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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

No cardápio das escolas de Joinville, o prato principal é a incompetência


POR JORDI CASTAN
Não se pode deixar de falar na dieta que os alunos das escolas municipais seguem à risca na merenda escolar. No estado em que frango e porco são duas das principais fontes de proteína animal, o fato é que Joinville escolheu desenvolver um cardápio baseado integralmente em sardinhas.

O cardápio tem de que ser imaginativo. De escabeche de sardinha, passando pelo arroz com sardinha ou sardinha com batata, sardinha desfiada, o sardinha em molho de tomate. É até provável que o menu inclua geleia de sardinha ou sorvete de sardinha. Mas é sempre Sarrdinha à Udo Dohler.

O resultado é que as crianças da rede municipal não têm tido acesso a outra fonte de proteína animal que não seja a sardinha, nas suas mais variadas apresentações. Quando entramos na reta final do ano escolar, falar de fazer uma nova licitação para melhorar o cardápio é pura empulhação.

Aliás, se não fossem as denúncias pertinentes dos pais dos alunos, parece que nenhuma das autoridades responsáveis pela educação e pela administração de Joinville saberia que o cardápio era tão pouco variado. Ainda bem que tem uma parcela da população que não aceita a inépcia que predomina na administração municipal e se manifesta abertamente.

Não precisamos retomar o tema da inépcia do gestor municipal. E também da sua trupe. Afinal, chamar de equipe seria um erro, porque não passam de uma trupe de saltimbancos e comediantes, que fingem que trabalham por Joinville quando na realidade estão só interessados em alcançar os seus objetivos pessoais e atender os interesses da minoria que representam.

Seria bom lembrar que inépcia é a falta absoluta de aptidão para fazer aquilo para o que estão sendo pagos para fazer. Se define também como a falta de inteligência, cujo sinônimo é o mais puro idiotismo.  São mestres do disparate, campeões do desatino. A inépcia desta gestão não pode ser ignorada, esta presente e é uma constante evidente nos quatro cantos da cidade.

Aliás, seria bom que o prefeito ou seu secretario não tentassem justificar o que não tem outra justificativa que a sua própria inépcia. Culpar a crise econômica para fornecer somente sardinha como fonte de proteína às crianças de Joinville não se sustenta como argumento.

O Fundeb, esse fundo que é o principal financiador da educação básica, cresceu 11,3% mais que a inflação até agora. Para que este valor possa ser mais bem compreendido, os servidores não receberam nem 2% de recuperação salarial até agora. E as crianças só comem sardinha nas escolas. Onde está o dinheiro da Prefeitura? Porque se a gestão não existe e o dinheiro desapareceu alguma coisa muito estranha esta acontecendo na terra dos sambaquianos.

IGNORÂNCIA E INCAPACIDADE - Há que falar em dois novos pontos que podem ajudar a explicar o porquê do desastre politico-administrativo em que Joinville está mergulhada. Aliás, é a forma de assim entender porque, no curto e médio prazo, não há saída viável para recolocar a cidade nos eixos e no caminho do desenvolvimento e da prosperidade de outrora.
Estes dois novos elementos que se somam à inépcia são a ignorância e a incapacidade. Se cada uma delas é perversa, as duas juntas têm um potencial exponencial de acabar com qualquer resquício de esperança que possa ainda ter sobrevivido.

A ignorância é essa incapacidade de compreender e, portanto, de prosseguir. A incapacidade se manifesta pela impossibilidade de agir com sucesso. Não há saída. Não há nada que funcione direito e os gestores mergulham numa nova fase a de não se sentir obrigados a dar nenhuma explicação e muito menos desculpas. Assim se acham donos e senhores dos destinos dos seus súditos.s

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Técnicos do licenciamento ambiental dizem que decisão de Udo é arbitrária

POR CHUVA ÁCIDA
A decisão do prefeito Udo Dohler, que anunciou a transferência dos processos de licenciamento ambiental para o Estado, não caiu bem entre os técnicos analistas do Licenciamento Ambiental da SEMA Joinville. Em nota enviada ontem ao prefeito e aos meios de comunicação, os profissionais do município afirmam ter sido apanhados de surpresa e fazem questão de salientar o “descontentamento”, “tristeza” e “apreensão”.

Os técnicos classificam a decisão do prefeito como arbitrária e sem explicação. “Esclarecemos que nos sentimos surpresos e desmotivados, pois esta decisão repentina sem consulta aos envolvidos é inexplicável. Além de sermos uma equipe competente, o comprometimento com o trabalho é a nossa marca registrada”, explica a nota. O documento traz um relatório das atividades do setor de Licenciamento Ambiental.

Segundo o documento, a Secretaria do Meio Ambiente de Joinville – SEMA possui aproximadamente 2.000 processos em tramitação (em análise ou no aguardo de complementações) e recebeu 269 requerimentos de licenças ambientais no período entre julho de 2016 e setembro de 2017. O documento faz ainda um status report dessas atividades, disponíveis para a comunidade no Sistema Eletrônico de Informações.

A nota finaliza com um argumento de peso. O sistema municipal é mais eficiente que o estadual. “Somos 24 funcionários de carreira, concursados, todos com plenos esclarecimentos de direitos e deveres, cumpridores dos objetivos traçados para esta Secretaria (...)  enquanto isso, o órgão estadual que atua no licenciamento na CODAM Joinville, possui 18 funcionários e abrange os municípios de Araquari, Balneário Barra do Sul, Barra Velha, Garuva, Itapoá, Joinville, São Francisco do Sul e São João do Itaperiú”, explica o documento.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Udo leva Joinville à época mais retrógrada da sua história recente

POR JORDI CASTAN
Transferir o licenciamento ambiental do Município para o Estado é uma covardia. Mais que covardia, uma vergonha. Joinville perde de novo. Em mãos de um gestor medíocre e acovardado, a cidade fica cada dia menor, do tamanho da visão do seu gestor. A SEMA tem uma estrutura maior e melhor que a da FATMA em Joinville e é um desatino tomar uma medida destas. A menos que haja outros motivos que os inicialmente apontados.

Não há falta de recursos nem humanos nem econômicos para fazer uma boa gestão ambiental em Joinville. A cidade já teve a Fundema, tem o Código Municipal do Meio Ambiente e podia decidir e licenciar sobre os temas referentes ao meio ambiente. Quando escuto os nossos gestores se queixando da falta de dinheiro, lembro que os problemas econômicos não são escusa quando as ideias são de graça. Saber aproveita-las é a saída e o que diferencia o administrador medíocre do competente.

O que o prefeito Udo Dohler está fazendo com o meio ambiente é um crime ambiental. Uma decisão tão desatinada que leva a pensar que esteja a atender outros interesses que não os da sociedade joinvilense.

