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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Como será o futuro de Joinville?


POR GUILHERME GASSENFERTH

Segundo reportagem veiculada na edição número 1.001 da Revista Exame, a região Norte-Nordeste de Santa Catarina será a que mais vai crescer no Brasil até 2025. Parece uma ótima notícia. Será mesmo?

É claro que é bom saber que vivemos em uma região economicamente promissora. Mas será que a região está estruturada para isso? Temos condições de suportar este crescimento sem perder a qualidade de vida? Joinville e região possuem pessoas qualificadas profissionalmente para os milhares de empregos que ainda se abrirão? Há universidades e cursos suficientes (em número e qualidade) para essas pessoas? Nossas cidades estão preparadas para receber o novo contingente de moradores que certamente aumentarão nossas estatísticas populacionais? Conseguiremos manter uma das maiores áreas de mata atlântica primária do Brasil?

Do ponto de vista da infraestrutura, é inútil dizer que o estado atual das coisas é muito aquém do que é razoável para uma região rica como a nossa. A BR-101 é nossa principal via de comunicação com as outras cidades. Com as dezenas de grandes empresas a instalarem-se em Araquari, Garuva e Barra Velha, a BR-101 continuará dando conta da demanda? Sobre a BR-280, sem comentários. 

Nosso aeroporto está ganhando seu ILS, mas como bem já disse o Charles Henrique aqui neste blog, que adianta estrutura se as empresas aéreas não colaboram com mais voos e em melhores horários? Nós temos condomínios, prédios e imóveis para nossos novos moradores? Não. As avenidas de Joinville (dá pra contar nos dedos de uma mão) suportarão o crescimento? Já estão saturadas, como poderão absorver mais carros?

Na questão da saúde, embora eu concorde que a manutenção de nossos hospitais e sua adequação para estarem funcionando a pleno vapor é prioridade, mas será que não cabe um hospital (estadual!) na Zona Sul? É preciso pensar em construir já para que quando Joinville esteja maior não precise correr atrás do prejuízo. Nossa saúde está muito mal e os medicamentos que prescrevemos já não fazem efeito.

E a cultura? Joinville tem só um teatro pra menos de 500 pessoas. É vergonhoso. E mesmo quando o novo teatro que a prefeitura anunciou estiver pronto, continuará a ser vergonhoso. Cinema só filmes comerciais. Os museus só estão atrativos para traças. Uma cidade como esta, riquíssima, ter apenas dois teatros, poucos cinemas e museus caindo aos pedaços. Nem Ionesco poderia ser tão trágico.

Será que nossas faculdades, universidades e cursos técnicos estão dando resposta ao que a sociedade e o mercado necessitam? À primeira, certamente não. Já falamos aqui sobre a deficiência de cursos na área de humanas. Felizmente, começam rumores (confirmados pelo diretor da UFSC Joinville) de que em breve iniciam estudos para a implantação de cursos de humanas no campus local. Antes tarde do que nunca!

Preocupa-me também a nossa condição insular. Sim, eu sei que geograficamente não somos uma ilha. Mas nossas cidades são como tal: não se relacionam, não pensam em conjunto, não planejam umas com as outras. Que adianta Joinville buscar atender suas necessidades e planejar um novo hospital pensando só em seus moradores e depois estar superlotado porque não se pensaram nas cidades vizinhas que também farão uso? A questão do transporte coletivo também é vergonhosa. Joinville precisa pensar na integração regional, é uma questão premente!

Diante deste quadro, só uma palavra me vem à mente: planejamento. Joinville e cidades da região têm que planejar como querem estar daqui a 10, 30, 50, 100 anos. E começar a por em prática as estratégias das quais lançarão mão para chegarem ao futuro como desejam.  Planejamento regionalizado, integrado, responsável, apartidário, efetivo, criativo.

Mas dentre todas as carências de nossa cidade, uma destaca-se na multidão: a ausência de cabeça. Nossas lideranças (de todos os aspectos) precisam usar a massa cinzenta para pensarem como tirar Joinville desta crise fiscal e fazer a região tornar-se não só a que mais cresce no Brasil, mas principalmente a que será a melhor do Brasil para todos! Com criatividade, inovação e trabalho, Joinville será de fato a melhor cidade para se viver no país!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Lula, o presidente papa-títulos


POR GUILHERME GASSENFERTH

Lendo alguns comentários do texto de ontem do Baço (Os licenciadozinhos contra o doutor Lula) resolvi parar tudo o que estava fazendo e escrever esta resposta. É difícil aos conservadores e obtusos compreender a diferença entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento da vida. E principalmente aceitar que o segundo é tão importante quanto o primeiro.

Ninguém é obrigado a gostar do Lula. Pode criticá-lo, pode fazer campanha para o adversário contrário (como eu fiz para o José Serra agora nas eleições de 2010), pode questionar vários atos de seu governo. Eu mesmo cansei das bobagens que o homem dizia, do apoio aos desvairados do Chavez e Moralez e à frouxidão com o Irã, dos casos de denúncias de corrupção no seio do governo, da falta de julgamento do mensalão, enfim, de tantos aspectos negativos da biografia política deste tão ilustre metalúrgico. Mas, brasileiro ou estrangeiro, petista ou tucano, doutor ou analfabeto, NINGUÉM pode tirar da biografia deste homem a ENORME contribuição que ele deu para o desenvolvimento do Brasil.

Bolsa Família não é ideia dele, mas foi o seu governo que levou dignidade e comida a milhões de brasileiros que até então viviam na extrema miséria. O Lula é considerado uma unanimidade em combate à pobreza no exterior. Ninguém no mundo inteiro fala em combate à pobreza sem mencionar Lula, Bolsa Família, Fome Zero. Gostem ou não, é assim. Já li um livro estrangeiro escrito por um Nobel da Paz que traz este tema como referência no assunto.

A economia do Brasil floresceu com a gestão Lula-Mantega. A política econômica desenvolvimentista aliada ao vertiginoso crescimento da classe média brasileira (graças a, inclusive, Bolsa Família) fez o Brasil passar a player da economia global e suportar a crise de 2008-2009, que realmente foi apenas uma marolinha.

Quero lembrar a todos que o título de doutor honoris causa é dado a pessoas eminentes que, independente de qualquer diploma, apresentaram grande contribuição a causas humanitárias ou à promoção da paz, por ações que transcendam famílias, pessoas ou instituições. Lula é, sem dúvida, um honoris causa na paz e no combate à pobreza.

Ele teve a decência de não aceitar ser condecorado como doutor honoris causa enquanto esteve no seu mandato, mas já tem este título por nove universidades brasileiras, pela renomada Universidade de Coimbra e é o primeiro latino-americano a receber o título pela prestigiada Fundação Sciences-Po, na França, que desde 1871 só o concedeu a 17 personalidades. Nunca antes na história da América Latina...

Lula também é Estadista Global do Fórum Econômico Mundial; Campeão Mundial na Luta Contra a Fome da ONU; Prêmio pela Paz Felix Houphouët-Boigny da UNESCO; medalhas, condecorações, títulos honoríficos e reconhecimentos em diversos países pelos cinco continentes.

Não me parece que a ONU, UNESCO ou Fórum Econômico Mundial tenham o hábito de bajular pessoas, muito menos brasileiras.

Aceitem ou não, podem chamá-lo de doutor honoris causa multiplex Lula. Título concedido a poucos brasileiros. Considerando que ele nasceu numa família paupérrima, veio de pau de arara, e mesmo sem estudar conseguiu alcançar tantas realizações, o mérito é ainda maior. E recomendo a quem não gostou que se cuide, pois a inveja pode lhe causar problemas no sistema digestivo.

