quarta-feira, 9 de março de 2016

Joinville: a propaganda e as velhas práticas

POR FELIPE SILVEIRA

As reformas de duas obras importantes para a cidade serão inauguradas neste aniversário de 165 anos de Joinville: o Mirante e o Ginásio Abel Schulz. Certamente entrarão para a galeria do prefeito Udo Döhler, que as usará como trunfo na disputa à prefeitura deste ano. A prática, mais velha do que andar pra frente, de economizar nos anos anteriores para gastar em ano eleitoral, se confirma mais uma vez. É uma forma de mostrar para a população que nos anos seguintes haverá muitas obras pela cidade.

Mas o alto número de inaugurações revela que nos três anos anteriores pouca coisa foi feita. Eles apostam, porém, no esquecimento de uma cidade às escuras por anos, da falta de medicamentos, do fechamento do restaurante popular na região central, dos ataques aos servidores públicos (e consequentemente à saúde e à educação), dos cortes no setor cultural e da cidade toda esburacada.

Quando falamos que um governo não faz nada, é óbvio que se trata de uma figura de linguagem. Seria inadmissível que um governo eleito nada fizesse, no sentido literal. O problema é justamente o que e como ele faz. A geston Udo faz parte de um projeto que privilegia os ricos locais, como a elite econômica municipal sempre fez.

Um exemplo bem claro é a duplicação da Avenida Santos Dumont, uma obra caríssima que serve aos moradores da região mais rica da cidade, enquanto o trânsito na zona sul é um caos diário que começa cada vez mais cedo e termina cada vez mais tarde. Para muitos joinvilenses, a vida se resume no revezamento entre a casa e o trabalho.

A propaganda udista certamente vai se intensificar a partir de hoje. A elite joinvilense adora usar o aniversário nas suas estratégias de dominação. É do historiador Clóvis Gruner a obra que mostra como a festa do centenário foi usada para legitimar o discurso da “ordem e do trabalho”. Afinal, não há segredo, né? O prefeito gosta de falar de futuro, mas seu slogan tem, pelo menos, 65 anos.


Falando em propaganda, já circula nas redes uma página em defesa de Udo, chamada “Eu defendo a honestidade, por que...”. O problema é que ela usa uma técnica bem desonesta em uma de suas montagens. Fazer uma foto feia, em preto e branco, em um dia de chuva, e colocar em contraste com uma bela foto, em um dia ensolarado, é uma técnica bem manjada de manipulação pela imagem. Poderiam falar do trabalho que fizeram, se de fato se orgulham dele, mas optaram pelo jeito mais fácil. Velhas práticas...

Neste aniversário de 165 anos, eu desejo a Joinville que se reconstrua. Chega de moer gente e seus sonhos nas fábricas, nas ruas, nas praças e nos ônibus para que apenas algumas famílias enriqueçam. Joinville é uma cidade linda e rica, mas uma boa parte da população não consegue aproveitar suas belezas e prazeres, sua arte e seus poucos espaços de lazer.


Quando a vida é assim, comemorar o aniversário não tem muita graça.

5 comentários:

  1. Ambas as inaugurações são obras que se iniciaram em gestões anteriores.

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  2. Centro Pop, Casa da Cultura, CEIS, macrodragagem do Matias, binário da Timbó, Postos de Saúde, Parques do Fonplata (que começaram com Tebaldi), Parque da Expoville, Mercado Público, Rádio, Orquestra, fiação subterrânea, estação de lodo, reforma do Zoobotânico, e mais um tanto....todos foram projetos elaborados ou com financiamento captado pelo Governo Carlito. Tínhamos até um BADESC II de pavimentação aprovado e depois barrado politicamente pelo governo do Estado. Só o BID II, também aprovado pelo Carlito, rende 10 anos de ações contra enchentes em Joinville.

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  3. Dalbosco tá igual político. Aparece de quatro em quatro anos. Quá, quá, quá. Chora, Dalbosco, chora.

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  4. Felipe o pior é que a maioria das pessoas não conhece nada sobre edição e manipulação aí fica fácil para meios de comunicação mal intencionados disseminarem mentiras ou inverdades por aí.

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