?) ganhem 5x mais?

Não é.

Impostos servem para garantir a qualidade de vida do morador da cidade, a longo prazo, nada mais.

O Udo doou o seu salário. Se os vereadores estão tão preocupados com Joinville, que façam o mesmo, diminuam seus custos.

Na Suécia os vereadores não recebem salário e não tem nenhum benefício.
Nem carro, nem diárias, nem celulares ou assessores como fazem os ricos vereadores de Joinville. E olha que as cidades aqui estão muito melhor cuidadas e organizadas.

Os vereadores suecos uma vez eleitos, saem de licença dos seus trabalhos e continuam recebendo o mesmo valor de suas funções anteriores, mas agora pagos pelo governo. Isso faz com que eles tenham realmente uma carreira profissional fora da vida pública. E é óbvio, o governo não gasta horrores porque os salários, claro, não são altos. As pessoas que se candidatam, de forma geral, querem realmente trabalhar pela cidade e não garantir o pé de meia.

Então, queridos vereadores, não fiquem de hipocrisia, fazendo de conta que estão apoiando o reajuste da inflação para os funcionários, quando o seu já está garantido. Nos últimos 10 anos seus salários dobraram, e não acredito que isto tenha sido só a inflação. De acordo com essa reportagem a maioria está muito satisfeita com o valor. Shame on you!

segunda-feira, 11 de março de 2013

10 linhas sobre Chávez


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Ouvi dizer, há muitos anos, que um teste da Unesco sobre a alfabetização era pedir à pessoa que escrevesse 10 linhas sobre a própria vida. Se conseguisse, era considerada alfabetizada. Verdade ou não, parece ser um bom método de análise.

Decidi usar esse mesmo método no caso Hugo Chávez. Sempre que alguém fazia uma acusação, como negar a inexistência de democracia na Venezuela, eu pedia que elaborasse um texto de 10 linhas sobre o que tinha acabado de afirmar. 

Ops! Atenção aos caras que odeiam Lula e, por causa disso, odeiam Chávez. Não há aí uma tomada de lado: é apenas um pedido de argumentário. Só os fatos, nada de “ouvi dizer”. E nas “regras do jogo” dizia que não aceitava afirmações genéricas e links da Veja.

É só uma questão a alfabetização política. Claro que até agora não obtive uma única resposta.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Mais que um 'fora Renan'


POR FABIANA A. VIEIRA



“Exerci minha cidadania, votei no abaixo-assinado contra Renan”. Essa frase não me saiu mais da cabeça. Mais de um milhão de assinaturas, um movimento embalado pelas redes sociais que reivindica apenas e sinceramente a ética na política.

Quando surgiu, a crítica conservadora dizia que a internet iria gerar seres individualistas, fixados na tela do computador e não nas relações sociais. A sociedade seria despedaçada por indivíduos atomizados. Não foi isso o que aconteceu. Hoje cada notebook é um emissor de opinião, cada tela sintetiza milhares de manifestações e o Facebook promove a opinião pública, inaugura relacionamentos, garante a autonomia da sociedade, desbanca os veículos institucionais contaminados pelos interesses econômicos e faz de cada terminal conectado um exercício de direitos e ideias.

Tudo bem. Isso é inexorável. Um verdadeiro avanço na liberdade de opinião. É até compreensível que devemos tolerar manifestações irrelevantes ou sem sentido em determinado momento, mas o relevante é que o conjunto do fenômeno é positivo. As pessoas escrevem mais, têm mais ideias, mais contatos, melhor posicionamento e conhecimento sobre tudo, ou quase. 

Agora qual a eficácia de uma mobilização virtual? Até que ponto Renan vai perder o sono e o mundo da política vai verdadeiramente repensar suas práticas fisiológicas e corruptas porque uma corrente virtual chega à casa dos milhões? A cidadania se resume a uma assinatura em um manifesto ou deveria incidir de forma mais contundente e objetiva na realidade mesma da denúncia?