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”, disse Aristóteles.

Vida longa ao Doutor Lula! Ele merece! Ele merece!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Bombeiros de Joinville e a defesa do indefensável


POR GUILHERME GASSENFERTH

Quando estava lendo a edição do último sábado de ANotícia, deparei-me com um artigo cujo título já me fez torcer o nariz: “A verdade sobre os bombeiros”, do oficial da PMSC Zelindro Farias. A epígrafe da missiva já se reveste de arrogância. É como se pedisse para esquecer tudo o que o jornal e seus leitores vem escrevendo a respeito dos bombeiros voluntários porque era tudo mentira, e agora alguém vem apresentar a verdade absoluta.

O Sr. Farias, provavelmente imbuído do sentimento corporativista característico dos militares, chama de falácia a afirmação do Jordi Castan de que os bombeiros militares custam quarenta vezes mais que os voluntários. Segundo o relatório de execução orçamentária de SC de 2011, parece que o Sr. Castan foi modesto. Enquanto os bombeiros militares custaram R$ 159,6 milhões aos cofres públicos estaduais, os bombeiros voluntários receberam repasses da ordem de R$ 1,5 milhões do governo do Estado. Nesta conta, os militares custaram 101 vezes mais ao Estado. É óbvio que há outros repasses públicos, das prefeituras e talvez até do governo federal, mas é muito óbvio: uma corporação onde a maior parte dos trabalhadores são voluntários vai custar muito menos que uma outra com pessoal concursado e recebendo para trabalhar.

Com algumas afirmações cujo raciocínio me parece obtuso, o Sr. Farias esforça-se para defender o indefensável. É favorável à exclusividade dos bombeiros militares na realização das vistorias preventivas nas empresas, o que o torna um opositor da possibilidade do trabalho voluntário nesta seara.

Conheço pouco a corporação de voluntários daqui. Mas posso afirmar que não há necessidade de que os militares atuem em Joinville. Primeiramente porque o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville é exemplar. Apresenta tempo de resposta melhor que o preconizado pelos padrões mundiais; é equipado adequadamente, possuindo até mesmo equipamentos mais avançados que muitas outras corporações; trabalha em conjunto com SAMU e Polícia Militar nos atendimentos a emergências; presta vistoria técnica preventiva sem nada cobrar dos contribuintes; e há 120 anos é um marco histórico do voluntariado, cidadania e participação civil em Joinville e em Santa Catarina.

A insistência que os bombeiros militares tem em buscar a exclusividade da realização de vistorias cheira-me a ambição financeira. É claro, imaginem quantas empresas a maior cidade do Estado e outras possuem onde os militares poderão faturar R$ 0,26 por metro quadrado de vistoria. Uma empresa como a Whirlpool, cuja planta tem mais de 1 milhão de m2 renderia aos bombeiros militares sozinha mais de R$ 260.000,00. Imaginem todas as empresas somadas. É dinheiro que não tem fim e justifica a gana por impedir a prestação deste serviço por bombeiros voluntários, que nada cobram.

Agora, se a intenção é nobre e os bombeiros militares querem é auxiliar no salvamento, socorro, combate a incêndio e resgates então eu sugiro que direcionem os esforços para as 177 cidades catarinenses onde não há nenhum tipo de bombeiros. Com certeza lá serão muito úteis e a comunidade os receberá bem.

Os joinvilenses estão satisfeitos com os Bombeiros Voluntários, entidade que tanto nos orgulha e protege há 120 anos. Agradecemos a gentileza, mas seus préstimos não são necessários por aqui.

* o autor participa do Curso de Formação de Bombeiros Voluntários do CBVJ.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar.


POR GUILHERME GASSENFERTH

Este texto foi originalmente escrito em 18 de maio de 2011. De lá para cá, os gays conseguiram o direito à união civil homoafetiva no STF, mas os direitos básicos (à vida, à dignidade, à tolerância) continuam desrespeitados. O PLC 122 não foi aprovado ainda. Portanto, o texto continua atual em sua defesa dos seres humanos.

O debate aqui pelos comentários está aberto! Participe. Todas as opiniões contrárias, desde que respeitosas, serão consideradas.

A imagem acima ainda o choca? É bom que leia este texto então.

O título do texto foi extraído da música Paula e Bebeto, de autoria de Caetano Veloso e Milton Nascimento.

Dia 17 de maio, é o Dia Internacional Contra a Homofobia, e neste ano, completar-se-ão 22 anos da retirada do "homossexualismo" da CID - Classificação Internacional de Doenças da OMS - Organização Mundial de Saúde. Há 22 anos a ciência reconhecia que não há doença, desvio ou disfunção no comportamento homossexual. A ciência já avançou, mas alguns homens continuam atrasados e retrógrados, tentando utilizar-se de textos escritos há mais de 3.500 anos como justificativa para suas conclusões.

No mesmo Dia Internacional Contra a Homofobia, o jornal Folha de S. Paulo, em seu editorial de 17 de maio de 2011, age ou com má fé ou com leviandade e levanta preocupação com o Projeto de Lei Complementar 122 (PLC 122), notadamente porque, segundo eles, o PLC 122 é um mecanismo que poderá ser usado para cercear a liberdade de expressão. Veja trechos do texto:
"A amplitude e a indefinição dos termos ergueria uma espada sobre qualquer discurso ou escrito que condene a homossexualidade. Poderia ser acusado de ‘induzir’ a discriminação e, em tese, levar à pena de reclusão por um a três anos, mais multa."

Sim! Qualquer discurso ou escrito que condene a homossexualidade tem que ser criminalizado. Alguém pode condenar o negro? Ou o judeu? Contra o gay também não deve poder.

Nós gays não escolhemos nascer assim. Quem em sã consciência ESCOLHERIA um caminho que lhe renderá uma vida com preconceito, discriminação, intolerância, dificuldades? Ninguém, em pleno uso de suas faculdades mentais ESCOLHE ser algo que lhe trará prejuízos e sofrimento.
Eu fui educado em boas escolas; tenho pai e mãe casados, que sempre me encheram de amor e carinho e que convivem harmoniosamente com toda a família, muito bem estruturada; não convivi quando criança com gays ou lésbicas; assisti aos mesmos desenhos que qualquer criança que hoje tem 26 anos assistiu; brincava na rua com os amigos; subi na árvore; nunca tive bonecas, mas sim carrinhos; sempre tirei boas notas na escola... e aí? Onde que o MEIO definiu que eu seria gay? Eu nasci assim. E tenho orgulho de ser assim.

Não tenho problema nenhum com heterossexuais, pelo contrário: devo minha existência à deles, e para mim eles são tão normais como eu. Nós gays amamos os heterossexuais e não criaremos uma “ditadura gay”. Jamais tentarei impor a algum heterossexual a "conversão" à homossexualidade, até porque isso não existe. A "conversão sexual" não existe e é um produto que mesmo no fim do século XX já era rechaçado.

Então, se eu nasci gay, se eu naturalmente sou assim, quem poderá acusar-me de estar errado? Se a homossexualidade é encontrada mesmo entre os animais, como não poderá ser algo natural?

O texto da Folha prossegue: “Parlamentares evangélicos temem que o projeto, se aprovado, venha criminalizar a pregação contra os gays. A relatora, contudo, propôs como única modificação ao texto da Câmara que seja aberta exceção para "a manifestação pacífica de pensamento decorrente de atos de fé".

