POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sempre que uma pessoa usa as expressões “petralha” ou “tucanalha” eu
começo a descontar uns pontinhos do quociente de inteligência dela. E, cá entre
nós, tem neguinho que já está no negativo. Aliás, parece guerra de bugio: uns
atiram merda nos outros, só que no final ninguém ganha e todos ficam sujos.
Não pretendo perder tempo a procurar a origem da coisa, mas acho que a
expressão petralha foi criada pelo tal Reinaldo Azevedo (pelo menos foi ali que
eu vi). Aliás, foi o próprio a dizer que “petralha é bicho burro,
intelectualmente preguiçoso, moralmente vagabundo e não tem ambição de pensar
segundo seus próprios critérios: segue a orientação do chefe e pronto!”
Engraçado, mas do meu ponto de vista essa descrição caía como uma luva
no próprio Reinaldo Azevedo. O fato é que tenho uma peninha brutal de quem tem
o cara como referência intelectual ou role model. Porque é sintoma de
subserviência mental. Esse Reinaldo Azevedo é uma mula intelectual. É um cérebro
estéril, improdutivo. A não ser que consideremos o ódio de classe (e isso o
cara tem de sobra) como algo produtivo.
A definição de tucanalha também revela ressentimento: é uma “contração
de tucano (membro do PSDB) com canalha. Referente a grupo de membros desse
partido que cometeu atos contrários aos interesses nacionais”. Pensando bem –
se tivermos em mente a teoria da dependência – até sou capaz de concordar com
os “atos contrários aos interesses nacionais”. Mas nunca chamaria alguém de
canalha só porque discorda de mim.
O fato é que as expressões - petralha ou tucanalha – são uma forma de
escaquear o que é complexo. Se o cara é petralha, nem vou me dar ao trabalho de
debater com ele, porque ele está obviamente errado. Se um cara é tucanalha, nem
vou me dar ao trabalho de debater com ele, porque ele está obviamente errado.
Viram? Simples e não exige um neurônio sequer.
É claramente uma forma de lentidão mental que exime as pessoas de
discutir as coisas a sério. E por “discutir” vamos entender a capacidade de
ler, de discernir, de articular discurso. Debater a sério exige racionalidade.
Mas as pessoas rejeitam a racionalidade, porque desejam o espetáculo fácil,
ligeiro, inconsequente.
O que essa gente pretende é discutir política como se fosse futebol. Até
porque o futebol tem esta característica fantástica: é um esporte democrático e
com regras que qualquer adiantado mental é capaz de entender. É por isso que, sempre que o Brasil tem um mau resultado, qualquer pacóvio acha que entende mais de futebol do que o Mano Menezes. É claro que não entende, mas vive essa ilusão.
É igual no futebol e na política.
Ah... antes de terminar, uma constatação. É que a expressão petralha
está mais popularizada, em especial nos suportes digitais. E a explicação é
fácil. 1. Porque é movida pelo ódio de classe e tem muita gente que quer odiar.
2. Porque essa pequena burguesia é infoincluída e está mais presente no mundo
digital. 3. Porque é difícil para essa gente aceitar governos com base popular.
4. Porque tem uns caras cuja cabeça é um árido Saara. 5. Porque acham que
Reinaldo Azevedo e outros chiens de garde da grande mídia são para
levar a sério. 6. Porque estão na oposição.