quinta-feira, 17 de maio de 2012

Como será o futuro de Joinville?


POR GUILHERME GASSENFERTH

Segundo reportagem veiculada na edição número 1.001 da Revista Exame, a região Norte-Nordeste de Santa Catarina será a que mais vai crescer no Brasil até 2025. Parece uma ótima notícia. Será mesmo?

É claro que é bom saber que vivemos em uma região economicamente promissora. Mas será que a região está estruturada para isso? Temos condições de suportar este crescimento sem perder a qualidade de vida? Joinville e região possuem pessoas qualificadas profissionalmente para os milhares de empregos que ainda se abrirão? Há universidades e cursos suficientes (em número e qualidade) para essas pessoas? Nossas cidades estão preparadas para receber o novo contingente de moradores que certamente aumentarão nossas estatísticas populacionais? Conseguiremos manter uma das maiores áreas de mata atlântica primária do Brasil?

Do ponto de vista da infraestrutura, é inútil dizer que o estado atual das coisas é muito aquém do que é razoável para uma região rica como a nossa. A BR-101 é nossa principal via de comunicação com as outras cidades. Com as dezenas de grandes empresas a instalarem-se em Araquari, Garuva e Barra Velha, a BR-101 continuará dando conta da demanda? Sobre a BR-280, sem comentários. 

Nosso aeroporto está ganhando seu ILS, mas como bem já disse o Charles Henrique aqui neste blog, que adianta estrutura se as empresas aéreas não colaboram com mais voos e em melhores horários? Nós temos condomínios, prédios e imóveis para nossos novos moradores? Não. As avenidas de Joinville (dá pra contar nos dedos de uma mão) suportarão o crescimento? Já estão saturadas, como poderão absorver mais carros?

Na questão da saúde, embora eu concorde que a manutenção de nossos hospitais e sua adequação para estarem funcionando a pleno vapor é prioridade, mas será que não cabe um hospital (estadual!) na Zona Sul? É preciso pensar em construir já para que quando Joinville esteja maior não precise correr atrás do prejuízo. Nossa saúde está muito mal e os medicamentos que prescrevemos já não fazem efeito.

E a cultura? Joinville tem só um teatro pra menos de 500 pessoas. É vergonhoso. E mesmo quando o novo teatro que a prefeitura anunciou estiver pronto, continuará a ser vergonhoso. Cinema só filmes comerciais. Os museus só estão atrativos para traças. Uma cidade como esta, riquíssima, ter apenas dois teatros, poucos cinemas e museus caindo aos pedaços. Nem Ionesco poderia ser tão trágico.

Será que nossas faculdades, universidades e cursos técnicos estão dando resposta ao que a sociedade e o mercado necessitam? À primeira, certamente não. Já falamos aqui sobre a deficiência de cursos na área de humanas. Felizmente, começam rumores (confirmados pelo diretor da UFSC Joinville) de que em breve iniciam estudos para a implantação de cursos de humanas no campus local. Antes tarde do que nunca!

Preocupa-me também a nossa condição insular. Sim, eu sei que geograficamente não somos uma ilha. Mas nossas cidades são como tal: não se relacionam, não pensam em conjunto, não planejam umas com as outras. Que adianta Joinville buscar atender suas necessidades e planejar um novo hospital pensando só em seus moradores e depois estar superlotado porque não se pensaram nas cidades vizinhas que também farão uso? A questão do transporte coletivo também é vergonhosa. Joinville precisa pensar na integração regional, é uma questão premente!

Diante deste quadro, só uma palavra me vem à mente: planejamento. Joinville e cidades da região têm que planejar como querem estar daqui a 10, 30, 50, 100 anos. E começar a por em prática as estratégias das quais lançarão mão para chegarem ao futuro como desejam.  Planejamento regionalizado, integrado, responsável, apartidário, efetivo, criativo.

Mas dentre todas as carências de nossa cidade, uma destaca-se na multidão: a ausência de cabeça. Nossas lideranças (de todos os aspectos) precisam usar a massa cinzenta para pensarem como tirar Joinville desta crise fiscal e fazer a região tornar-se não só a que mais cresce no Brasil, mas principalmente a que será a melhor do Brasil para todos! Com criatividade, inovação e trabalho, Joinville será de fato a melhor cidade para se viver no país!

