quinta-feira, 8 de março de 2012

Minha casa, minha arrozeira

POR JORDI CASTAN

Minha casa, minha vida... sem ônibus, sem lazer, sem escolas.



No bairro Boehmverwald, uma plantação de arroz foi transformada no maior projeto do programa MCMV (Minha Casa Minha Vida) do Estado. O conjunto Trentino será formado por 496 apartamentos, no Trentino 1, e outros 288, no Trentino 2. O projeto prevê que 784 famílias se beneficiem do programa do Governo Federal. Numa conta rápida, estamos falando de mais de 3.000 pessoas morando no que até poucos dias atrás era uma arrozeira. Algum problema? Aparentemente não. Agora com os apartamentos praticamente prontos - só faltando marcar a data para o foguetório, os discursos e a politicagem - é que começam as cobranças.

O bairro Boehmerwald carece da infraestrutura adequada para receber, de uma só vez, uma demanda tão grande e pontual. A oferta de vagas nas escolas próximas ao conjunto Trentino deverá ser reforçada e novas vagas criadas. A saúde deverá também prever o crescimento da demanda que estes novos moradores do bairro, com toda razão, vão exigir. Até as linhas de ônibus precisarão aumentar suas frequências para atender a uma demanda que inicialmente não estava prevista.


DOIS ANOS DE ATRASO - O poder público, mesmo tendo conhecimento há mais de dois anos, de que esta nova demanda se produziria na região, não se preparou, não agiu preventivamente. Agora começará a pressão - sobre as mesmas autoridades que deram o aval à construção de um pombal numa arrozeira - para que as novas necessidades sejam atendidas de forma rápida.

O curioso é que o planejamento urbano serve - ou melhor dizendo, deveria servir - para evitar que se coloque o carro na frente dos bois. Autorizar projetos habitacionais em áreas anteriormente destinadas à agricultura, e que careciam da infraestrutura adequada para atender este tipo de empreendimentos, significa que agora, depois dos apartamentos entregues aos seus proprietários, será preciso fazer o que deveria ter sido feito antes. Simples assim. 

É um caso isolado? Nada disso. No bairro Vila Nova, outro empreendimento semelhante do Minha Casa Minha Vida, também implantado numa antiga arrozeira, receberá aproximadamente 600 novas famílias, que representarão mais de 2.000 novos moradores. Gente que passará a exigir novos espaços de lazer, vagas nas escolas próximas, mais médicos, mais remédios nos PAs do bairro e mais e melhores ônibus. Tudo isso sem falar nas demandas de educação, saúde, lazer e mobilidade, por citar só algumas.

E assim cresce esta Joinville que não planeja, que avança sobre a sua área rural, que paga o preço da improvisação e da falta de planejamento e que aumenta, de forma mascarada, o seu perímetro urbano, convertendo arrozeiras e campos de cultivo em futuros focos de problemas. 


P.S.
Não tenho e nada poderia ter contra o programa Minha Casa, Minha Vida, que oferece una oportunidade de moradia digna para milhares de brasileiros. Porém, continuo firme na minha cruzada contra a ausência de planejamento.

8 comentários:

  1. Esse conjunto do Vila Nova é assustador, parece que vai ser engolido a qualquer momento pela arrozeira. Imagina o inferno que vai ser (e já é) a XV de Novembro?

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  2. Faltou tocar no assunto dos grandes terrenos baldios próximos ao centro.
    E já estão falando em colocar turno intermediário nas escolas próximas para dar conta da demanda, ou seja, não cumpriu a promessa de acabar com este turno e ainda vai aumentar o problema.

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  3. Quem tiver interesse em conhecer mais sobre os casos citados neste post sugiro visitar os locais citados e ler a matéria sobre o tema publicada no jornal A Noticia 24/02/12 da jornalista Gisele Krama

    http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default.jsp?uf=2&local=18&section=Geral&newsID=a3674616.htm

    http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3674317.xml&template=4187.dwt&edition=19063&section=887

    http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3674316.xml&template=4187.dwt&edition=19063&section=887

    http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3674315.xml&template=4187.dwt&edition=19063&section=887


    Boa leitura

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    1. O Jornal A noticia é um pasquim alem de copiar noticias dos grandes Jornalões cola errado ora faça-me o Favor

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  4. Prezada Maria Nair,

    Qual seria o favor que deseja que lhe seja feito? No seu comentário nāo ficou claro.

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    1. vo ce sabe me dizer se sao normais tantas fissuras e rachaduras nos predios do trentino?
      sera q tem algum perigo, fizemos a vistoria e os tecnicos da construtora disseram q é normal, e que nao tem perigo mas estamos com medo.

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  5. Normal ? O que é normal?  Rachaduras num predio novo nāo deveriam ser consideradas normais. Agora se o predio é de um projeto do MCMV e os engenheiros dizem que é normal, entāo neste caso é possivel que seja "normal"

    Sugestāo: fotografe. Coloque pequenas "testemunhas" de gesso que permitirāo verificar se as rachaduras estāo aumentando. Caso aumentem informe a Caixa Economica.

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  6. Olá Jordi. Eu também estive fazendo a vistoria do meu apartamento e percebi as trincas e fissuras tudo foi fotografado. As trincas que mais nos preocuparam são as que estão na parte superior das paredes onde deveriam ter colunas mas não tem, e as do chão que geralmente são nos cantos que dão para o lado de fora, tem outras que estão atravessando os quartos de um lado ao outro e na sala também, atravessa de um lado a outro, mas como eu disse as que mais preocupam são as dos cantos e das paredes, la os tecnicos disseram não ter problema que ja foi conversado com o engenheiro e ele disse que é normal pois o prédio ainda esta estabilizando.
    Agradeço a atenção.
    José.

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