segunda-feira, 14 de março de 2016

A rua é de todos


POR JORDI CASTAN

Fui em 2015 e voltei de novo (aqui).  E voltarei à rua todas as vezes que seja preciso. Não se mudam as coisas desde o sofá. Há que agir, assumir riscos e se manifestar. Coisas que o brasileiro evita fazer. O brasileiro, e o sambaquiano ainda mais, historicamente evita se expor. É esta omissão a que tem permitido chegar ao ponto ao que temos chegado. E não vou me referir só ao Brasil, porque nem Santa Catarina e muito menos Joinville são ilhas de excelência, no momento em que o país faz água por todos os lados.

Omitir-se é deixar que outros ocupem os espaços que são de todos. Ainda não entendi por que havia tanto patrulhamento nas redes sociais, com qualquer um que se manifestasse a favor de manifestar-se no dia 13. Ou será que, sim, entendi? Será que há uma parcela da sociedade que se considera dona da rua? Que não gosta que outros possam se manifestar?

Eu fui. Vi gente de todas as classes sociais, famílias inteiras, em muitos casos até três gerações se manifestando. Externando a sua revolta contra a crise moral é ética que assola o Brasil. Ninguém distribuiu sanduíches de mortadela. A maioria dos cartazes tinham sido feitos de forma espontânea, sem muitos recursos e com uma boa dose de criatividade e de humor. O brasileiro da classe média estava lá. Aliás, essa classe média não era o grande resultado do governo que aí estaá? Não foi o governo quem tirou milhões da pobreza? Como essa gente desagradecida é quem justamente agora esta questionando o governo e o partido que conseguiu estes logros?

Vão dizer que quem estava lá eram os derrotados? É oportuno lembrar que a presidente não conseguiu que a maioria dos brasileiros a votassem: 21,10% não votaram, 1,71% votaram em branco e 4,63 anularam o voto. E um país em que votar é obrigatório.  O total de votos no outro candidato, os nulos, os brancos e as abstenções somaram mais de 75%. A essa maioria silenciosa, devem ainda se somar os descontentes com o Governo, se acreditamos nas pesquisas que mostram que menos de 10% aprova o governo da presidente. Não é surpresa que numa cidade em que a presidente não ganhou, mais de 30.000 joinvilenses estivessem ontem na praça da bandeira.

E agora? Pois provavelmente nada. Como antes. Este é um movimento que não tem líderes, nem uma pauta única. Em comum unicamente a revolta contra a corrupção, contra o governo federal e o PT. O número de participantes em Joinville e nas centenas de outras cidades e capitais aumentou muito com relação à março de 2015. Pelos dados divulgados até hoje, mais de 50%, números que não podem ser ignorados. O governo pode fazer de conta que não é nada, como fez no passado. Seria bom pensar melhor antes de ignorar de novo. O risco é que políticos oportunistas se aproveitem deste momento e dessa maioria desencantada da política e dos políticos tradicionais.

Falando dos oportunistas houve poucos, mas houve e não foram bem recebidos, em São Paulo concretamente, foram convidados a retirar-se.

4 comentários:

  1. Pois é ….
    dirão alguns que isso é uma amostragem da’zelites
    Manifestação dos que foram atingidos pelas reformas Lulofantasiosas ou Dilmomissas
    “Ela foi colocada ali legitimamente”
    Uai ! Quem é que nega isso?
    Só que a figura mentiu.
    Traiu.
    Não cumpriu.
    Se omitiu.
    Deixou que roubassem.
    Deixou a nação sangrar até exaurir a sustentabilidade
    Será deposta legitimamente.
    E aquele que furtou o patrimônio do Palácio do Planalto terminará passeando de Pajero Preta, rumo à Curitiba.
    Lamento ter que trocar o cocô pela bosta.
    A linha de sucessão que se cumpra … e que sejam tratados com a mesma atenção pelo Ministério Público.
    O cidadão não tem LADRÃO DE ESTIMAÇÃO para defender irracionalmente

    Tomemos as ruas …. retomemos nossa Nação

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  2. Pois é, neste último dia 13 o povo brasileiro mostrou o seu descontentamento com o governo que vem pilhando o país.
    Alguns dizem que as manifestações reuniram 3,5 milhões, outros, 6,5 milhões, não se sabe ao certo, mas com certeza saberemos quantos indolentes-aspones-sindicalistas sairão às ruas na próxima sexta-feira a defender esses bandidos (porque sábado e domingo são dias sagrados de descanso!).

    Eduardo, Jlle

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  3. O preconceito e o elitismo com a classe irretocável de coxinhas sambaquianos...e só para deixar claro, com todos os números e as distorções que colocastes, os números da Dilma ficaram em primeiro. Não adianta vir com esta original estatística. O anti-petismo de vcs jamais chegará a uma postura anti-corrupção, este papel exigiria demais de suas interpretações. Respeito a Democracia seria o mínimo que esperamos de pessoas tão esclarecidas como vcs. Eu disse seria...

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  4. Concordo com o texto, alias votei na Marina, mas temos que admitir que o perfil das pessoas que se manifestam é de pessoas com interesse em política, ou seja, um perfil mais classe média, de homens e idade acima dos 30 anos, há pouco interesse por parte dos jovens, as classes mais humildes estão descontentes mas poucos se arriscam a ir para as ruas, suponho que seja puro desinteresse ou falta de fé nas mudanças.

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