POR CHARLES HENRIQUE VOOS
O projeto, diga-se de passagem, já começou muito errado. Além da localização do terreno na curva do arroz ser péssimo em vários aspectos, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou a venda do terreno como abusiva, pois estaria muito acima do valor de mercado. Na mesma ação, o órgão alegou que a escolha dos cursos havia acontecido de forma unilateral para atender as demandas dos empresários locais, e não da sociedade joinvilense como um todo (já escrevemos muito sobre isso aqui no Chuva, nos jornais locais e na audiência pública que a Câmara de Vereadores fez em 2009). Enquanto a necessidade da cidade é por cursos na área de humanas, biomédicas e sociais aplicadas, temos mais engenharias "goela abaixo".
O segundo erro, ao meu ver, foi o de deixar o projeto a cargo da UFSC ao invés de torná-lo independente, com a criação de uma nova Universidade Federal. O exemplo da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) explica muito bem, pois, neste caso, a UFSC foi a organizadora do processo de criação da nova Universidade, mas a autonomia da nova instituição agilizou - e muito - o processo. Todos os campi da UFFS operam atualmente com uma grande diversidade de cursos. E tudo isto aconteceu no meio tempo entre o lançamento da pedra fundamental da UFSC Joinville e o dia de hoje. Para piorar, a UFSC parece não fazer esforço algum para que o campus de Joinville saia do papel, e se contenta com aulas improvisadas em espaços alugados (começou na Univille, depois foi para o antigo
Por fim, é espantosa a omissão da classe política local neste assunto. Dificilmente vi, nestes anos de militância na questão, algum deputado (federal ou estadual) cobrar agilidade no processo, ou investigar o porquê disto estar acontecendo em Joinville. Nenhum senador. Três prefeitos diferentes e nada. Nem a própria ACIJ, tão interessada na instalação de mais cursos de engenharia em Joinville (fez um lobby enorme para tal fim), faz declarações firmes pedindo maior cuidado com a UFSC Joinville.
Além de ser vergonhoso, estamos falando do perfeito retrato de como a educação pública superior é tratada em Joinville: sempre no segundo escalão, longe das pautas principais, pois o que importa nesta cidade não é a construção do conhecimento, do debate, da crítica, do desenvolvimento social através da educação. O que importa nas terras da Dona Francisca é o trabalho, a reprodução massiva de moldes sociais, o discurso acéfalo, vazio.
Vazio como o meu sentimento de esperança sobre a breve mudança desta situação.
Mas porque você acha a localização péssima? Por ser longe da sua casa? Não entendi, cite os aspectos.
ResponderExcluir1 - área alagável segundo a carta de inundações divulgada pela Prefeitura
ResponderExcluir2 - área planejada para passar o contorno ferroviário
3 - longe do centro urbano de Joinville, gerando espraiamento urbano e grandes gastos com infraestrutura
4 - empreendimento que gera valorização imobiliária e pressão para alteração na legislação urbanística da cidade (vide discussão das ARTs)
1- Infelizmente tem que aterrar mesmo.
Excluir2- Ótimo, mais uma oportunidade para qualquer empresa prestar serviço de descolamento ferroviário para pessoas, e não só cargas.
3- Desde quando gastos com infraestrutura são ruins. O espraiamento urbano é inevitável, e, com ele, bem trabalho, tornar-se positivo.
4- Qual a novidade? A cidade deve se adaptar e evoluir conforme for crescendo.
1 - área alagável não pode receber novas edificações. tem certeza que aterrar é a solução, simples e eficaz?
Excluir2 - o impacto que um contorno ferroviário gera não combina com uma universidade, pela poluição sonora, sem contar que, para comprar o terreno da ufsc, passaram por cima do planejamento já feito para o contorno ferroviário (jênios!)
3 - espraiamento urbano nunca é positivo. prefiro gastar com infraestrutura nas atuais áreas necessitadas a criar novas e desnecessárias áreas.
4 - ok, a cidade é resultado de uma demanda social, mas, flexibilizar a lei como estão fazendo na curva do arroz é, no mínimo, ir contra aos preceitos modernos de urbanismo
Anônimo das 13:28, se o seu desenvolvimentismo fosse tão grande como o seu conhecimento técnico as coisas estariam mais justificadas. Já passou pela sua cabeça que a água que preenche a área alagada tem que alagar outra quando é aterrada? Isto sem falar que para aterrar uma área daquelas foi desmontado um morro da metade do Boa Vista...E daí, ainda acha que preservacionismo e planejamento ambiental é coisa de desocupado?
