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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A violência nossa de cada dia


POR CLÓVIS GRUNER

A Arena Joinville foi palco, no último domingo, de mais um episódio de violência envolvendo torcedores – neste caso, do Atlético Paranaense e do Vasco da Gama. Em entrevista, Udo Dohler afirmou que impedirá o empréstimo da Arena para novos jogos do time curitibano, que só neste ano perdeu duas vezes o mando de campo por conta de ocorrências envolvendo a violência dos torcedores. Agiu certo o prefeito. O problema, no entanto, é maior e mais complexo, acredito. E é preciso observá-lo sob outras perspectivas.

Soube ontem que o Ministério Público catarinense entrou no início de dezembro com pedido de interdição do estádio, alegando que a estrutura do lugar é precária para receber eventos esportivos. Não me surpreende: esta não é a única “grande obra” joinvilense entregue às pressas e precariamente concluída, e a decisão do MP apenas torna público o que é já do conhecimento comum da maioria da população local. Há ainda a imagem do país no exterior, bastante comprometida com o ocorrido, e a menos de um ano da Copa do Mundo. Depois de domingo, a Fifa afirmou que durante o mundial tais cenas não se repetirão, pois o “padrão Fifa de segurança” é diferente do Brasileirão. Pode ser verdade, mas o estrago está feito e dificilmente a imagem do país e de seus torcedores será integralmente reabilitada.

Mas isto não me parece, ainda, o pior. Desde os anos de 1980, quando a violência entre torcidas aumentou significativamente, 234 mortes entre torcedores já foram registradas, segundo o El País. Só neste ano, 30 pessoas morreram em conflitos nos estádios de futebol. Na briga de domingo felizmente não houve mortos, mas dos quatro torcedores feridos um segue internado em Joinville. Outros seis foram e continuam detidos. Há algo realmente preocupante na relação entre torcedores e seus times quando ela justifica o recurso à violência extrema. As explicações usuais normalmente apelam às razões econômicas ou se esforçam em “psicologizar” e naturalizar  a questão. Nenhuma delas, a meu ver, oferece respostas satisfatórias.

A BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA – Há algo de performático na violência que parece fazer sentido aqueles que a praticam, como se a agressão ao outro reforçasse os laços de pertencimento à pequena comunidade das torcidas organizadas. Neste aspecto, ela é parte constitutiva da identidade do grupo – ou de parte dele – e independe da condição social e econômica (um dos agressores identificados é ex-vereador em Curitiba e ocupava cargo de primeiro escalão no governo estadual); nem tampouco se mede por critérios que se pretendam “naturais” ou “psicológicos” (a maioria dos torcedores não é violenta fora do grupo e em outros contextos que não os que envolvem o futebol).

De maneira muito peculiar e caótica, a violência é também uma forma de confrontar as autoridades instituídas – administradores públicos, justiça, polícia, “cartolas”. Talvez o melhor exemplo disso seja o descolamento entre os discursos dos dirigentes das torcidas organizadas e as práticas de muitos torcedores. Enquanto os primeiros negam e condenam a violência, inclusive colaborando com a investigação policial, os segundos seguem praticando-a, indiferentes ao que dizem e fazem seus supostos representantes.     

Além disso, os acontecimentos nos estádios acompanham um processo de banalização cotidiana da violência, que não é apenas física: há violência no desaparecimento de Amarildo; no autoritarismo policial; nos “governos paralelos” instituídos pelo crime organizado dentro e fora das cadeias, principalmente nas periferias das grandes cidades; etc... Mas há igualmente violência quando um humorista agride uma internauta e conclama seus seguidores a fazer o mesmo, indiferente seja à assimetria entre sua posição e influência midiáticas e a de sua interlocutora, seja ao conteúdo da crítica que lhe foi dirigida e sua resposta, que está muitos níveis abaixo do que pode ser classificado como grosseria.

São óbvias as razões que levam a maioria de nós a acusar a gravidade do que ocorreu domingo, na Arena Joinville, em relação a episódios considerados mais “comezinhos”. Mas eles estão ligados, entre outras coisas, pela crescente e perigosa insensibilidade que estamos a desenvolver para com muitas formas de violência que não a criminosa – e mesmo em relação a essa tendemos a achar que a solução está simplesmente no aumento da força policial e na ampliação do número de vagas nas penitenciárias. Não estou homogeneizando a violência. Mas afirmando que nossa atenção demasiada e isolada a algumas de suas manifestações, que caminha na direção inversa à crescente indiferença para com outras, não produz soluções. Antes, agrava o problema e nos torna a todos responsáveis.    
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O JEC precisa da politicagem para sobreviver?