Desculpe-me a Senadora Marta Suplicy, mas nem essa exceção deveria haver. Pregação contra os gays deve ser também crime! A ausência de pregação contra os gays não implica em aceitação da homossexualidade, mas simplesmente como um processo de tolerância,como o próprio Cristo ensinara. Ninguém quer obrigá-los a gostar de nós, apenas a nos tolerar e respeitar.

E afinal, quem tem direito de pregar contra mim? “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra”. (João, 8:7). A história das igrejas não é imaculada, pelo contrário!

Ainda a Folha, em seu texto: “E se alguém se manifestar pacificamente contra homossexuais, mas não por motivos religiosos? Poderá ser preso, censurado?”.Evidentemente, deverá ser preso e censurado. Volto a comparar (afinal, será a mesma lei): alguém pode manifestar-se pacificamente contra os negros? Contra as mulheres? Não. E com a inclusão de idosos, deficientes e gays, nem estes grupos poderão ser alvo de manifestação “pacífica” contra. Pacífica entre aspas, pois não consigo enxergar como a manifestação contra uma minoria possa estar relacionada à palavra paz. Paz é a favor, não contra.

Aos religiosos das diversas denominações, tolero-os e respeito-os todos, e os amo como irmãos que somos em Cristo. E falando Nele... contou-nos Mateus, no capítulo 22, versículos 37 a 40: "Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." E veja-nos o que ensinou-nos a Bíblia em I João 4:11 "Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros." É  amor ao próximo essa peregrinação anti-gay que alguns líderes religiosos apregoam?

Continua o editorial: “A criminalização da homofobia resulta de um impulso nobre, que objetiva proteger pessoas discriminadas pelo que fazem em sua vida privada. Não pode, porém, servir para cercear liberdades que fundamentam a própria convivência civilizada e democrática.”. Meus caros editores, mesmo a liberdade precisa possuir limites. Não é porque somos livres que eu tenho o direito de fazer o que eu bem entender. Não posso pegar uma arma e atirar em alguém. Da mesma forma, a discriminação contra gays deve ser criminalizada.

Vamos à nossa Constituição Federal de 1988, que já em seu preâmbulo afirma: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

Vamos adiante, na nossa Constituição Cidadã: “Art. 1º: A República Federativa do Brasil [...] tem como fundamentos: [...] II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana”.

“Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] IV – promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

E, por fim: “Art. 5º: Todos são iguais perante a lei. [...] III – Ninguém será submetido a tortura ou a tratamento desumano ou degradante”.

Um conhecido afirmou: se um evangélico não quiser alugar uma edícula no fundo de sua casa para um gay, ele tem que ter esse direito. Peraí! E o gay pode ser humilhado porque o evangélico (no exemplo citado) não quer lhe alugar? Se isso não é submeter o gay a tratamento desumano, não sei o que é.

Citamos alguns dos principais trechos de nossa Carta Magna. O PLC 122 é isso. É um projeto de lei que reforça o que a Constituição já prevê. Por que não aprová-lo? Nós estamos falando de dignidade, cidadania, discriminação, preconceito, de uma SOCIEDADE FRATERNA, PLURALISTA E SEM PRECONCEITOS.

O PLC 122 quer criminalizar a discriminação dos não-heterossexuais assim como a Lei 7.716/1989 criminaliza a discriminação arbitrária por cor de pele, etnia, origem nacional e religião. O PLC quer incluir orientação sexual, idosos e deficientes na mesma lógica. Nesta proposta, se um gay resolver agredir um heterossexual ele sofrerá a mesma pena que se o inverso tivesse acontecido.

Nossos direitos não tiram os direitos dos outros. Quanto mais seres humanos tiverem direitos civis assegurados, mais pleno será o estado democrático que se busca em nosso ideário republicano.

Para finalizar o raciocínio: o Grupo Gay da Bahia (GGB) denunciou 266 assassinatos motivados por violência homofóbica só em 2011. Alguém pode dizer que a homofobia não existe ou que ela é inofensiva? 266 pessoas perderam suas vidas porque eram gays, lésbicas, travestis ou transexuais. O Brasil é o campeão mundial de assassinatos homofóbicos. E isso, puritanos e moralistas, é certo? Cadê o berreiro? “Não matarás”, diz o decálogo de Moisés. Mas não é o que os homofóbicos assassinos observaram na hora de materializar seu ódio e seu destempero mental contra um homossexual. Vale dizer ainda que o número de homicídios homofóbicos está numa preocupante progressão: nos três primeiros meses de 2012 o número dobrou em relação a 2011. Mas não esmoreceremos em nossa luta!

Tiradentes foi insurrecto por defender a redução da carga tributária. Gandhi levantou-se contra a opressão da metrópole inglesa imposta á Índia. Martin Luther King fez seu discurso ecoar em 1968 e ajudou a estabelecer direitos civis aos negros norte-americanos. Mandela fez uma revolução pacífica e ajudou a acabar com a segregação oficial que existiu até há pouco tempo na África do Sul. Brasileiros, heteros e não-heteros, é chegado o momento. Agora é a nossa vez de buscarmos pacificamente (mas com firmeza) nossos direitos, de procurarmos nossa inserção social, de lutarmos contra a homofobia, e de batalharmos pelo direito de amar a quem quisermos! Vamos em frente, em nome do amor!

“E a gente vai à luta, e conhece a dor, consideramos justa toda forma de amor”. Lulu Santos

Quem quiser obter mais informações, sugiro o site www.plc122.com.br - atualizado e cheio de informações valiosas.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

2012 será a eleição do látex

POR GUILHERME GASSENFERTH

O látex é a secreção esbranquiçada produzida por algumas plantas, notadamente a seringueira, que dá origem à fabricação da borracha. Na virada do século XIX para o século XX, o produto foi tão importante que resultou em investimentos importantes na região amazônica, como o símbolo da riqueza do ciclo da borracha, o Theatro Amazonas, ou ainda a compra do Acre da Bolívia (este último foi um dos mais caros investimentos nacionais, pois a única coisa que resultou até hoje foi o Acre). A partir do látex, é possível produzir variados produtos, como o pneu, as luvas descartáveis, a borracha escolar e a camisinha.

Trazendo o texto para o título, é possível afirmar que a cada ano mais o que se vê são as diferenças históricas apagadas. Na última segunda li que em Porto Alegre a candidata Manuela d’Ávila, do Partido Comunista do Brasil, marxista-leninista, será apoiada pelo PSD, o expoente da neosemvergonhice que tomou conta dos partidos brasileiros. Oras, como pode isto? Um partido comunista, de esquerda, que há 30 anos estava empunhando armas contra a ditadura militar cujos líderes agora o respaldam? O PSD é filho do PP e do Democratas (cof!), este último a derivação do PFL, o símbolo máximo da direita liberal brasileira! Passaram a borracha na história. Em Curitiba, o PT vai apoiar o ex-tucano e agora trabalhista Gustavo Fruet. Passaram a borracha na história. Bem, quando se vê a ex-guerrilheira Dilma e outros petistas curvarem-se aos conservadores direitistas evangélicos em nome da governabilidade, nada mais se deve esperar. Passaram a borracha na história.