É bom lembrar que a FATMA aplica critérios menos rígidos com relação a recuos de rios e cursos de água. Pergunto: a quem interessa essa interpretação menos rígida? Aliás como ficou o crime ambiental cometido por uma certa empresa têxtil da zona norte de Joinville que tingiu o rio Cachoeira de vermelho? A multa foi paga? Ou haveria neste desmonte da área ambiental municipal com a independência com que a Fundema agiu na época?

Que o meio ambiente não é prioritário para esta gestão tampouco é segredo. A visão do gestor municipal sobre o meio ambiente é conhecida. O problema é que o ideário do desenvolvimentista a qualquer preço do prefeito e seus secretários é uma visão superada. É tão antiga que não pertence ao século XX e sim a segunda metade do século XIX.

Vai que agora com a FATMA os processos parados começam a andar mais rapidamente e as liberações saem com mais facilidade. Vai que os amigos do rei andam preocupados com o zelo com que os seus processos são analisados.

Com esta administração municipal, Joinville regride cada a dia. O município se afunda na sua época mas tenebrosa e retrógrada. Serão precisas décadas para que a cidade possa se recuperar de uma gestão tão nefasta e destrutiva, que anda na contramão da descentralização da gestão ambiental.



segunda-feira, 21 de agosto de 2017

É preciso admitir: Udo tinha razão

POR JORDI CASTAN
O candidato Udo Dohler estava certo quando insistia no mantra que o problema de Joinville não era a falta de dinheiro, mas sim a falta de gestão. Não faltava dinheiro no governo anterior e não falta dinheiro neste governo. O que faltava antes e continua faltando agora é gestão. Seguimos sem um gestor.

O discurso que acusava o ex-prefeito Carlito Merss de não ser um bom gestor trazia a mensagem implícita de que o candidato Udo Dohler seria o gestor que Joinville tanto precisava. Uma mensagem que a maioria do eleitorado acreditou. Tanto acreditou que votou no pretenso gestor para por ordem na gestão da cidade.

O resultado desastrado da primeira gestão Udo Dohler não foi suficiente para que o eleitor abrisse os olhos, que votou novamente no mantra do gestor. O resultado é que Joinville elegeu de novo um administrador medíocre e a cidade continua parada e abandonada. Para ter uma ideia do nível de ineficiência, só foi gasto 1,1% do orçamento previsto para a mobilidade.

Joinville merece um administrador melhor. E no quadro atual qualquer outro candidato parece melhor que o atual. O eleitor não acreditou na capacidade dos demais candidatos e os partidos não apresentaram candidatos capazes de convencê-los de que seriam capazes de administrar uma quitanda com um mínimo de sucesso. O resultado desta falta de bons candidatos foi a recondução do mesmo gestor que já mostrou que não foi capaz de gerir Joinville com um mínimo de competência, no primeiro mandato e continua sem fazê-lo no segundo.

A cidade enfrenta décadas seguidas de desgoverno, sem conhecer uma gestão municipal digna deste nome. Joinville está abandonada e o dinheiro público ou escorre pelo ralo ou dorme no caixa sem que sejam construídas as obras públicas que engessam o desenvolvimento da cidade. A situação só não é pior porque este é um povo pacato, que aceita mansamente todas as escusas e justificativas apresentadas pelo poder público. Ou seja, para não fazer que Joinville progrida e conitnue abandonada e sem rumo.

Só nos resta esperar que um dia o joinvilense acorde desta letargia e descubra, de uma vez por todas, que Joinville está como está porque somos um exército de leões comandado por um cordeiro. Se acordássemos deste pesadelo sem fim, poderíamos escolher um bom gestor de verdade, não este engabelador que aí está. E então e por Joinville de volta no eixo do desenvolvimento. Mas até lá teremos só essa gestão medíocre e covarde incapaz de tirar Joinville do marasmo em que esta submersa pela inépcia do seu gestor.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

O empresariamento urbano matou o IPPUJ


 POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Há algum tempo, quando Udo iniciou o seu primeiro mandato, apareceu a vontade do executivo municipal em extinguir as fundações municipais. Alegou-se, desde então, a pouca efetividade destes órgãos e que supostamente dariam "prejuízo" para os cofres públicos (mesmo que a função do Estado seja, realmente, gastar com políticas públicas). Assim, as extinções se sucederam rapidamente por meio de várias reformas administrativas: Instituto de Trânsito, Fundação de Esportes, Fundação Cultural, Promotur, até chegar no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville, o IPPUJ.

Apesar de ter copiado as estruturas curitibanas de planejamento urbano (por lá existe o IPPUC), a cidade de Joinville deu um grande passo, no início dos anos 1990, ao criar um setor específico na Prefeitura para se pensar a cidade e sua política de desenvolvimento urbano.

Desde o governo Luiz Gomes, criador da pasta, vários projetos importantes passaram pela colaboração técnica do IPPUJ: lei de uso e ocupação do solo de 1996, reformulação do transporte coletivo (completado no começo dos anos 2000), Plano Diretor de 2008, Macrozoneamento, Plano de Mobilidade, LOT e tantos outros que não cabem citar agora, assim como a discussão do mérito dos lembrados. Ocorre que, com a criação do Estatuto da Cidade em 2001, estimava-se a ampliação da influência do IPPUJ nas decisões públicas, o que não ocorreu.

Pelo contrário, o instituto foi se apequenando, por diversos motivos, que vão desde o seu desvio de função (grande parte dos setores era dedicado aos projetos de reformas de prédios públicos e de otimização dos layouts dos espaços), passando pela baixa renovação do corpo técnico (o que fez sumir a ousadia necessária ao se pensar uma cidade e gerou uma baixa adaptabilidade dos seus funcionários às novas concepções urbanísticas contemporâneas, como cidade para pessoas, gestão democrática das cidades etc.), e chegando até o domínio absoluto do empresariamento urbano, conforme visto nos últimos anos.

Empresariamento urbano é um conceito que surgiu ao final dos anos 1970 pelo geógrafo britânico David Harvey para explicar como as ideias empresariais tomaram também o planejamento das cidades. Tanto que o termo "gestão urbana" começa a aflorar no mesmo período sob a aurora do neoliberalismo. Anos mais tarde, a primeira expressão global do empresariamento urbano acontecerá em Barcelona, graças aos jogos olímpicos de 1992.

Com o boom imobiliário que o Brasil sofreu do início do segundo governo Lula até as crises da Lava Jato e companhia, o cenário era perfeito para tornar as cidades o palco da expansão imobiliária. Não importava se planos e leis deixavam de ser seguidos, o importante era interligar o crescimento econômico ao uso do espaço, dando ao planejamento uma roupagem empresarial e conectada aos megaprojetos, megaeventos, multinacionais e afins. O projeto global do Berrini, em São Paulo, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 foram expressões vivas de como o planejamento das cidades brasileiras ganhou a alma de empresa.

