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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Delfim pedindo mudanças no futebol é piada pronta

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Delfim Peixoto ainda disse que o futebol precisa de mudanças, urgentemente.
"Tem que mudar. Vamos precisar de muitas mudanças daqui para frente. Eu tenho certeza que Marco Polo Del Nero [Presidente da CBF eleito recentemente] tem disposição em fazer isso. E mesmo que não tivesse, teria de fazer de qualquer maneira. E urgente", finalizou.
Entrevista de Delfim Pádua Peixoto Filho, Presidente da Federação Catarinense de Futebol, para a ESPN Brasil*

A derrota de 7x1 para a Alemanha escancarou o verdadeiro problema do futebol brasileiro. Felipão, Parreira, Murtosa, Fred não foram, em sua totalidade, os responsáveis pelo fiasco apresentado em Belo Horizonte. Os responsáveis, por muitas vezes ocultos, precisam ser revelados. E um destes culpados está em Santa Catarina e chama-se Delfim Pádua Peixoto Filho que, junto com a maioria dos outros dirigentes de futebol no Brasil, atropelam a democracia e formam verdadeiras oligarquias do futebol, apoderando-se de toda a estrutura social e econômica que gira em torno do campo e bola.

Digo isto porque na última quarta-feira, ao assistir à bisonha entrevista coletiva de Parreira e Felipão, na qual tentaram apresentar justificativas, deparei-me com uma pergunta de um jornalista, querendo a opinião do técnico brasileiro sobre a supracitada entrevista dada por Delfim à ESPN Brasil. Sem considerar o mérito da resposta de Felipão, e principalmente a repercussão de alguns catarinenses "ofendidos", o que Delfim disse é digno de ir para a exemplificação do que é hipocrisia nos dicionários. "Dr. Delfim", como é costumeiramente chamado, foi deputado estadual durante a ditadura militar, e é, desde 1985, Presidente da Federação Catarinense de Futebol. Acabou de ser reeleito para o sétimo mandato, até 2019. Ou seja, completará 34 anos no poder do futebol do estado e terá 78 anos de idade. Inclusive já prepara a "cama" para seu filho, que também é dirigente da Federação Catarinense de Futebol e lutador de boxe nas horas vagas, assumir em 2019.

Delfim é o mesmo dirigente que durante anos compactuou com Ricardo Teixeira, ex-Presidente da CBF e contou, como moeda de troca, com seu apoio para suas seguidas reeleições. Na gestão do Ricardo Teixeira, o futebol brasileiro apodreceu por dentro, ou seja: os pequenos clubes do futebol brasileiro morreram, juntamente com os estaduais. A média de público do nosso futebol  (inclusive o catarinense) despencou e os jovens talentos cada vez mais são transferidos para o futebol do exterior. A grande maioria dos clubes não tem calendário fixo, e há uma enorme quantidade de jogadores profissionais que não recebem sequer dois salários mínimos, contrariando toda a vitrine dos grandes jogadores. A derrota na semifinal do mundial no Brasil é reflexo disto: um futebol pobre, sem identidade, e que tem em seus dirigentes a omissão e as muletas em títulos mundiais conquistados na base de talentos que fogem à regra de nossa realidade. 

Não podemos esquecer que Delfim, ao compactuar com Teixeira, compactua com um dirigente que é investigado pela justiça da Suíça, pela Polícia Federal do Brasil e pela própria FIFA (sic!) após escândalos de fraude e corrupção. 

E, por fim, vale lembrar que Delfim "ganhou" o evento de treinadores e representantes das seleções da Copa 2014 em Florianópolis, como troca pelo estado de Santa Catarina não ser sede de nenhum jogo no mundial. Mundial este que, como estamos cansados de falar, extirpou de milhares de famílias brasileiras o direito à cidade e os direitos humanos básicos para construir estádios em doze capitais brasileiras.

Delfim dentro de poucos meses será Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, entidade que reúne todo o status quo do futebol brasileiro. Alguma chance de mudança? Ou o "Dr. Delfim" virou humorista?

