terça-feira, 5 de novembro de 2013

A infinita estupidez humana

POR JORDI CASTAN


A estupidez humana as vezes é anônima, às vezes tem nome e sobrenome. Adquire sua máxima expressão quando praticada por grupos organizados.

Em recente reunião do Conselho da Cidade, um dos próceres sambaquianos e distinto urbanista de salão, fez a sua declaração de princípios:

"Sou capitalista, não sou comunista e defendo o conceito de adensamento da cidade".

"A cidade de Joinville não tem contribuintes que paguem pela qualidade de vida".

"Qualidade de vida é algo muito caro e o povo do municipio não tem esse poder aquisitivo para tanto".

"Temos que cuidar com os ecologistas que tem nos trazido muitos prejuízos".

Inútil tentar explicar que focinho de porco não é tomada. O grupo que defende o progresso a qualquer custo (ou deveríamos falar de desenvolvimento sem princípios ou a qualquer preço?) já há tempos desistiu de debater e fica só repetindo o discurso enfadonho que Joinville esta parada, que as empresas fogem daqui, que a cidade esta perdendo investimentos e bla-bla-blá. Tentar arrazoar com quem desistiu de escutar é pura perda de tempo.

Mas tomemos uma por uma as declarações de princípio que foram aplaudidas e celebradas pelos demais membros da bancada desenvolvimentista, incluindo altos comissários do IPPUJ.

Afirmar que há relação entre capitalismo, comunismo e adensamento urbano é coisa de quem viaja pouco, lê pouco e sabe pouco. Qualquer visita aos países de Europa oriental mostraria o conceito comunista de adensamento. Se a viagem fosse para os Estados Unidos, que pode ser chamado de tudo menos comunista, poderia ver o modelo de espraiamento urbano que tem pipocado por lá. Mas se a viagem americana ou as informações se reduzem a ilha de Manhatan em Nova Iorque, aí poderia se explicar a afirmação.

A segunda afirmação é perversa e evidencia um elevado nível de segregação. Nesse caso de alguém que se considera superior aos outros e comete a estultice de reconhecer que a proposta que defende, pelo adensamento reduz a qualidade de vida de cidade e que é isso que Joinville merece.

A terceira afirmação é redundante, pois não acrescenta nada ao que ja tinha afirmado anteriormente. A única novidade é que agora não há mais sutilezas, somos uma cidade de gente pobre e não merecemos ter qualidade de vida. O adensamento capitalista é o que a cidade e a população merecem.

A declaração de princípio não estaria completa sem o tradicional ataque aos ecologistas - aos urbanistas, presidentes de associações de moradores, empresários e cidadãos comuns que resistem à cooptação - aos defensores do verde, da qualidade de vida, de uma cidade sustentável, esse grupelho que tantos prejuízos tem trazido aos capitalistas representados no Conselho da Cidade.

Eis uma prova da visionária afirmação de Einstein: "Há duas coisas infinitas, no universo, o hidrogênio e a estupidez humana e do hidrogênio eu não tenho certeza".

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O "blá-blá-blá" das redes sociais

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

É muito comum nos depararmos com pessoas que são contrárias às redes sociais, principalmente pelas manifestações que surgem a partir dos Facebooks, twitters e blogs da vida. O próprio Chuva Ácida é prova disso, ao ser criticado constantemente por pessoas que não gostam de terem suas atitudes confrontadas perante um contraditório que por aqui surge. Há outras milhares de pessoas, em seus perfis particulares, que encaram as redes sociais como um espaço de militância e de divulgação das ideias. A reação a isso tudo, portanto, é a desqualificação em tom de "crítica pela crítica" ou um puro "blá-blá-blá"

O que estes reacionários não enxergam, por muitas vezes, é a ação de um discurso. Esta ação pode seguir dois caminhos muito distintos, dependendo da intenção do emissor da mensagem: pode transformar, trazer novos pontos ao debate, mudar o ponto de vista sobre determinada situação, ou simplesmente contrapor aquilo que, ao seu ver, está errado. Por outro lado, pode manter um status quo; esconder as reais intenções de uma situação, ou simplesmente propagar conceitos que não transformam e apenas reproduzem o vazio. Nenhuma palavra é solta "ao vento", sem intenções.

Foi este mesmo "blá-blá-blá" que mostrou para o mundo inteiro, através das redes sociais, o real problema da questão urbana brasileira. Foi o que levou milhões para as ruas, e iniciou o processo de conscientização de muita gente sobre a real importância da manifestação e busca por soluções, através das "Jornadas de Junho". Nada teria acontecido sem a propagação de discursos, de mensagens, de ações transformadoras embasadas em conhecimento sobre determinados assuntos. As redes sociais potencializaram a propagação. Até a eleição para Prefeito em 2012 teve cenários delimitados pelo o que surgia no meio virtual.