Ou seja, a parte política do processo, de discussão, debates com a comunidade, e todo aquele processo lento de construção social ficou engavetado, culminando em poucas iniciativas sólidas que ocorreram sob a égide do Estatuto das Cidades. Aqui em Joinville esse processo foi evidenciado a partir da LOT, já que o empresariado local levou uma enorme derrota na confecção do Plano Diretor de 2008. O empresariamento urbano ditou boa parte das regras a partir do governo Merss, sendo explicitado à milionésima potência a partir de Dohler, quando este leva as vontades da ACIJ para dentro da Prefeitura¹. Álvaro Cauduro foi eleito presidente do Conselho da Cidade com apoio maciço dos representantes do executivo municipal.

Para sacramentar os fatos, após alguns gestando as mudanças, o IPPUJ foi extinto e se fundiu com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, surgindo a famigerada Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável. Capitaneada por um ex-dirigente da ACIJ, a nova pasta tem a audácia de confundir o seu propósito, quando lança mão do conceito de Smart Cities (segundo a visão da gestão, seria uma nova forma de alavancar os negócios, ao invés de utilizar a tecnologia para melhorar a vida das pessoas, como a noção original prega), quando vai à imprensa para falar coisas relativas aos anseios dos empresários ou quando é submissa às vontades empresariais para alterações da novíssima LOT, criando um fazejamento administrativo em prol da especulação imobiliária e da flexibilização urbana, no mais puro tom maquiavélico da coisa.

Deve-se lembrar que o IPPUJ foi criado com o intuito maior de melhorar a vida das pessoas na cidade, mas agora há um espaço para potencializar os negócios na cidade. E isto é, sem sombra de dúvidas, uma grave inversão da visão sobre quem constrói Joinville e para quem ela é,  sem qualquer espaço para o contraditório, considerando que a sua morte foi silenciosa e ninguém chorou a sua perda, sobretudo aqueles que deveriam mas estão intimamente atrelados aos donos da cidade.

Ruim com IPPUJ, desastroso sem ele.
 
¹ https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/158257

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Barulho, muito barulho. E os legisladores surdos para os joinvilenses...
















POR JORDI CASTAN
Vem barulho por aí. Muito barulho.  O IPPUJ não apresentou estudos técnicos consistentes, o Conselho da Cidade não os solicitou e a Justiça negou sistematicamente o direito dos joinvilenses a terem acesso as informações que permitissem uma análise completa dos impactos que a LOT teria sobre a vida das pessoas.

A Câmara de Vereadores ignorou a falta de estudos. Se bem que olhando o nível dos debates e a capacidade intelectual da maioria dos vereadores, teria sido inútil apresentar estudos, porque que teriam sido incompreensíveis para os nossos legisladores. Pior ainda, como não são cientes da sua própria ignorância, seguem votando leis absurdas de impacto terrível sobre a vida desta e das futuras gerações. E, ainda por cima, ignorando os alertas que o quadro de técnicos da Câmara tem feito, recomendando não aprovar ou, no mínimo, avaliar melhor o que estariam votando.

O novo episódio da LOT tem a ver com o barulho. Ou melhor, com o aumento do barulho que a lei 65/2017, aprovada pelos vereadores, vai representar em praticamente toda a cidade. A aprovação desta lei, que o prefeito sancionou, e que atende aos interesses dos especuladores imobiliários mancomunados com os empresários (entre os quais o prefeito transita com tanta facilidade) está explícita a perda brutal de qualidade de vida que a implantação das chamadas Faixas Viárias traz para todos.



Pior ainda. O que está sendo tramado é um crime ambiental, porque o ruído compromete a qualidade de vida das pessoas. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde), da qual o Brasil participa, estabelece critérios e princípios para medir o impacto que o barulho tem na saúde das pessoas. 





Em Joinville às recomendações da OMS são primeiro ignoradas, depois burladas e finalmente desrespeitadas. E até leis são aprovadas a revelia das recomendações da OMS. Não só a OMS é desprezada, também a resolução do CONAMA 001/90 é ignorada.



A resolução do CONAMA estabelece que os ruídos produzidos quando a localização não poderão ultrapassar os níveis estabelecidos na NBR 10.152.

Para facilitar a compreensão ,anexamos as tabelas da OMS, as Normas técnicas brasileiras (NBRs) que deixaram de valer para Joinville para atender os interesses especulativos e dar ampla cobertura a cobiça e a ganância desenfreada. Assim evitamos cair nos achismos e apresentamos dados técnicos concretos. Aumentar de 50 decibéis para os 65 propostos comprovadamente ocasiona danos a saúde das pessoas.



Outra norma que a legislação municipal se propõe ignorar. Esta ignorância do bom senso, das normas técnicas e de a legislação federal não é novidade em Joinville. A LOT já reduziu os índices de insolação para residências e com isso comprometeu a saúde de todos. Agora a lei 65/2017 vai mais fundo e permite que tenhamos que conviver com índices de ruído insalubres. Não deveríamos ficar surpreendidos se o próximo projeto de lei que tramite na Câmara Municipal proponha que o sol saia todas as manhãs pelo sul e se ponha pelo leste.
Há outro aspecto ainda mais perverso em todo o processo da aprovação da lei 65/2017: o silencio sepulcral com que o tema tem sido tratado. Há o que se poderia denominar um modus operandi na insistência do Executivo de não escutar a população. Quando a lei obriga a debater com a sociedade, a fazer audiências públicas, a dar transparência e visibilidade a gestão pública e isso não é feito, há elementos que caracterizam a improbidade administrativa.

No caso de Joinville estas são características permanentes da gestão municipal, típicas do gestor autoritário, que ignora o que é melhor para a maioria dos joinvilenses e atende os interesses de uma minoria. Minoria identificada claramente com os próprios interesses do gestor.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Joinville: 5º melhor cidade das Américas para investir. Ouçam o foguetório...

POR JORDI CASTAN
A notícia que tomou os titulares na vila e na capital, na semana passada, foi de que Joinville, de acordo com o prestigiado jornal britânico Financial Times, "seria a 5ª melhor cidade das Américas para investir e a melhor do hemisfério sul-americano". O foguetório, o espocar da champanha e as caras de surpresa não se fizeram esperar. A notícia foi um balão de oxigênio para a atrapalhada gestão municipal e parte do PMDB catarinense, que apoia o nome do prefeito Udo Dohler para um projeto político de âmbito estadual.

É bom olhar com cautela a informação. Não porque não seja verdadeira, mas porque contém mais meias verdades que verdades inteiras.
- Primeiro, não foi o jornal Financial Times que publicou a notícia e sim a FDIInteligence, uma empresa vinculada ao grupo. Não é a mesma coisa.
- Segundo, porque o estudo foi feito entre as cidades que se postularam. Ou seja, não é uma pesquisa exaustiva abrangendo a totalidade de cidades americanas de médio porte. É só para aquelas que apresentaram estudos, o que reduz muito o impacto e a relevância do resultado.
- E, finalmente, o secretário de Planejamento declarou que ficou gratamente surpreso com a notícia porque o projeto apresentado, denominado JoinVale, ainda esta na sua fase inicial.