Sugiro essa reflexão porque não vejo o mesmo engajamento social e midiático pela reforma política. Enquanto não forem alterados os pressupostos que conformam a representação política não teremos sucesso. E aponto o financiamento privado das campanhas e a escolha de líderes carismáticos e não projetos políticos como uma causa determinante para a contaminação ética dos eleitos.

Enquanto as campanhas continuarem galgando patamares absurdamente milionários, gerando uma conivência explícita entre quem financia e quem se elege, entre quem se elege e o que legisla e fiscaliza, entre o patamar astronômico de uma campanha e os salários miseráveis do serviço público, entre os “fornecedores amigos”  e as licitações viciadas, entre o poder político e o tráfico de influência, não teremos uma vida pública sadia.

Da mesma forma não podemos aceitar que ainda vingue a cultura atrasada do voto personalista no famoso, no carismático, no líder tradicional, no volume publicitário de campanha ou no aliciamento financeiro de lideranças em detrimento de compromissos duradouros e fiéis às propostas programáticas.

Depois de renunciar, o povo trouxe Renan de volta. Agora é presidente do Senado da República, do Congresso Nacional e sucessor na linha do poder nacional. Está na hora deste povo acordar. Exigir um fora Renan e também, mas ao mesmo tempo, uma reforma política ampla, transparente, animadora de uma dimensão pública verdadeiramente civilizatória.

As redes sociais podem e devem ajudar a fomentar a mobilização crítica. E podem mais do que isso. Podem estimular ações práticas. Agora precisamos incluir na agenda temas estruturantes que produzam mudanças para valer e não apenas para sensacionalizar o inconformismo, criar espetáculos ou alimentar a rebeldia.  É preciso botar o dedo na ferida e produzir resultados inovadores nas ações políticas e sociais. 

É urgente valorizar o voto e melhorar a presença da sociedade nos executivos e nos parlamentos.
Uma sociedade não será saudável enquanto sua classe política estiver doente, em estado de dependência, totalmente viciada no poder econômico.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Volta ao mundo em 150 dias, por Tebaldi!


POR GUILHERME GASSENFERTH

(Tebaldi sem Photoshop você só encontra aqui!)
Observando os gastos da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) do deputado federal e candidato a prefeito de Joinville, Marco Antonio Tebaldi (PSDB), fiquei intrigado com o quanto o homem trabalha.

Consta no site da Câmara dos Deputados que de março (quando foi demitido do Governo do Estado e reassumiu a cadeira no Congresso) até julho, o homem gastou R$ 15.236,59 de “combustível e lubrificantes”.

Deixemos os cálculos para depois. Além do valor, outra coisa me intrigou. Uma empresa chamada Posto Aliança* (leia direito de resposta no fim deste texto), que emite uma nota fiscal de combustível de R$ 4.201,55 em março de 2012, outras na faixa entre R$ 1.000 e R$ 2.000 e uma de R$ 4009,73 em julho.


Eis aqui a cópia da tela do site da Câmara com os dois maiores gastos. Percebam que o gasto é por nota, não é acumulado do mês, senão o Auto Shopping Derivados de Petroleo Ltda também teria só uma inscrição.


Então fiquei curioso – porque o Posto Aliança* (leia direito de resposta no fim do texto)? O que faz com que Tebaldi utilize sempre o mesmo posto de combustível?

Vale dizer que segundo o regulamento da CEAP, instituído pelo Ato da Mesa nº 43 de 21/05/2009, em seu artigo 2º, inciso IX, o deputado tem direito a verba indenizatória para “combustíveis e lubrificantes até o limite inacumulável de R$ 4.500,00 mensais”. Lê-se no parágrafo único do mesmo artigo: “As despesas estabelecidas nos incisos I, VII e VIII poderão ser realizadas por assessores [...]”. Depreendo daí que as demais despesas, como a estabelecida no inciso IX, não podem ser realizadas por assessores, só pelo próprio deputado. Pode isso, Arnaldo?