Portanto, o "blá-blá-blá" sempre está na cabeça de quem não acredita no poder de uma palavra. Está na cabeça de quem acredita 100% no que diz a mídia tradicional e corporativa, as camarilhas políticas, e as rodas de puxa-sacos. Está naquele que tem medo da mudança pela possibilidade de detrimento do individual em prol do coletivo.

Para finalizar, vale lembrar que o emissor tende a deslocar seus desejos de poder, tornando-os opacos, e o discurso explicita sua luta pelo poder. Não poderia ser diferente, pois a explicitação de seu desejo de poder é o próprio discurso. De forma diversa, o discurso tem lados, é um discurso de visões de mundo. Desconstrói o outro e a forma como constrói a si próprio, como oposição ao outro; (re)produz o mundo. Falar, criticar, escrever, apontar e desconstruir não é "blá-blá-blá". É a forma que alguns encontraram de mudar o lugar em que vivem. E, convenhamos, Joinville precisa demais destas pessoas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um anônimo me convenceu de que sou negro

POR FELIPE SILVEIRA

Aprovei, ontem, meio a contragosto, um comentário anônimo que dizia que todos os negros são hipócritas, inclusive eu, Felipe Silveira. Isso me fez repensar a posição sobre defender o anonimato. A discussão dentro do Chuva Ácida é boa sobre o assunto, e eu sempre fui a favor dos anônimos, apesar de ser um dos que mais se incomoda com eles.

Entendo que o anonimato tem um papel importante na história e que serve muito mais para proteger a identidade de quem tem alguma crítica importante a fazer, sobre qualquer coisa. Mas, como disse o Maikon K, aqui no Chuva Ácida o anonimato perdeu esse sentido, se é que algum dia teve. Aqui ele serve para deixar que gente escrota publique escrotidão, como a que eu citei no início do texto.

Evidentemente que eu apagaria esse comentário numa situação normal, mas o publiquei, a contragosto, para fazer com vocês essa reflexão. Eu gostaria, sinceramente, de saber como explicar para esse cara que ele é racista, pois ele jura de pé junto que não é, já que escreveu essa asneira para dizer que somos todos iguais. Para finalizar, ele pergunta por que todos os negros querem aparecer. Juro, ele perguntou isso.

E agora sou eu que pergunto: alguém teria coragem de escrever isso sem a proteção do anonimato? Sim, teriam. Mas seria um número bem menor a fazer desse jeito tão vergonhoso.

Mas certamente teriam. Se os caras têm coragem de entra na Justiça para impedir que seja aprovado um feriado para comemorar e refletir sobre o Dia da Consciência Negra, imaginem o que eles podem fazer nas caixinhas de comentários de blogs como o Chuva Ácida. Eu sei que é difícil acreditar, mas é verdade. DOZE, entidades empresariais e sindicais (das empresas, só pode) fizeram isso.

Eu sei que é chocante, mas eles foram covardes o suficiente para fazer isso. E eu não sei o que é mais feio, se é o racismo por detrás disso ou a desculpa do prejuízo de dez milhões num único dia. Sim, esses caras dizem que fizeram por causa de dinheiro. Acreditem se quiser.

Eu não vou discutir se já estava tudo armado pelo poder público, pois, pelo que observei de longe, eles fizeram a sua parte - aprovaram a lei. Sei que houve pressão popular, principalmente do movimento negro, para aprovar a lei na câmara, mas não vou entrar no mérito dessa discussão porque não a acompanhei. E também não vou discutir a decisão judicial. A história mostra a quantidade de injustiças que a Justiça já cometeu.

O que não faz sentido, pra mim, é aceitarmos tudo isso. Aceitar essa gente louca anônima e essa gente louca da Acij, CDL, Acomac e outros diabos.

Volto ao começo do texto para falar do anônimo que me chamou de negro e hipócrita, sendo que para ele todo negro é hipócrita. Não sou negro, como vocês podem observar na foto ali em cima, na qual estou verde. Sou descendente de brancos europeus com alguma mistura indígena. Talvez ele tenha dito isso porque fiz um texto em defesa do feriado no Dia da Consciência Negra, e ele não deve achar normal uma pessoa branca defender algo relativo ao povo negro, assim como deve achar que eu sou gay por defender a igualdade de direitos e o respeito às pessoas com orientação sexual diferente da hetero. Deve achar também que não sou joinvilensense por não ter preconceito contra paranaense ou nordestino. Deve achar que sou mulher também porque me declaro feminista.

