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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Cães, gatos e lama


POR RAQUEL MIGLIORINI
O ano mal começou e já vemos promessas de campanhas sendo levadas pela enchente. O Executivo e o Legislativo se batem e se misturam na lama deixada pelas águas. Vereador dá entrevista afirmando que o papel do Legislativo é ajudar o Executivo. Vereador comunica que será feita limpeza de rios após sua solicitação ao subprefeito. Vereadora  coloca no Facebook que o Executivo atendeu prontamente à solicitação de um castramóvel.

Podemos destrinchar cada uma das falas e ações. No primeiro caso, eu podia jurar que o papel do Legislativo era fiscalizar o Executivo, criar leis e propostas . Se é para ajudar, deveria ser a cidade e os cidadãos, não é não? A entrevista deixa claro que oposição não é saudável para o bom andamento das atividades do Executivo. Inacreditável.

No segundo caso, temos um conflito entre a fala do vereador e a do Secretário da Seinfra que afirmou limpar os rios duas vezes por ano. Um outro olhar seria: só limpa rio quando vereador solicita? O subprefeito não faz vistoria? Vale lembrar que as chuvas mais fortes ocorreram na segunda quinzena de janeiro. E, nunca é demais dizer que esse tipo de limpeza, onde a vegetação é totalmente retirada das margens dos rios, só aumenta o risco de erosão e consequente assoreamento, levando a mais cheias na próxima chuva.

Antes do terceiro caso, um pouco de contextualização: em meados de 2013, o vereador Lioilson se solidarizou com a causa animal e procurou a Secretaria do Meio Ambiente para uma campanha maciça de castração em cães e gatos, através da aquisição de um castramóvel. Foram feitas reuniões com o Conselho Regional de Medicina Veterinária, em Florianópolis e com a coordenação do curso de Medicina Veterinária do IFSC, em Araquari. 

A resposta foi que estagiários poderiam fazer as cirurgias mas sempre acompanhados por um professor supervisor e que o uso de castramóveis eram regulamentados pelo CRMV desde que vinculados à uma Universidade. Em Novembro de 2016, o vereador publicou no seu Facebook que o prefeito havia se comprometido com a aquisição do veículo. Isso mesmo. Levou três anos só para se comprometer.

E podemos analisar o terceiro caso. Se temos três vereadores que lutam pela causa animal, por que só uma foi conversar com a Secretária da Saúde?A desunião e estrelismo só enfraquecem a causa. Se já existiam os veículos, por que o prefeito demorou 3 anos para se comprometer? Quando a vereadora diz que o serviço funcionará em breve, ela tem ciência que é necessário modificar o veículo, fazer as adaptações, equipar e tudo o mais? Para isso, precisa de termo de referência e licitação. E, como a população toda já pôde perceber, agilidade não é o forte da prefeitura. Quem trabalhará nesses veículos?

Diante de todas essas dúvidas, fica uma certeza: o Executivo tem a obrigação legal de controlar a população de cães e gatos e de zelar pelo bem estar desses animais. O Executivo tem a obrigação de fazer a manutenção da cidade. Não precisa de vereador pra ir atrás disso. Cabe aos vereadores fiscalizarem se a lei está sendo cumprida. Chega de populismo.

sábado, 24 de março de 2012

Somos analfabetos ambientais?


POR AMANDA WERNER

Desde muito cedo aprendi com meus pais a reciclar o lixo. Tínhamos até uma composteira para resíduos orgânicos em casa. Naquela época era mais difícil, pois não havia coleta seletiva e tínhamos que acumular latinhas, papelões e plásticos para entregar para o “homem da lata” que vinha de quando em vez para apanhar o nosso lixo. Hoje, o caminhão de coleta seletiva cobre todos os bairros da cidade, restando-nos apenas o trabalho de separar o lixo.
         
Você já parou para contar o quanto de lixo reciclável você e sua família produzem por semana? Eu já. Posso afirmar que em se tratando de volume e peso, a quantidade de lixo reciclável produzida é, no mínimo, o dobro da quantidade de lixo orgânico. Faça o teste em sua casa. Após, por favor, me corrija se eu estiver errada.

Poucos reciclam. Parece que a ideia de reciclagem aplica-se somente às latinhas de cerveja e refrigerantes. Talvez pelo incômodo que causem, ocupando grande volume dentro do lixo de cozinha comum. Dá tanto trabalho assim lavar o plástico que veio como embalagem da carne a vácuo? Sendo a resposta afirmativa, o esforço não terá valido a pena?

Não avançar é recuar. Com tanta informação sobre reciclagem nas escolas e meios de comunicação, continua-se fazendo mais do mesmo. Não reciclando ou reciclando somente o que convém. O analfabetismo ambiental cobra custos elevados, quando, por exemplo, durante uma enchente, garrafas pet e todo o tipo de resíduos sólidos que deveriam ter sido reciclados, entopem os bueiros, e nos vemos em meio a um verdadeiro caos de sujeira e entulho.

Pouco adianta nos sentirmos conscientes, ao optarmos por comprar produtos com embalagens recicláveis, quando na hora de descartarmos esta mesma embalagem, misturamos tudo com os resíduos orgânicos. O ato da compra da embalagem correta, não torna ninguém, por si só, ecologicamente responsável. É imprescindível que o lixo seja adequadamente separado.

A preocupação persiste quando se pensa que no momento da entrega do lixo reciclável para o caminhão de coleta o problema está resolvido. A nossa cidade estaria preparada para dar o destino correto ao lixo separado? Me pergunto se, ao deixar minha casa limpa, mandando o lixo pelo caminhão, não estaria apenas empurrando esse lixo para outro lugar.

A Ambiental, que é a empresa que faz a coleta seletiva de lixo em nossa cidade, informou que os resíduos recicláveis são encaminhados para cooperativas e associações de pessoas carentes, que separam e revendem o material. Ou seja, o que pra nós não passa de lixo, para outros é renda, forma de sustento.

Na cidade de Wiesbaden, na Alemanha, alguns mercados possuem uma grande máquina, onde as pessoas depositam resíduos sólidos recicláveis dentro de um buraco. De acordo com o tipo de resíduo, aparece um valor no visor da máquina, que corresponde à quantidade de créditos que a pessoa recebe para utilizar na compra de alimentos dentro dos próprios mercados. Não é genial? Você pode argumentar, que não funcionaria aqui em Joinville, que na Europa é diferente e tudo mais. Mas que tal se a partir desse exemplo, pensarmos em algo semelhante, algo que funcione como estímulo para os que ainda não reciclam? Há diversos bons exemplos mundo afora.

O fato, é que nossas ações testam diariamente a capacidade de suporte dos ecossistemas. Estamos diante de recursos naturais finitos. Se por um lado faltam políticas públicas para tratar da questão, por outro, falta boa vontade para separar corretamente o lixo reciclável. Devemos nos lembrar que a capacidade de resiliência da Terra é limitada e a nossa forma atual de consumo não.