Vamos aos cálculos. Seus R$ 15.236,59 de gastos com “combustível e lubrificante” representariam 5.441,63 litros de gasolina, considerando o preço por litro de R$ 2,80, um preço alto. Com 5.441,63 litros de gasolina, considerando o consumo URBANO da Pajero que ele declara como seu bem (7,4 km/l, segundo li na internet), seria possível rodar 40.268 quilômetros, o suficiente para dar uma volta inteira no globo terrestre sobre a linha do Equador (40.075 km) e ainda sobrariam de lambuja 193 quilômetros, o que daria pra uma visitinha na Secretaria de Educação de SC. Matar as saudades, sabe como é.

Na prestação de contas, raramente veem-se notas de postos em outras cidades. Portanto, o consumo majoritário de combustível é na cidade de Joinville e região, o que deixa ainda mais intrigante a quantidade de quilômetros rodados. Os quilômetros representariam mais de 1.000 viagens entre o Rio Bonito e o Paranaguamirim, para citar dois extremos. O que dá uma média de 6,66 viagens por dia, considerando dias não úteis. É a média da besta!

Se considerarmos uma velocidade média de 60km/h, o que é muito no trânsito que Joinville tem hoje em dia, Tebaldi levou 671 horas só dentro do carro. Seriam 28 dias dentro do carro 24h por dia. O homem é trabalhador, mas não tanto, né, gente? Dividindo as 671 horas pelo número de dias máximos que ele levou pra gastar isso (150 dias, cinco meses), dá 4 horas e meia por dia dentro do carro. Descobrimos o culpado pela imobilidade urbana. Larga esse carro e vai de bike, Tebaldi! :)

Ficam algumas perguntas: o que Marco Tebaldi fez com 40 mil quilômetros? Por que sempre o mesmo posto? Por que notas fiscais de valores tão elevados? Seus assessores estariam usando indevidamente recursos da Câmara dos Deputados (nossos)?

Antes que pensem que estou sendo leviano, eu tentei perguntar direto para eles. Mandei um e-mail para “dep.marcotebaldi@camara.gov.br” na terça-feira, fazendo estas perguntas aqui e algumas outras. Pedi confirmação de leitura no e-mail, que até agora (quinta-feira, 22h), não chegou. Deve ter muito trabalho por lá... E como somos bacanas, damos até direito de resposta às perguntas acima como um texto aqui no Chuva Ácida. Se quiser, claro.

Por último, tenho também uma outra ideia do que pode ser tanto gasto... Considerando que o item é “combustíveis e lubrificantes”, poderia ser o óleo de peroba considerado lubrificante? Porque deve haver um bruto estoque destes no Posto Aliança* (leia direito de resposta no fim do texto).

PS: informo também que fiz pedido formal da cópia das Notas Fiscais à Câmara dos Deputados. Aguardemos.

DIREITO DE RESPOSTA

Informo que fui procurado pelo proprietário do Posto Aliança - que não é parente do Tebaldi como alguns sugeriram que pudesse ser.

O proprietário informou que possui o posto naquela localidade há 8 anos e que sempre trabalhou com honestidade e prestando serviços com qualidade. Na conversa, ele afirmou que o posto trabalha com o preço médio praticado nos demais postos de combustíveis da cidade e que garante a qualidade de seu produto.

Informou ainda que seu serviço é abastecer e que não cabe a ele saber que uso é feito do produto que vende, com o que concordo plenamente.

Diante do caráter democrático e do senso de justiça deste blog, resolvemos dar ao proprietário o direito de responder aos questionamentos que fiz no texto.

Ele foi bastante solícito e gentil mesmo após as questões que levantei, razão pela qual está postado este adendo ao texto, o que já esclarece uma parte do que foi questionado no texto. Ficamos felizes por estarmos solucionando parte de nossas dúvidas.

Ao proprietário, peço desculpas por aborrecimentos que lhe possa ter causado.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

De petralhas e tucanalhas


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sempre que uma pessoa usa as expressões “petralha” ou “tucanalha” eu começo a descontar uns pontinhos do quociente de inteligência dela. E, cá entre nós, tem neguinho que já está no negativo. Aliás, parece guerra de bugio: uns atiram merda nos outros, só que no final ninguém ganha e todos ficam sujos.