Eu posso não ser nada disso de fato, mas nós somos tudo isso enquanto houver opressão. Temos a obrigação de ser tudo isso e de lutar contra aquilo que nos oprime. A violência do Estado, que some com milhares de Amarildos e mata a população negra e pobre das periferias como o jovem Douglas;  a violência de dentro de casa contra as mulheres, tanto pelas mãos quanto pelas palavras; a violência das ruas, com o espancamento e a humilhação de mendigos, de crianças, de gays, de mulheres e de negros; a violência do mercado de trabalho, na sua busca por homens brancos; a violência da entidade empresarial, que é racista e ainda usa o dinheiro como desculpa.

Nesse sentido, então, o anônimo tinha razão. Eu sou mesmo negro.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Hipocrisia idiota


POR GABRIELA SCHIEWE

"Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor..."

Essa frase é muito bonita e realmente acredito que devamos sempre enfatizar o nosso país.

Eu, sendo brasileira, quero o melhor para o meu país e, claro, terei sempre a vontade de representá-lo.

Agora, não vamos levar isso a ferro e fogo, ok?

Que auê hipócrita nessa história do Diego Costa, que fez opção por jogar pela Seleção Espanhola.

Poxa, idiotice agora vir o Felipão e todo o bonde da CBF detonar o cara.

Primeiro lugar, o jogador se fez na Espanha, está a 25 anos lá, o Brasil nunca deu moral para ele, aí o caboclo está lá destruindo no Campeonato Espanhol então resolvem bater no peito e dizer que ele é brasileiro.

Felipão foi treinar a Seleção de Portugal, ninguém falou nada.

A cúpula da CBF vendeu os direitos da nossa Seleção Canarinho para um grupo árabe e ninguém fala nada.

No entanto, na maior cara de pau, agora estão querendo detonar com o atleta, que não está cometendo nenhum crime, está trabalhando honestamente por pura dor de cotovelo.

É uma hipocria idiota e que me admira o técnico Felipão estar levantando essa bandeira e a CBF, inclusive, estar estudando a possibilidade de acionar o jogador Diego Costa perante a FIFA.

Tudo bem, vocês podem estar dizendo que não sou patriota por ter escrito tudo isso e expressado a minha opinião. Mas sabe de uma coisa...to nem aí, to nem aí...e, se estivesse no lugar do jogador, acredito que tomaria a mesma posição e escolheria por aquele que vem me dando respaldo.

Não tem graça


Michele e os filhos: Gentili não suporta a felicidade deles
POR CLÓVIS GRUNER

Michele Rafaela Maximino mora em Quipapá, uma pequena cidade do interior de Pernambuco, na zona da mata. Auxiliar de enfermagem e mãe de dois filhos, por uma dessas idiossincrasias da natureza ela consegue produzir cerca de dois litros de leite diariamente. Graças a isso, nos últimos meses Michele foi responsável por até 90% de todo o leite materno do banco de leite do Hospital e Maternidade Jesus Nazareno; somente em setembro, foram 39 litros doados. Um detalhe: Caruaru, onde fica a Jesus Nazareno, é distante 80 quilômetros de Quipapá. Assim, depois de ordenhado e mantido congelado em potes esterilizados, para doar o leite Michele e o marido percorrem e custeiam do bolso as despesas do translado semanal entre sua cidade e Caruaru.

Só uma mulher sabe, efetivamente, as dificuldades de amamentar. Mas não é preciso ser uma para ter consciência dos benefícios da amamentação. Maternidades mantem bancos de leite para garantir principalmente a saúde e, em certos casos, mesmo a sobrevivência de recém-nascidos prematuros. Muitas mães optam pelo aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, como recomenda a Organização Mundial de Saúde, e algumas – nem todas, infelizmente – contam com o apoio dos pais, dispostos a fazer o necessário ao seu alcance para garantir o máximo de conforto e condições para a amamentação. Um gesto, diga-se, que demanda além da atenção dispensada ao bebê durante o ato, esforço físico e necessárias horas de repouso. Amamentar pode ser um ato de amor, mas quem já passou por isso, mesmo que na condição de pai, sabe que há pouco de idílico.

Em um país onde o índice de amamentação está muitíssimo abaixo do aconselhado pela OMS – pouco mais de 40% dos bebês brasileiros menores de seis meses recebem exclusivamente o leite materno, quando o percentual ideal é de no mínimo 90% –, Michele deveria ser “mamãe propaganda” de uma campanha que reforçasse a importância do aleitamento. Não foi o caso. No começo deste mês, Michele entrou na mira do comediante Danilo Gentili, e não é novidade a ninguém o que isto significa: Gentili faz parte de uma geração de humoristas especializada em um humor baixo e preconceituoso. Em nome do politicamente incorreto, seu histórico de humilhação contra principalmente mulheres, gays e negros é amplamente conhecido.