As esquisitices ocorrem também em Santa Catarina. Em 2002, Luiz Henrique, protagonizou o enterro da lucidez ideológica ao apoiar Serra no primeiro turno e Lula no segundo. Passou a borracha na história. Quatro anos depois, o PMDB, único opositor legal ao regime militar, aliou-se aos ex-inimigos para vencer as eleições estaduais. Ver Luiz Henrique da Silveira de mãos dadas com Jorge Bornhausen causou náuseas em muita gente. E a aliança outrora inacreditável prossegue até hoje. Passaram a borracha na história.

Trazendo a discussão pra nossa cidade, o bizarro show de incoerência também tem lugar. Em Joinville, o PT é aliado do PP, o conservador Partido Progressista (cof!), e tem seu vice no PR, filho de pais extremamente direitistas: PL e PRONA. Passaram a borracha na história. O social-democrata PSDB (cof!) do prefeiturável Tebaldi busca no socialista PPS (cof!) seu vice. Passaram a borracha na história.

Na última eleição à presidência da Câmara de Vereadores, o show de horrores foi tão intenso que após passarem a borracha na história ainda a tacaram na cara do eleitor. Juntos, DEM, PDT, PPS, PMDB e PT. A prefeitura respaldou seu maior crítico na Câmara, e o marxista Adilson Mariano ganhou voto da liberal Dalila Leal, que apesar do nome foi infiel aos princípios ideológicos do seu partido. Passaram a borracha na história.

Até a população conscientizar-se do seu poder e resolver mobilizar-se para dar um basta nestas histórias tristes, seja na urna ou seja nas ruas, o espetáculo funesto tende a prosseguir.

Minha maior preocupação com estas composições exóticas é ter nenhuma boa opção para sentar-se no principal gabinete à Hermann Lepper, 10. E sem boas opções para escolher, qualquer candidato eleito será maléfico à cidade. E aí, com um iminente apagão de gestão, passaremos a borracha em (mais) 4 anos da nossa história. 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Floripa é melhor que Joinville

POR GUILHERME GASSENFERTH

“A minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”. Este trecho do famoso poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, serve para ilustrar o sentimento em relação à diferença da atenção dada pelo Governo Estadual (o atual e todos os seus antecessores) a Joinville e Florianópolis. Não só pelas palmeiras imperiais que são um símbolo inconfundível de nossa bela cidade, mas pelas aves. Elas representam nossos políticos. Nossa representatividade é pequena e nossos deputados gorjeiam muito pouco. Só isto pode explicar a disparidade do tratamento dado a Floripa e a Joinville.

Analisei a execução orçamentária do Estado de 2011 em todos os recursos específicos onde constavam o nome “Florianópolis” e o nome “Joinville”. Joinville teve investimentos diretos da ordem de R$ 28.266.642,84. E a capital, R$ 59.402.058,36. Joinville recebeu 47,58% do que recebeu Floripa. Não é nem a metade.

Na área da cultura, o Governo do Estado esforçou-se para aprovar no Ministério da Cultura o projeto para captar recursos via Lei Rouanet para a reforma da Ponte Hercílio Luz. Pediram R$ 76,8 milhões, mas ganharam autorização para captar apenas R$ 64,5 milhões. Vejam que eu sou favorável à reforma, é um símbolo de todo o estado. O que me irrita é não ver a mesma disposição em ajudar Joinville. Que fração deste valor seria suficiente para reformar nossos museus da Bicicleta, de Arte, Fritz Alt e do Sambaqui, além da Biblioteca Municipal e da Casa da Cultura? 10%? 5%? 1%? E não vem NADA.

Vamos à área da saúde: em Florianópolis, o Governo do Estado mantém o Hospital Celso Ramos, o Hospital Infantil Joana de Gusmão, o Hospital Nereu Ramos, a Maternidade Carmela Dutra, o Hospital Florianópolis, o Instituto de Cardiologia e o Instituto de Psiquiatria. São sete hospitais. Em Joinville, o Regional, o Infantil e a Maternidade Darcy Vargas. São três.

Na educação: a UDESC em Florianópolis tem 21 cursos. Em Joinville, 9. Como o número de escolas públicas não está muito acessível, não vou pesquisar a fundo. Mas estou certo de que se encontrar, não me surpreenderei se o número de escolas públicas estaduais na capital for muito maior do que em Joinville.

No que diz respeito à segurança pública, em Florianópolis há 12 delegacias e 3 subdelegacias da Polícia Civil. Em Joinville, há 9 delegacias. Em 2007, Floripa tinha 1,1 mil policiais militares e em 2011 nossa Joinville tinha 600. Lá, os bombeiros são militares e custeados pelo Estado. Aqui, são voluntários.

Mas está na infraestrutura viária a maior disparidade. O governo do Estado acaba de entregar a duplicação da SC-401, que faz a ligação da Trindade com as praias do Norte. Além disso, há outras 6 rodovias estaduais dentro de Florianópolis. Há vários elevados e viadutos com investimento do Governo do Estado. Em Floripa, o governo estadual investiu 250 mil em projetos para analisar viabilidade de implantar metrô de superfície. Havia dinheiro reservado para estes estudos em Joinville, mas o governo não executou. E agora estão estudando construir a quarta ponte, com investimentos da ordem de 1 bilhão de reais. Então o Estado faz rodovias, duplicações, pontes bilionárias, elevados e viadutos em Floripa, mas em Joinville não consegue duplicar uma rua?

Sei que Floripa é a capital, que a geografia local é muito diferente, que há várias situações que influenciam esta absurda disparidade entre a maior cidade e economia do Estado e a capital. Mas diferença é uma coisa, pouco caso é outra. Para Floripa tudo e pra Joinville nada? Florianópolis é melhor que Joinville?

É urgente que aumentemos a representatividade de Joinville, não só em quantidade, mas principalmente em qualidade. Joinville tem dois senadores (talvez a única cidade do Brasil a ter dois senadores exercendo o cargo),um deputado federal e três deputados estaduais. E as coisas continuam na mesma toada triste. Nosso prefeito se diz amigo de Lula e parceiro da Dilma, mas a cidade continua à míngua também de recursos do Governo Federal. Nossos representantes têm que gorjear mais.

Não acho que Floripa mereça menos. Mas Joinville merece MUITO MAIS.

Mas a culpa principal é nossa. Antes de acusarmos os políticos, não nos esqueçamos de que jabuti não sobe em árvore. Se eles estão lá, é porque nós os colocamos ali. E caberá a nós tirá-los.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A rainha da Inglaterra é mais barata que os deputados catarinenses

POR GUILHERME GASSENFERTH

Em sua viagem para Madri, o deputado Kennedy Nunes mostrou pelo Twitter uma foto de um protesto anti-monarquia. Segundo o deputado, os manifestantes reclamavam que a monarquia custava cerca de 500 milhões de euros por ano. Em seguida, um “twitteiro” me alertou: quanto custará a Assembleia Legislativa?

É claro que eu sei que uma coisa não tem nada a ver com a outra. As funções são diferentes, o tamanho da população é bem distinto, a economia é muito distinta (PIB catarinense de US$ 70 bilhões contra US$ 1.536 bilhões lá), mas principalmente porque a cultura é totalmente diferente. Comparar Europa e Brasil é esquisito.

Mas achei interessante. Quanto custaria a nossa Assembleia Legislativa? 500 milhões de euros é pouco ou muito perto de nossa Assembleia? Resolvi pesquisar, achando que a coroa espanhola custaria muito mais que nossa Assembleia. Parece que me enganei.