* http://espn.uol.com.br/noticia/424304_felipao-nao-volta-nunca-mais-diz-vice-da-cbf

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Joinville passou longe da Copa

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Lembro-me bem de quando a Arena Joinville foi construída, e de como os políticos locais fantasiaram em torno do estádio. Era cômico de ver como a imprensa local comprou a ideia, inclusive lançando o estádio recém-inaugurado como um dos possíveis locais para a Copa do Mundo, caso um dia ela acontecesse no Brasil (depois de duas ou três ampliações, claro). A "estrutura" da Arena, "digna de excelência", padece desde sua inauguração, com remendos ao projeto inicial, infiltrações, e seguidas notícias de não-liberação por parte dos Bombeiros para os campeonatos que ali são disputados.

Em segundo lugar, a estrutura de Joinville para receber grandes eventos, como uma Copa do Mundo, é muito pequena. Por mais que três hotéis da cidade fossem chancelados pela FIFA, o Aeroporto é insuficiente e precário (a novela ILS se arrasta há anos) e não havia condições, nem em meados dos anos 2000, nem hoje, da cidade se envolver nestes eventos. Não é a toa que somente grandes capitais foram escolhidas como sedes dos jogos, as quais fizeram parte do combo especulação-flexibilização-lucro que uma cidade do porte de Joinville não poderia oferecer, perante o tamanho dos negócios gerados em torno da Copa.

Esta euforia de cidade-sede dos jogos acabou cedo, quando a FIFA anunciou as cidades pré-selecionadas, e Joinville estava de fora. Os agentes locais não se davam conta de que a estrutura local era infinitamente inferior às outras, por mais que, dentro de Santa Catarina, Joinville se sobressaia. A luta então passou para abrigar alguma seleção, como cidade de treinamento. As falácias continuaram, como a atração de seleções européias, pela ligação da colonização germânica da região, etc. Até a Rússia foi sondada, graças ao Bolshoi. Vale lembrar que a Rússia joga em Curitiba, aqui pertinho, mas mesmo assim escolheu o interior de São Paulo. Os alemães, por exemplo, montaram uma enorme estrutura no interior da Bahia.

Alguns imaginavam, como último suspiro, que a cidade estaria cheia de turistas atraídos pela Copa do Mundo. Infelizmente Joinville não é uma cidade turística, ainda mais se for para "gringo" ver. Para piorar, o Aeroporto que poderia receber os voos excedentes de Curitiba, não teve registros de receber voos extras criados pela demanda da Copa. Restou à cidade de Joinville assistir os jogos pela TV.

Está claro que, desde o começo, não houve um planejamento sério para a atração de alguma seleção, ou até mesmo uma maior inserção da cidade neste evento de proporções mundiais que é a Copa do Mundo. Desde a "invenção" de que a Arena Joinville poderia receber jogos (para esconder os problemas estruturais de seu nascimento) até as negociações políticas para hospedar alguma seleção, nada de sério aconteceu. Apenas uma viagem no "oba-oba" que a Copa provoca, dando margem à interpretações de que "há trabalho", ou algo do gênero.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

#copa2014: torcer até vai; festejar não

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Quando o Brasil entrou em campo na abertura do mundial de futebol, na tarde de ontem, lembrei-me de quando era criança e gostava de acompanhar todos os jogos da Copa. Além de colecionar figurinhas, ou estudar as tabelas, o futebol por si só era o objeto principal daquele sonho infantil. Ao retornar a consciência para a realidade, em 2014, estava eu, em frente ao televisor, torcendo para a seleção brasileira.

Poderia ser como sempre foi. Mas não foi.

Sempre defendi aqui no blog, na sala de aula e em outros espaços nos quais convivo de que a FIFA, juntamente com o governo federal e os gestores estaduais e municipais de todas as 12 sedes, promoveram um atentado aos direitos básicos garantidos na Constituição Brasileira de 1988. É notório e sabido para a maioria que a Copa foi uma coisa inventada que se sobrepõe ao planejamento das cidades, porque em nome dos megaeventos vale tudo: remoções de famílias (estima-se que aproximadamente meio milhão de pessoas foram afetadas direta ou indiretamente) para construir estádios no lugar, operários morreram devido a obras de estádios feitas às pressas, em dispensas de licitações e outras situações já cantadas há muito tempo, ao contrário dos aproveitadores de uma situação eleitoral.