Neste caso em específico, entre outras coisas o apresentador do “Agora é tarde” chegou a comparar Michele com um ator pornô, e a amamentação com a masturbação: “Em termos de doação de leite, ela está quase alcançando o Kid Bengala”, afirmou, um pouco antes de exibir, sem autorização, a imagem de Michele e prosseguir o linchamento moral disfarçado de humor. Tudo muito hilário.

UM RISO REACIONÁRIO – Por tentador que seja fazer um exercício de psicologia de botequim para tentar identificar as razões que explicam o medo doentio que alguns homens tem de seios femininos, e do ódio que nutrem pelas mulheres de um modo geral, não vou ceder a tentação. Meu argumento é outro. Historicamente, o riso tem servido para expor o poder e os poderosos. Desde as origens do carnaval, ainda no medievo, ou nos charivari, comuns nas cidades francesas dos séculos XVII e XVIII, o riso e o escárnio foram sempre um instrumento de subversão e crítica de que se valeram os menos poderosos para ridicularizar aqueles que, sob seu ponto de vista, eram tidos como dominadores – o clero, a nobreza, seus patrões, etc...

Esta tendência subversiva e libertária, é possível reencontrá-la no humor mais contemporâneo. Em Buster Keaton ou nos irmãos Marx, no cinema americano, por exemplo; em Oscarito e em praticamente toda a chanchada, ou em Mazzaropi, no caso brasileiro. Mesmo a comédia stand up que, supostamente, inspirou Gentili, segue esta tendência, o que é notório no humor entre o cinismo e o sarcasmo de seus principais expoentes, tais como Woody Allen, Jerry Seinfeld ou Chris Rock. E estou a falar apenas do humor a que assistimos no cinema ou na televisão, mas se deslocarmos para outras linguagens e mídias, exemplos não faltam; e o cartunista Laerte, cuja tirinha ilustra esse texto, é um desses casos.

No Brasil, salvo raras e honrosas exceções, o humor seguiu o caminho inverso. A ridicularizar os poderosos, preferiu adulá-los. A expor as mazelas, as contradições, o grotesco enfim, do chamado “senso comum” e seus muitos preconceitos, tem servido para reforçá-los, multiplicá-los e legitimá-los. Nosso riso é conservador e nossa história, atravessada pelas muitas formas de violência contra as chamadas minorias, explica em parte esta tendência: somos servis, e o ressentimento gerado por nossa sujeição e impotência tem servido de esteio ao ódio dirigido contra aqueles mais frágeis socialmente. O fenômeno vago e ambíguo do “politicamente incorreto” reforçou esta tendência; sua penetração midiática deu a ela uma roupagem moderna e descolada.

O argumento de que o humor não deve ter limites é débil e tem pelo menos dois precedentes a contradizê-lo. O próprio Danilo Gentili desculpou-se com a comunidade judia de Higienópolis depois de sua piada, no mínimo ofensiva, sobre os trens de Auschwitz. Seu colega Rafinha Bastos também se retratou com a cantora Wanessa Camargo - mas, mesmo assim, perdeu a vaga no CQC, um punhado de contratos publicitários e hoje amarga um relativo ostracismo. Nenhum deles, claro, fez o mesmo com os negros, chamados pelo primeiro de “macacos”, ou com as mulheres, depois da apologia ao estupro feita pelo segundo.

No ano passado uma artista afirmou em entrevista que deixou de amamentar depois que levou uma mordida do seu filho. Danilo Gentili e sua trupe nada disseram: afinal, uma mulher loira e linda – além de rica e famosa – não serve para piada porque, entre outras coisas, não terá de agradecer ao estuprador o favor de tê-la estuprado. Já Michele, que amamenta os seus filhos e os filhos de outras mulheres, sofreu a humilhação de ser exposta ao ridículo pelos epígonos do humor politicamente incorreto. Não há outra conclusão possível. O politicamente incorreto não é apenas preconceituoso e autoritário, mas covarde.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Grecia é aqui?

POR JORDI CASTAN

Europa esté em crise. Alguns países têm sido mais afetados que outros, mas o caso de Grécia é um dos mais significativos. O país declarou falência e exprts europeus se dedicaram a estudar como a Grécia chegou a essa situação econômica.

A primeira constatação foi a que para entrar no euro os gregos falsearam a contabilidade e depois da adoção do euro continuaram praticando a criatividade contábil, convertendo balanços em peças de ficção fiscal.
Houve aposentadorias em massa de gente com 50 anos, e com salário integral. Havia mas motoristas que carros oficiais, em alguns departamentos a proporção era de 1:50. Num hospital p
úblico havia mais de 40 jardineiros para cuidar de meia dúzia de vasos com quatro arbustos.

