POR AMANDA WERNER
Desde
muito cedo aprendi com meus pais a reciclar o lixo. Tínhamos até uma
composteira para resíduos orgânicos em casa. Naquela época era mais difícil,
pois não havia coleta seletiva e tínhamos que acumular latinhas, papelões e plásticos
para entregar para o “homem da lata” que vinha de quando em vez para apanhar o
nosso lixo. Hoje, o caminhão de coleta seletiva cobre todos os bairros da
cidade, restando-nos apenas o trabalho de separar o lixo.
Você já parou para contar o quanto de lixo reciclável você e sua família
produzem por semana? Eu já. Posso afirmar que em se tratando de volume e peso,
a quantidade de lixo reciclável produzida é, no mínimo, o dobro da quantidade
de lixo orgânico. Faça o teste em sua casa. Após, por favor, me corrija se eu
estiver errada.
Poucos reciclam. Parece que a ideia de reciclagem aplica-se somente às latinhas
de cerveja e refrigerantes. Talvez pelo incômodo que causem, ocupando grande
volume dentro do lixo de cozinha comum. Dá tanto trabalho assim lavar o plástico
que veio como embalagem da carne a vácuo? Sendo a resposta afirmativa, o esforço
não terá valido a pena?
Não avançar é recuar. Com tanta informação sobre reciclagem nas escolas e meios
de comunicação, continua-se fazendo mais do mesmo. Não reciclando ou reciclando
somente o que convém. O analfabetismo ambiental cobra custos elevados, quando,
por exemplo, durante uma enchente, garrafas pet e todo o tipo de resíduos sólidos
que deveriam ter sido reciclados, entopem os bueiros, e nos vemos em meio a um
verdadeiro caos de sujeira e entulho.
Pouco adianta nos sentirmos conscientes, ao optarmos por comprar produtos com
embalagens recicláveis, quando na hora de descartarmos esta mesma embalagem,
misturamos tudo com os resíduos orgânicos. O ato da compra da embalagem
correta, não torna ninguém, por si só, ecologicamente responsável. É imprescindível
que o lixo seja adequadamente separado.
A preocupação persiste quando se pensa que no momento da entrega do lixo reciclável
para o caminhão de coleta o problema está resolvido. A nossa cidade estaria
preparada para dar o destino correto ao lixo separado? Me pergunto se, ao
deixar minha casa limpa, mandando o lixo pelo caminhão, não estaria apenas
empurrando esse lixo para outro lugar.
A Ambiental, que é a empresa que faz a coleta seletiva de lixo em nossa cidade,
informou que os resíduos recicláveis são encaminhados para cooperativas e
associações de pessoas carentes, que separam e revendem o material. Ou seja, o
que pra nós não passa de lixo, para outros é renda, forma de sustento.
Na cidade de Wiesbaden, na Alemanha, alguns mercados possuem uma grande máquina,
onde as pessoas depositam resíduos sólidos recicláveis dentro de um buraco. De
acordo com o tipo de resíduo, aparece um valor no visor da máquina, que
corresponde à quantidade de créditos que a pessoa recebe para utilizar na
compra de alimentos dentro dos próprios mercados. Não é genial? Você pode
argumentar, que não funcionaria aqui em Joinville, que na Europa é diferente e
tudo mais. Mas que tal se a partir desse exemplo, pensarmos em algo semelhante,
algo que funcione como estímulo para os que ainda não reciclam? Há diversos
bons exemplos mundo afora.
O fato, é que nossas ações testam diariamente a capacidade de suporte dos
ecossistemas. Estamos diante de recursos naturais finitos. Se por um lado
faltam políticas públicas para tratar da questão, por outro, falta boa vontade
para separar corretamente o lixo reciclável. Devemos nos lembrar que a
capacidade de resiliência da Terra é limitada e a nossa forma atual de consumo
não.
Amanda, separo o lixo aqui de casa até antes de ter a coleta seletiva. O que me preocupa é que desde 2009 ouvimos denúncias que a Ambiental está levando para o aterro este material. Até foto já foi publicada na rede sobre isto, o que fez a empresa colocar um imenso cartaz na portaria proibindo o uso de câmeras no local.
ResponderExcluirMeus filhos desde o maternal aprenderam a separa o lixo, uma já chegou a faculdade e a Ambiental ainda diz que não precisa separar.
ExcluirVai tudo pro caminhão baú
Seu José. Confesso que tenho a mesma preocupação. Tentei contato algumas vezes durante a semana com a Ambiental. Por telefone e por e mail. Não consegui falar com ninguém que soubesse responder as minhas perguntas. Estou esperando o retorno até agora. Também recebi a foto da Ambiental despejando o lixo reciclável no aterro, inclusive por e mail. Gostaria muito de saber a versão da Ambiental sobre o assunto. Quem sabe alguém se manifesta por aqui?
ResponderExcluirAmanda
ExcluirNa época, esta informação da ambiental despejando lixo reciclável no aterro já é velha, fiz contato com eles e coloquei a versão no meu blog http://comentariosdejoinville.blogspot.com/
Vou procurar o link e postarei aqui.
Sabemos que nos ultimos anos o valor do material para reciclagem caiu muito, em função da maior disponibilidade e em função do aquecimento da economia, que afugentou muita gente que dependia deste mercado de trabalho. Me lembro que há alguns anos atrás muitos catadores passavam na minha rua antes do caminhão da Ambiental; isto não ocorre mais há uns 3 anos.
ExcluirPorém, independente disto, o Poder Público tem a responsabilidade de manter o serviço, de organizar a coleta e as cooperativas, de incentivar e ampliar a separação e conscientizar a população, de implantar a usina de compostagem, etc, etc.
é, tem que ter comprometimento dos órgãos responsáveis, senão nada resolve, né....
ResponderExcluirJordi, aguardaremos o link. Seu José e Fernanda, na minha rua os catadores ainda passam antes do caminhão. Por isso, talvez seja difícil apurarmos os números reais da coleta seletiva. No site anterior da Ambiental-Engepasa, constava que por mês, eram coletadas 9 mil toneladas de lixo comum, contra apenas 146 toneladas de lixo reciclável. Em reportagens do AN e do portal IELUSC constam números diferentes, provenientes de dados da Associação dos Catadores de Joinville. Se procurarmos dados no site da Prefeitura, ao clicarmos no link Limpeza Urbana, este direciona ao site da Ambiental. Ou seja, de fato, somente pela falta de clareza e dificuldade de acesso à informação, percebemos que o Poder Público negligencia a questão. Pelo jeito teremos que gritar mais alto.
ResponderExcluirNo AN de hoje eu falo rapidamente sobre isso, com uma foto. É um tema que já tinha abordado em colunas anteriores e ao qual pretendo voltar. Acho que vocês estão a ser minimalistas nas exigências.
ResponderExcluirEscrevi como funciona na Suécia aqui: http://vivernasuecia.blogspot.se/2012/03/separacao-do-lixo-suecia.html
ResponderExcluirÓtimo o Blog da Fernanda.
ResponderExcluirParabéns Amanda,muito séria sua observação.
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