Pode ser que, ao publicar esse texto no blog do Chuva, os ministros aqui citados não estejam mais no time do presidente interino Michel Temer, afinal um deles é alvo de investigação da Polícia Federal. Mas, me arrisco mesmo assim.
A tal Ponte para o Futuro desprezou por completo o assunto Meio Ambiente. Já havia comentado, no texto anterior, sobre a facilitação na emissão da licença ambiental que o governo interino almeja. Embora muitos acreditem ser esse um assunto secundário, pensar na preservação e recuperação ambiental deveria ser sinônimo de preservação da própria vida. Infelizmente, não é assim. Então, vamos aos fatos.
Em recente entrevista, o ministro interino do Meio Ambiente disse que se reuniu com o ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Magg, para conversarem sobre sustentabilidade e a conclusão foi que agricultura e meio ambiente não são adversários e sim, aliados. Em que mundo isso ocorre, por favor? É claro que a conversa não tratava da agricultura familiar ou de hortas orgânicas. Como ter certeza disso?
Bem, o senhor ministro Blairo Maggi, presidente da Amaggi, uma das maiores empresas do setor de agronegócios, já foi apelidado de “Motosserra de Ouro” por uma ONG brasileira e já disse que os ambientalistas tinham preconceito com o setor produtivo. Não é possível não ter pré-conceito com um cidadão que desmatou áreas imensas no Mato Grosso (área de Mata Amazônica) e que quer mudar o licenciamento ambiental no Senado, tornando-o bem mais simples.
Segundo Sarney Filho, “o ministro da Agricultura conhece tudo sobre agricultura, afinal ele é produtor”. Creio que conheça tudo sobre desmatamento, latifúndio, desgaste de solo. Conhecer sobre Agricultura é conhecer os reais problemas do agricultor brasileiro, seja qual porte for. É gerar um mercado interno para que todos saiam ganhando, para que ocorra a regulação de preços, para que a produção não seja jogada nas estradas. Exemplos: plantio de cana-de-açúcar para exportar açúcar ou para fabricar combustível e abastecer o mercado interno? Plantio de soja para exportação ou agropecuária orgânica?
Uma coisa interessante foi a proposta de Maggi para o programa Mato Grosso Legal, que seria uma importante ferramenta contra o desmatamento. Será que ele não quer concorrência no plantio de soja, na mínima parcela que sobrou da vegetação daquele Estado? Ou é algo do tipo “faça o que eu mando mas não faça o que eu faço”?
Quando tomou posse como ministro interino, Maggi disse que o El niño seria o responsável pela seca na região Amazônica e pelas enchentes no Sul, no final de 2015, e que isso agravava o cenário de exportação de grãos do país. Voltamos ao começo. O El niño pode agravar uma situação provocada por desmatamento, assoreamento de nascentes e levantamento de lençol freático, provocado pelo uso desmedido da agricultura de latifúndios.
Fica fácil destruir o equilíbrio natural e jogar a culpa num fenômeno climático. Não é concebível, atualmente, ignorar que a perda de biodiversidade e o mal uso da água e do solo tem efeitos na saúde pública e na perda de qualidade de vida. Isso não é mais papo de “biodesagradável” e “ecochato”. Os lucros do plantio de soja caem no bolso de meia dúzia. Os custos dos prejuízos e degradação ambiental são repartidos por toda a população.
Um Ministério como o do Meio Ambiente que sobrevive com cortes orçamentários dantescos, que é visto como o causador do subdesenvolvimento de algumas regiões do país precisa de um ministro de pulso forte e que mostre o verdadeiro valor dessa pasta. Já o Ministério da Agricultura necessitaria de alguém que não agisse em causa própria, mas que entendesse a situação de toda a área e produção rural brasileira. Segue a pinguela para o futuro, com projetos e ministérios pra boi dormir. Mas só boi gordo, diga-se de passagem.
Até porque as políticas do meio ambiente avançaram muito nos últimos 14 anos.
ResponderExcluirA taxa de desmatamento é 1/3 do que era no governo FHC. Ainda é alta e muito mais poderia ser feito. Mas, sabe o que é, na primeira oportunidade volta tudo pro grupinho do sr. Caiado e toda a bancada do boi. Daí fica difícil, né anônimo?
ExcluirA taxa de desmatamento é 1/3 do que era no governo FHC. Ainda é alta e muito mais poderia ser feito. Mas, sabe o que é, na primeira oportunidade volta tudo pro grupinho do sr. Caiado e toda a bancada do boi. Daí fica difícil, né anônimo?
ExcluirPerfeito Raquel, em todas as áreas, Temer pôs raposas vigiando galinheiros e vampiros cuidando do banco de sangue...Até quando?
ResponderExcluirAté qdo as pessoas forem para as ruas atrás de interesses próprios, infelizmente.
ExcluirExcelente. Concordo plenamente. Infelizmente, ainda há servidores públicos de meio ambiente que louvam o Sarneyzinho - meramente por uma questão salarial. O que se nota claramente é que a gestão de Zequinha Sarney foi marcada por um ambientalismo de ong's, ou seja, jogou pra galera, criando UC's sem preocupar-se com populações tradicionais ou com a própria sustentabilidade dessas unidades. É o parceiro ideal para o Blairo Motosserra - vê o Brasil como um agroexportador e acredita que meio ambiente deve ser garantido apenas com UC's. Pra não levantar muita poeira, deve acenar com algumas bondades para os servidores da área ambiental. Me poupe! É preciso derrotar esse golpe já, ou o Brasil inteiro será exportado.
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