Grécia tinha os maiores indicadores de longevidade de Europa, a população com mais de 110 anos de idade era das maiores do mundo, porque para seguir recebendo as aposentadorias não se declaravam os falecimentos.
Há casos em que famílias recebiam 4 ou 5 aposentadorias a que não tinham direito, em casos extremos, se seguiam pagando as pensões de falecidos em 1953. Mais de 40.000 mulheres recebiam aposentadorias vitalícias de 1.000 euros mensais, por serem filhas solteiras de funcionários públicos falecidos. O total destas aposentadorias representava mais de 550 milhões de euros ao ano para os cofres do estado. Agora o pagamento destas pensões é feito só as filhas solteiras até os 18 anos. Os hospitais gregos chegaram a pagar mais de 400 vezes mais por um marcapassos  que o preço pago pelo serviço de saúde britânico.

Na Grécia são numerosos os trabalhadores que tem se beneficiado de aposentadorias antecipadas, aos 50 anos para as mulheres e 55 para os homens, graças a um lei aprovada pelo governo socialista em 1978. A lei beneficia aos profissionais de mais de 600 categorias, que de acordo com a legislação grega são consideradas perigosas ou extenuantes e que incluem de cabeleireiros, por conta dos produtos químicos utilizados para pintar o cabelo, os músicos de instrumentos de vento ou radialistas e apresentadores de televisão.

A quantidade de departamentos públicos, sinecuras e comissões no governo grego são tantas que é praticamente impossível saber com certeza quantos funcionários existiam. O estudo feito pelos técnicos da União europeia mostrou por exemplo que o Instituto para a Proteção do Lago Kopais, que secou em 1930, empregava 1736 gregos.

O setor publico tem um peso desproporcional na economia grega, há quase um milhão de funcionários públicos para uma população de pouco mais de quatro milhões de população economicamente ativa.

Grécia tem quatro vezes mais professores que Finlândia, o país que melhor nota obteve no último informe PISA, mas essa superpopulação de docentes só tem servido para que o país tenha um dos piores níveis em educação de toda Europa.

É possível tirar conclusões a partir do caso grego? Há pontos de comparação com o Brasil? 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sonegômetro, o vilão dos empresários e dos mais ricos

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Dias atrás eu conheci o Sonegômetro. É um placar online que apresenta, em tempo real, o quanto o país deixa de arrecadar em impostos todos os dias por causa da sonegação (golpe para fugir de tributos). Se tornou um contraponto ao Impostômetro. Até a data em que escrevo este post, o Brasil já arrecadou mais de 1 trilhão e 266 bilhões de impostos, e sonegou mais de 336 bilhões.

Antes de mais nada, preciso esclarecer que considero a política tributária do país muito ruim. Os impostos correspondem a 36% do PIB brasileiro, mas, ao mesmo tempo, prejudica os mais pobres. E a sonegação só acentua este processo. Sem contar que nossos impostos são incididos sobre o consumo, e não pela propriedade. No Brasil, por exemplo, quem ganha até dois salários mínimos paga 49% dos seus rendimentos em tributos, mas quem ganha acima de 30 salários paga 26%. Voltarei a este ponto daqui a pouco.

Vale lembrar também que pagamos impostos para termos as nossas necessidades básicas realizadas: saúde, educação, mobilidade urbana, habitação, cultura, lazer, etc. Logo, em um país onde o Estado geralmente é ineficiente em suas obrigações, e não consegue dar conta do que lhe é dever, a população tende a interpretar o imposto como algo nocivo. Em consequência, "faz parte do jogo" que se evidenciem táticas para burlar o sistema tributário. Até nas faculdades isto é ensinado para obter mais lucro. Para quê pagar impostos se o governo não o utiliza de melhor forma? "Dar o calote é a melhor solução", você pode pensar. Mas é aí que mora o perigo.

Quanto mais é sonegado, maior é o imposto cobrado para atender as necessidades de nosso dia-a-dia. Quanto mais imposto é cobrado, maior a taxa de imposto no rendimento do pobre. Quanto mais rendimento do pobre for tirado para pagamento de impostos, maior será a desigualdade deste país, pois não acontece na mesma proporção para com os mais ricos.

