A comunicação é um tema importante e muito estudado durante
anos, mas é um assunto que não pode e nem deve ficar restrito apenas ao âmbito
acadêmico. Em tempos de polarização, uma análise crítica sobre o comportamento
dos veículos de comunicação tupiniquins é essencial para entendermos o jogo
ideológico e os interesses implícitos por trás de cada programa.
Recentemente, viralizou nas mídias sociais algumas respostas
do atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ao humorista Carioca, em
entrevista cedida ao programa Pânico, na rádio Jovem Pan. Com curiosidade,
procurei a entrevista na íntegra e fiquei impressionado com o tratamento dado
ao prefeito, não por todos os participantes do programa, mas especialmente pelo
Carioca.
É notória a rispidez no tratamento, a violência nas
perguntas e o ódio cego que causou desconforto no ambiente. Durante todo o
programa, o humorista interrompeu o entrevistado, cortou as perguntas dos
companheiros de bancadas e fez acusações sérias, porém sem base argumentativa.
O desconforto foi tão grande que os próprios colegas de
trabalho começaram a se irritar com a postura do comediante. Em certo momento
da entrevista provocaram Carioca, dizendo que a postura dele com o prefeito não
estava sendo a mesma que tivera com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), em uma
entrevista realizada semanas antes.
Fui procurar também a tal entrevista citada e, realmente, a
diferença é gritante e notória. O tom de voz, as piadas, os tipos e a forma de
fazer as perguntas, o respeito ao tempo de resposta... Enfim, foi apenas mais
um dos diversos exemplos que estamos vendo atualmente do tipo de imprensa da
qual estamos reféns. Imprensa que trabalha a serviço dos próprios interesses,
imprensa que tem lado e que já nem busca mais a tão falada imparcialidade.
Em certo momento da entrevista com Haddad, Carioca se mostra
indignado com a postura de Emílio Surita e diz ao microfone: “Pô, Emilio, eu
não tô te entendendo, cara”. É fácil de entender, Carioca. Não se pode deixar o
ódio ou as divergências de opiniões interferirem no profissionalismo. É
necessário manter a ética profissional e cumprir com o papel informativo.
Dar exemplo de respeito à democracia em tempos de
polarização e ódio deveria ser o papel principal de todos os meios de
comunicação que realmente prezem pela liberdade.
O mesmo pau que dá em Chico tem que dar em Francisco.
Entrevista com o Prefeito Haddad (PT):
Entrevista com o Governador Geraldo Alckmin (PSDB):
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