quinta-feira, 4 de julho de 2013

Plebiscito ou referendo: a carroça à frente dos burros

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Democracia é uma coisa complicada. O povo saiu às ruas e, ao que parece, pediu uma reforma política (eu até acho que não foi intencional). O fato é que a presidente Dilma Rousseff acenou positivamente com um plebiscito. E o que parecia ser um avanço acabou virando mais um retrocesso, um ponto de dissenso entre apoiantes e adversários do governo.

Agora o embate (não há debate) é se queremos um plebiscito ou um referendo. Se a coisa descambou para a confusão, pelo menos não há disfarces: de um lado estão os que, ao lado de Dilma, preferem entregar os anéis para não perder os dedos; do outro estão aqueles que há mais de 10 anos não aceitam outra opção que não seja apear o PT do poder.

O Brasil sofre de distúrbio bipolar. De um lado estão os caras do PT e do outro os caras do PSDB e aliados. É uma guerra que consome as vontades democráticas. Nesta questão plebiscitária ou referendária não há ideias, apenas slogans (quase sempre contra alguma coisa). Todos sabemos que slogans são coisas fáceis de repetir, mas não esclarecem e nem informam. 

Não seria produtivo pensar mais no conteúdo e menos na forma? De que adianta uma pendenga para decidir entre plebiscito e referendo se ela nos distrai do essencial: qual é a substância do que vamos referendar ou plebiscitar? A reforma política é uma coisa séria demais para ficar perdida nessa tolice bipolar. Afinal, o que queremos?

Há muito por debater. Presidencialismo? Parlamentarismo? Monarquia? República? O fim do Senado? A redução do número de deputados? O voto distrital? Regulamentar o financiamento dos partidos? O escambau? Enfim, há tantas coisas sérias para discutir que despender energias nessa disputa entre plebiscito e referendo é por a carroça à frente dos burros. É uma coisa só favorece aos que não gostam da democracia.

Você, que defende o plebiscito, quer plebiscitar o quê?

Você, que defende o referendo, quer referendar o quê?

6 comentários:

  1. Como já mostrou um cartaz, a lista é tão grande que não caberia nele. O governo do RS Tarso Genro se adiantou e colocou no site do Estado uma votação de sugestões para a reforma política, achei interessante.
    Agora eu acho importante sim discutir de que forma ocorrerão estas mudanças, seja através de elaboração de leis, alterações na Constituição ou o que for para mudar este País. É decisivo saber quem realmente irá faze-la, que peso a população vai ter neste negócio, e em caso de aprovação pelo legislativo como vamos fiscalizar, vetar, discutir e rediscutir aquilo que nos interessa.

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  2. VIA Rodrigo Viana ...http://www.rodrigovianna.com.br/"Escrivinhador" Brasil, a reflexão que me escapa é que se Dilma quiser fazer política, terá de levar as ruas para o seu governo. E se tiver que mandar a tal governabilidade congressual à breca, deve fazê-lo. Até porque, Dilma está nua em praça pública. Tentou uma Constituinte e depois um plebiscito. E o Congresso lhe deu uma banana.

    Isso significa que se ficar na dela, esperando, as ruas não vão se calar. E Dilma pode virar Mursi.

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  3. Se discute a embalagem mas não o produto em si.
    Tanto se fala em números de senadores, deputados e vereadores, Mas não se fala no numero de assessores, se fala em mudança, mas mudar como?, para que? o que vai melhorar? Fica esta picuinha entre pró Dilma e Anti Dilma e o povo não se conscientiza e se politiza realmente.

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  4. Nem um nem outro. O Brasil não pode virar uma Venezuela.

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  5. No referendo o Congresso propõe e o eleitor referenda. No plebiscito o eleitor propõe e o Congresso referenda.

    O que é melhor para o cidadão?

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  6. E nos comentários, ninguém conseguiu discutir e trazer sequer uma proposta. Tem muitas coisas que podem ser debatidas mas um ótimo começo está sendo idealizado pelo pessoal que criou a Lei do Ficha Limpa, agora chamado de Eleições Limpas (http://www.eleicoeslimpas.org.br/).
    Basicamente o projeto 1. elimina o financiamento de todas as empresas das campanhas eleitorais, e limita em R$ 700 as doações de pessoas físicas. 2. Transforma a eleição do legislativo em dois turno, deixando no primeiro turno apenas as propostas dos partidos e somente no segundo turno os nomes com o número de vagas já definido. Acaba com o personalismo que normalmente vem vago de propostas, como o caso Tiririca e o nosso caso estadual Nilson Gonçalves, além de outros puxadores de votos populares para a legenda, que recebem grana para fazerem suas campanhas mas não tem nenhum compromisso político.

    Na minha humilde visão seria um grande passo, e que possibilitaria que propostas como redução de salários dos parlamentares, fim do senado e outras propostas de grande adesão possam ser divulgados e uma melhor garantia de atendidos nas eleições.

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