Primeiramente, em nenhum lugar encontrei informações precisas sobre o custo da monarquia espanhola, mas todas elas remetiam a custos inferiores a dez milhões de euros por ano, o que significa dizer menos de 25 milhões de reais. Repito, por ano. Mas também encontrei uma notícia interessante e que é praticamente impossível de ser estampada em manchetes tupiniquins. O rei Juan Carlos solicitou ao primeiro-ministro que a verba repassada à Coroa fosse diminuída. E aí, leitor, já viu algo semelhante ocorrer no Brasil? Quantas vezes vemos algum político pedir diminuição do salário?

Pesquisando sobre monarcas, recebi a informação de que a monarquia britânica era a mais custosa da Europa. Podemos imaginar. O Reino Unido é uma potência econômica mundial, u ex-império global, com uma monarquia cujo luxo não é novidade para ninguém. Informações oficiais mostram expensas de cerca de 40 milhões de libras esterlinas por ano – aproximadamente 116 milhões de reais. Um grupo anti-monarquista chamado Republic diz que as despesas com a manutenção da monarquia (e todos os seus luxos) custa aos british taxpayers entre 390 a 540 milhões de reais ao ano. Considerando que o autor destes cálculos esforçou-se para supervalorizá-los, podemos considerar que a coroa britânica – a mais cara da Europa – custe no máximo um valor como este.

E a nossa Assembleia Legislativa? Segundo as informações da execução orçamentária de Santa Catarina, os recursos executados pela ALESC em 2011 foram da ordem de 346,5 milhões de reais. O triplo das despesas oficiais (sem gastos com segurança) da monarquia sediada no Palácio de Buckingham e um pouco menos que as extra-oficiais. Mas a nossa Assembleia Legislativa é MUITO mais cara que a Coroa espanhola, no mínimo 13 vezes mais cara.

A chefe de Estado da Inglaterra, Canadá, Austrália, Irlanda, Escócia e outros 11 países, custa no máximo 540 milhões de reais. Cerca de 9 reais por britânico (considerando só os habitantes do Reino Unido), ou ainda 4 reais por habitante de um país que reconhece Elizabeth II como sua chefe de Estado. Reitero que estou usando os valores máximos, mas que podem ser bem menores.

Já os 40 deputados catarinenses custam para nós, contribuintes, 55 reais por ano. 6 vezes menos que a luxuosa Rainha Elizabeth II custa aos britânicos para servir-lhes como soberana e chefe de Estado. São quarenta reizinhos com seus iPads novinhos e diárias de R$ 670 pra viagens pra própria residência.

Outra diferença substancial está nos índices de aprovação. Lá, mais de 70% dos britânicos gostam da rainha e desejam que ela continue como sua soberana. Aqui não encontrei estatísticas oficiais, mas faça você mesmo a pesquisa: pergunte a 100 amigos seus – você gosta da atuação de nossos deputados estaduais e deseja que eles continuem lá? Pronto. Sugiro contar as respostas positivas, dará bem menos trabalho.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O consumidor prefere produtos sustentáveis?

POR GUILHERME GASSENFERTH

Nesta semana a revista Época Negócios divulgou uma notícia que me encheu de alegria. A reportagem informa que 74% dos brasileiros estão dispostos a comprar produtos de empresas com ações e programas de sustentabilidade, segundo uma pesquisa produzida pela Nielsen e enviada em exclusividade àquela revista. O levantamento foi feito pela internet em 2011, com 28 mil consumidores de vários países.

Esta informação traz à tona diversos pensamentos, sobre o assunto e sobre a metodologia utilizada.

A pesquisa foi feita pela internet. Assim, um pequeno estrato da população brasileira foi analisado. É claro que a maior parte dos brasileiros hoje tem acesso à internet, mas uma parcela significativa só acessa e-mail ou redes sociais. Parece-me que esta pesquisa foi feita justamente entre um grupo mais bem informado e, provavelmente, mais consciente.  Isto não invalida a pesquisa, mas reduz a possibilidade de analisarmos o comportamento “do consumidor brasileiro” como um todo. Em verdade, estaremos analisando o comportamento apenas do “consumidor brasileiro com amplo acesso à internet e que a utiliza para obter informações”. Tal distinção afunila bastante a fatia de brasileiros em questão.

Outras duas perguntas deixadas de lado na pesquisa (ou na cobertura da reportagem) referem-se ao comportamento do consumidor. “Você está disposto a pagar um preço um pouco maior para adquirir produtos de empresas com programas sustentáveis?” Empresas que não se preocupam com o consumidor, a sociedade e o meio-ambiente geralmente conseguem produzir com custos reduzidos, e seus produtos acabam por custar menos para o comprador final.

Outro questionamento: “Você pesquisa os programas, projetos e ações das empresas em sustentabilidade e responsabilidade social?” Se três quartos dos consumidores estão dispostos a comprar produtos com o apelo da sustentabilidade mas não pesquisarem a veracidade das informações dos rótulos, o risco de serem enganados é grande. Há um crescente índice de empresas descambando para o “greenwashing”, ou seja, o verniz verde, que consiste em dar uma roupagem ecológica ou socialmente justa a um produto ou serviço, mas que fica só na cara do produto.

No entanto, declaro-me satisfeito e feliz. 74% é um bom índice, embora menor que a média latino-americana. Representa que as empresas devem adequar sua gestão à observância de conceitos como sustentabilidade e responsabilidade social. É uma questão de competitividade e precisa começar a ser pensada desde já. Chegará um tempo que os 74% responderão sim às duas perguntas propostas nos parágrafos anteriores e quem estiver preparado lucrará.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Falta cidade para tanta SDR!

POR GUILHERME GASSENFERTH 

Vocês já ouviram falar de cidades como São Lourenço do Oeste, Seara, Quilombo, Palmitos, Maravilha,Taió, Ituporanga, Itapiranga, Dionísio Cerqueira e Ibirama? Algumas delas tenho certeza que já sim e de algumas outras creio que não. Agora vou apertá-los mais um pouco: sabem dizer em que região do Estado estes municípios se encontram? Podem dar apenas uma característica de cada uma destas cidades?

Eu vou ajudá-los: todas elas são sedes de Secretarias de Desenvolvimento Regional, as SDRs. Sim, em cada uma há uma secretaria de Estado, com direito a Secretário, sede, funcionários públicos, orçamento e tudo o mais que as SDRs tem direito. Algum motivo há de haver. Presumo: ou há população expressiva, ou economia importante, ou distância geográfica de outras regionais. Vamos analisar?

1. Todas estas cidades tem população menor que 22.300 habitantes. Isto significa que qualquer um dos cinco bairros mais populosos de Joinville (Aventureiro, Paranaguamirim, Costa e Silva, Jardim Iririú e Iririú) possui, cada um, mais habitantes que qualquer das cidades supracitadas. A maior cidade dentre estas 10 é Ituporanga, com 22.255 habitantes (a 53º em população em SC). Então, descartamos a ideia de população.

2. Nenhuma delas está entre as 36 maiores cidades em economia no Estado (são 36 as SDRs). O maior PIB dentre estas cidades é o de Seara, com R$ 578,9 milhões, em 2009, o que a deixa na 37ª colocação entre os PIBs municipais de SC. Somados, os PIBs destes municípios chegam a R$ 3,7 bilhões, 28% do PIB de Joinville. Economia importante não parece ser o caso.

