terça-feira, 12 de agosto de 2014

No tranco

POR FELIPE SILVEIRA

Acredito que uma coisa puxa outra. Vejamos a Tarifa Zero, por exemplo. Cria-se a empresa pública de transporte coletivo, que passa a oferecer o serviço público gratuito e de qualidade. A população começa a usar gradativamente. Quanto mais gente usa, maior é a cobrança pela melhoria do serviço, que provavelmente seria abraçado pelos usuários. Diminui-se a quantidade de carros nas ruas e o número de acidentes, principalmente com motoqueiros - ah, a diminuição da velocidade máxima é importante para isso. Assim, se reduz de maneira significativa os gastos com saúde pública, já que entram, todos os dias, acidentados aos montes no São José. Também se reduziriam os casos de doenças respiratórias causados ou agravados pela poluição. Com um trânsito mais seguro, mais humano, mais pessoas teriam ânimo para utilizar a bicicleta para suas atividades como trabalho e estudo, o que traria mais qualidade de vida.

Viu? Uma decisão (que não é simples), muitos avanços.

Outro caso é o do IPTU progressivo. Com uma canetada, enfrenta-se os especuladores imobiliários, reduz-se o preço do aluguel e dos imóveis, redefine-se o uso e a ocupação do solo, ocupa-se os milhares de imóveis vazios nas regiões centrais da cidade, beneficiando milhares de famílias, aproximando-as de serviços públicos como escolas e hospitais.

É claro que no atual contexto da política, decisões assim são impossíveis. Nossos políticos estão amarrados aos especuladores, aos grupos que se beneficiam economicamente dos serviços públicos, como transporte público e saúde.

Mas dá para mudar o contexto. Mais do que mudar os políticos que estão lá, e eu acho que isso é importante, é preciso se envolver com as causas, com as lutas. Não estamos muito acostumados, pois aqui em Joinville o troço é mais travado, mas mobilizações populares têm efeito, e são positivos para o povo. O aumento da tarifa, por exemplo, foi cancelado em diversas cidades nas manifestações de 2013. Assim como diversos projetos imobiliários foram barrados Brasil afora.

Dá pra citar mais um monte de exemplos. A legalização da maconha causaria impactos no tráfico de drogas. A desmilitarização da polícia diminuiria a violência por parte do Estado. Mudanças no Código Penal reduziriam a superlotação dos presídios.

Há mais um exemplo, cujas mudanças como consequência fazem ainda mais sentido. Trata-se da democratização da comunicação. Particularmente, acredito que mudanças nesse campo “puxariam” uma série de outras mudanças na sociedade, já que os importantes debates políticos chegariam à população.

Infelizmente, o contrário também funciona. Cada retrocesso puxa outros retrocessos. Mas cabe a nós tentar evitá-los e trabalhar pelos avanços.

17 comentários:

  1. Meu filho, de doze anos, escreveria um texto mais conciso e dialético. Mas valeu a tentativa.

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  2. Parei na tarifa zero, esquece a tarifa zero, cara! Isso é falta de conhecimento ou é mau-caratismo mesmo. Não existe almoço grátis, nem aqui, nem em Cuba. Transferir os custos do transporte para a população que já paga altos valores de IPTU não cola, idem para os setores de serviço e indústria que já são currados pelos impostos IR, IPI, IOF, ICMS, ISS...

    Marcos

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    1. Antes o problema fosse apenas aumento no IPTU... Chega a ser desanimador alguém acreditar que o serviço público no Brasil pode ser melhor do que o privado.

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    2. Não falei de aumento no IPTU. Tu que não sabe ler. Não me surpreende, vindo de alguém que tem essa opinião sobre serviços públicos e privados.

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  3. Atendo-se a questão do transporte público. No Brasil ele é tratado como privado. E esse modelo já se mostrou ineficiente, não serve ao público e enriquece grupos que se perpetuam no poder. Creio que é hora de mudar a forma como ele é organizado. Com tarifa ou sem tarifa acredito que a solução do transporte público no Brasil será a estatização desse serviço. E para aqueles que acreditam e estado mínimo e etc só digo o seguinte:
    As empresas de ônibus tiveram a sua chance e a jogaram pela janela do busão.

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  4. Acredito que uma coisa puxa outra. Se eu trabalhar, gero riqueza para meu sustento, se poupar parte desta posso me prevenir de "safras ruins". Se todos fizerem o mesmo se sustentarão sozinhos e com uma relativa segurança no futuro.

    Não precisa canetada, somente atitude.

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    1. Pois é, trabalhar é um bom começo. Bom você tocar nesse tema, Dirk, e já aproveito para desejar vida longa aos imigrantes do Haiti e Gana que vieram para cá ensinar os “bolsistas” a trabalhar. A propósito, se alguém souber de um bom auxiliar de construção que deseje largar o bolsa família e assinar carteira por um salário de R$ 2.000,00 + seguro saúde, mande-o procurar serviço em Camboriú, pois soube de várias construtoras lá com dificuldade de convencer os bolsistas a assinar carteira e largar os “bicos” e as bolsas.

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    2. Legal, Dirk. Por isso nos posicionamos sempre do lado dos trabalhadores, e não dos patrões vagabundos.

      Agora, se tu acredita mesmo que um trabalhador das classes baixas tem condições de poupar da mesma forma que você, se tu acha que o mundo como é não privilegia uns em detrimento de outros, não tenho o que te dizer.

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    3. Grande parte dos problemas do Brasil é essa extrema sindicalização, criando gerações de "dirigentes sindicais" que nunca geraram riqueza. A legislação trabalhista, também superprotetora, cria encargos, direitos e sobre-taxas que encarecem o setor produtivo. Ora, se como vocês sabem, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, esse "luta" acaba prejudicando os próprios trabalhadores que, com menos empregos, tendem a depender mais do Estado do que de si próprios.
      E quem defenderia o Brasil dos "trabalhadores vagabundos" (outro termo sem sentido, já que uma coisa anula a outra)? Um parcela imensa da população trabalhando 6 meses e vivendo do seguro-desemprego nos outros seis meses. Querendo "fazer acordo", querendo mamar nas tetas do Estado.
      Acho justo e plausível toda a reivindicação, mas ela deve vir acompanhada de uma visão mais ampla da sociedade e do papel que cada um desempenha nela. Afinal, não existe trabalhador sem patrão. E vice-versa.

      O radicalismo da ação e a simplificação do pensamento é o que embota a discussão e torna infrutífero o trabalho de alguns agitadores.

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    4. O que se poupa não é o que se ganha, mas o que não se gasta... ;)

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    5. Patrões vagabundos é foda, hein, Felipe... O cara se F... para abrir um negócio, pagar imposto, empregar alguém, lidar com sindicalistas corruptos e ainda é chamado de vagabundo por alguém que eu não tenho ideia do que faz na vida...

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    6. Só podia ser uma besta anônima das 17:05, pois então tu acha que uma pessoa (criança) que tem o bolsa ou a mãe dela que deve trabalhar de diarista não teriam condições se pudessem de trocar 74,00 por 2.000,00? Só pode ser um mauricinho filho de papai para falar uma asneira destas...

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    7. Pobre Manoel. Sabedinada...
      Tente empregar uma doméstica ou auxíliar de pedreiro com carteira assinada pra ver qual a resposta deles.

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  5. Lefebvre se retorce no túmulo... Para ir além, deve consumir, literariamente falando, mais do que resenhas de "O capital"...

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  6. Só li utopia e senso comum!

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  7. Uma coisa puxa outra, se eu não tivesse lido esse texto não teria perdido meu tempo.

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