Aproveitadores estes que se situam dentro de grupos políticos (ou possuem simpatia com estas organizações) sobretudo pelas eleições que se aproximam. O problema da Copa é generalizado, pois foi construído pelos gestores dos 12 governos estaduais e mais os 12 governos municipais de cada sede, compostos por representantes dos mais diversos partidos políticos, da esquerda à direita. As remoções e violações do Direito à Cidade foram operacionalizadas por todos, sem exceções, e não somente pelo Palácio do Planalto. Longe de não reconhecer a culpa de quem está lá, xingar a presidenta faz parte de um desconhecimento sobre tudo o que vem acontecendo com a política urbana dos megaeventos desde que foram anunciados em meados dos anos 2000. É desconhecer a profundeza das questões que levam milhares às ruas há muitos anos (muito antes das "Jornadas de Junho"), lutando pela função social do espaço urbano.


Os pobres ficaram longe dos estádios. A miscigenação tão característica de nosso país não era a realidade da Arena Corinthians Itaquera São Paulo Isentão, pois eu só via brancos em grande maioria no estádio. Sinal de alguma coisa errada. Sinal de que a Copa, desde o começo, não foi para todos. Não foi para quem mais sofre com os problemas diários de nossa nação. Nem de longe.

Sendo assim, não consegui festejar e nem ao menos gritar "gol", como fizera em outros momentos de minha vida. Fiquei torcendo pela seleção, mas longe do clima de "festa" e "oba-oba". E muito menos entrarei na onda de uma massa que vaia sem dar os créditos aos verdadeiros protestos, mirando em uma parte dos responsáveis por tudo o que vemos aí.

O jogo acabou, a Copa acabará mês que vem. A atual questão urbana brasileira, por sua vez, parece não ter fim.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Começou!


POR CLÓVIS GRUNER

Quando a seleção brasileira entrar no Estádio do Itaquerão hoje à tarde, disputando contra a Croácia a partida de abertura da Copa do Mundo 2014, estará em jogo muito mais que o hexacampeonato. Desde o início das mobilizações de rua contra o torneio da FIFA, e apesar do slogan, todo mundo sabia que teria Copa e, penso, nunca foi a intenção inviabilizá-la. Parece-me que se buscou a possibilidade de tecer sobre ela uma outra narrativa, mais aberta e plural e capaz de levar em conta, de atribuir sentido e visibilidade às contradições decorrentes de sua organização.

Uma narrativa que não encobrisse, sob as camadas do ufanismo governamental e publicitário, as muitas formas de violência que compuseram também o roteiro da Copa do Mundo, e sobre as quais, não fossem as mobilizações, restaria um pacto de silêncio e o consequente esquecimento. Como disse em texto publicado há poucas semanas aqui no Chuva, a estimular as manifestações, e descontados os muitos oportunismos e oportunistas de plantão, há um conjunto de demandas legítimas e uma porção mais que justa de indignação pela maneira enviesada como muitas das decisões foram tomadas e executadas.

Além disso, como bem observou Vladimir Safatle em texto publicado na Folha de São Paulo de terça-feira, as manifestações sinalizaram para um incômodo descompasso entre os estrategistas de marketing – e não só os do governo – e parte da população brasileira. E embora não concorde com parte da abordagem do filósofo, que parece ecoar a ideia de que “o gigante acordou”, porque penso que ele nunca esteve adormecido, estou de acordo quando afirma que o roteiro sempre previamente traçado desde cima para o “povo” – basicamente “celebrar a aclamar” – dessa vez não funcionou: os atores não aderiram ao espetáculo que lhes foi designado e criaram seu próprio cenário. Houveram equívocos e alguns excessos, por certo, mas no âmbito geral o mise-en-scène das ruas foi o necessário e criativo contraponto ao discurso oficial.

FUTEBOL E POLÍTICA – Claro que as implicações políticas disso não podem ainda ser medidas em toda a sua extensão. E elas tampouco são novidade. Os usos políticos do futebol vem de longa data: em 1958, Juscelino Kubitschek, o “presidente bossa nova”, não se furtou a usar a conquista da Jules Rimet para inflar o espírito nacionalista e a adesão da sociedade ao seu projeto desenvolvimentista, os tais “50 anos em 5”. Pouco mais de uma década depois, o general Médici, o presidente assassino, fez do tricampeonato conquistado no México uma de suas cortinas de fumaça a encobrir os muitos crimes praticados pela ditadura – além da corrupção, a censura, as prisões arbitrárias, a tortura e o extermínio de dissidentes. E não se pode negar que, sob certo aspecto, em ambos os casos a estratégia deu certo.