3. Só resta distância geográfica de outras SDRs. Será? São Lourenço do Oeste é a cidade mais distante de outra SDR (excluindo-se as 10 analisadas). São 108km por estrada até Chapecó ou 110km a São Miguel do Oeste. Mas São Lourenço do Oeste está na divisa com o PR e não pode ser considerada um centro regional. A segunda cidade mais distante, Itapiranga, está a 69km de São Miguel do Oeste. Há absurdos como Ituporanga, a 27,5km de Rio do Sul, ou Ibirama, a 33,3 km da mesma cidade. Então, não estamos falando de distâncias geográficas.

Deste modo, a menos que algum iluminado leitor conheça outra alternativa, parece-me que a razão de cidades como estas 10 que citei receberem uma SDR é só uma: politicagem. Faltava espaço para nomear cargos de confiança no Governo do Estado e Luiz Henrique teve a ombridade e generosidade de distribuir mais cargos para seus amiguinhos em novas SDRs.

Sou amplamente favorável à descentralização e saúdo o Senador LHS em sua luta pelo novo Pacto Federativo e pela implantação do conceito de descentralização administrativa. Excetuando-se aspectos político partidários, para que se descentralizou? Para se diminuir a responsabilidade de Florianópolis ser centro decisório de obras e reivindicações que ocorrem a centenas de quilômetros dali; para levar desenvolvimento a regiões com menor IDH no Estado; para possibilitar aos municípios e cidades da região mais participação e transparência na aplicação dos recursos.

As regiões de menor IDH do Estado concentram-se no Meio Oeste, na região de Curitibanos e Caçador (por isso que entendo que transferir a capital de SC para Curitibanos não seria de todo má ideia, mas isso é papo pra outro post). Ali, deve se pensar em fortalecer as SDRs.

Minhas sugestões de sede para as SDRs são: São Miguel do Oeste e Maravilha (extremo-oeste), Xanxerê (oeste), Joaçaba, Caçador e Curitibanos (meio-oeste), Lages (Planalto Sul), Major Vieira ou Papanduva (Planalto Norte), Rio do Sul (Alto Vale do Itajaí), Guaramirim ou Araquari (Nordeste), Timbó (Médio Vale do Itajaí), Navegantes ou Camboriú (Litoral Norte), Palhoça (Grande Florianópolis), Braço do Norte ou Urussanga (Sul), Araranguá (Extremo-Sul).

São 15 regionais nesta proposta, respeitando critérios geográficos; instalando mais SDRs onde há mais municípios que precisam de desenvolvimento (extremo-oeste e meio-oeste); e utilizando-se de municípios menores (com exceção de Lages e Rio do Sul por questões rodoviárias) para levar mais desenvolvimento.

Menos regionais significa menos secretários, menos cargos de confiança, menos funcionários fazendo a mesma coisa – há diferença entre 36 serventes de cafezinho e 15 serventes de cafezinho, num exemplo banal, menos aluguel, menos telefone, menos tudo. E mais eficiência com o dinheiro que nós pagamos.

LISTA DAS SDRs (clique sobre o mapa no início do texto para ampliá-lo):

01ª São Miguel do Oeste19ª Laguna
02ª Maravilha20ª Tubarão
03ª São Lourenço do Oeste21ª Criciúma
04ª Chapecó22ª Araranguá
05ª Xanxerê23ª Joinville
06ª Concórdia24ª Jaraguá do Sul
07ª Joaçaba25ª Mafra
08ª Campos Novos26ª Canoinhas
09ª Videira27ª Lages
10ª Caçador28ª São Joaquim
11ª Curitibanos29ª Palmitos
12ª Rio do Sul30ª Dionísio Cerqueira
13ª Ituporanga31ª Itapiranga
14ª Ibirama32ª Quilombo
15ª Blumenau33ª Seara
16ª Brusque34ª Taió
17ª Itajaí35ª Timbó
18ª Grande Florianópolis36ª Braço do Norte

quarta-feira, 7 de março de 2012

A educação de Santa Catarina pede socorro!

POR GUILHERME GASSENFERTH

Carlos Gouvêa* tem 16 anos e é surdo. Ele sonha em ser designer e é um aluno aplicado, tanto que aos 16 já está no 3º ano do Ensino Médio. Mas ocorre que infelizmente ele não está frequentando a escola porque o Governo do Estado de Santa Catarina não provê atendimento à sua necessidade mais básica e garantida por lei: os professores não falam sua língua. Não há intérpretes da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Para Carlos, não faz sentido deslocar-se todos os dias até a escola Celso Ramos sem que possa entender o que está sendo comunicado. Ele quer estudar, mas o Estado não quer vê-lo em sala de aula.

A Lei prevê intérpretes onde houver surdos, mas o Estado de Santa Catarina não está respeitando isto. Pessoalmente, eu telefonei para a GERED nesta terça-feira e perguntei sobre esta situação. A funcionária diz que não há profissionais capacitados. Será mesmo assim? Por questões óbvias não divulgarei o nome, mas há uma profissional capacitada, habilitada, que já foi intérprete no Estado e não está em sala de aula, não está ganhando salário desde o fim de 2011 e não foi chamada até agora porque “não há vagas”. Falta orçamento ou vergonha na cara?

Carlos não ficou surdo no fim de 2011. Ele é e sempre foi surdo. E a GERED já sabia, em 2011 e em qualquer outro ano, que deve contratar intérpretes de LIBRAS todo início de ano. Por que não se preparou para isto no fim do ano passado? Por que não reservou orçamento? Por que não treinou mais professores para serem bilíngues e poderem ensinar em Libras e em português ao mesmo tempo? Faltou planejamento ou vontade?

Mas Carlos não é o único estudante que sofre com a incompetência e inércia da Secretaria de Educação de Santa Catarina, comandada até semana passada pelo pré-candidato a prefeito de Joinville, Marco Tebaldi, e atualmente por Eduardo Deschamps.

Outras situações fazem a educação de Santa Catarina clamar por socorro e fazem nosso belo Estado passar vergonha nacional.

Em 2012, os estudantes da rede estadual de ensino não receberão uniformes. O motivo alegado por Tebaldi é que o dinheiro que até então ia para os uniformes servirá para pagar as despesas das conquistas dos professores após a greve de 2011. Parece querer colocar a sociedade contra os professores, que são os menores culpados de tudo. Muito bem, Sr. Tebaldi. Sugiro que aproveitem e cortem também os livros!

Em Joinville, o Estado tem enfrentado fechamentos de escolas por problemas de estrutura, em ações promovidas pela Vigilância Sanitária. As Escolas Francisco Eberhardt, Maria Amin Ghanem e Plácido Olímpio de Oliveira ainda estão fechadas. Para os 1.900 estudantes destas escolas, não há uniformes, nem salas de aula e nem intérpretes, se houver alunos surdos. Como é que a Secretaria de Educação ia saber que as escolas precisavam de reformas? Foram só 14 escolas notificadas em 2011, dentre 43. E os problemas nem são tão graves assim! Banheiros sem portas, lâmpadas queimadas, telhado abaulado, infiltrações... e as goteiras nas salas de aula? Tudo bem, quase não chove em Joinville.

Já se sabe que sem educação, todos os indicadores sociais ou econômicos pioram. E SC, que poderia ser mais uma vez uma honrosa exceção nos maus índices socioeconômicos nacionais, destaca-se negativamente na educação. O governador Colombo dá tanta atenção ao professor que foi até Brasília defender que o Piso Nacional do Magistério fosse alterado... pra baixo! Enquanto o Governo Federal estipulou o piso no já vergonhoso valor de R$ 1.451, Colombo faz lobby pra que o valor baixe para subsaarianos R$ 1.264,15.