O boletim do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional é muito claro:
“na hipótese ainda de se levar em conta apenas a média dos indicadores de sonegação dos tributos que têm maior relevância para a arrecadação (ICMS, Imposto de Renda e Contribuições Previdenciárias) poder-se-ia estimar um indicador de sonegação de 28,4% da arrecadação (percentual muito próximo do indicador de sonegação para o VAT em países da América Latina que foi de 27,6%), que equivale a 10,0% do PIB, o que representaria o valor de R$ 415,1 bilhões caso levado em conta o PIB do ano de 2011. Tomando-se em consideração esse último indicador para a sonegação, poder-se-ia afirmar que se não houvesse evasão, o peso da carga tributária poderia ser reduzida em quase 30% e ainda manter o mesmo nível de arrecadação. Esses R$ 415,1 bilhões estimados de sonegação tributária são superiores a tudo o que foi arrecadado, em 2011, de Imposto de Renda (R$ 278,3 bilhões), a mais do que foi arrecadado de tributos sobre a folha e salários (R$ 376,8 bilhões) e a mais da metade do que foi tributado sobre bens e serviços (R$ 720,1 bilhões).”
 Por fim, está muito claro que existem dos grupos de pessoas: em um deles, encontra-se a grande maioria dos cidadãos, que precisa trabalhar até quatro meses por ano só para pagar impostos. No outro, estão os empresários (25% da arrecadação das empresas brasileiras é sonegada, também segundo o mesmo boletim) e os mais ricos, que proporcionalmente pagam menos impostos. Este último é "muito bem camuflado" e se beneficia das diversas brechas da legislação tributária, do sucateamento da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fazendo fortuna e alimentando os caixas da corrupção, da lavagem de dinheiro e do crime organizado.

Por isso eu sempre duvido do choro de empresários (ressalto aqui que não são todos, porém uma maioria esmagadora destes), ricos em postos privilegiados e movimentos articulados por estes mesmos grupos. Quem sofre com os altos impostos não são eles; mas sim o pobre, o morador da periferia, que utiliza ônibus todo dia, come pão com queijo no jantar para não gastar o gás e requentar o almoço, aquele que usa o SUS, que come no restaurante popular e necessita do bolsa família para sobreviver. Além da porrada na cara com a má gestão pública, o pobre sofre com o cheiro do arroto dos empresários e mais ricos que, na medida do possível, fazem de tudo para ficarem cada vez mais ricos.

Apenas um pequeno exemplo: a Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ) é promotora do Movimento Brasil Eficiente, e articula-se com o Estado para provimento de políticas públicas que favoreçam os seus associados (a LOT é uma estratégia neste sentido), entretanto, tem processos na justiça por não pagar IPTU à Prefeitura (basta consultar no site do TJ-SC). Arrecadar dinheiro (com doação dos outros) para hospital é fácil. Pagar impostos (com recursos próprios) e ajudar na melhoria da cidade, não.

PS: antes que alguém questione as fontes do sonegômetro, o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) também é um dos responsáveis pelo impostômetro.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Carta a alguns anônimos (e a alguns não anônimos também)

POR CLÓVIS GRUNER

No começo estranhei o silêncio. Em todo caso, ponderei: diante de tão flagrante expressão de discriminação e preconceito, até o mais clichê entre os anônimos (e alguns não anônimos também) deve ter-se rendido ante às evidências. Mas no emblemático terceiro dia, eles ressuscitaram. Surgidos de suas catacumbas e sem subir aos céus, logo começaram a pipocar os comentários ao meu texto e ao do Felipe sobre o episódio envolvendo o vice-presidente da ABRH/SC, Pedro Luiz Pereira, e sua infeliz declaração ao jornalista Claudio Loetz, de “A Notícia”.

Animados pela coragem dos primeiros, a tropa de choque anônima (e de alguns não anônimos também) não tardou, e à medida que ela avançava, descia o nível dos comentários. E como o anti-petismo agora é modinha, obviamente não faltou quem regurgitasse a ladainha de uma inexistente ameaça à liberdade de imprensa, num loop argumentativo que, sabe-se deus como e sem nem mesmo mencionar a nota que gerou a controvérsia, terminou no presidente do PT, o deputado Rui Falcão.

Escoimados os comentários anônimos (e alguns não anônimos também), sobrou pouco. Basicamente, a maioria acusou a mim e ao Felipe de responsabilizar fonte e jornalista por cumprirem seu papel, o de informar. Em outras palavras, o problema não está no meio ou na mensagem, mas em seu referente: as práticas discriminatórias levadas a cabo por empregadores e seus profissionais de RH. Nós poderíamos denunciar a “realidade” ou nos resignarmos a ela, tanto faz. Mas jamais acusarmos quem tratou apenas de “expressá-la”. Sobre isso, permitam-me esclarecer:

1-) Nossos textos não pretenderam negar a tal “realidade”. Aliás, pensei ter sido suficientemente claro sobre isso neste trecho: "Se já sabíamos que todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros, a declaração de Pedro Luiz Pereira pinta em tons mais berrantes esta realidade. Não se trata (...) de convivermos com o fato de que algumas funções de destaque dentro dos organogramas empresariais sejam de acesso exclusivo aos homens brancos (e adultos); o vice-presidente da ABRH nos diz, com todas as letras, que dependendo do empregador a simples aspiração a um posto de trabalho, independente do cargo, é exclusiva de homens brancos e adultos.”