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Se há alguma coisa horrível no futebol, e que permeia praticamente todos os grandes clubes brasileiros, é a influência da política (a política suja, aquela da troca de favores, geralmente praticada pela maioria dos partidos políticos) nas mais diversas ações que envolvem a administração de uma equipe. Algumas destas relações podem ajudar, ou simplesmente arruinar com um planejamento e a imagem perante os torcedores.

O Joinville Esporte Clube sabe muito bem como a política é prejudicial. A torcida sabe mais ainda. Após as seguidas crises provocadas pelo rebaixamento em 2004, o então prefeito Marco Tebaldi, na ânsia de "ajudar", virou presidente do Conselho, começou a contratar técnicos em seu gabinete e participar de forma ativa nas dinâmicas do clube. O resultado foi uma queda maior ainda. O time ficou sem divisão e com o nome manchado após tentativas de comprar vagas em uma competição nacional.

Agora, mais recentemente, o presidente do JEC, Nereu Martinelli, envolve o prefeito Udo Dohler em negociações com a Caixa Econômica Federal para trazer um patrocínio da estatal ao clube, visando sanar as dívidas e ter dinheiro em caixa para contratar mais jogadores. Acontece que, para receber o patrocínio, a Caixa precisa receber a conta dos funcionários de algum órgão público. Por isso o prefeito foi chamado. A politicagem novamente ronda a Rua Inácio Bastos.

A manobra recentemente virou manchete nacional, através da ESPN Brasil, que corretamente questiona a dependência de nossos clubes para patrocínios de estatais (não é atitude exclusiva do JEC). Além do mais, é sabido que a família Martinelli é uma grande doadora da campanha de Udo, e faz pressão no prefeito para que ele participe das negociações, dando o aval fundamental para que o JEC receba o valor da Caixa. É o clássico problema das doações privadas para campanhas eleitorais: o apoio aparece, ao mesmo passo que espera uma retribuição depois da eleição.

O fato é que o JEC é muito maior que isso tudo. O clube está em uma cidade que tem torcedores fanáticos, parque industrial poderoso, e uma economia dinâmica, pouco vista no Brasil. Parece piada saber que depende de migalhas que a Caixa Econômica faz para se promover em cima de prefeituras e governos Brasil afora, lucrando com as contas de funcionários públicos, em uma vinculação no mínimo imoral. Achar que esta manobra política é solução para o clube é recair no mesmo erro de anos atrás, o que coloca em xeque a grande ascendência que o Joinville Esporte Clube conquistou após uma gestão séria assumir, dando fim a uma sequência que quase o fez chegar ao fundo do poço.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A decadência do futebol brasileiro.

POR GABRIELA SCHIEWE

O que está acontecendo com o futebol brasileiro?

Estamos vendo, e já não é de agora, que o futebol brasileiro, no todo está em decadência.

A Seleção Brasileira não joga bem e também não obtém os resultados, despencou no ranking da FIFA, não consegue ganhar de nenhuma Seleção do primeiro escalão, os resultados positivos ocorrem apenas sobre seleções mais fracas.

Hoje fica evidente que a Seleção está sentada na sua história, mas isso não é suficiente, o que vem se provando no dia a dia.

No entanto, o problema não está apenas na Seleção, pois vemos que os clubes também se encontram em plena decadência.

Hoje, tirando o Corinthians que se destaca sobre os demais (não sei se por que os demais estão ruins demais ou se é realmente bom, acredito na segunda hipótese) e o Atlético-MG (da gosto de ver seus jogos, no entanto até hoje não se mostrou um time de chegada, espero que dessa vez seja diferente), os "grandes" times do Brasil mostram um futebol pífio, veja São Paulo, Santos, Flamengo, Inter...e por aí vai.

Regionalizando o assunto, o que falar do Campeonato Catarinense, é ridículo, qualidade péssima, nivelado muito por baixo, JEC correndo riscos muito reais de sequer participar do quadrangular final.

