segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Suicídio eleitoral [1]

POR JORDI CASTAN


Não é segredo que a política e o bom senso não andam de mãos dadas. Tanto é assim que quando alguém diz “é uma decisão política”, todos entendemos imediatamente, sem necessidade de maiores esclarecimentos, que será uma decisão que não segue a lógica ou o senso comum.

Assim não deve causar estranheza que em alguns dicionários em breve possa aparecer “decisão política” como sinônimo de burrice, estupidez, estultícia ou má fé. No mesmo sentido poderíamos falar de chamada “vontade política”, que pode ser interpretada também como sinônimo de “porque sim” ou “porque eu quero”, nas suas versões mais comedidas.

Joinville tem uma pobre representação política. E não é de hoje. A sua pobreza é dupla: uma pelo número de representantes, que já foi pior, e também pela péssima qualidade dos nossos deputados. É difícil poder se sentir representado por qualquer dos nossos deputados estaduais. E no caso dos federais a situação não é melhor. Se alguém acreditava que agora teria possibilidade de mudar alguma coisa, minha sugestão é que podem tirar o pônei do sereno, porque nada deve mudar.

A matemática partidária funciona numa lógica estranha e o resultado é que mais serão menos. Quantos mais candidatos se lancem, menos possibilidades de eleger algum e, pior, mais chances de reeleger esses que aí estão. Que gente que nem se elegeria sindico de prédio - e olha que é fácil se eleger síndico na maioria dos prédios -, se lança a aventura de querer se eleger deputado estadual, alguma coisa está errada.

Tem casos de candidatos que na eleição municipal não tiveram votos nem para ser vigésimo segundo suplente de um partido que não elegeu nenhum vereador e agora se lançam numa campanha para se eleger deputado. Será que alguém toma estes nomes seriamente? E se objetivamente não têm nenhuma possibilidade, porque se lançam? O que está por trás destas candidaturas natimortas?


Não tenho bola de cristal, mas o bom senso diz que dos 40 candidatos a deputado estadual com domicilio eleitoral em Joinville, com “sorte” elegeremos três. Como não há nada tão ruim que não possa piorar, o mais provável é que sejam os mesmos três que já temos hoje . Para deputado federal, dos 21 candidatos da cidade, dificilmente elegeremos três. O mais provável é que sejam só dois e nenhum de novo chegue a se eleger.

Assim devemos continuar sendo representados por essa casta de políticos profissionais, que sem competência para se estabelecer profissionalmente, encontram na política o caminho para fazer fortuna. As declarações de bens, de gente que nunca tem ganhado um único centavo com o resultado do seu trabalho e do seu esforço, são um estímulo para que a cada eleição nuvens de novos candidatos se aventurem na busca do dinheiro fácil e do prazer de dispor do dinheiro dos outros.

Um comentário:

  1. Por isso gostaria do voto distrital, ou seja todos os partidos apresentando um único candidato para meu distrito.

    Também gostaria que acabassem:
    - Horário eleitoral super caro obrigatório
    - Reeleição indiscriminada no legislativo
    - Legendas

    Mas como esperar que a cambada que está aí faça isso?

    ResponderExcluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem