POR JORDI CASTAN
Os amautas (palavra quechua) eram, na sociedade inca, filósofos-oradores
profissionais que tinham como missão utilizar a sua sabedoria e conhecimento
para manipular a história do soberano. A ideia, claro, era criar para ele um passado cheio de
proezas e de gestas. E para completar o seu trabalho e obter um impacto ainda
maior, se dedicavam com o mesmo entusiasmo a criar histórias constrangedoras
sobre os adversários do seu senhor.
Neste momento turbulento da historia moderna do nosso país,
os amautas estão trabalhando a todo vapor. A impressão que se consolida é a
que, desta vez, as condições estão postas para termos uma situação mais sangrenta e impiedosa que as
anteriores. Uns não querem perder o poder a nenhum custo e os outros querem
voltar a recuperá-lo .
Reforça esta teoria o nível da imensa maioria dos poíiticos e, principalmente, os muitos interesses envolvidos. Não devem faltar recursos para que os melhores amautas tenham à disposição todos os meios humanos e materiais para fazer um bom trabalho. Os amautas modernos contam com meios tecnológicos que não existiam quinhentos anos atrás. Poder utilizar vídeos, fotos, recortes de jornais, entrevistas e material disponível na internet torna o trabalho mais fácil.
Reforça esta teoria o nível da imensa maioria dos poíiticos e, principalmente, os muitos interesses envolvidos. Não devem faltar recursos para que os melhores amautas tenham à disposição todos os meios humanos e materiais para fazer um bom trabalho. Os amautas modernos contam com meios tecnológicos que não existiam quinhentos anos atrás. Poder utilizar vídeos, fotos, recortes de jornais, entrevistas e material disponível na internet torna o trabalho mais fácil.
Como resultado, a historia é reescrita mil e uma vezes ao
sabor e de acordo com os interesses de cada um dos “monarcas” de plantão. Na
cabeça de cada um de nós se cria tal confusão que poucos são capazes de lembrar
com exatidão do que cada um fez. Uns destacam os milhões roubados por outros, outros falam das obras e logros dos primeiros.
Algumas obras foram iniciadas numa gestão e se alastraram, sem ser concluídas, por várias outras. Outras foram inauguradas uma meia dúzia de vezes e revitalizadas, requalificadas ou reinauguradas outras tantas que é difícil precisar com exatidão a quem deve ser atribuída. A memória trai os que têm mais idade e até alguns mais jovens têm dificuldade em lembrar com precisão.
Algumas obras foram iniciadas numa gestão e se alastraram, sem ser concluídas, por várias outras. Outras foram inauguradas uma meia dúzia de vezes e revitalizadas, requalificadas ou reinauguradas outras tantas que é difícil precisar com exatidão a quem deve ser atribuída. A memória trai os que têm mais idade e até alguns mais jovens têm dificuldade em lembrar com precisão.
Os amautas já tergiversavam a história há séculos, mas o
nível de perfeição que alcançamos hoje, tanto em enaltecer e em tecer loas aos
políticos em exercício, só fica ofuscado pela nossa competência e habilidade em
contar histórias, com o único objetivo de detrair os demais políticos. Melhor
ainda se a história é espalhada como um murmúrio, à boca pequena. Um furo aqui, uma gravação ali, uma foto acolá. É aí que ela
faz mais efeito. Nisso somos campeões, superamos os melhores amautas.
(*)Publiquei este texto, aqui no Chuva Ácida, faz alguns anos, e o momento atual me pareceu oportuno para revisá-lo e republicá-lo.
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