E por que as coisas estão assim? Gente jogador é o que não falta, temos muitos jogadores e dos bons espalhados pelo Brasil e fora do país também. No entanto esse problema não surgiu agora. E, no meu ver, está diretamente de encontro a má gestão na administração de clubes e CBF.

Dirigentes que só pensavam em abarrotar seus próprios bolsos, fazendo negociações e parcerias inexplicáveis e muito, mas muito estranhas. Inevitavelmente que uma hora a bomba iria explodir e é exatamente o que estamos vivendo agora.

Enquanto o amadorismo imperar e a ladroagem fizer parte da gestão do futebol no Brasil não veremos luz no fim do túnel. Os "caciques" do futebol estão o tornando decadente, assim como ocorre na nossa política. São sempre os mesmos no poder e cada vez as coisas pioram mais e mais.

O povo precisa entender isso e por mais que sejam apaixonados pelos seus times, chegou o momento do luto, de virar as costas, pois eles precisam do torcedor, seja no estádio, seja assistindo pela TV e, se esse público deixar de existir, vai começar a doer no bolso e só assim entenderão que precisam gerir de maneira séria e profissional, do contrário o barco continuará afundando.

E aí molhados, vocês concordam que o futebol está em decadência no Brasil? Estou louca, exagerando? E aí!?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A paixão nº 1!

POR GABRIELA SCHIEWE

Venho escrevendo há meses sobre vários esportes, mas o que faz o meu sentimento tilintar de maneira vibrante como os sinos da Notre Dame, inegavelmente é a paixão nacional, claro, o futebol.

Eu sei que isso parece bem estranho. Mulher que gosta e até entende de futebol? Cada um pense o que bem entender, não tenho nada a declarar a respeito, até porque o meu papo aqui é esporte e, hoje, futebol!

Quem vem me acompanhando, sabe que torço para o Inter e não escondo que faço isso declarando amor ao meu pai, visto que a vida dele é o Colorado e para vê-lo mais feliz, me tornei mais uma colorada nesse mundo vermelho, naquilo que corre dentro de todos e faz o coração pulsar.

Verdade que não sou daquelas que fico brava se o Inter perde, mas também é verdade que fico feliz em ver o Grêmio perder he he... assim como se a Seleção perde ou ganha não há muita mudança para mim, pois eu sou uma apaixonada pelo futebol, o esporte, o jogo.

Particularmente, aprecio em maior grau do que os outros, a Premier League. Futebol ágil, dinâmico, a bola corre... adoro!

Então, evidente que na final do mundial eu estava torcendo para o Chelsea, acordei cedo para acompanhar o jogo, torci até me render a competência da equipe corintiana.

Seria decrépito se eu simplesmente ignorasse o fato de que o Corinthians jogou um futebol de primeira, se preparou desde a desclassificação da Libertadores, subindo um degrau de cada vez mostrou para todos que a eficiência está no conjunto. Entenderam, técnicos? Conjunto, ou seja, uma andorinha não faz verão.

Parabéns ao Corinthians por esse título mundial que foi ganho em campo, baseado na sua qualidade de gestão fora de campo e competência dentro das quatro linhas. Não foi por acaso, não foi na sorte, ganhou mesmo, na raça, técnica e tática.

Campeão mundial e, dessa vez ,eu bato palmas!

sábado, 10 de novembro de 2012

Futebol se joga dentro das 4 linhas!

Essa semana, mais uma vez o futebol foi a notícia da vez na mídia nacional, não pelo que se joga dentro das quatro linhas, mas pelos episódios extracampo.

1- Internacional x Palmeiras
O STJD, julgou, na quinta-feira, a impugnação protocolada pelo Palmeiras pela suposta irregularidade constatada no jogo entre as equipes envolvidas, quando do gol anulado do atacante Barcos.

O resultado foi unânime e acachapante, 9 votos a zero pela manutenção do resultado e, mais uma vez, a Justiça Desportiva comprovou e demonstrou o trabalho sério que desenvolve e que só está aí para ajudar a manter o campeonato de forma ilibada e não para ajudar aqueles que, dentro das quatro linhas, não conseguiram desempenhar o que deviam.

Os auditores do STJD estão ali para cumprir de acordo com o que a legislação lhes propõe. E assim também deveriam ser as equipes e seus atletas e vez de tentarem se utilizar de um tribunal sério para escapar daquilo que não foram competentes para manter em campo.

