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quinta-feira, 19 de abril de 2012

2012 será a eleição do látex

POR GUILHERME GASSENFERTH

O látex é a secreção esbranquiçada produzida por algumas plantas, notadamente a seringueira, que dá origem à fabricação da borracha. Na virada do século XIX para o século XX, o produto foi tão importante que resultou em investimentos importantes na região amazônica, como o símbolo da riqueza do ciclo da borracha, o Theatro Amazonas, ou ainda a compra do Acre da Bolívia (este último foi um dos mais caros investimentos nacionais, pois a única coisa que resultou até hoje foi o Acre). A partir do látex, é possível produzir variados produtos, como o pneu, as luvas descartáveis, a borracha escolar e a camisinha.

Trazendo o texto para o título, é possível afirmar que a cada ano mais o que se vê são as diferenças históricas apagadas. Na última segunda li que em Porto Alegre a candidata Manuela d’Ávila, do Partido Comunista do Brasil, marxista-leninista, será apoiada pelo PSD, o expoente da neosemvergonhice que tomou conta dos partidos brasileiros. Oras, como pode isto? Um partido comunista, de esquerda, que há 30 anos estava empunhando armas contra a ditadura militar cujos líderes agora o respaldam? O PSD é filho do PP e do Democratas (cof!), este último a derivação do PFL, o símbolo máximo da direita liberal brasileira! Passaram a borracha na história. Em Curitiba, o PT vai apoiar o ex-tucano e agora trabalhista Gustavo Fruet. Passaram a borracha na história. Bem, quando se vê a ex-guerrilheira Dilma e outros petistas curvarem-se aos conservadores direitistas evangélicos em nome da governabilidade, nada mais se deve esperar. Passaram a borracha na história.

As esquisitices ocorrem também em Santa Catarina. Em 2002, Luiz Henrique, protagonizou o enterro da lucidez ideológica ao apoiar Serra no primeiro turno e Lula no segundo. Passou a borracha na história. Quatro anos depois, o PMDB, único opositor legal ao regime militar, aliou-se aos ex-inimigos para vencer as eleições estaduais. Ver Luiz Henrique da Silveira de mãos dadas com Jorge Bornhausen causou náuseas em muita gente. E a aliança outrora inacreditável prossegue até hoje. Passaram a borracha na história.

Trazendo a discussão pra nossa cidade, o bizarro show de incoerência também tem lugar. Em Joinville, o PT é aliado do PP, o conservador Partido Progressista (cof!), e tem seu vice no PR, filho de pais extremamente direitistas: PL e PRONA. Passaram a borracha na história. O social-democrata PSDB (cof!) do prefeiturável Tebaldi busca no socialista PPS (cof!) seu vice. Passaram a borracha na história.

Na última eleição à presidência da Câmara de Vereadores, o show de horrores foi tão intenso que após passarem a borracha na história ainda a tacaram na cara do eleitor. Juntos, DEM, PDT, PPS, PMDB e PT. A prefeitura respaldou seu maior crítico na Câmara, e o marxista Adilson Mariano ganhou voto da liberal Dalila Leal, que apesar do nome foi infiel aos princípios ideológicos do seu partido. Passaram a borracha na história.

Até a população conscientizar-se do seu poder e resolver mobilizar-se para dar um basta nestas histórias tristes, seja na urna ou seja nas ruas, o espetáculo funesto tende a prosseguir.

Minha maior preocupação com estas composições exóticas é ter nenhuma boa opção para sentar-se no principal gabinete à Hermann Lepper, 10. E sem boas opções para escolher, qualquer candidato eleito será maléfico à cidade. E aí, com um iminente apagão de gestão, passaremos a borracha em (mais) 4 anos da nossa história.