Mas há uma explicação. Como é que Santa Catarina vai poder bancar este exagerado salário aos professores, quando há 36 secretários regionais e seus respectivos cabideiros para sustentar, em cidades tão expressivas como Quilombo, Seara ou Palmitos?

Vocês conhecem a expressão “sentir vergonha alheia”? O engenheiro-sanitarista Marco Tebaldi administrou a Secretaria de Educação de SC até semana passada e agora surge como virtual pré-candidato a prefeito em Joinville. Preciso dizer algo?

Além de Carlos Gouvêa, os demais estudantes surdos e sem intérprete, os que ficaram sem uniformes, os que estão sem aulas e os professores que assistem à batalha de Colombo pela redução de seus salários agradecem imensamente a Marco Tebaldi e Raimundo Colombo pelos presentes que deram a Joinville neste dia 9 de março. Viva Joinville!

*Carlos Gouvêa é o nome fictício de um rapaz que eu conheço e está buscando alguma alternativa para levar adiante seu sonho de estudar e ir para a faculdade.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Os novos candidatos de Joinville

POR GUILHERME GASSENFERTH

Muitos eleitores clamam por “renovação”. Em política, isto parece ter duas distintas encarnações: quem nunca governou; ou quem nunca foi político. Melhor pro conceito se o candidato possuir as duas.

A princípio, parece acertado dizer que os pré-candidatos que ora postulam a sentar no principal gabinete da Rua Hermann August Lepper, 10, são: Carlito, Tebaldi, Udo Döhler, Darci de Matos, Kennedy Nunes, Xuxo, Rodrigo Coelho e Leonel Camasão. Ora, em Joinville, quatro dos candidatos supracitados podem se enquadrar nos dois critérios: Dr. Xuxo, Udo, Leonel Camasão e Rodrigo Coelho. 

O médico Dr. Xuxo é evidentemente envolvido com saúde, e seu trabalho à frente da Fundação Pró-Rim é referência nacional. Estão agora para construir um grande hospital na Zona Leste (junto ao atual), o que poderá dar-lhe alguns votos. Contudo, é figura conhecida das campanhas eleitorais, e certamente não será visto como opção para renovação, além de ser irmão do José Carlos Vieira, conhecido de longa data da política municipal.

Já Udo Döhler nunca disputou nenhum tipo de eleição pública e nunca governou . Udo representa indubitavelmente um anseio claro da população: um gestor mais técnico e menos político. Udo, formado em direito, esteve à frente de uma empresa exitosa e que por alguns anos (não sei hoje) possuiu folga de recursos - o que é absolutamente desejável também para os cofres públicos. Também reúne outras qualidades que o credenciam a ser testado nas urnas, como seu envolvimento comunitário e associativo: presidente da mantenedora do Hospital Dona Helena, cônsul honorário da Alemanha, presidente da ACIJ, FACISC, Sindicato das Indústrias Têxteis e vice da FIESC.

No entanto, Udo é afillhado político de Luiz Henrique da Silveira. Isto já lhe garante alguns votos, além de sábios conselhos eleitorais de alguém que é provavelmente o maior político do Estado. Mas, junto com o fato de ser do PMDB, faz retirar de sua candidatura qualquer insígnia de renovação pela qual poderia clamar, além de fazer vir à tona o cansaço e ressentimento que muitos joinvilenses sentem pelo Senador. Por fim, como Udo conseguiria conciliar um perfil técnico com a necessária política à frente da Prefeitura? O Baço já escreveu sobre isso no Chuva Ácida.

Sobram Leonel Camasão e Rodrigo Coelho. O primeiro, jornalista, filiado ao PSOL, foi candidato a deputado federal em 2010 e recebeu votação muito pequena, que pode ser atribuída ao excesso de candidatos da região, à sua inexpressividade eleitoral de então, à pouca idade e ao partido, não só novo, mas de esquerda convicta e defesa do socialismo, o que afugenta muitos votos. Certamente receberá muito mais que seus mil votos do pleito passado, mas segue a questão partidária. O PSOL ainda não é um partido muito estruturado em Joinville, tem uma nominata fraca à Câmara e, mesmo que o eleitor tenha simpatia por Leonel, dificilmente o enxergará como opção plausível a assumir a Prefeitura. Muito menos se aliar-se ao PSTU, como vem sendo aventado. As campanhas do PSTU são alvo de chacota, naturalmente, para um partido que usa como bordão “Contra burguês, vote 16”. O PSOL receberá votos de socialistas, de esquerdistas convictos, de revoltados e poucos outros. Eu admiro muitas posições do PSOL, notadamente a defesa dos direitos humanos, incluindo os direitos LGBT. Mas o PSOL enfrenta ainda muita rejeição.

Já Rodrigo Coelho, jovem advogado e comerciante filiado ao PDT, tem um pouco de experiência administrativa e alguns trunfos, que deverá saber aproveitar para capitalizar eleitoralmente. Titular de um escritório de advocacia previdenciária, já participou ativamente de revisões e encaminhamentos de aposentadorias de milhares de idosos em Joinville e que por ele nutrem simpatia. Se souber conquistar o voto destes idosos e de suas famílias, que identificarão nele um vínculo próximo (identificação de vínculo é um dos maiores capitais eleitorais que existem), poderá amealhar milhares de votos adicionais. Comerciante, pode alegar a experiência obtida à frente de suas gestões na CDL Jovem e em seu empreendimento para solicitar o voto dos joinvilenses.

Há ainda que se considerar que o PDT é um partido que oferece pequena rejeição. Rodrigo Bornholdt, outro bem sucedido advogado, já fez um pouco do serviço e ganhou 15 mil votos como candidato a prefeito em 2008. Só não fez mais porque não conseguiu afastar de si o estereótipo de riquinho ou burguês. Este problema Coelho conseguirá resolver com mais facilidade, uma vez que transita com naturalidade nos bairros e com pessoas mais simples (a maior parte de seus clientes). E o PDT tem a reconhecida luta pela educação, o que certamente gera alguns votos.

Até o Carnaval, a hoje remota possibilidade de o catarinense Manoel Dias ascender ao Planalto como Ministro do Trabalho era um risco à candidatura própria do PDT joinvilense. Se Maneca fosse nomeado ministro, a intervenção para que o PDT compusesse com Carlito seria muito provável. Hoje, Manoel Dias deve estar magoado com o PT e agirá para que o partido tenha candidatos próprios em cidades como Joinville. Mais um ponto para a candidatura de Coelho.

Agora, surge a notícia de que um “frentão” está sendo costurado para apoiar uma só candidatura: PRB, PDT, PCdoB, PR e, quem sabe, PV. Já estaríamos falando de no mínimo 2 minutos e meio de TV. Se esta coligação se consolidar, é sem dúvida um forte trunfo eleitoral.

Coelho precisa resolver alguns problemas estruturais, como o racha do partido, que põe de um lado o secretário municipal de Habitação, Alsione Gomes de Oliveira, somado a alguns ocupantes de cargos do governo municipal, e de outro os defensores da candidatura própria, a princípio a maior parte do restante dos filiados, inclusive Rodrigo Bornholdt e James Schroeder, ao que se sabe. Além disto, Coelho até agora não tem nomes experientes para conduzir sua campanha, pensadores políticos que o ajudem a capitanear a estratégia de transformar suas vantagens em votos. Por fim, a candidatura de Coelho pode ensejar uma dúvida: quem convidaria para assumir as secretarias? Há nomes qualificados que o apoiam? Ter os primeiros escalões qualificados é, talvez, o principal trunfo que alguém pode apresentar.