2- Ronaldinho x Flamengo
Outro caso que extrapola as quatro linhas, é a Reclamatória Trabalhista movida por Ronaldinho em face do Flamengo.

O tumulto foi muito grande, algo que a Justiça trabalhista não está acostumada a conviver no seu dia a dia. Só que, neste caso, nada se resolveu.

O Flamengo ofereceu R$ 9 milhões, mas Ronaldinho recusou a oferta, já que alegou estar muito distante do crédito originário, que é de R$ 55 milhões.

Podia ter jogado futebol e o Flamengo ser um clube sério que nada disso estaria tumultuando o judiciário carioca!

3- JEC x Artur Neto
Não, não, não, aqui não tem briga e sim um entendimento que, a meu ver, beneficiará ambas as partes envolvidas para que, aí sim, se faça prevalecer o futebol do Tricolor Joinvilense apenas dentro das quatro linhas.

Seja bem-vindo Artur Neto e que o futebol prevaleça...dentro das quatro linhas, claro!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

FIFA aprova tecnologia nos jogos

A bola entrou ou não entrou. Esse velho problema do futebol está com os dias contados. A FIFA finalmente decidiu introduzir a tecnologia para a análise da linha de gol, para que os árbitros possam saber se a bola entrou ou não. O filme explica como funciona essa tecnologia.





quarta-feira, 27 de junho de 2012

Espanha X Portugal

POR JORDI CASTAN
A partida em que se enfrentarão hoje os dois vizinhos que partilham a Península Ibérica reúne todos os elementos para ser um bom jogo. As características de jogo de uns e outros e a rivalidade tradicional entre vizinhos próximos tem tudo para que ninguém queira ficar de fora.

A Espanha tem melhorado muito o seu nível de jogo já faz alguns anos. É a primeira seleção no ranking da FIFA. Na Eurocopa está defendendo o título e é hoje a seleção campeã do mundo. Para todos é o alvo a abater. Caiu um pouco da forma de jogar que a fez ser conhecida como “A Furia”.  Hoje tem um jogo de toque, de passe, de controle.


Espanha é uma equipe que, jogando sem atacantes, consegue afogar os seus oponentes com o toque de bola. O seu maior diferencial é o fato de que a maioria dos jogadores vem de duas equipes, o FC Barcelona e o Real Madrid, o que permite que seja possível identificar um estilo de jogo. Além disso, permite que haja uma sequência de jogo e cumplicidade entre os jogadores que só se consegue com o tempo.

A maioria dos jogadores já foram campeões na Euro 2008, na Copa da África do Sul, e com suas equipes tem ganhado Ligas, Copas, Champions. Sabem o que é jogar juntos e sabem o que é ganhar. O que dá uma tranquilidade adicional. O jogo de equipe é a sua característica e pode se dizer que não tem estrelas badaladas.

Na frente vai encontrar o Portugal de Cristiano Ronaldo, um jogador excepcional que faz de cada encontro uma batalha a ser vencida, capaz de carregar toda a equipe nas costas e de marcar a diferença em qualquer estádio. O resultado dependerá das genialidades de um solista como Cristiano Ronaldo ou da harmonia da orquestra sinfônica que tem sido o jogo da Espanha. É ele o único que poderá mudar o final de uma historia que parece estar já escrita. Espanha estará na final no Olimpiyskyi de Kiev.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

De petralhas e tucanalhas


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sempre que uma pessoa usa as expressões “petralha” ou “tucanalha” eu começo a descontar uns pontinhos do quociente de inteligência dela. E, cá entre nós, tem neguinho que já está no negativo. Aliás, parece guerra de bugio: uns atiram merda nos outros, só que no final ninguém ganha e todos ficam sujos.

Não pretendo perder tempo a procurar a origem da coisa, mas acho que a expressão petralha foi criada pelo tal Reinaldo Azevedo (pelo menos foi ali que eu vi). Aliás, foi o próprio a dizer que “petralha é bicho burro, intelectualmente preguiçoso, moralmente vagabundo e não tem ambição de pensar segundo seus próprios critérios: segue a orientação do chefe e pronto!”

Engraçado, mas do meu ponto de vista essa descrição caía como uma luva no próprio Reinaldo Azevedo. O fato é que tenho uma peninha brutal de quem tem o cara como referência intelectual ou role model. Porque é sintoma de subserviência mental. Esse Reinaldo Azevedo é uma mula intelectual. É um cérebro estéril, improdutivo. A não ser que consideremos o ódio de classe (e isso o cara tem de sobra) como algo produtivo.