2-) Por outro lado, tanto o vice-presidente da ABRH como  o jornalista Claudio Loetz não estão isentos de responsabilidade no episódio. Não se assume uma função de importância na hierarquia de uma entidade que congrega profissionais de Recursos Humanos, para continuar a tratar naturalmente o que não é natural. Continuo a afirmar que Pedro Luiz Pereira tem a obrigação de questionar uma prática discriminatória ao invés de simplesmente constatá-la. O mesmo vale para Loetz: justamente porque o conheço e sei de sua competência e seriedade profissionais, me senti e me sinto muito à vontade para dizer de novo o que afirmei no texto original: um repórter precisa ser um bom inquiridor e, como tal, fazer falar sua fonte lá onde ela pretendeu, consciente ou inconscientemente, silenciar. Se o jornalista não faz isso, é direito do leitor cobrá-lo. Simples assim.

Fosse só isso, e a questão seria apenas de ordem cognitiva. Mas uma segunda linha de argumentação de alguns anônimos (e de alguns não anônimos também) insistiu que o problema não é a discriminação contra negros e mulheres – a tal “realidade”. O problema de verdade é que somos, eu e Felipe – alguns julgam que são todos os colaboradores do blog –, “politicamente corretos”. Não, eu não confundi as coisas nem você entendeu mal: para alguns anônimos (e alguns não anônimos também) o problema não são as políticas discriminatórias (sejam elas racistas, machistas, homofóbicas, geracionais, etc...) no interior das empresas e seus RHs; não é a constatação de que negros e mulheres são alijados do mercado de trabalho por sua condição étnica e de gênero; que apesar das sete mil vagas ociosas, alguns empregadores e seus profissionais de RH continuam a preterir negros e mulheres e a preferir homens brancos, independente do cargo e da função, da qualificação ou competência. Não, nada disso é um problema porque, segundo alguns anônimos (e alguns não anônimos também) nada disso realmente existe: é tudo coisa da patrulha “politicamente correta”.

O fato é que alguns desceram tão baixo em seus padrões éticos que o simples gesto de solidariedade e indignação – em alguns casos, menos que o mínimo necessário – com quem quer que seja – e especialmente se o objeto da solidariedade pertencer às chamadas “minorias” – é achincalhado em nome de alguma coisa tão vaga e ambivalente como o “politicamente incorreto”. Nesse caso, não se trata de um problema simplesmente cognitivo. Ele é ético e político. E é, sobretudo, um problema de caráter.  

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Acorrentar-se é a solução?

POR JORDI CASTAN

Só uma situação de desespero levou a Sra. Rozevelde da Silva de 55 anos a tomar a medida extrema de acorrentar-se na grade do Hospital Municipal São José primeiro e na própria prefeitura depois. A sua situação não é um caso isolado, o numero de consultas, atendimentos e cirurgias represadas é tão vergonhoso que até o TCE (Tribunal de Contas do Estado) apontou um cenário de descontrole na gestão do hospital. Detalhava o desrespeito à fila dos pacientes que aguardam por cirurgias, a falta de controle da jornada de trabalho de médicos e até casos de profissionais que ganhavam mais de R$ 30 mil, valor maior do que o salário do prefeito Udo Döhler, cerca de R$ 23,5 mil na época da auditoria – o que é proibido pela Constituição Federal.

Chega um ponto em que o cidadão não aguenta mais o discurso fácil do político e parte para buscar soluções radicais. Há neste caso uma oportunidade de mudar, de verdade,  o momento de fazer deste um ponto de inflexão no tema da crise da saúde em Joinville.

O Prefeito Udo Dohler, reafirmou que o problema da saúde não é um problema de recursos é um problema de gestão. Joinville gasta hoje o dobro do que precisaria na saúde apesar de uma parcela significativa da população estar coberta por planos de saúde complementar o que deveria ser uma ajuda adicional para resolver o problema. Se o problema for a gestão e na sua campanha se destacou até a saciedade a sua imagem de gestor e o seu conhecimento dos problemas da saúde pela experiência acumulada a frente do Hospital Dona Helena, a solução já deveria estar sendo percebida pela população. O prefeito já assumiu faz quase um ano e o tema da saúde já era do seu conhecimento. Por si fosse pouco, a saúde foi elencada como a sua prioridade. É bom lembrar que o prefeito Carlito Merss, também elegeu a saúde uma das sua prioridades, do mesmo modo que outros prefeitos antes que ele o fizeram. A priorização da saúde não parece ter servido para resolver o problema. Serão precisas ações mais firmes e concretas que mais discursos, mais compressas de água fria e palavras vazias.

Para entender um pouco mais sobre o caso é bom lembrar que depois de esperar por mais de dois anos por uma cirurgia de quadril, a diarista se acorrentou na grade do Hospital São José, por duas vezes, foi analisada por uma junta medica que diagnosticou que o seu caso não era nem de urgência, nem de emergência e que a sua cirurgia seria eletiva. Ela recebeu uma receita com um remédio contra a dor e enviada para casa.