17 comentários:

  1. Por isso que venho defendendo a inovação. Sou PSDB, mas só de pensar em ter Tebaldi para prefeito novamente, já me preocupo. E essa preocupação não é só com o Tebaldi não, Udo não governará, será a marionete do LHS, o mesmo de Kennedy que apenas fundará igrejas por aí e fotografando tudo, claro.
    Precisamos de sangue novo nas veias da prefeitura. Os mesmos chacais de sempre apenas farão o que sempre fizeram: tampar o sol com a peneira.

    A maior prova de que PLANEJAMENTO está fora de qualquer órbita da prefeitura é o estado que se encontram nossos patrimônios. Apenas se constrói, se mal faz, e deixa-se às traças. Duvido que haja um planejamento na prefeitura que vá além de 4 anos. Não há!

    A Revista prevê crescimento até 2025? Se as coisas continuarem como estão eu prevejo caos absoluto em 2020.

    Ba'al

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    1. Não tenho simpatia pelo Udo. Cara mal humorado e arrogante.

      Mas, pelo pouco que o conheço pelos jornais, TV e rádio, acho muito difícil (senão impossível) imaginar que ele, com a idade, fortuna, prestígio e temperamento que tem, será marionete de alguém. Não acredito nisto.

      Pelo contrário, acho que talvez o problema do Udo seja exatamente o fato de que ele vai fazer o que bem entender. E isto, é sim, um problema.

      E quanto a sangue novo... pelo amor de Deus... queres colocar Joinville na mão do menino do PSOL?
      Ou então achas que o outro menino advogado, o filho do ex-deputado daria conta do recado e seria este "sangue novo". Faça o favor. Não temos para onde correr, é verdade, mas o suicídio não é uma opção.

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  2. Sabe o que é que cresce de forma descontrolada?
    Câncer.
    Sabe como "eles" tratam o câncer?
    Com batom e pó de arroz ......... de vez em quando uma aspirina.
    Sabe quantos metros de rua vamos aumentar em 20 anos?
    Zero.
    Em 20 anos, sabe quantos carros serão somados aos que hoje rodam?
    240.000 (duzentos e quarenta mil) - mantidos os 2000 licenciamentos/mês da atualidade.
    A população cresce mais rápido do que qualquer capacidade de criar escolas, hospitais, ruas, casas, fornecimento de água, saneamento, etc...
    reparem que todos (TODOS) os projetos de futuro mostram carrinhos elétricos, parques, edifícios flutuantes, muito verde, muitos espaços ...... e nenhum habitante hahahahahah
    Os "sem noção" não tem coragem de falar que a praga do crescimento descontrolado inviabiliza qualquer (QUALQUER) projeto de desenvolvimento - e entenda-se desenvolvimento como aumento na qualidade de vida do grupo, não o enriquecimento de um pequeno grupo em detrimento do todo.
    Uma lei natural de valorização. Se eu possuo um sapato, dar-lhe-ei muito valor; se possuo 100 pares, nada me afetara se enfiar alguns na lama.
    Da mesma forma se formos muitos habitantes, a importância da qualidade de vida cai.
    Nossos governantes (públicos e privados) visam o retorno imediatista. O parasita ganancioso mata o hospedeiro e inviabiliza a continuidade da existência.
    A Grécia vai mostrar o caminho.
    A previdência terá que ser reformada. Não gostou? Vai fazer greve?
    Fique uma semana sem água e venha me falar de greve.
    Fique duas semanas sem água e a fina e frágil camada de civilidade humana desaparece.
    Somos induzidos a formar e preparar cada vez mais nossos filhos para obterem maiores oportunidades no mercado. E quando lá chegarem, novas exigências surgirão, e a título de desqualificação serão sub-remunerados. Pessimista? Tãotá. Vai lá e me conta depois. Nas salas de 150 prevestibulandos ... quantos obterão o reconhecimento do mercado.
    Os chineses estudam com soro injetado na veia para suprir alimentos e não perder tempo de estudo. Putz! O que virá depois disso?
    As mães asiáticas (as tigresas) sacrificam toda a infância das crianças em rotinas de estudo similares aos esforços pré-Olímpicos.
    Isso é qualidade de vida?