A definição de tucanalha também revela ressentimento: é uma “contração de tucano (membro do PSDB) com canalha. Referente a grupo de membros desse partido que cometeu atos contrários aos interesses nacionais”. Pensando bem – se tivermos em mente a teoria da dependência – até sou capaz de concordar com os “atos contrários aos interesses nacionais”. Mas nunca chamaria alguém de canalha só porque discorda de mim.

O fato é que as expressões - petralha ou tucanalha – são uma forma de escaquear o que é complexo. Se o cara é petralha, nem vou me dar ao trabalho de debater com ele, porque ele está obviamente errado. Se um cara é tucanalha, nem vou me dar ao trabalho de debater com ele, porque ele está obviamente errado. Viram? Simples e não exige um neurônio sequer.

É claramente uma forma de lentidão mental que exime as pessoas de discutir as coisas a sério. E por “discutir” vamos entender a capacidade de ler, de discernir, de articular discurso. Debater a sério exige racionalidade. Mas as pessoas rejeitam a racionalidade, porque desejam o espetáculo fácil, ligeiro, inconsequente.

O que essa gente pretende é discutir política como se fosse futebol. Até porque o futebol tem esta característica fantástica: é um esporte democrático e com regras que qualquer adiantado mental é capaz de entender. É por isso que, sempre que o Brasil tem um mau resultado, qualquer pacóvio acha que entende mais de futebol do que o Mano Menezes. É claro que não entende, mas vive essa ilusão. É igual no futebol e na política.

Ah... antes de terminar, uma constatação. É que a expressão petralha está mais popularizada, em especial nos suportes digitais. E a explicação é fácil. 1. Porque é movida pelo ódio de classe e tem muita gente que quer odiar. 2. Porque essa pequena burguesia é infoincluída e está mais presente no mundo digital. 3. Porque é difícil para essa gente aceitar governos com base popular. 4. Porque tem uns caras cuja cabeça é um árido Saara. 5. Porque acham que Reinaldo Azevedo e outros chiens de garde da grande mídia são para levar a sério. 6. Porque estão na oposição.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O futebol e a praga dos ratos


POR NICO DOUAT

O futebol é um esporte fascinante. Ao mesmotempo polêmico e, possivelmente, o mais popular do mundo.

A Copa do Mundo de futebol é a únicacompetição global que rivaliza com as olimpíadas. Só uma Copa do Mundo defutebol é capaz de integrar, de forma civilizada e competitiva, em torno de umsó esporte, em um mesmo ambiente de competição de duro confronto físico, um semnúmero de países de culturas e condições de desenvolvimento totalmentediferentes, não raro beligerantes. No futebol, a despeito de conflitosculturais, religiosos, ideológicos ou econômicos, essa integração se dá de maneira natural,pacífica e surpreendentemente disciplinada.

O esporte, de forma geral, é catalisador desentimentos conflitantes que vão da paixão ao ódio, da honra à frustração, doorgulho à vergonha, todos nos seus limites e vividos quase ao mesmo tempo. Édas poucas atividades humanas que mostram, de forma didática, as conseqüênciasdas escolhas pessoais. A necessidade de uma conduta rígida seja amador ouprofissional, o sacrifício e a renúncia pessoais, a obediência às regras,a importância do planejamento, da disciplina, da boa liderança, do espírito deequipe, da integridade, do respeito, enfim, de todas as experiências que formama base moral e ética de qualquer sociedade desenvolvida.

O futebol é polêmico justamente peladubiedade de algumas das suas regras.
Por isso reina, ainda, como um dos poucos, ouo único esporte de massa profissionalizado e globalizado que admite o erro,evidente e comprovado, como causa direta de um resultado.

O exemplo clássico disso é a regra deimpedimento que por sua relação direta com a perspectiva se torna quaseimpossível de ser aplicada de forma correta. Exatamente por isso abre uma imensapossibilidade para a dúvida, para a injustiça e, não raro, para a malandragem. Assim,a despeito de já existirem todos os meios tecnológicos disponíveis paraevitá-lo, seja por má fé, seja pela dificuldade de percebê-lo corretamente, umárbitro tem grandes chances de prejudicar uma equipe que investiu e preparou-sepor meses, quando não, anos, seja para um torneio regional seja para uma Copado Mundo.