Quanto mais você pesquisa e se aprofunda na busca de informações, menos clara a coisa fica. Notícia desta transcendência publicada sem nenhum link? Estranho. E o tiro ao lado: localizar Joinville no estado do Rio de Janeiro é um erro crasso. Será que não haveria outros? Não vamos agora pôr em dúvida todo o estudo por conta de um errinho destes. Vai que o estagiário digitou errado. Que Joinville apareça quase emparelhada com El Salvador, em San Salvador me fez ir atrás de mais informações e fiquei com a pulga atrás da orelha.

Essa história toda começou a parecer cada dia mais com aqueles prêmios que cada ano distribuem empresas tão sérias como “Quality International” ou “Master of Excelency”, para citar algumas. Sim, aqueles prêmios que algumas empresas ganham baseados em pesquisas populares em que se escolhe a melhor churrascaria da cidade, ou o melhor borracheiro. Aliás, esse prêmio ninguém tira do Negão da Borracharia. Esses prêmios em que às vezes o vencedor precisa pagar um pequeno valor para ver seu nome publicado e ser homenageado na festa de entrega do troféu.

Quer dizer, conheço bem as maiores entidades empresariais da América Latina e incluo aqui El Salvador e, claro, Joinville. É muito difícil acreditar que qualquer estudo amplo, que englobe a todas as cidades latino-americanas de porte médio coloque Joinville entre as cinco primeiras, é muito difícil mesmo. Mas quem quiser acreditar que acredite. Eu tenho muitas dúvidas e quis compartilhá-las com vocês. Até porque a notícia publicada por aqui mais parece uma ode ao prefeito pré-candidato que uma informação veraz.

Claro que Joinville é uma cidade excelente para empreender. Claro que numa lista das 100 melhores das Américas apareceria entre as 50 primeiras. Mais que isso eu tenho dúvidas. E quem sou eu para ter dúvidas? Pois deixem que lhes conte que além de ter sido Secretario de Desenvolvimento Econômico de Joinville, nos últimos 10 anos, além de escrever aqui neste espaço, tenho prestado consultoria para mais de 100 entidades empresariais de 25 países de quatro continentes, passando em media mais de 200 dias ao ano fora do Brasil.

Para quem tiver interesse no link original

FDI American Cities of the Future 2017/18, no site http://fdiinteligence.com 



segunda-feira, 29 de maio de 2017

Onde está Udowally? Baixe já o seu aplicativo do jogo


POR JORDI CASTAN
O prefeito sumiu, ninguém viu, ninguém vê. Simplesmente evaporou. E com ele desapareceu, também, o pouco que quedava da sua "gestão". O fato é que na verdade gestão mesmo nunca houve. Houve só pirotecnia, muito discurso, pouco conteúdo e nenhuma ação digna do nome.


Os joinvilenses têm procurado inutilmente pela cidade. Circula um mapa de Joinville indicando os locais em que são maiores as possibilidades de encontrá-lo e aqueles pontos em que a possibilidade é mais remota. Eis uma ideia para o pessoal de tecnologias da informação: criar um aplicativo para Apple e Android que permite caçar o prefeito pelas ruas de Joinville. O nome seria "Onde Está Udowally?". Teria a mesma linguagem de outro aplicativo semelhante, aquele que permite caçar pokemons. O jogo é simples, ganha mais pontos quem ache mais vezes o prefeito.

Há lugares em que é difícil, quase impossível que apareça. E, caso aparecesse, o jogador ganharia muitos pontos. Entre os mais conhecidos: as ruas Piratuba, São Paulo, Santos Dumont e Paulo Schroeder. É bom evitar também qualquer rua sem calçamento porque ele nunca aparece por lá. Os moradores da Otto Bohem nunca o viram, nem os da Tuiuti. Uma vez foi identificado no Iririú. Voltava de uma viagem a Brasília e na volta ficou preso no trânsito caótico. Alguns afortunados jogadores conseguiriam faturar muitos pontos.
Outra vantagem do jogo. Quando estiver parado  horas no transito de Joinville, pode aproveitar para  baixar o aplicativo. E a diversão está garantida. A versão "premium" permite jogar em grupos e faz mais emocionante a captura deste elemento elusivo e furtivo que aparece só de quatro em quatro anos e unicamente em período eleitoral, vendendo balões de ar quente, miragens, espelhinhos e miçangas que apresenta com o nome de "Geston"


Outros locais em que a possibilidade de encontrá-lo é remota são museus e eventos culturais. Afinal, os craques do jogo sabem do boato de que é alérgico à cultura e foge de qualquer manifestação cultural como o diabo da cruz .

Boas dicas de onde encontrá-lo, ainda que pontuem pouco, no setor de frutas e verduras do Angeloni. Essa é uma dica quente passa horas escolhendo frutas e verduras, principalmente nos finais de semana. No seu escritório na Prefeitura, essa é também uma boa dica mas quase não se ganham pontos, porque passa horas em estado catatônico naquele ambiente fechado e insalubre. 

Uma outra dica para os aficionados seria procurá-lo nas imediações da Rua Jacob Eisenhut. Os caçadores que mais pontos seriam os que se atrevesse a adentrar-se nas matas da zona sul, nas proximidades da escola Municipal Professora Lacy Luiza da Cruz Flores. Achá-lo nesta região multiplicaria o número de pontos pro três.

Para quem tiver interesse, eis um exemplo do nível iniciantes (fácil).






quarta-feira, 3 de maio de 2017

Entre o "não fazer" e o "fazer perfeito" está uma cidade abandonada


POR RAQUEL MIGLIORINI
A Secretaria de Administração da Prefeitura de Joinville é um caso a ser estudado por uma equipe multidisciplinar. O prefeito do vilarejo germânico se orgulha de nunca ter sido envolvido em escândalos e atribui ao "bom funcionamento" da secretaria em questão.

Muito bem. Ao abrir o Jornal A Notícia no dia 02/05, me deparo com a manchete “Abrigo Animal está ameaçado por falta de álvará de localização e pode não renovar convênio” ao lado da foto de dois lindos cãezinhos de lá. O convênio entre a prefeitura e o Abrigo ocorre desde 2006.

Em 2013, na primeira gestão de Udo Döhler, todos os convênios foram refeitos porque a secretaria disse que tudo o que havia sido feito até então estava errado e os novos funcionários, e somente eles, sabiam como fazer certo. Fico imaginando os demais servidores da pasta, como não se sentiram. Acontece que nem em 2013 , e nem nunca, o Abrigo Animal teve alvará de localização, simplesmente porque está em área irregular. O convênio é renovado anualmente e foram necessários 4 anos para que pessoas tão competentes percebessem isso? E o que farão com centenas de cães e gatos, caso resolvam levar à termo a decisão da não-renovação? A atual gestão se interessa em manter esse convênio? A questão não é somente burocrática e tem que ser resolvida. 