    Não quero morar na maior cidade de Santa Catarina. Quero continuar morando numa das cidades mais gostosas de Santa Catarina.

    A medicina nos faz viver produtivamente por muitos anos a mais.
    Legal, né? Mais a previdência não suporta.
    Logo (escreve aí) logo teremos que contribuir, não por 35, mais por 55 anos. Não gostou? Faz greve.
    Temos que decrescer.
    Temos que ser menos gananciosos.
    Temos que nos dar mais tempo.
    Seria muito mais barato e muito mais coerente como forma de distribuir renda e dar oportunidade se o governo disponibilizasse casas aos casais que não quisessem ter filhos. Sem o peso de um aluguel e a responsabilidade (financeira e de tempo) necessária às crianças, o casal poderia investir em capacitação, viajar, poupar, crescer .... quando chegasse a conclusão que estariam aptos a criar um filho, devolveriam a casa ao governo e seguiriam suas vidas. Que os hipócritas não confundam com controle de natalidade. É um estimilo à educação do casal e à qualidade de vida. De onde viria o dinheiro para as casas? Pô! Quem sabe quanto o Estado gasta com uma criança até que ela se torne um cidadão produtivo? Isso sem falar na falta de tempo e de oportunidades dos pais.
    Diminuiríamos a oferta de mão de obra barata (escrava social) o que faria com que os salários de base aumentassem. As industrias venderiam menos, reduziriam sua margem e redirecionariam a produção para um consumidor mais inserido economicamente.
    Sem dúvida melhoramos muito nossa disponibilidade de confortos, mas isso infelizmente não tem se revertido em qualidade de vida.

    Pois é ..... Joinville de 2025 ... já era. Não vai dar tempo. Vai ser pior do que hoje.
    Quem sabe na Joinville de 2100.

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  3. Verdade seja dita, Joinville é uma cidade "burra", "ignorante". E infelizmente acho que isso não vai mudar tão cedo...

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  4. Com já falou o Sergio, não importa qual a Joinville que queremos, pois serão tantos modelos quanto os interesses (individuais ou corporativistas) existentes.
    Acho que a pergunta deveria ser esta: quanto Joinville ainda suporta para garantir a qualidade de vida que queremos (pois a atual está em franco declínio).
    Não podemos computar o crescimento atual, pois a tendencia de migrações será exponencial uma vez confirmada a previsão da revista Exame.
    Os espaços vazios serão tomados, a cota 40 terá que ser reavaliada para possibilitar moradias, a área costeira será ocupada por eixos viários e prédios, o Piraí e Pirabeiraba incorporarão o perímetro para dar abrigo e emprego para toda esta gente. Garuva e Araquarí se transformarão numa espécie de ABC catarinense, com bolsões de miséria e violência. Os mangues serão ocupados por elevados necessários para cruzar de Norte a Sul uma malha viária entupida. Engarrafamentos serão medidos por dezenas de km como SP.
    Será que é isto que queremos?
    A ampliação do perímetro sobre as ARTs da Estrada da Ilha e Paranaguamirim é só o começo disto.

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  5. Quantos questionamentos... contei 26 sinais de interrogações.
    Já que meu nome já consta no Index da Capela da Santa Inquisição Burocrata, vou acrescentar mais um. Quem ira responder aos questionamentos: "Os que precisam usar a massa cinzenta ou os "sem noção""?

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    1. A CÃmara de Vereadores vai contratar consultoria de fora para tratar das ARTS. Não tem massa cinzenta por aqui, nem a tua.

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    2. Hummmm, acho que o Arno tem até massa cinzenta demais. Até poderia dar um pouquinho para nós. Agora se chamá-lo de "maluco", no bom sentido, daí eu concordo! rsrs...
      Zé Bolacha!

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  6. Pensando bem, acho melhor aproveitarmos a epoca de fim de ano, quando a cidade esta vazia e até o rio Cachoeira ficou cristalino .......... e lavantamos um muro em volta da cidade kkkkkkkk
    seríamos 200.000 habitantes felizes kkkkk

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    1. Sem dúvida a melhor semana do ano para morar em Joinville

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  7. São todos questionamentos que eu me faço (?).
    Geralmente, eu não me respondo;
    E as vezes, quando me respondo, não gosto da resposta que me dei (?)

    Da mesma forma, a sociedade esta começando a se questionar.
    Queremos voz;
    Queremos perguntar;
    Queremos respostas
    Infelizmente, creio que a sociedade não gostará do que vai ouvir.
    Creio que, em breve, teremos que rever vários conceitos e costumes.

    De qualquer forma, o início é ....
    não permitir que o poder do capital escuso e individualista mantenha os "massa cinzenta" chefiados pelos "sem noção".

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  8. Qualquer "previsão" de explosão populacional eu trato como especulação. Índices de fecundidade e de migração interna mostram caminhos opostos. Justificar verticalização, diminuição de lotes, aumento do perímetro urbano para manter o "status" de cidade mais populosa considero populismo com interesses particulares.

    A agropecuária, infelizmente ainda dependendo de commodities, equilibra o comércio internacional brasileiro e fomenta seus fornecedores industriais e de serviços.

    Produção agrícola e industrial dependem cada vez menos de mão de obra, possibilitando crescimento econômico sem necessidade de aumento populacional proporcional.

    Equipamentos públicos e infraestrutura não acompanharam o crescimento populacional, econômico e expectativa da população.

    Não precisamos esperar até 2020, o caos já chegou

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    1. Dirk, como sempre, muito lúcido.
      Apesar de um pouco fora do assunto, tocou "en passant" num mito que a meu ver mais prejudica do que ajuda, ou seja: o título de "a maior do estado". Não importa se por densidade populacional ou por poder econômico, esse conceito, além de nos tornar um tanto presunçosos perante aos outros municípios, tem servido à espertos políticos, que manipulam esse conceito a seu bel-prazer, sempre no sentido de escapar de suas responsabilidades. Assim, ao estimular o ego da população através do tradicional "somos a maior do estado", ela acaba não percebendo que está sendo surrupiada em cidadania e qualidade de vida. Afinal, é mais fácil encher o peito e arrotar importância, e simplesmente jogar a culpa no "partido da ilha", do que construir estradas, avenidas, hospitais, escolas e brigar por isso com persistencia e inteligencia.
      E como essa história já é bem antiga (e eu sei bem quando começou) meu caro Dirk, realmente não precisamos esperar 2020. O caos já está aí ha muito tempo, mas pelo menos somos "a maior e mais importante do estado". Então tá...

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    2. Perfeito Nelson, ser a "maior cidade do estado" virou grito de guerra de torcida de futebol.

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  9. Como de costume, um ótimo texto Guilherme .. De fato nossa região vem em franco crescimento, e necesssitamos de novas estratégias para aproveitar o bom momento. O que acontece, é que sem planejamento nossa cidade não poderá crescer de uma meneira equilibrada, e se nós não tomar cuidado, estaremos fadados ao caos total ...

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  10. Já que tem um monte de vereador que só sabe fazer moção de homenagem, alguém faz favor e convence um deles a lançar projeto de lei que proíba nascimentos na cidade, a partir de 2013. Pega outro vereador - todo mundo tem que brilhar - e pede outro projeto de lei que determine a instalação de cancelas nas entradas da cidade. E uma campanha de combate à invasão bem eficiente. Qualquer coisa, liga para o Sarkozy ou outro direitista que eles ensinam como se expulsa imigrante.

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  11. Nos tempos da Inquisição, heresia era definida da forma como Roma quisesse definir; isso abrangia desde pessoas que discordavam da política oficial, aos filósofos herméticos, judeus e bruxas, reformadores protestantes e também os MALUCOS. A inquisição burocrata de nossos tempos tem métodos similares aos da Idade Média, onde as vítimas não conheciam seus acusadores (anônimos). O processo de acusação, julgamento eram rápidos e feitos nos porões de igrejas ou calabouços. A execução era publica geralmente realizada em praças e sob os olhos de todos os moradores, como forma de coagir e intimidar a população.
    A afirmação do anônimo de que não tenho massa cinzenta me fez pensar:
    O que é massa cinzenta? Será que eu a tenho?

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