Obviamente os contextos eram diversos de agora. Entre outras coisas, o futebol e a Copa do Mundo não eram ainda essa máquina que movimenta bilhões de dólares mundo afora; tampouco a FIFA era a entidade poderosa que é hoje. Mas talvez justamente o triplo agigantamento ajude a entender porque dois ex-presidentes, FHC e Lula, insistiram tanto em trazer para cá a Copa do Mundo. Lula conseguiu, e certamente quando recebeu a confirmação, em 2007, de que o Brasil seria o país sede do torneio, ele esperava outra coisa que não as ruas tomadas de manifestantes indignados e tanques do exército dispostos a “assegurar a ordem” contra toda eventual desordem.

Vai ter Copa e, particularmente, penso que o prejuízo, tanto econômico como político, será menor do que teme meu colega de blog José António Baço. Não será a “Copa das Copas”, como quer a presidente Dilma Rousseff? Bastante provável. Mas talvez não seja igualmente o desastre desejado pela oposição que, carente de tudo – principalmente carente de um projeto para o país – torce para que tudo dê errado e que as imagens de uma hecatombe possam ilustrar a campanha eleitoral e disfarçar a ausência de ideias. De minha parte, continuo a pensar que o principal legado da Copa é o sempre necessário e bem vindo amadurecimento democrático, com todas as contradições que ele comporta. E se junto vier o hexa, tanto melhor.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Vai ter Copa! E...?


Não é preciso entender alemão
POR CLÓVIS GRUNER

Desde criança me sinto um peixe fora d’água: nascido e criado em um país que fez do futebol uma espécie de patrimônio, passei a esmagadora maioria de meus anos sem entender, gostar, jogar ou acompanhar futebol. E mesmo tendo descoberto, só recentemente, que realmente pode ser divertido “jogar uma pelada” com os amigos, minha inaptidão para o esporte permanece inalterada: eu não apenas jogo mal sempre que entro em campo, como meu contato com o futebol se limita aos encontros de sábado à tarde com alguns camaradas e alunos. Embora agora jogue, eu continuo sem entender, gostar ou acompanhar futebol.

Por isso me causou certo estranhamento quando comecei a ver pipocar, nas ruas e demais redes sociais, o “Não vai ter Copa”. Indaguei-me algumas vezes acerca do por que em um país que sempre amou o futebol, e que amargou décadas esperando sediar novamente uma Copa do Mundo – sim, acreditem, já houve um tempo em que reclamávamos do descaso da FIFA –, muitos entre nós tratamos o evento não apenas com desdém, mas com sincero repúdio?

Não existe uma resposta única, nem tampouco óbvia, para a questão; da mesma maneira como não são unívocos os motivos que levam tanta gente a compartilhar a palavra de ordem #nãovaitercopa. Há muito oportunismo, sem dúvida, especialmente porque o evento coincide com o ano eleitoral e a oposição, desprovida de projetos e programas, aposta suas fichas no fracasso da Copa do Mundo para desestabilizar o governo e faturar uma casquinha eleitoral. Mas até aí nenhuma novidade. Faz parte do jogo, e o PT não faria diferente se fosse o contrário.

Há, igualmente, muita ingenuidade, um bom quinhão de desinformação e porções generosas de má fé. É ingênuo acreditar, mesmo vagamente, que os investimentos em educação e saúde, por exemplo, seriam maiores e melhores sem a Copa do Mundo ou que nossos problemas, estruturais alguns deles, estariam magicamente resolvidos não fosse o evento. Falta informação a quem insiste em afirmar que os investimentos feitos sangram os cofres públicos e contribuem para fragilizar ainda mais a economia; nossas incertezas econômicas não começaram com a Copa e não se encerrarão depois dela. Mas, principalmente, compartilhar uma notícia velha e descontextualizada, elogiando a decisão do ditador João Batista Figueiredo ao recusar, em 1983, sediar a Copa de 1986, como se isso o tornasse algo mais do que ele realmente foi, um presidente autoritário e truculento, se não é má fé, só pode ser estupidez.

