segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O JEC precisa da politicagem para sobreviver?

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Se há alguma coisa horrível no futebol, e que permeia praticamente todos os grandes clubes brasileiros, é a influência da política (a política suja, aquela da troca de favores, geralmente praticada pela maioria dos partidos políticos) nas mais diversas ações que envolvem a administração de uma equipe. Algumas destas relações podem ajudar, ou simplesmente arruinar com um planejamento e a imagem perante os torcedores.

O Joinville Esporte Clube sabe muito bem como a política é prejudicial. A torcida sabe mais ainda. Após as seguidas crises provocadas pelo rebaixamento em 2004, o então prefeito Marco Tebaldi, na ânsia de "ajudar", virou presidente do Conselho, começou a contratar técnicos em seu gabinete e participar de forma ativa nas dinâmicas do clube. O resultado foi uma queda maior ainda. O time ficou sem divisão e com o nome manchado após tentativas de comprar vagas em uma competição nacional.

Agora, mais recentemente, o presidente do JEC, Nereu Martinelli, envolve o prefeito Udo Dohler em negociações com a Caixa Econômica Federal para trazer um patrocínio da estatal ao clube, visando sanar as dívidas e ter dinheiro em caixa para contratar mais jogadores. Acontece que, para receber o patrocínio, a Caixa precisa receber a conta dos funcionários de algum órgão público. Por isso o prefeito foi chamado. A politicagem novamente ronda a Rua Inácio Bastos.

A manobra recentemente virou manchete nacional, através da ESPN Brasil, que corretamente questiona a dependência de nossos clubes para patrocínios de estatais (não é atitude exclusiva do JEC). Além do mais, é sabido que a família Martinelli é uma grande doadora da campanha de Udo, e faz pressão no prefeito para que ele participe das negociações, dando o aval fundamental para que o JEC receba o valor da Caixa. É o clássico problema das doações privadas para campanhas eleitorais: o apoio aparece, ao mesmo passo que espera uma retribuição depois da eleição.

O fato é que o JEC é muito maior que isso tudo. O clube está em uma cidade que tem torcedores fanáticos, parque industrial poderoso, e uma economia dinâmica, pouco vista no Brasil. Parece piada saber que depende de migalhas que a Caixa Econômica faz para se promover em cima de prefeituras e governos Brasil afora, lucrando com as contas de funcionários públicos, em uma vinculação no mínimo imoral. Achar que esta manobra política é solução para o clube é recair no mesmo erro de anos atrás, o que coloca em xeque a grande ascendência que o Joinville Esporte Clube conquistou após uma gestão séria assumir, dando fim a uma sequência que quase o fez chegar ao fundo do poço.

9 comentários:

  1. Embora eu aprecie suas publicações e seja participante ativo do blog, em protesto a atitude arbitrária de selecionar e apagar comentários, vinda de seu colega Felipe, eu não opinarei sobre o conteúdo desse texto. Se o blog é aberto para discussões, mesmo comentários que venham de encontro à ideia do autor, têm de ser respeitados e publicados. Para os comentários de baixo-calão que ofendam a honra de algum integrante especificamente ou denotem racismo ou preconceito (dentro das cláusulas da legislação vigente), existe uma identificação chamada “IP” que toda máquina tem e que pode interceptar o autor da postagem.

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  2. Um dia, lá em meus tempos de guri, dedicava algumas horas de minha vida ao futebol, hoje, após perder um pouco da ingenuidade, e perceber "a negociata" envolvida nas "tramas" futebolísticas, reservo-me em pequenas opiniões como esta, no intuito de lançar um alerta aos ingênuos de plantão. Inclusive, lamento que jovens cheios de energia, talento e longa vida pela frente, limitem-se a comentar e escrever somente sobre futebol, como se observa em nossa mídia local. Jovens! Ampliem seus horizontes.

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  3. Por mim,o JEC e nenhum time de futebol ganharia um centavo do dinheiro público.Futebol é só futebol.Nada mais que isso.

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  4. Baseado nestas informações, eu como funcionário público entrarei na Justiça se passarem minha conta para a Caixa sem prévio consentimento. E outra, como a Arena pode ser pública e tem como "dono" na prática um time privado? Ministério Público tá na hora de entrar em campo...

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    1. Amigo a PMJ já vende sua conta faz tempo, o ultimo comprador foi o BB. Esta pratica é comum em órgãos públicos, as empresas "vendem" as contas em troca de grandes benefícios dos bancos. Por lei você pode escolher outro banco para receber, mas vai levar uns dois dias a mais para receber.
      Você como funcionário publico deve ficar preocupado com isto "Além disso, o Ipreville, o Instituto de Previdência Social da prefeitura, tem um fundo de aproximadamente R$ 300 milhões com a CEF."

      Em todo o caso acho um absurdo negociar as contas dos servidores por patrocínio para o JEC. Na verdade é surreal isso.

      A Arena não tem dono, falta capacidade da PMJ para gerir a Arena, atraindo eventos para o espaço. Concordo que o JEC deveria participar mais da manutenção da mesma, visto que as ultimas maquiagens foram com dinheiro de times de fora(Figueirense, Atlético e Coritiba).

      Novamente faço a pergunta neste blog, qual foi ultima vez que viram o MP entrar em campo aqui em Joinville?

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    2. Exatamente, só acontece eventos pífios na Arena que não sejam jogos de futebol do tricolor. Mas o Jec contratou técnicos do Atlético-PR para tentar melhorar o gramado.

      Entretanto no esporte joinvillense nada acontece como deveria, por falta de patrocínio, por falta de incentivo da prefeitura, e tudo mais. Nossa equipe de vôlei masculina 2 anos depois de chegar na final da Super Liga teve que deixar de competir por falta de patrocínio. O Basquete teve que desistir do NBB deste ano por falta de patrocínio, e também por falta de incentivo da prefeitura que pouco disponibilizou o Cau Hansen na temporada passada e o time fez um campeonato abaixo do esperado. Enfim, há um enorme descaso com o nosso esporte tão amado. Espero que mude.

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  5. a política ajuda tb. não me consta que a arena tenha sido construída com recursos do clube...

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  6. Amigo Charles, a política está em tudo. Me espanta você, um sociólogo, dizer isso. Sempre foi assim e dificilmente vai mudar. Se souberes de um setor onde não tenha política envolvida, me avisa. Daí você vai dizer: "estou falando de política partidária, de politicagem". Desculpe, não conheço política que não seja partidária, que não tome partido, parte de alguém ou algum grupo interessado.

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