Numa outra situação, podemos questionar porque o elevador do Mirante, com menos de dois anos de uso, está quebrado e assim permanece. Uma secretaria competente teria feito a licitação para a manutenção do equipamento antes da inauguração, como foi solicitado. Mas, por excesso de zelo, vamos chamar assim, com os termos de referência apresentados, esse processo não aconteceu. Não somos tão bons gestores como o prefeito e mesmo assim sabemos que um aparelho parado e sem manutenção se deteriora muito mais rápido. E lá se vai nosso dinheirinho...

Nessa mesma linha temos a manutenção do Parque Morro do Finder, já mostrado aqui. O investimento feito para a revitalização da Unidade de Conservação do Bairro Bom Retiro/Iririú foi perdido pelo total abandono do local. O mirante do Finder está em processo de licitação desde 2014. Essa eficiência é demorada mesmo.

O texto do Jordi Castan, publicado no dia 1º de Maio, aqui no blog, mostra outros lugares sem manutenção e abandonados. Nem o centro da cidade escapa da deterioração. Estamos entregues a uma administração que não se envolve em escândalos não pela lisura dos processos, mas simplesmente por não fazer a máquina andar.

Tudo isso me fez lembrar da imagem dos lápis e da analogia que ela traz para essa administração: você pode ser um lápis bem bonito e bem apontado, e parecer melhor perto dos lápis gastos e sem ponta. Só vale lembrar que o lápis bonito nunca foi usado, ou nunca colocou a mão na massa.
 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Um paulistano perdido no trânsito da Joinville das maravilhas


POR JORDI CASTAN




Na quinta-feira, falei com um paulistano que vinha para Joinville no voo da TAM. Questionou o meu posicionamento crítico frente a atual administração. Disse que lia meus textos aqui no Chuva Ácida e que achava que havia exagero da minha parte. Insinuou até que haveria uma perseguição implacável à figura do gestor municipal e que isso tirava credibilidade aos meus textos.

Depois da conversa no aeroporto, cada um tomou o seu caminho. Eu peguei um uber até casa e ele alugou um carro para poder fazer todas as visitas que tinha agendadas para o dia. Algumas horas depois, recebi uma mensagem que gostaria de compartilhar aqui com os leitores.

Eis:
Me desculpe, achava mesmo que você exagerava nos seus posts no Chuva Ácida. Mas agora, depois de ficar por mais de 30 minutos parado no Iririú para avançar míseros 50 metros, acho que seus textos não refletem o caos em que a cidade está mergulhada. Depois de recolher o carro, e me dirigir ao centro da cidade por um trecho de avenida duplicada, me deparei com uma obra e uma placa indicando simplesmente 'desvio'. Nenhuma sinalização de segurança, nenhum guarda, nenhuma indicação de qual o caminho a escolher, se o da esquerda ou o da direita. Optei por seguir o maior fluxo. Pela rua Tuiuti. Uma rua estreita, esburacada e saturada pelo trânsito adicional que está recebendo. Em ambos os lados, comércios em toda a sua extensão, carros entrando e saindo, manobrando e o trânsito mais parado que avançando. Há um supermercado Rodrigues e, a partir dele, tudo estava parado. Em todo o caminho até chegar à rua Iririú, tampouco tinha algum guarda ou indicação de qual era o caminho a seguir para chegar ao centro. E nenhuma informação de qual era o bairro em que me encontrava. O asfalto em péssimo estado, sem sinalização horizontal e praticamente nenhuma placa de rua que me orientasse ou me oferecesse alternativas.

E prossegue.
O trânsito cada vez mais lento até parar completamente. O caminho tinha se convertido num estacionamento gigante. Esperava que a qualquer momento soasse uma música e vivesse a cena inicial do filme La La Land. Menos o dia ensolarado e o céu azul, o resto do cenário era o mesmo. Dezenas - provavelmente centenas - de carros parados, sem possibilidade de outra alternativa que seguir parados aí à espera de um milagre. Depois de mais de 30 minutos para percorrer uma quadra, cheguei ao cruzamento das ruas Iririú e Piratuba. Soube depois que a obra esta parada faz semanas que esta obra se alastra há meses. Se me ocorreu perguntar quem teria tido a ideia brilhante de jogar todo o trânsito dos bairros Aventureiro e Iririú, numa única pista. De novo nenhum guarda para orientar o trânsito, ninguém para por ordem. Um caos total. O que mais me surpreendeu foi a letargia dos motoristas. Nenhuma reação, todos como abobados. Parados por horas a fio, perdendo horas de trabalho, gastando combustível, numa situação que se alarga por meses sem que ninguém se importe. É um descaso. Uma vergonha.

Mas não é só.
“Fiquei pensando em como teria sido fácil organizar melhor o canteiro de obra no 'elevado' da Santos Dumont. Na verdade nem é propriamente um elevado, são dois morros de terra compactada com umas vigas pré-fabricadas. Convenhamos, é uma obra menor e não deveria criar tanto caos. Dei-me conta que é unicamente um problema de falta de gestão. Um gestor minimamente eficiente deveria ter previsto o que aconteceria e deveria ter tomado medidas para evitar uma situação como esta.

E finalmente...
“Falta sinalização indicativa. Falta cumprir as normas mais elementares de segurança. Faltam guardas. Falta planejamento. Faltam alternativas. Falta capacidade de execução. Falta tudo nesta cidade. Fiquei com saudade do trânsito de São Paulo que até hoje achava caótico. Descobri que há cidades com um trânsito muito pior. Siga escrevendo e mostrando a inépcia desta gestão. É incrível que ainda há gente que não saiba, eu mesmo achava que não podia ser verdade. Não só é verdade, se não que a realidade é muito pior.

É a Joinville das maravilhas...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Nova LOT, velhos problemas: quem é apressado come cru

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Durante algum tempo relatei, aqui e em outros espaços, os problemas em torno da tramitação da Lei de Ordenamento Territorial, a famigerada LOT, desde os primeiros debates no Conselho da Cidade até a aprovação na Câmara de Vereadores. Dentre os inúmeros fatos problemáticos estava a pressa, ideologicamente justificada pelo discurso do progresso ("Joinville iria parar", "culpa da LOT", "Araquari está roubando nossas empresas" etc.), e como ela seria a inimiga da perfeição.

Não deu outra: mal os vereadores analisaram os vetos do prefeito Udo e já falam em criar alterações da nova lei. A "bomba" da vez gira em torno da área correspondente ao presídio e à penitenciária, na zona sul, onde os legisladores identificaram a necessidade de mudanças para contemplar novos investimentos públicos no complexo carcerário, pois foi ignorado, na LOT, que aquela é uma área que há décadas abriga estes equipamentos públicos. Um escândalo em termos de eficiência de políticas públicas.

Não quero aqui expressar se a emenda é necessária ou não, mas alertar como o planejamento urbano de Joinville se tornou flexível e, consequentemente, pouco seguido. Basta criar uma demanda, seja ela qual for, que os vereadores logo criam uma emenda. Pensadores do urbanismo moderno, inclusive brasileiros, mostram como as cidades se tornaram reféns do "fazejamento", ou seja, do planejamento ruir a cada nova necessidade. Os papéis ficaram invertidos: o que já existe ou irá existir regulamenta a lei.