COPA E DEMOCRACIA – Mas não acho que se possa ver a questão apenas sob esse prisma. Porque se há um pouco de quase tudo no movimento “Não vai ter copa”, há demandas legítimas que nos obrigam a avaliar a porção de responsabilidade principalmente do governo federal nas crescentes demonstrações de descontamento. Faltou, falta, transparência onde sobra truculência, e a recente declaração da presidente Dilma Rousseff, de “quem quiser manifestar, pode! Mas quem quiser manifestar não pode prejudicar a Copa”, não ajuda a amenizar a sensação de que o custo social e político da Copa, já alto, não cessa de subir.

Impressão reforçada com a matéria publicada na mais recente edição da revista alemã Der Spiegel. O texto ressalta a maneira enviesada como muitas das decisões foram tomadas e a herança violenta do campeonato: os operários mortos na execução das obras, conduzidas com pressa irresponsável; a ação higienizadora da polícia e do exército que, à bala de borracha e gás lacrimogêneo, expulsam das ruas os manifestantes, principalmente nas cidades-sede; os milhares de cidadãos brasileiros removidos à força em função das obras. Nesse sentido, o grito “Não vai ter copa!” tem também uma conotação simbólica fundamental. Porque não se trata, óbvio, de barrar um evento mundial – ninguém, acho, é ingênuo a esse ponto –, mas de confrontar o discurso estatal, sempre monumental e laudatório; de escová-lo a contrapelo para fazer aparecer, além da superfície lisa das imagens oficiais, as muitas asperezas que ele encobre.

Por isso me parece equivocado atribuir um caráter exclusivamente conservador às movimentações contra a Copa. Que oportunistas estejam a erguer uma bandeira, preocupados em simplesmente desestabilizar o governo; que uma oposição à deriva esteja a fazer dela um uso eleitoreiro; que setores principalmente das camadas médias estejam a aproveitar o ensejo para reiterar seu conservadorismo tacanho e ressentido, nada disso retira sua legitimidade. Porque junto a estes há também aqueles que vislumbram, nos protestos, a possibilidade de ampliar nossa experiência democrática e, a exemplo do que ocorreu em junho do ano passado, usam as ruas e as redes para construir alternativas de participação e ocupação do espaço público que não exclusivamente as que passam pelos mecanismos institucionais da política. 

Quase sem querer, o “Não vai ter Copa” revela uma faceta fundamental de nossas três décadas de retomada democrática, depois de duas de ditadura. Uma sociedade não vai às ruas questionar sua democracia, sem ter a segurança de que ela está suficientemente consolidada em seus aspectos formais para ser criticada e tensionada. E somente uma geração felizmente desacostumada à ditadura e, por isso, mais atenta às fragilidades e contradições da democracia, bem como à necessidade de fazê-la avançar, é capaz de fazer isso. Porque ela sabe que a democracia não pode limitar-se às formalidades institucionais, ainda que elas sejam importantes: ela precisa deslizar para o cotidiano e ser um pressuposto fundamental de uma cultura política e de experiências de vida efetivamente pluralistas. E talvez seja esse o principal legado da Copa.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Seleção Brasileira. Quem dá mais?

POR GABRIELA SCHIEWE

EU ME RENDO - Hoje irei me render à Seleção Brasileira de futebol. Quem acompanha os meus textos pouquissímo leu sobre a nossa "Canarinho". Mas eu, assim como toda a nação brasileira, estou desgostosa com o que vem sendo apresentado desde as eliminatórias para a Copa da África.

Naquela época tínhamos o Dunga, que era execrado por todos. Agora, após aclamação geral quando da sua escolha, temos Mano Menezes.

Eis o que penso sobre o fracasso que vem se tornando a Seleção, ano após ano, descendo posição a posição no ranking da FIFA: o Dunga não era do meu agrado, realmente nunca foi, e não morro de amores pelo Mano Menezes. No entanto, pode vir Pepe Guardiola que não dará a solução para esse time, pois existe algo muito maior que a própria Seleção Brasileira. É a política que a cerca.

QUEM DÁ MAIS? - A Confederação Brasileira de Futebol, que detém os direitos da Seleção, hoje só está interessada na política que rende milhões e milhões de dólares.

Como bem ouvimos há poucos dias, quem escolhe os amistosos da nossa Seleção é a empresa que adquiriu os seus direitos e, também por esse motivo, pouco vemos o Brasil aqui no Brasil. Hoje a casa do futebol brasileiro praticamente é Londres. Ou alguém discorda disso?