Não pretendo perder tempo a procurar a origem da coisa, mas acho que a expressão petralha foi criada pelo tal Reinaldo Azevedo (pelo menos foi ali que eu vi). Aliás, foi o próprio a dizer que “petralha é bicho burro, intelectualmente preguiçoso, moralmente vagabundo e não tem ambição de pensar segundo seus próprios critérios: segue a orientação do chefe e pronto!”

Engraçado, mas do meu ponto de vista essa descrição caía como uma luva no próprio Reinaldo Azevedo. O fato é que tenho uma peninha brutal de quem tem o cara como referência intelectual ou role model. Porque é sintoma de subserviência mental. Esse Reinaldo Azevedo é uma mula intelectual. É um cérebro estéril, improdutivo. A não ser que consideremos o ódio de classe (e isso o cara tem de sobra) como algo produtivo.

A definição de tucanalha também revela ressentimento: é uma “contração de tucano (membro do PSDB) com canalha. Referente a grupo de membros desse partido que cometeu atos contrários aos interesses nacionais”. Pensando bem – se tivermos em mente a teoria da dependência – até sou capaz de concordar com os “atos contrários aos interesses nacionais”. Mas nunca chamaria alguém de canalha só porque discorda de mim.

O fato é que as expressões - petralha ou tucanalha – são uma forma de escaquear o que é complexo. Se o cara é petralha, nem vou me dar ao trabalho de debater com ele, porque ele está obviamente errado. Se um cara é tucanalha, nem vou me dar ao trabalho de debater com ele, porque ele está obviamente errado. Viram? Simples e não exige um neurônio sequer.

É claramente uma forma de lentidão mental que exime as pessoas de discutir as coisas a sério. E por “discutir” vamos entender a capacidade de ler, de discernir, de articular discurso. Debater a sério exige racionalidade. Mas as pessoas rejeitam a racionalidade, porque desejam o espetáculo fácil, ligeiro, inconsequente.

O que essa gente pretende é discutir política como se fosse futebol. Até porque o futebol tem esta característica fantástica: é um esporte democrático e com regras que qualquer adiantado mental é capaz de entender. É por isso que, sempre que o Brasil tem um mau resultado, qualquer pacóvio acha que entende mais de futebol do que o Mano Menezes. É claro que não entende, mas vive essa ilusão. É igual no futebol e na política.

Ah... antes de terminar, uma constatação. É que a expressão petralha está mais popularizada, em especial nos suportes digitais. E a explicação é fácil. 1. Porque é movida pelo ódio de classe e tem muita gente que quer odiar. 2. Porque essa pequena burguesia é infoincluída e está mais presente no mundo digital. 3. Porque é difícil para essa gente aceitar governos com base popular. 4. Porque tem uns caras cuja cabeça é um árido Saara. 5. Porque acham que Reinaldo Azevedo e outros chiens de garde da grande mídia são para levar a sério. 6. Porque estão na oposição.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Floripa é melhor que Joinville

POR GUILHERME GASSENFERTH

“A minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”. Este trecho do famoso poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, serve para ilustrar o sentimento em relação à diferença da atenção dada pelo Governo Estadual (o atual e todos os seus antecessores) a Joinville e Florianópolis. Não só pelas palmeiras imperiais que são um símbolo inconfundível de nossa bela cidade, mas pelas aves. Elas representam nossos políticos. Nossa representatividade é pequena e nossos deputados gorjeiam muito pouco. Só isto pode explicar a disparidade do tratamento dado a Floripa e a Joinville.

Analisei a execução orçamentária do Estado de 2011 em todos os recursos específicos onde constavam o nome “Florianópolis” e o nome “Joinville”. Joinville teve investimentos diretos da ordem de R$ 28.266.642,84. E a capital, R$ 59.402.058,36. Joinville recebeu 47,58% do que recebeu Floripa. Não é nem a metade.