A própria confecção da LOT foi tocada nesse ritmo: necessidades pontuais entrando, enquanto que grandes questões ficaram para segundo plano. Das mais de 100 propostas de emendas ao texto original, muitas eram alterações de uso e ocupação do solo para poucos interessados e sem quaisquer justificativas técnicas - ou até mesmo as políticas. Uma consequência imediata da ideia de que o arcabouço jurídico deve contemplar interesses pontuais, em detrimento dos coletivos, o que infelizmente está impregnada nos ocupantes de cargos públicos.

Histórica charge do nosso colega Sandro
O Conselho da Cidade, por sua vez, esqueceu a sua função social e pouco se interessou em coibir esta prática. Tanto que o seu Presidente eleito (com amplo apoio dos indicados por Udo Dohler) é também conhecido agenciador de negócios imobiliários. A pressa em contemplar interesses pontuais tornou a lei estéril já no primeiro dia de seu nascimento. Não houve uma visão global da cidade, sendo que "esquecimentos" e outras bizarrices serão noticiados com grande frequência daqui em diante, justificando novas alterações, novos retalhos, e novas flexibilizações. E neste pacote podem vir maldades camufladas, à la Temer.

Não foi por falta de aviso, mas agora temos uma lei insuficiente e desatualizada. E em certos termos, antidemocrática. Uns cinco ou seis são os que ainda sabem o que é a LOT em sua totalidade. Os agentes públicos, coitados... sempre foram - e serão - marionetes das vontades alheias. Ou seriam esquecimentos propositais?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Joinville: cultura não interessa, turismo não existe

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Dei uma lida no artigo de Udo Dohler, publicado no AN, no último fim de semana. Texto enfadonho, não prende a atenção do leitor. Aliás, se fosse substituído por uma infografia era capaz de fazer a mensagem – ou a falta dela – chegar mais fácil ao cidadão. O que fica desse emaranhado de “reformas” apresentado no artigo é um enorme nada. Aliás, atrevo-me a dizer que o texto reflete a atual administração: burocrático, de eficiência questionável e sem a mínima imaginação.

Há muito para analisar. Mas vamos ficar por uma “reforma” que salta aos olhos: turismo e cultura sob o mesmo guarda-chuva. Diz o prefeito que “vão trabalhar juntos em projetos voltados à educação cultural, promoção de talentos e estímulo aos potenciais turísticos da cidade”. Para começar, parece haver pouco domínio do léxico: o que será a tal “educação cultural”? Ora, é uma expressão vazia de conteúdo. Significa... nada. Maldita semântica!

Ah... e antes que algum assessor se (re)lembre de usar o argumento de “tem que viver aqui para criticar”, deixo um aviso. Se vão falar de turismo, nada melhor que alguém capaz de vestir a pele de turista. Se vão falar de cultura, é aconselhável dar ouvidos a quem, exatamente por viver em outras latitudes, pode trazer outros contributos para a discussão. Sem provincianismos bacocos, senhores assessores. Até porque vocês não são donos da cidade.

Cultura? Joinville precisa de uma revolução cultural. E vai com décadas de atraso. Mas não se faz revoluções com agendas de eventos. É óbvio que os chamados eventos culturais fazem parte daquilo que genericamente chamamos “cultura”. Mas o conceito não se esgota aí. É preciso mudar o inconsciente social. E o primeiro passo é abandonar a caretice, o conservadorismo e os grilhões que mantêm os horizontes mentais da cidade aprisionados entre Garuva e Barra Velha. O que a Prefeitura pode fazer? Muita coisa. Como? Perguntem aos que governam, porque eles são pagos para isso.

Turismo? A situação é igualmente dramática. Stricto sensu não há turismo. O maior problema é a modéstia das ambições dos administradores da cidade. Em Joinville, o poder público nunca olhou para o setor como uma indústria. Eis a ironia: uma cidade que se orgulha de ser industrial não sabe industriar o turismo. E é um dos setores que mais cresce e gera divisas em todo o mundo. O que a Prefeitura pode fazer? Muita coisa. Como? Perguntem aos que governam, porque eles são pagos para isso.

O que diz a história da cidade? Que em Joinville o poder público nunca entendeu o significado de cultura e nunca se interessou pelo turismo como atividade econômica a sério. A cidade vive mergulhada num círculo vicioso. Afinal, como já dizia Einstein, é estupidez continuar a fazer as mesmas coisas e achar que se vai obter resultados diferentes. Não é uma mudança de organograma que produz mudanças estruturais e estruturantes. Aliás, a solução é até mais simples do que se imagina: basta saber enxergar um palmo adiante do nariz.

Quando a assunto é turismo ou cultura, Joinville é a Terra do Nunca.

É a dança da chuva.  

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

COSIP [2]


POR JORDI CASTAN 

Finalizado o primeiro ato em cena da pantomima da COSIP, é hora de fazer uma análise dos seus atores, os resultados e os impactos. Quem ganhou e quem perdeu. E, principalmente, como se desenvolveu todo o show ante o olhar impávido da maioria da população, que foi ludibriada pela ação articulada pelo prefeito, tendo a Câmara de Vereadores como executora.

Udo Döhler – Foi o grande vencedor da ação. De uma tacada só acabou com a imagem da nova legislatura. Mostrou o seu controle sobre a maioria dos vereadores e deixou claro que pode fazer que votem e aprovem qualquer estupidez que proponha. Com o Legislativo desacreditado na primeira ação do ano, o seu modelo de gestão autoritário tem campo aberto para cometer novos exageros e desatinos. É o dono do pedaço e quase ninguém se atreve a questionar suas sandices. Um exemplo de sandice típico: “Quem consome mais energia terá alguma majoração, mas é muito pequena e bem distribuída. Isso vai permitir que a gente avance na iluminação elétrica”.

Câmara de Vereadores – Foi a grande derrotada do episódio. Mostrou a sua fragilidade, a sua pequenez. Fez tudo de forma servil, atrapalhada, apressada e pouco democrática. Agiu de costas para a população que, em teoria, deveria representar. Tampouco esta legislatura vai defender os interesses da população que a elegeu. E ficou patente que seus compromissos são com outros interesses, com mais peso que a defesa dos interesses da sociedade. Cada vereador garantiu seus interesses pessoais e votou a favor de um aumento escandaloso, baseado unicamente nas planilhas e dados - questionáveis, diga-se -, apresentados pelo Executivo. Não houve debate. Não houve análise dos dados apresentados. E não foram apresentados estudos técnicos que dessem sustentação ao discurso do Executivo. Qual é o saldo da conta da COSIP? Qual realmente será o impacto do aumento? Como fica a situação dos grandes contribuintes industriais? Comércios e shoppings vão pagar mais ou terão a sua conta reduzida? Quanto se arrecada hoje e como é gasto? Os dados pelo executivo são confusos e se contradizem, os valores divulgados no Portal da Transparencia são da ordem de R$ 2,4 milhôes mensais. O secretario Romualdo França informou ao jornal A Notícia de R$ 1,6 milhões ao mês. A diferença entre uma informação e a outra é de mais de 50%. Esta claro que informações verazes não são o forte desta gestão e uma Câmara que não questiona contribui muito pouco a trazer dados em que se possa acreditar. Qual é a economia real com a instalação de lâmpadas de LED? Se houve uma redução de quase R$ 1 milhão pela troca de lâmpadas mais econômicas por que é preciso aumentar? Com demasiada pressa por aprovar a Câmara se comportou como um cartório de homologação.