Sem solução e de acordo com o que já havia anunciado, o seu próximo passo foi se acorrentar na grade da Prefeitura Municipal, la foi vista pelo Prefeito Udo Dohler que convocou uma comissão de alto nível, envolvendo o Secretario de Saúde, o Diretor do Hospital São José, a Procuradoria do Município e a Diretora Executiva da Secretaria da Saúde e depois de analisar o caso, decidiu que poderia ser marcada a cirurgia para a colocação da prótese na cadeira. Foram precisos três dias para que a maquina pública se mexesse, foi preciso que a imprensa divulgasse o caso para que a cirurgia fosse marcada, foi necessário que a Sra. Rozevelde tomasse uma atitude extrema para que a cirurgia fosse marcada e o parecer tomado o dia anterior, alegando que a sua cirurgia não era emergencial e poderia esperar fosse mudado.

O poder público trata mal ao contribuinte, ignora a dor e despreza o sofrimento do andar de baixo. O caso da Sra. Rozevelde é uma prova que a sociedade precisa se mobilizar para defender seus direitos. Ela é um exemplo de coragem e uma prova que quem luta pelos seus direitos consegue seus objetivos.

O risco esta a partir de este episodio que o que foi um fato isolado fruto do desespero, possa passar a se converter numa rotina e que a cada semana novas Rozeveldes se acorrentem as grades dos edifícios públicos e convoquem a imprensa para divulgar as suas tragédias pessoais.

Será cada vez mais difícil para o poder público continuar empurrando com a barriga soluções que a sociedade esta esperando já faz anos, a paciência esgotou e discursos e justificativas não são mais suficientes. A hora de agir e de fazê-lo com presteza já passou. Neste caso a prefeitura agiu finalmente, depois que o episodio já tinha adquirido proporções maiores que as necessárias. Já no primeiro dia a resposta deveria ter sido mais concreta.

Sobre este episodio e revoltado com como foi tratado pelo poder público, encaminhei ao jornal A Noticia uma carta, no tom irônico que entendo que merecia a forma incompetente com o tema foi tratado pela prefeitura.

O texto é esse:

Correntes

Demorou, mas o problema da saúde em Joinville está em vias de solução. A Secretaria de Saúde está abrindo licitação em caráter emergencial de correntes e cadeados para que os pacientes com casos mais graves possam se acorrentar às grades dos edifícios públicos e com isso receber a atenção da imprensa. Assim, a possibilidade de serem atendidos de forma prioritária passa a ser uma realidade.

O Protocolo de Manchester ganha em Joinville, graças à criatividade sambaquiana, um novo componente: a corrente. Assim, as pulseiras coloridas que parecem alegres adereços de festa ou de balada ganham uma versão mais metaleira e pesada, a corrente de aço dos desesperados, que, cansados do discurso enfadonho, optam por medidas mais radicais.

Jordi Castan,

E a carta publicada mereceu esta resposta da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Joinville, curioso porem que carta de teor semelhante, assinada pelo Sr. Jorge D. Hexsel não mereceu nenhuma resposta da mesma assessoria.

A Prefeitura de Joinville, por meio da Secretaria de Comunicação, lamenta o teor e a publicação do texto escrito por Jordi Castan na seção de cartas de “A Notícia”, na edição de 18/10. O conteúdo em nada contribuiu para a solução dos graves problemas que a cidade enfrenta na área da saúde. Ao utilizar o deboche, a falsa informação e insinuações, o articulista, por meio do jornal, promove tom pejorativo e sem seriedade para tratar do sofrimento do cidadão.
Além disso, fantasiar sobre o Protocolo de Manchester, modelo consagrado de padronização de atendimento, vai na contramão do que o próprio jornal, na mesma edição, apresenta para a sociedade de Joinville em um debate construtivo e de altíssimo nível. A atual administração entende que o debate sério, sem cores partidárias e sem rancores do passado, é fundamental para a construção de uma sociedade melhor. É a Joinville que queremos.


Fora a inusual agressividade da resposta da Secretaria, o texto surtiria mais efeito se tivessem dedicado o espaço a informar e esclarecer em lugar de agredir. Mas optou por seguir a hierarquia do Desacordo de Graham e dirigir seu esforço “Ad Hominem” passo prévio ao próprio xingamento. Desconsiderando os estágios prévios, que seriam o de refutar o argumento central, ou refutar pura e simplesmente a carta, ou contra-argumentar, ou usar da contradição e ainda responder ao tom. Faltou equilíbrio e sobrou bílis. Deve ser o nervosismo lógico de quem vê que transcorridos 10 meses de governo a maquina continua emperrada e o relógio continua seu tic –tac imperturbável.