Por isso que entendo que massacrar o Mano, como já foi com o Dunga, não irá resolver coisa alguma. Que ele vem fazendo uma verdadeira salada mista na Seleção Brasileira, isso também é uma grande verdade e nem ele sabe bem ao certo o que está fazendo. A questão é que ele possui "alguéns" hierarquicamente superiores a quem deve obediência.

Por que será ele precisa remeter a lista de convocação para o presidente da CBF para "aprovação"? Enviar a lista apenas para questão de esclarecimento é totalmente compreensível, mas sabemos que a questão não é essa.

SUPER CLÁSSICO - Dia de clássico. Argentina x Brasil é hoje galera. Pois é, nem eu estou interessada. Venderam a nossa Seleção e anexo a este "contrato" foi a vontade de cada brasileiro de torcer pela "Canarinho".

Por isso torno a dizer que não há solução técnica para a nossa Seleção Brasileira de futebol. Pode trocar o comando que os problemas persistirão enquanto a seleção possuir "dono" com um único objetivo: ganhar dinheiro e não ganhar títulos.

SOCIEDADE NA CBF - A CBF claramente não está preocupada com o futebol nacional. Tanto que vem prejudicando, de longa data, os times brasileiros nos campeonatos que disputam apenas para satisfazer os deleites do "sócio" da Seleção Brasileira. Parece até piada, mas é a mais pura realidade.

O órgão regente do futebol, que deveria primar pela qualidade de jogo da seleção principal e que os campeonatos nacionais fossem valorizados no grau máximo, só deve cumprimento ao seu "sócio", que deposita algumas verdinhas todo mês nos cofres sabe-se lá de quem (na verdade sabe-se, mas se faz de conta que tudo não passa de um belo conto carochinha).

KRONA - Não gostaria de tocar nesse assunto, mas são ossos do ofício.

Não se pode deixar de parabenizar, até aqui, o trabalho que vem sendo realizado e as conquistas alcançadas, como a Taça Brasil no final do ano passado, a SuperLiga já neste ano. E chegar ao vice campeonato da Liga Futsal é um grande feito para qualquer time de futsal do país.

O fato é que Krona Futsal não é qualquer um. E o título da Liga Nacional de Futsal está atravessado (como se tivesse comido um peixe espinhoso e uma espinha bem aguda estivesse rasgando a sua garganta).

E, convenhamos, se você teve ousadia, determinação, vontade e capacidade para abrir uma vantagem de 4 gols, é obrigação de quem quer vencer manter no mesmo ritmo para atravessar o primeiro obstáculo.

Mas aí a cuca fraquejou, o psicológico de cada um já tinha processado que o tempo normal já estava no papo, agora já tinham alcançado a prorrogação. E quando a cabeça não ajuda, companheiro, não adianta que o corpo não obedece. É fato. Ou nunca ouviu falar que aquele que não age com a cabeça paga com o corpo? É a vida. O ser humano é regido pelo cérebro.

Bom, ainda tem muita disputa importante pela frente, até campeonato internacional. Que os jogadores estão irados consigo mesmos, isso nenhum jornalista precisa perguntar. E tampouco a advogada aqui. Mas a real é que a derrota deve ser digerida como mais uma etapa e continuar a caminhada com mais afinco do que nunca, pois, continuo dizendo, qualidade técnica o Krona tem de sobra e mostrou no primeiro tempo. Então vamos lá esfriar a moleira... e chuta que é gol.

Vem mais título por aí, boto fé.

NO CHUVEIRINHO - E o nosso JEC velho de guerra. Pois é... velho mas, parafraseando o amigo Gabriel Fronzi, "placar virgem". Ou seja, Joinville não saiu do zero com o Metropolitano em plena Arena pela terceira rodada da Copinha.

Acho que o Tricolor está precisando levar mais a sério a "Copinha", pois ela lhe garantirá o acesso direto a Copa do Brasil caso erga a taça. Do contrário irá depender de terceiros, o que não é naaaada bom.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

FIFA aprova tecnologia nos jogos

A bola entrou ou não entrou. Esse velho problema do futebol está com os dias contados. A FIFA finalmente decidiu introduzir a tecnologia para a análise da linha de gol, para que os árbitros possam saber se a bola entrou ou não. O filme explica como funciona essa tecnologia.