O tema da COSIP não era urgente, não precisava ser votado atabalhoadamente e só vai entrar em vigor em janeiro de 2018. O presidente do Poder Legislativo poderia e deveria ter chamado a população, permitir que fossem apresentados estudos e provas que corroborassem ou não os dados apresentados na justificativa do Executivo. Faltou experiência e assessoria. Não é mais o detentor de um cargo comissionado de livre indicação do prefeito. O presidente do Legislativo Municipal precisa ter mais estatura e não obedecer sem questionar qualquer ordem que venha do Executivo. Ainda tem tempo para aprender, mas a leitura de Montesquieu e a perfeita compreensão do modelo republicado - e do papel de cada um dos três poderes - seria a primeira tarefa a que deveria se dedicar com determinação. Ele é um político jovem e com futuro. E esses são os primeiros que os velhos políticos gostam de desacreditar.

Na condução os vereadores mais experientes aproveitaram do pouco conhecimento do regimento dos vereadores recém empossados e patrolaram o processo forçando a aprovação apressada sem permitir que a sociedade se articulasse, argumentasse e se fizesse ouvir. Impecável na forma como cumpriram o que tinham se proposto a fazer. Visto com o olhar do espectador, o Legislativo apequenou-se ainda mais.

Rodrigo Coelho – Foi o vereador que se posicionou de uma maneira mais clara contra a aprovação da COSIP. Mostrou que é possível ser da base do governo e ter opinião. Inaugurou um bloco interessante, ainda que minoritário: o dos vereadores com consciência.

Havia até vereadores que começaram a legislatura com bom pé, com ações coerentes em relação ao discurso de campanha. Mas no episódio da COSIP deixaram muito a desejar. Nem questionaram, não se posicionaram e acabaram aprovando. Seria bom que os vereadores com este perfil conversassem um pouco com Rodrigo Coelho. Se o bloco dos vereadores que votam com consciência aumentasse, Joinville ganharia muito - e há varios que tem perfil para integrar este grupo.

Vereadores que votaram a favor – Não apresentaram argumentos convincentes, como papagaios repetiam os argumentos do executivo. Os vereadores que votaram a favor do aumento da COSIP não acrescentaram nada novo e deixaram exposto o nível desta legislatura. Os únicos argumentos apresentados foram Ctrl-C/Ctrl-V do documento encaminhado pelo Executivo. A maioria dos que foram para as redes sociais tentar justificar a trapalhada acabou apagando seus posts, ficando com o rabo entre as pernas. Lamentável.

Imprensa – Acordou tarde. Ou dormiu no ponto e não soube avaliar o impacto real que o aumento de mais de 100% na maioria dos casos causaria na população. Nos dias seguintes correu atrás do prejuízo e tentou esclarecer. Mas o controle feroz que o maior anunciante exerce sobre os meios de comunicação faz com que qualquer voz diferente da bajulação e a concordância seja rapidamente cortada.

ACIJ – Os seus maiores contribuintes foram os mais beneficiados. Nenhuma grande empresa de Joinville vai pagar mais de R$ 110 por mês de COSIP, um excelente negócio, quando um prédio com 20 e poucos apartamentos vai pagar mais de R$ 600. Por isso, olhou para o outro lado e ficou em silêncio. O silêncio cúmplice de quem sabe. Aliás, se uma medida como esta tivesse sido tomada por qualquer outro prefeito, a ACIJ estaria na primeira linha questionando o aumento exagerado. Poupadas as maiores empresas, o peso do aumento recai sobre a classe média e as pequenas e médias empresas.

Ajorpeme – Se fez presente, se posicionou e continua liderando o processo de oposição ao absurdo. Já avisou que vai se posicionar contrária e entrar na justiça. Se no primeiro momento foi pega de surpresa e não teve tempo nem argumentos suficientes, sua posição foi crescendo e ganhando força. Seria importante articular com as outras entidades empresariais. Ou será que foram todas cooptadas pelo “Lado escuro da Força”? Onde ficaram CDL, Acomac?

Redes sociais – Mostraram de novo a sua capacidade de resposta. Foram publicados em poucas horas argumentos e estudos com excelente nível. A sociedade cada vez mais descobre nas redes sociais uma fonte de informações para aquilo que a imprensa oficial cala. Um espaço plural para o debate e o contraditório. Um espaço, aliás, que quanto mais tentam calar mais alto fala e mais se espalha. Este episódio da COSIP esta longe de acabar. Por enquanto só se concluiu o primeiro ato.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Notas sobre o fim do IPPUJ

POR CHARLES HENRIQUE VOOS


Há alguns anos defendo que o IPPUJ (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville) precisa de reformulação, e não estou sozinho nisso. É praticamente um consenso entre vários especialistas que a entidade não estava mais conseguindo cumprir o seu papel, pois ela parou no tempo e não era mais a vanguarda que se imaginara no momento de sua fundação, em 1991. Porém, acredito que os mesmos defensores de uma reforma serão os críticos do que o Prefeito Udo Dohler irá fazer com a instituição dentro de algumas semanas.

Ninguém do governo fala com esses termos mas, na verdade, o IPPUJ será extinto e absorvido, após a devida reforma administrativa na Câmara (onde Udo tem larga maioria), em uma outra secretaria, a de "Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável", sob comando do empresário-cria-da-acij-jovem Danilo Conti, atual secretário de Desenvolvimento Econômico.

A extinção do IPPUJ, nesses moldes, caminha ao mais perverso modelo de urbanismo existente no mundo contemporâneo e que chamamos de "empresariamento urbano", pois todas as principais diretrizes da nova entidade serão pautadas pela visão empresarial. Conti, por exemplo, deturpou todo o sentido do conceito de "smart cities" ao criar o "Join.Valle" para impulsionar os negócios da turma ligada à inovação empresarial. Conforme consta na coluna de Economia do Jornal A Notícia do dia 10 de Janeiro de 2017, as prioridades da nova pasta serão "a revisão do Plano Diretor, a instituição de novo modelo do programa de competitividade das empresas joinvilenses e a definitiva formatação do Plano de Mobilidade urbana".

Está certo que a Prefeitura necessita pensar na impulsão da economia, mas o planejamento de uma cidade é uma tarefa que transcende isso. É um ato que envolve pensar em pessoas e suas necessidades relacionadas ao espaço urbano. A visão empresarial, por sua vez, mira exclusivamente na renda e em um modelo muito simplista de cidade: a cidade feita para os negócios. A mesma edição do jornal diz, ainda, que "em 2018, a equipe comandada por Conti pretende ter completa radiografia das potencialidades econômicas e de negócios do município de Joinville, a partir da consolidação das regras urbanísticas definidas na nova Lei de Ordenamento Territorial, a LOT, que foi aprovada pela Câmara em dezembro".

Assim como fez com o Conselho da Cidade, quando seus indicados apoiaram abertamente a eleição de Álvaro Cauduro de Oliveira (não preciso descrever quem ele é, né?) para a Presidência, Udo está dando o poder de pensar a cidade para a ética empresarial - e o Conselho nunca questionará isso, pois está "dominado". Basta relembrarmos o que essa ética fez com o espaço urbano de Joinville e veremos que, nem de longe, é a melhor solução. Antes tivesse continuado com o velho IPPUJ. Ruim com ele, pior sem ele.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Mais do mesmo... e o mesmo é muito ruim




POR JORDI CASTAN
"Para amostra serve um botão". O dito popular é perfeito para que o joinvilense possa ir se acostumando ao que vem por aí. Aquilo que potencialmente tem tudo para ser mais quatro anos de nada, de ausência total. É certo que ainda há uma parcela importante da população desejosa de acreditar que, nos próximos quatro anos de mandato, o prefeito Udo Dohler fará tudo o que prometeu. E até o que não fez nos quatro primeiros anos.

O transporte é um exemplo de como a inépcia é parte inseparável desta administração. Dos R$2,2 milhões contratados em 2014 com o Governo Federal, para instalação de mais de 600 novos pontos de ônibus em Joinville, até agora foram gastos apenas R$ 417 mil. E na pesquisa mais recente sobre qualidade do transporte, publicada no ano 2015, o conforto dos pontos de ônibus tirou a nota mais baixa entre 15 itens avaliados.

Seguindo com o transporte público a coisa esta tão feia que até quem tem direito a viajar gratuitamente está desistindo. Em 2005, o número de gratuidades era de 500 mil ao mês. E agora,  segundo os dados apresentados pelo IPPUJ, há apenas 350 mil passageiros com direito ao transporte gratuito.

O joinvilense até torce para que as coisas corram bem. No fim das contas, é aqui que moramos e esta é a cidade que escolhemos para prosperar. Ninguém gosta de ver Joinville neste estado de abandono. Mas é bom que se diga: não há motivo para supor que haja algo que se pareça a mudanças, desenvolvimento e progresso. Ao menos não pela mão do poder público. Não há como acreditar que se produza um milagre. Ou seja, que de uma hora para outra o prefeito mude sua forma de agir e assuma um perfil dinâmico, arrojado e moderno. 

Claro, a menos que aconteça um milagre, como o que converteu a Saulo de Tarso a caminho de Damasco, e que o prefeito caia do cavalo e veja a luz. Porque de resto o quadro que se apresenta está bem definido. Os nomes e o perfil do secretariado, o discurso e as atitudes, auguram mais do mesmo. E mais do mesmo e é muito ruim.

É comum confundir o que gostaríamos que sucedesse com o que de fato pode e deve suceder. A inoperância da sua primeira gestão deve continuar e até ser agravada. É bom que não se esqueça que, pelo fato de haver promessas novas, algo venha a acontecer. Numa visão otimista, no melhor dos casos o prefeito pode fazer em dois mandatos o que não foi capaz de fazer em um.

No primeiro mandato, o atual prefeito se elegeu com o discurso que não faltava dinheiro. Insistia que o problema era a falta de gestão, levando ao eleitor a acreditar que ele seria o gestor que resolveria os problemas da cidade. Agora o discurso é mais comedido, com menos promessas e menos metas. Assim o eleitor que votou nele terá menos para se decepcionar ao final do mandato. O quadro, que já era cinzento, ficou dois ou três tons mais escuro. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Sem Fundação, sem fundamento


POR RAQUEL MIGLIORINI

O prefeito reeleito de Joinville, Udo Döhler, anunciou seu “novo” secretariado para a gestão 2017/2020. Vou me ater a apenas dois desses nomes: o presidente da Fundação Cultural de Joinville e da Fundação Turística, Raulino Esbiteskoski, e o secretário da Secretaria do Meio Ambiente, Jonas de Medeiros.

O primeiro não tem ligação alguma com a área cultural (nem tampouco com a turística, diga-se de passagem) e, na primeira gestão, não disse a que veio. O segundo é um desconhecido dos joinvilenses. É professor universitário e tem formação em gestão pública, o que é um ponto positivo. Pela complexidade da Secretaria que comandará, será necessário doses de humildade para entender e acatar o que os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente disserem sobre  a complexa teia ambiental aonde  Joinville está inserida.

Sou otimista! Vai que ele se encante pelo assunto (como mostra seu perfil  no Linkedin) e resolva tratar o Meio Ambiente com seriedade e não como um balcão de negócios.

A ligação entre os dois está na continuação do projeto do prefeito em extinguir as Fundações.

A base para tais projetos, como ele mesmo disse em entrevista recente no Jornal Notícias do Dia (que descanse em paz), é a Lei Federal n. 13019/2014, que entrará em vigor no final de Janeiro de 2017, após ter sido adiada duas vezes. Essa lei trata das parcerias realizadas entre a Administração Pública e entidades do terceiro setor, antes denominadas ONGs, e previu a substituição dos antigos convênios por termos de colaboração e termos de fomento. 

Ocorre que isso é apenas entre os governos, em todas as esferas, e entidades privadas. Explico: o senhor Udo Döhler disse que fundações não fazem mais sentido pois os repasses do Governo Federal ou Estadual, ou ainda qualquer outra fonte, não poderiam mais ser realizados. Mudou para a iniciativa privada. Nossas fundações são públicas, ligadas ao governo municipal.

Em Fevereiro próximo, a Câmara de Vereadores analisará a fusão das Fundações Cultural e Turística, transformando-as em secretarias. Espero, sinceramente, que a nova Câmara de Vereadores use análise crítica para ver que:

1. A extinção da Fundação Municipal de Meio Ambiente não ajudou em nada. Faltam fiscais nas ruas. Faltam programas de preservação das Unidades de Conservação e Áreas de Preservação Permanentes. Faltam programas de Educação Ambiental modernos e eficientes. Falta monitoramento ambiental.

2. O discurso usado pelo prefeito é baseado em informações falsas. Se quer extinguir, que mostre números, dados suficientes para embasar a idéia. Somente extinção de cargos não é suficiente porque é possível fazer isso sem extinguir fundações. Para quem diz entender de gestão, é preciso e urgente repensar conceitos e reciclar idéias.