quarta-feira, 27 de março de 2013

Tirando o pé do acelerador

POR FABIANA A. VIEIRA
Depois de uma semana instalada em Brasília já aprendi a primeira lição: atenção ao limite de velocidade. A cidade está repleta de pardais e em alguns trechos a velocidade permitida é 40 km/h. Ainda não presenciei nenhum acidente, mas já ouvi falar de coisas bárbaras originadas pelo excesso de velocidade aqui. Coincidentemente hoje saiu uma reportagem de Joinville dizendo que o número de multas por excesso de velocidade cresceu 15,18% de 2011 para 2012, segundo dados do Ittran, originando 63.178 multas aos apressadinhos.

Não sei até onde a aplicação de multas educa a sociedade para a conscientização da paz no trânsito. Na real, não educa. Em Brasília, por exemplo, são mais de 800 equipamentos de fiscalização eletrônica instalados, o que dá uma média de um para cada 1.698 carros. O número de pardais é maior do que o estado de São Paulo, que possui uma frota cinco vezes maior. Em Joinville são 40, com expectativa de aumentar para 100.

Mas já que a indústria existe, façamos a limonada. Como prevê o artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro, parte do dinheiro arrecadado deve ir para programas de educação (o código obriga que a verba deve ser aplicada exclusivamente em sinalização, engenharia de tráfego, policiamento, fiscalização e educação no trânsito). Em Joinville essas campanhas estão geralmente voltadas às crianças, como o programa Aluno-guia, por exemplo. Na minha opinião o Aluno-guia é um belo programa, mas há de se planejar novas campanhas educativas focando principalmente no público alvo, que são os motoristas. Taí uma boa tarefa para o pessoal da comunicação pensar, porque fala sério, fazer campanha para criancinhas é muito bonito, mas pouco eficiente para a solução do problema.

Talvez uma ideia seja ampliar o programa para adolescentes que estão prestes a fazer a carteira de habilitação e que veem na velocidade e no automóvel a identificação de poder, habilidade e status. A campanha deve envolver mais esses jovens, seja em debates, palestras, filmes, outdoors, propagandas na TV, peças de teatro e o que a criatividade permitir. Mesmo dentro da escola seria legal um bom bate-papo com os alunos para desmistificar a cultura do Carro x Poder na nossa sociedade. Outra alternativa é pensar mecanismos de comunicação para interagir efetivamente com os adultos. Conforme o diretor de trânsito de Joinville, a educação de adultos é mais complexa, difícil de mudar o comportamento. Ou seja, a tarefa não é mesmo fácil.

Pesquisando pela internet dá pra conferir belas campanhas educativas que ajudam a refletir sobre a paz no trânsito. Essa abaixo é do Rio Grande do Sul e foi veiculada no ano passado. Eu não sei qual o percentual do montante é destinado para essas campanhas, mas eu sei que elas são importantes e devem ser melhor aplicadas para sensibilizar os motoristas a tirar o pé do acelerador.





5 comentários:

  1. Se é difícil mudar o comportamento de adultos, então resta aplicar a lei.
    "Um dos maiores freios dos delitos não é a crueldade das penas, mas a sua infalibilidade" By Ácido

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  2. Fabiana,
    Aluno Guia em Joinville faz tempo que não ouço falar. Acho que acabou mesmo.

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    1. É verdade. Mais do que parar os carros na faixa de pedestres na frente das escolas, esse programa poderia trazer mais cidadania para milhares de alunos e motoristas de Joinville.

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  3. Pra mim o que falta são campanhas mais contundentes como levar alunos do 3º ano do Ensino Médio (que estão prestes a tirar a carteira de motorista) pra dar um "passeio" pela ala de traumatologia do São José e ver o que uma furada de sinal ou três latas de cerveja antes de dirigir podem fazer por você pro resto da vida.

    Neste tema pontos pros comerciais da TAC (Transport Accident Commission) que já faz um trabalho assim na Inglaterra há mais de 20 anos

    http://www.youtube.com/watch?v=q9fms5He5bM

    http://www.youtube.com/watch?v=V4mvtNU32kQ

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  4. Realmente é um dado alarmante o aumento de multas devido a velocidade. Porém outra parte da reportagem informa que diminuíram as multas por "furar" sinal vermelho. É incompreensível essa estatística pois quando paramos no semáforo, sempre vemos alguém desrespeitando o sinal vermelho, passando em alta velocidade (já poderíamos enquadrar esse motorista em 2 infrações). Porém nunca vemos um guarda multando esse ser irracional que se diz "motorista".
    Vemos todo tipo de veículo: ônibus, carro, moto, caminhão! Joinville virou uma selvageria no quesito respeitar sinal vermelho. Creio que caberia uma ação realmente eficaz e eficiente da nossa polícia, multando esses motoristas!

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