sexta-feira, 6 de maio de 2016

Aos navegantes: Cunha caiu, mas a corrupção continua















POR SALVADOR NETO


Chegamos ao final de semana derradeiro antes da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff com a bela notícia da “suspensão” do mandato do eminente deputado peemedebista Eduardo Cunha. Com grande atraso, Teori Zavascki do STF deu “liminar” para defenestrar a grande mão da corrupção no Congresso Nacional.

E ao fim da tarde desta quinta-feira (5/5) os ministros por unanimidade, 11 votos, mantiveram a suspensão. Sim, Cunha é o grande manipulador das forças políticas no legislativo, e tem, ou tinha, em torno de 300 deputados nas mãos. Agora perdeu o poder.


Já escrevi sobre esse tema que está quebrando o país, esta crise política sem fim que agrava a crise na economia. Nos textos “Querem impedir o Brasil?”, “A Cunha que atrasa o Brasil” e “Um impedimento só não faz verão”, analisei os fatos e com presença em Brasília, centro da briga. Ao final temos um quadro escabroso, e esta retirada cirúrgica de Eduardo Cunha de um dos poderes da República tenta nos dar um cálice de água fresca no deserto de esperanças que temos. Pelo menos ele já deu tchau à sua cadeira e ao poder. 

Mas, não se iludam. Como acreditam vocês que Eduardo Cunha chegou a ser Presidente da Câmara? Com votos dos senhores deputados e deputadas, aliadíssimos a ele, com as fortes bancadas do boi, da bala e evangélica! Junto a ele, há uma mesa diretora eleita no mesmo esquema. Um a um respondem a processos graves de lavagem de dinheiro, entre outros. E eles continuam. Eles mandam. E mandarão até que um dia o STF acorde novamente. Cunha fez o serviço requerido, e como a laranja ficando só o bagaço, está jogado ao lixo da história. Mas o esquema ainda está lá...

A MÁQUINA CORRUPTORA - O fato histórico é esse: os políticos brasileiros derrubaram uma presidente honesta utilizando um político desonesto para acionar a engrenagem maquiavélica que só a política tem, aliada ao poder econômico e midiático. Podem berrar à vontade citar juristas, pedaladas, caminhadas, qualquer coisa, mas o fato é este. Dilma Rousseff não cometeu crime algum, e será afastada com um golpe branco. Grande parte da população brasileira, embromada diariamente pelos grandes jornais televisivos, jornalões e bocas alugadas em rádios país afora, apoia isso. É um erro e reconhecerá isso tarde demais.

De qualquer forma, o povo vai saber já o que é que ajudou a recriar: o governo ultraliberal, o mesmo que vendeu o Brasil quase inteiro nos governos FHC, e que volta agora com os mesmos personagens. Michel Temer, Romero Jucá, Moreira Franco, entre outros, já estiveram nos governos anteriores. Conhecem e azeitaram a máquina corruptora que se apropria do Estado há décadas. Posam agora de salvadores da nação, mas não são. Investimentos sociais, em educação pública e formação profissional em larga escala? Esqueçam neste governo que pretende assumir logo ali na frente. Com eles é tudo com o deus mercado.

Outra verdade histórica: o brasileiro não acompanha a política, tampouco seus políticos eleitos, a não ser, e ainda precariamente, os poucos comissionados, nomeados, apadrinhados. O povo somente se ergue em casos esporádicos, quando dói o bolso, ou a mídia joga alguns aos leões. Mas logo volta aos sofás, ao futebol, e a dizer – não gosto de politica. 


Agora, neste exato momento em que soltam foguetes e já divulgam em redes sociais “viu, o Cunha também caiu?”, acreditam piamente que acabaram com a corrupção, e que o mundo será cor de rosa. Sugiro que continuem acompanhando de perto, porque a corrupção não acaba com um golpe na democracia. Acaba com a sua participação efetiva, inclusive na escolha de bons representantes populares sem ligações com grandes grupos econômicos, religiosos, ou de classes.

E Cunha, tchau prá você, já vais tarde! Tomara que mais dos cunhistas embarquem logo na canoa do STF. Que esta teia da corrupção continue a ser desvendada, e que o Brasil se reinvente. E seu povo também, participando ativamente da vida politica em todos os sentidos, não somente em eleições e em partidos. Política é mais que isso.


É assim, nas teias do poder...


8 comentários:

  1. Maravilha!
    Cunha caiu, semana que vem será a mulher-sapiens e na outra o corruptor-mor (este vai para o xilindró!)... Aos poucos o país vai sofrendo uma limpeza de políticos safados e incompetentes. Que venha Temer e sua sina por privatizar empresas ineficientes, caras e todos cabides de empregos do Brasil. O país precisa de uma agenda Liberal urgente.

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  2. Detalhe que a liminar que tirou Cunha da presidência da Câmara tinha 70 laudas. Liminar com 70 laudas? Será que a decisão já não estava guardada na gaveta apenas esperando um empurrãozinho?

    São coisas assim que mostram que a corrupção ainda está longe de acabar.

    Bem como no Senado, onde os parlamentares fazem discursos defendendo que atos que eles próprios praticaram outrora ensejam crime de responsabilidade. MAS, a pena só se aplica para aquele caso que estão julgando... É até difícil de tecer qualquer reflexão sobre algo assim. O circo está cada vez mais escancarado. Triste!

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  3. O que me deixou surpreso foi a “competência” da PGR e do STF em levantar provas e julgar Eduardo Cunha. Tudo em, no máximo 8 meses. Quanta eficiência, hein?!
    E o Renan?

    Por que Janot demorou tanto tempo para pedir ao STF que se investigue Lula, Dilma, Mercadante e o Cardozo... O procurador estava esperando o quê afinal de contas? Que o PT finalmente caísse, ou ficasse de pé? Acho que o Lulão tinha razão sobre a escolha de Janot...

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  4. Depois do GOLPE que Lewandowski e Mello tentaram dar contra o estado de direito ao aceitarem a tentarem empurrar goela abaixo a aceitação do pedido de afastamento e anulação de todos os atos no cargo (inclusive o impedimento da incompetenta da república) do “excelentíssimo” presidente da câmara dos deputados, entregue pelo poodle encoleirado do PT (Rede-Insustentabilidade), não posso esperar mais nada deste país. O ideal fosse que Eduardo Cunha caísse por seus pares, não por um outro poder. A sobreposição de poderes fere a constituição. Lewandowski e Mello deveriam ser cassados. Este país ainda não é uma ditadura!

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  5. Acredito que cabe a nós, cidadãos, continuar agindo no intuito das ditas instituições continuarem cumprindo seu papel de defesa do cidadão. Cuidado com o Liberalismo, cuidado com o discurso de empresas caras. Ainda pretendo um Brasil de brasileiros, não de multinacionais. Os custos que oneram as empresas são os furúnculos políticos que se alimentam do nosso suor e sangue. Não à privatização, nem da saúde, da educação, da assistência social, da tecnologia e das empresas estatais que garantem nossas riquezas.

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    Respostas
    1. Quer um país limpo? Privatize TODAS as estatais.

      Eduardo, Jlle

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    2. Eduardo e as soluções miojo.
      Se privatização acabasse com a corrupção não haveria escândalos nos EUA.

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    3. Não sei porque, mas tenho a impressão que alguns comentaristas do Chuva são assinantes da Veja.

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