A paixão pode até admitir isso, mas,certamente, o profissionalismo e a integridade não, ou pelo menos, não mais. Osapaixonados haverão de condenar-me pela ousadia, os conservadores pelodesrespeito à tradição, mas firmo a minha opinião de que há cada vez menosespaços para a dúvida, a rapinagem, a resignação, a indulgência, em um ambienteem que o profissionalismo, a competitividade e os custos, pessoal, profissionale financeiro, exigem o máximo de imparcialidade e retidão no comportamento e norespeito às regras.

O Brasil é um caso único. Todo brasileiro queaprende a falar, começa com três palavras: “mamãe”, “papai” e, quase com certeza,o nome do time de futebol do “papai”.

A Copa do Mundo, se é, por si, um eventomundial contagiante, para o Brasil é um momento mágico. De quatro em quatroanos partilhamos um genuíno sentimento patriótico e de união cívica poucas vezesvistos em torno da seleção de futebol que vai nos representar na Copa do Mundo. Em nome disso, deixamos de lado qualquerpreferência pessoal, digamos, “ideólogo-futebolística” e passamos a sersimplesmente brasileiros unidos por uma causa: A vitória da seleção brasileira.

Somos radicais defensores do nosso time docoração, no dia a dia, mas acompanhamos atentamente, durante quatro anos, ascarreiras de todos aqueles que poderão fazer parte da nossa seleção de futebol,pouco importando o clube defendam.

Conhecemos em detalhes toda a história danossa seleção, qualquer evento, por mais inexpressivo, mas que possa a vircontribuir, eventualmente, para ameaçar o orgulho de sermos considerados osmelhores. Procuramos nos informar profundamente da história de tudo, times,treinadores, escalações, momentos históricos, e os reverenciamos com respeito. Cadajogador, o treinador, os seus históricos profissionais, são conhecidos,estudados e discutidos em detalhes.

O brasileiro é implacável quando se trata deexigir qualidade, dedicação e seriedade da sua seleção de futebol. Exige omelhor, sem qualquer condescendência. Exige quase o impossível, mas sabereconhecer os méritos do possível. Por conta disso, transforma em vilão o heróido jogo anterior, se perceber qualquer sinal de esmorecimento, inabilidade,mesmo por motivo justificável. Só admite a vitória. Não admite jogador “médio”na seleção; tem que ser “o melhor” entre os melhores da posição.

Não é por pouco que a figura públicabrasileira mais reverenciada, no Brasil e no exterior, em todos os tempos, éjustamente Pelé. Polêmico, criticado, por suas declarações, mas é definitivamenteuma unanimidade quando se trata do reconhecimento do exemplo da sua habilidade,conduta técnica e profissional.

A justificar parte do título deste ensaio, edepois da decepção vivida na Copa de 2010 e da provável confusão que será a de2014, guardo uma frase do professor José Arthur Gianotti, filósofo e ProfessorEmérito da USP, que usou uma metáfora para descrever o deprimente espetáculopolítico brasileiro: “Toda cidade tem ratos. Mas os sanitaristasdizem que, quando os ratos começam a ser vistos, é porque aumentaram em númerode tal maneira que há perigo para a saúde pública. Corrupção em governo existedesde a Grécia. Corrupção na Igreja, desde São Pedro. Ou seja, o problema não énovo. Mas o tamanho da corrupção altera suas formas. O que estamos vendo hoje éque ela chegou junto do coração do sistema. E sabepor quê? Porque o sistema foi ético, por absurdo que possa parecer. Os mafiososencontraram a porta aberta, invadiram a casa dos puros e ainda se cobriram como manto da ética...”

Fico pensando como seria maravilhoso se otorcedor brasileiro transferisse, pelo menos uma parte desse sentimento cívicoem relação à seleção brasileira de futebol para a tarefa de “desratizar” os nossostrês poderes.

Seria ótimo se o implacável torcedorbrasileiro usasse o mesmo interesse, o mesmo rigor crítico, o mesmo cuidado, amesma convicção que usa como torcedor da sua seleção na tarefa de eleger quemvai representá-lo em todos os níveis de governo pelos próximos quatro anos.

Teríamos, certamente, muito mais a comemorar.