Excluir1 - Já que fizeram a trapalhada de comprar um terreno que pega água, das duas uma, ou vende, ou aterra. Sim, simples assim. Eficaz, não! uma obra pública nunca pode-se dizer eficaz, principalmente antes de pronta. Pode sim receber novas edificações.
Excluir2- não combina, mas não é um bicho de sete cabeças. Até parece que o trem vai passar no meio do pátio.
3- Falaram isso da Univille quando construíram lá. Infraestrutura sempre é bem-vinda, seja lá onde for.
4- Ou flexibiliza a lei ou vende o terreno. Teus preceitos modernos urbanísticos são, no mínimo, discutíveis.
Exatamente o que ie falar: Univille, Garten Shopping...
ExcluirSem contar com as características do terreno, achei uma boa escolha. Quem conhece Joinville além do centro, sabe...
Argumentar com quem acha o melhor caminho flexibilizar leis é f....
ExcluirA lei pode e deve ser flexibilizada=modernizada quando a própria impede claramente o progresso. Para verificar se isso é adequado, temos a câmara de vereadores, um poder executivo e um judiciário, além da sociedade civil organizada. Neste caso concreto, e como sempre deveria ser, todos deveriam trabalhar em harmonia, com o objetivo de chegar a um denominador comum, a fim de atender as demandas da sociedade, ou pelo menos para não atrapalhá-las, o que, neste caso, significa que flexibilizar a lei é um passo para solucionar o problema. Flexibilizar aqui significa progresso, modernização, menos burocracia e não solapar as normas como tem gente que enxerga.
ExcluirFelizmente eu sou legalista e nunca tive problemas com a Justiça. Seu conselho é o típico presente de grego para qualquer administrador.
ExcluirPois é, para a construção da fábrica da GM não houve quem se opusesse a mudança de zoneamento, já para o campus...
ExcluirLegalista? O que você quer dizer com isso? Eu deixei bem claro que não devemos solapar as leis e nem mesmo as instituições, por isso que temos os 3 poderes e a sociedade civil para que, quando uma lei impede a solução de um problema e consequentemente o progresso, ela deve sim ser revista e reavaliada. Não confunda leis regulatórias com normas materiais. Meu conselho é o da harmonia enquanto o seu conselho é o da desavença, arcaico... que só visa tumultuar. O presente de grego aqui é justamente você, praguinhas barulhentas com cabeças de vento.
ExcluirPrecisamos de engenharias. Chega de "historiadores" esquerdistas frustrados!
ResponderExcluirEh, Joinville! Essa cidade ainda me mata de orgulho.
ExcluirÔ Clóvis, como vc acha que Joinville é e continua assim? Infelizmente esse é o pensamento médio da joinvilândia.
ExcluirParabéns Charles, apesar da repetição de frustrações o assunto é sempre atual por se tratar, como disse, de educação na "terra do trabalho". Para complementar, a LOT criou a ART da BR-101 em função do campus da UFSC, mas é claro pensando na acomodação de "pessoas de bem" no seu entorno...
ResponderExcluirO "coroné" da foto acima faturou uma grana com essa tal UFSC.
ResponderExcluirQual, o que está a esquerda da placa? O que governou Jlle?
ExcluirQue nada... esse tá morto e enterrado.
Coroné só tem um por aqui, e ele está do lado direito da placa.
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ResponderExcluirO difícil é que:
Se escolhem terreno perto da cidade é porque estão pensando nos ricos;
Se escolhem terreno longe da cidade é porque não estão pensando nos pobres;
Dai realmente fica difícil agradar.
Esquecem de que entre o ideal e o possível há uma distância considerável.
Falando em discursos vazios, gostaria de ver seu projeto sendo apresentado ao povo, que tal?
Tirando a questão da área ser alagável, o que não é raridade em Joinville, achei o local bem situado, pois, com certeza esta unidade não irá servir somente a estudantes baseados em Joinville. Jaraguá, Massaranduba, Schroeder, Guaramirim, Araquari e Guaruva poderão se beneficiar muito mais de uma Universidade à beira da BR-101 do que de uma universidade cravada no meio de Joinville.
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