Na área da cultura, o Governo do Estado esforçou-se para aprovar no Ministério da Cultura o projeto para captar recursos via Lei Rouanet para a reforma da Ponte Hercílio Luz. Pediram R$ 76,8 milhões, mas ganharam autorização para captar apenas R$ 64,5 milhões. Vejam que eu sou favorável à reforma, é um símbolo de todo o estado. O que me irrita é não ver a mesma disposição em ajudar Joinville. Que fração deste valor seria suficiente para reformar nossos museus da Bicicleta, de Arte, Fritz Alt e do Sambaqui, além da Biblioteca Municipal e da Casa da Cultura? 10%? 5%? 1%? E não vem NADA.

Vamos à área da saúde: em Florianópolis, o Governo do Estado mantém o Hospital Celso Ramos, o Hospital Infantil Joana de Gusmão, o Hospital Nereu Ramos, a Maternidade Carmela Dutra, o Hospital Florianópolis, o Instituto de Cardiologia e o Instituto de Psiquiatria. São sete hospitais. Em Joinville, o Regional, o Infantil e a Maternidade Darcy Vargas. São três.

Na educação: a UDESC em Florianópolis tem 21 cursos. Em Joinville, 9. Como o número de escolas públicas não está muito acessível, não vou pesquisar a fundo. Mas estou certo de que se encontrar, não me surpreenderei se o número de escolas públicas estaduais na capital for muito maior do que em Joinville.

No que diz respeito à segurança pública, em Florianópolis há 12 delegacias e 3 subdelegacias da Polícia Civil. Em Joinville, há 9 delegacias. Em 2007, Floripa tinha 1,1 mil policiais militares e em 2011 nossa Joinville tinha 600. Lá, os bombeiros são militares e custeados pelo Estado. Aqui, são voluntários.

Mas está na infraestrutura viária a maior disparidade. O governo do Estado acaba de entregar a duplicação da SC-401, que faz a ligação da Trindade com as praias do Norte. Além disso, há outras 6 rodovias estaduais dentro de Florianópolis. Há vários elevados e viadutos com investimento do Governo do Estado. Em Floripa, o governo estadual investiu 250 mil em projetos para analisar viabilidade de implantar metrô de superfície. Havia dinheiro reservado para estes estudos em Joinville, mas o governo não executou. E agora estão estudando construir a quarta ponte, com investimentos da ordem de 1 bilhão de reais. Então o Estado faz rodovias, duplicações, pontes bilionárias, elevados e viadutos em Floripa, mas em Joinville não consegue duplicar uma rua?

Sei que Floripa é a capital, que a geografia local é muito diferente, que há várias situações que influenciam esta absurda disparidade entre a maior cidade e economia do Estado e a capital. Mas diferença é uma coisa, pouco caso é outra. Para Floripa tudo e pra Joinville nada? Florianópolis é melhor que Joinville?

É urgente que aumentemos a representatividade de Joinville, não só em quantidade, mas principalmente em qualidade. Joinville tem dois senadores (talvez a única cidade do Brasil a ter dois senadores exercendo o cargo),um deputado federal e três deputados estaduais. E as coisas continuam na mesma toada triste. Nosso prefeito se diz amigo de Lula e parceiro da Dilma, mas a cidade continua à míngua também de recursos do Governo Federal. Nossos representantes têm que gorjear mais.

Não acho que Floripa mereça menos. Mas Joinville merece MUITO MAIS.

Mas a culpa principal é nossa. Antes de acusarmos os políticos, não nos esqueçamos de que jabuti não sobe em árvore. Se eles estão lá, é porque nós os colocamos ali. E caberá a nós tirá-los.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Não vote em religiosos


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Hoje o texto é propositadamente panfletário. Vou aproveitar o Chuva Ácida para lançar a minha campanha pessoal para as eleições deste ano: não vote em candidatos religiosos. Ok... em democracia cada pessoa escolhe em que vai votar, mas vou usar este espaço para um pouco de proselitismo. Porque se depender do meu esforço, não vamos ter nenhum religioso eleito, nem para síndico de prédio.

E antes de continuar a expor o meu raciocínio, deixo clara a minha posição: nada tenho contra as pessoas que seguem uma religião. Para mim cada um come o que gosta. Mas lugar de religioso é na igreja. Tudo bem se o cara quiser entrar para a política. Mas que o faça  como cidadão e não como crente. Misturar política com religião é o inferno da democracia.

