quarta-feira, 7 de junho de 2017

Não faltam pautas nem leitores



POR JULIANE GUERREIRO* - Paralelo Jornalismo
Embora tenha perdido um de seus jornais diários há pouco tempo e assistido à demissão de diversos profissionais de impresso e televisão, não é por falta de pauta que o jornalismo de Joinville tem enfrentado dificuldades.

É verdade que o modo pelo qual as pessoas consomem as notícias tem mudado, e que quem não se adaptar a essas mudanças e às preferências do consumidor pode sentir o revés, mas os joinvilenses continuam buscando informações e precisam de um jornalismo confiável (se é que aquele que não é pode ser chamado de jornalismo). Por isso, cada vez que se recebe a notícia de que um veículo fecha as portas, por mais criticada que possa ser a sua atuação, perde-se um espaço de debate. Foi assim com o jornal "Notícias do Dia", fechado no último dia do ano passado com a justificativa de que seu rendimento não era bom o bastante para os negócios do grupo.

Se nos grandes conglomerados o problema é o dinheiro, para quem dá os primeiros passos no jornalismo independente, aquele sem o apoio de grandes grupos de mídia ou patrocínio, não poderia ser diferente. Novas iniciativas jornalísticas, cada uma com sua característica, têm surgido em Joinville para ocupar o espaço vago de veículos que fecharam as portas – e mesmo que isso não houvesse acontecido, ainda assim haveria espaço, principalmente porque faltava ao jornalismo joinvilense vozes e tons diferentes daqueles que sempre tivemos. São veículos que unem a vontade de fazer jornalismo à necessidade dos profissionais que, dificilmente, encontram emprego nas poucas empresas do segmento na cidade, que acaba de receber mais um curso de Jornalismo.

O problema é que, sem apoio financeiro, é difícil, quase improvável, que esse conteúdo chegue aos leitores e telespectadores dos grandes grupos, e esse parece ser o grande desafio do jornalismo independente em Joinville. Diferente de outros lugares, o público ainda não está acostumado a pagar por notícias, principalmente de veículos ainda não consolidados, com pouca equipe, equipamento e recursos. Por isso, o presente do jornalismo em Joinville, assim como em outros lugares, exige o reconhecimento e apoio a iniciativas que acreditam neste serviço pelo potencial transformador que ele tem – o que também vai exigir esforços para além do jornalismo. Em resumo, não faltam pautas nem leitores, falta reconhecer e valorizar o jornalismo feito com responsabilidade.

O surgimento de novos projetos parece ser motivo para uma reflexão sobre o jornalismo em Joinville.

*Juliane Guerreiro é jornalista e editora do jornal online Paralelo Jornalismo.

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