Mas, de longe, o principal trunfo de Coelho é encarnar o novo. Além de ser jovem e bem sucedido, nunca foi candidato a nenhum cargo político e vai representar nas urnas a desejada renovação por expressivas parcelas do eleitorado municipal. Se Rodrigo Coelho souber trabalhar seus pontos fortes e reduzir a influência de seus pontos fracos, poderá constituir um importante fato novo na política municipal, comparado ao que Marina Silva foi capaz de fazer em 2010 nas eleições presidenciais.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Repentistas trocam poemas em Joinville


Em 17/02, o Guilherme Gassenferth publicou aqui no Chuva Ácida o poema "Joinville em Poemas e Problemas", a primeira postagem em forma de poesia do blog. Fomos surpreendidos com um leitor, que publicou nos comentários seu poema de resposta à postagem. 

Na opinião do autor Guilherme Gassenferth, o poema do leitor ficou melhor que o que havia sido postado. Então, ele resolveu utilizar o espaço "Com a palavra... o leitor", homenageando ao autor (cuja identidade conhecida infelzimente é apenas o apelido 'Nelson Jvlle'). 

O convite também foi formulado como um poema, bem como a aceitação do convite. Confira a troca de poemas (texto em azul é do leitor Nelson Jvlle).

Com a palavra... o leitor!




[POEMA ORIGINAL] POR GUILHERME GASSENFERTH

Joinville é uma cidade
lotada de problemas.
Vou sem dó nem piedade
falar sobre alguns temas.

A biblioteca, coitada,
se a visse Rolf Colin
deste jeito abandonada
choraria sem ter fim.

Biblioteca sem teto
Museu interditado
Não posso ficar quieto
Muito triste tenho achado.

E falando em interdição
lembrei-me das escolas:
descaso, decepção!
Como pode, oras bolas?

E da Câmara, que falar?
Os nossos maus vereadores
ao invés de legislar
só nos causam dissabores.

Além disso é só olhar,
com os carros do Odir,
não precisam trabalhar,
basta apenas dirigir.

E falando aqui de carro
nosso trânsito tá horrível.
Isto tudo é bem bizarro
pois o imposto está incrível.

De bicicleta nem pensar
não dá para ser feliz
se ninguém te atropelar
então foi por um triz!

De busão fica difícil
desconforto e lotação
além de tanto sacrifício
o preço é deste tamanhão!

Se eu não vou com a Transtusa,
"opto" pela Gidion
esta escolha é obtusa
porque como tá não está bom.

E nem mesmo de avião
é possível ter conforto
porque ali no Cubatão
já tá pequeno o aeroporto.

E agora vou dizer:
obrigado, seu Carlito
mais espaço pro lazer
nosso parque tá bonito

Mas não posso me furtar 
a falar com sinceridade:
É preciso batalhar
por um parque de verdade!

Não esqueçamos da saúde
muito menos do Zequinha
vemos cada vez mais amiúde
superlotado na telinha.

Vendo assim até dá pena
e a toda hora, o tempo inteiro
entoam a mesma cantilena
"Isto é falta de dinheiro!"

Mas não se engane, não Senhor
quando ouvir este bordão
digo isto sem temor
O problema é de gestão

O Carlito até tentou
melhorar a administração
E onde foi que ele errou?
Foi na comunicação.

Mas até gosto no geral,
da gestão deste Carlito.
Se tá errado eu meto o pau, 
mas se tá bom eu admito!

Acredite, Joinville ficará boa!
mas pr'isso se concretizar
e não ter sido tudo à toa
pense muito bem na hora de votar.

[PRIMEIRA RESPOSTA] POR "NELSON JVLLE"

Tem razão o escrevente
de sobrenome tão complicado
Mostrou a Joinville recente
mas esqueceu a do passado

Nisso não há impedimento,
mas lembro sempre a grande verdade.
Aquele que semeia vento,
Só pode colher tempestade.

Portanto não me surpreendo
ao ver Joinville ir a pique.
Nenhuma cidade inteira resiste
a oito anos de Luiz Henrique

Que agora em Brasília é senador
mas anda dizendo sandices
à noite puxando o cobertor,
diz despachar com Ulysses...

Ora vejam o que diz nosso ex-prefeito
Num recente discurso esquisito
Ao ver que agora não tem mais jeito
Botou toda a culpa no Carlito.

Ora nosso querido Senador
como sempre ardiloso e astuto
quando prefeito deixou de fazer
e agora diz que falta viaduto.

Enquanto isso o povo sofrido
o assistiu manso, calado e mudo
deixar o Mariani rendido
e hoje nos empurrar o Udo

Sem contar que o Tebaldi foi feito
Sucessor para cuidar do inventário
Primeiro fez dele prefeito,
E depois o impôs Secretário

Mas seu reinado pouco durou.
No estado o prejuizo foi enorme
Dona Lia muitas escolas lacrou
e as crianças estão sem uniforme

E diante de todo esse dilema
Ao invés das escolas consertar
Fazia churrascos em Itapema
Pra depois à Lia processar

Bem, espero que não me levem a mal
Porém insisto e repito
Vamos brincar o carnaval
E não culpar tanto o Carlito.


[O CONVITE] POR GUILHERME GASSENFERTH

Nelson Joinville, caro amigo
Ora só me cabe dizer
"Concordo plenamente contigo"
Permita-me o porquê esclarecer.

Durante anos Joinville penou
Nas mãos do hoje Senador
Mas que tanto mandou e desmandou
Que mais parece Imperador!

E se hoje nosso asfalto
Está todo esburacado
É preciso falar bem alto
Carlito não é o culpado!

Confesso que tenho medo
Do que pode acontecer
Um sete de outubro bem azedo
Que tenhamos de viver.

Ao seu Udo sou simpático
Mas não gosto de seu mentor
Que parece ser fanático
Por causar-nos dissabor

Luiz Henrique em Brasília
Cuide agora do Senado
Pois quando esteve lá na Ilha
Não olhou pra este lado!

Digo, olhar até olhou
Mas só olhou pela política
Da cidade tanto sugou
Que hoje encontra-se raquítica!

Para Joinville dar-se bem
Parar hoje é preciso
De só dizer amém
Ao Senador que é bem liso.

Nelson, deixe-me propor:
Aceitarias meu convite
De teu poema aqui expor
Para aquele que nos visite?

Quero fazer uma postagem
E publicar este teu texto
Pro joinvilense ter coragem
De tirar este cabresto

E parar de achar que Luiz Henrique
Grande algoz desta cidade
Ainda é nosso cacique
E o será por toda eternidade!

De todo modo, obrigado
Por dar sua contribuição
Melhor que o que eu tinha postado
Foi esta sua criação!


[RESPOSTA AO CONVITE] POR "NELSON JVLLE"

Meu caro amigo escritor
de texto tão prazeiroso.
Nos prova sem tirar nem por
o quanto é generoso.

Pela gentileza que me concedeu,
só posso ficar honrado.
Mas...meu post melhor que o teu?
acho um tanto exagerado.

Quanto a tua proposta e convite
Não se faça de rogado
Se o texto algo transmite
Use-o bem, mas com muito cuidado

Porque todos sabemos de sobra
Não é novidade na praça
Pois quando criticam sua obra
O Senador nunca acha graça...

Sorte e sucesso, amigo.
E que suas lutas sejam exitosas
Mas por certo irá enfrentar
Muitas viúvas raivosas.