Havemos de convir que o estado laico está em risco no Brasil. O país está a se transformar numa espécie de cripto-teocracia, onde esses fundamentalistas sem turbante adquiriram um poder desmesurado. A própria presidente Dilma Roussef parece estar refém dessa maralha no que toca a tomar decisões que apontam para o avanço civilizacional.

A questão é séria. Esses tipos estão a empurrar o país para o atraso. O resultado é nefasto, tanto no plano cultural como nas questões do cotidiano. Do ponto de vista da cultura, eles tentam levar o país para uma espécie de terceiro mundo mental. No plano prático, há religiosos que usam a política para se darem bem. Tem neguinho a levar vida de marajá (ah... os marajás usam turbante) e a viver um autêntico deboche democrático.

Tem religioso hipócrita que faz da política a escada para o arrivismo pessoal.  São tantos que a expressão "religioso hipócrita" já começa a parecer pleonasmo. É gente que se aproveita da boa fé dos outros em benefício próprio. Aliás, nunca a ideia de rebanho pareceu tão clara. Os fieis dessas seitas (porque não passam disso) formam um rebanho aprisionado numa espécie de curral eleitoral, onde o voto de cabresto é a regra.

Para mim, que sou ateu, a existência desse tipo de religioso é a prova de que deus não existe. Porque se existisse já tinha disparado uns raios para cima deles.

É hora de acabar com essa canalhada religiosa que tomou conta da política. Não dê o seu voto para esses caras. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O mico, o polvo e o neo-caciquismo

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Um dia destes estava ouvir o jogo do JEC e, do nada, o comentarista interrompeu o locutor para dizer que tinha recebido um torpedo do ex-prefeito Marco Tebaldi. E, claro, deu uma tremenda puxada de saco no atual secretário da Educação. Fiquei a pensar que podia ter sido um deslize, um episódio isolado. Mas não. Num outro jogo, pouco tempo depois, fato semelhante se repetiu. Pô... é o tipo de coisa que faz Joinville parecer o fiofó do mundo.

Aliás, é uma daquelas situações que remete para a expressão “vergonha alheia”. Essas demonstrações públicas de afeto e sabujice do radialista já nem são um mico. São um tremendo King Kong. Mas é um exemplo que permite mostrar a marca na história da política de Joinville nas últimas décadas: o fenômeno do neo-caciquismo, que se articula na forma de compadrio, fisiologismo e amiguismo.

Esses neo-caciques (algumas vezes homens pequenos com grandes cargos) tratam a cidade como um feudo. E são como uma espécie de polvo, que estende os seus tentáculos por todo o tecido social. A sua influência pode ser detectada em todos os lugares: na comunicação social, nas estruturas públicas, nas igrejas, nas redes sociais, nos sindicatos, nos movimentos sociais ou em qualquer lugar onde seja possível cooptar vontades.

O que se tem, então? Jogos de interesses. Alianças pornográficas. E um balcão onde se compram e vendem dignidades. É o que os neo-caciques costumam chamar “política”. Mas é o que o mundo civilizado chama “atraso”. E não se iludam, leitor e leitora, porque não é apenas retórica. Não é preciso ser um phD para afirmar que isso traz consequências nefastas para a vida da cidade, não apenas no plano da democracia, mas também ao nível sócio-econômico.

Faz algum tempo, li um comentário sobre um estudo acadêmico realizado nos EUA (“Do Politically connected firms undermine their own competitiveness?”), que afirmava o seguinte sobre as consequências econômicas do compadrio: "fomenta a ineficiência, desincentiva a inovação, torna mais míope o planejamento, corrompe a competitividade e distorce a concorrência".

Alguém aí duvida do contrário? Portanto, leitor e leitora, é muito mais complexo que parece. Não é só política. Porque essa gente, que aparece sempre com um discurso progressista, nada mais faz do que empurrar a cidade para o atraso. Afinal, como tenho repetido inúmeras vez, o terceiro mundo não é um estado geográfico, mas um estado mental.