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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O descaso matou mais um no trilho de trem; promessa do contorno ferroviário se arrasta desde 2008

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Foto: Agência RBS
Na última semana, o Hospital Universitário de Florianópolis confirmou a morte de Samuel do Amarante, após ter duas pernas e um braço amputado devido a um acidente nos trilhos de trem, na zona oeste de Joinville. Samuel é mais uma das inúmeras vítimas que poderiam ter um destino diferente, se não fosse o descaso do Governo Federal para consertar o erro histórico que a cidade cometeu no início do século passado.

Digo isto porque a cidade de Joinville, na virada dos séculos 19 e 20, tinha uma economia extrativista de madeira e beneficiadora de erva-mate. A matéria-prima de muitos comerciantes poderia vir do planalto catarinense, sem contar a facilidade do escoamento de cargas para o porto de São Francisco do Sul. Para isto, o trem seria a grande solução. Entretanto, pelo traçado original, a ferrovia prevista para a região passaria 25kms ao sul de Joinville, ligando diretamente Jaraguá do Sul a São Francisco do Sul.

Defendendo os interesses que esta ligação regional poderia trazer para os empresários da cidade, em setembro de 1902, a Câmara Municipal intercedeu junto ao então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, Sr. Lauro Muller (catarinense, ex-governador da Província de Santa Catarina, e com ligações partidárias com a elite política joinvilense), solicitando a modificação do traçado da linha férrea. Veja mais sobre isso neste link.

Ou seja, o trilho de trem não era pra estar onde está. Só está devido a vontade dos empresários desta cidade.

A cidade se espraiou, a sua economia cresceu, e grande parte da ocupação urbana de Joinville aconteceu, até meados da década de 70, em torno da Estação Ferroviária. Os pobres ao sul, "pra lá do trilho", e os ricos ao norte e ao noroeste. Com o "boom" industrial, as ocupações adensaram-se para todas estas regiões, e incluíram novos vetores de ocupação, principalmente para operários: o leste e o oeste. O norte continuou sendo uma região de ricos, e o restante de classe média-baixa ou pobre.

Como Joinville teve uma ocupação descontrolada pelo poder público municipal, sem o cumprimento de planos diretores, estudos ou qualquer preocupação com o futuro, os mais pobres foram ocupando as regiões em que o trilho de trem passava (oeste e sul). E nos últimos anos, as reclamações com congestionamentos e demais transtornos na região são grandes por parte de moradores destas regiões. Somado a isto, a Estação Ferroviária não tem mais importância como antigamente (devido a uma política rodoviarista que aniquilou as ferrovias nacionais) e a solução encontrada pelo governo federal seria o contorno ferroviário para que, incrivelmente, o trilho de trem passasse mais ou menos a 25kms ao sul da cidade, conforme o projeto original de 1901!

A então senadora Ideli Salvatti foi a pioneira nesta questão em 2008 e levantou a bandeira junto ao governo Lula, o qual liberou recursos em 2009, totalizando R$ 68 mi em investimentos. A empresa que executaria os serviços foi licitada e os trabalhos seriam interrompidos em 2011 devido a um problema com o solo, que cedeu. Devido a este atraso, as licenças ambientais ficaram vencidas, e todo o processo de licenciamento ambiental deveria ser refeito. Após o esquecimento da imprensa e classe política locais (como relatei no Chuva Ácida em 2012), o tema voltou a ter andamento somente no ano passado. Agora, o novo prazo para início das obras é março deste ano, e conclusão para 2017. Nove anos de espera, isto se não houver novo atraso.

Quantas mortes serão necessárias para que esta questão seja tratada com urgência em Joinville? É incrível como o poder público, ao longo de todos estes anos, foi omisso: viu os pobres se acumularem "num canto" da cidade, e os deixou com problemas urbanos gravíssimos, em risco de morte permanente. Caso Samuel e tantos outros estivessem andando em uma região rica de Joinville, o trilho do trem nem estaria ali pois, nesta cidade, o descaso não combina com a riqueza.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lula: nem a verdade me faz mudar de ideia

Capa falsa que circula pela internet
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Às vezes fico a me perguntar que tipo de deficiência intelectual faz uma pessoa acreditar em lorotas como essa de que o Lula tinha na lista dos bilionários mais ricos da Forbes. Com direito a capa e tudo mais. E muita gente, que jamais tinha ouvido falar na revista, agora acha que é a bíblia (mesmo sem nunca ter lido uma).

A coisa é tão irrazoável que nunca me dei ao trabalho de comentar. Um cara que acredita numa treta dessas não é alguém que valha o meu tempo. E o de ninguém. Mas agora aproveitei o gancho porque o Diário Catarinense publicou uma matéria a repercutir um artigo da Forbes que esclarece ser um hoax e, óbvio, desmente tudo. 

Sabe o que é pior? É que mesmo com o desmentido da própria revista ainda vai ter muita alminha a dizer que não acredita. Fiquem atentos aos comentários a este post, leitora e leitora. Porque essa gente só acredita no que quer acreditar e vive por uma lógica insana: “não adianta vir com os fatos, porque nem a verdade me faz mudar de ideia”.

O artigo da Forbes diz que seria muito difícil Lula chegar a ser um bilionário, mesmo fazendo palestras (parece que a mais bem paga foram US$ 100 mil, um preço nem tão elevado assim para esse tipo de evento). Ah... leitor que odeia o Lula, eu sei o que você está a pensar: ele tem dinheiro num paraíso fiscal. É só você sabe, porque viu na internet. E o Facebook nunca mente.

E, claro, essas informações só não aparecem na grande imprensa porque os jornalões e as redes de televisão estão mancomunadas com Lula. A própria Veja sabe disso, mas também está de conluio com Lula. Ah... ainda bem que temos você, leitor e leitora que odeiam Lula, para trazer um pouco de qualidade intelectual a este deserto de neurônios.

Ok… você acha que eu tenho interesses para estar aqui a defender o ex-presidente? Acertou. É que o filho dele, o famigerado Lulinha – outro bilionário que compra tudo no Brasil – comprou o nosso blog só para a gente começar a falar bem da família Lula da Silva. O legal é que vamos todos ganhar bem, a sede do Chuva Ácida vai ser nas Bahamas e a gente só vai viajar naquele jatinho invocado que ele comprou.


Pode acreditar.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Continuo a não gostar de Daniela Mercury


Na internet, imagem  compara Daniela e Joelma

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
É legal ver a Daniela Mercury assumir uma relação homoafetiva. Mas isso não vai fazer com que eu comece a gostar dela. Nem da pessoa e nem da música. E digo isso mesmo sabendo que, com o anúncio dessa relação, ela virou uma espécie de queridinha da esquerda e da semi-esquerda.

Que fique clara a minha posição. Homo ou hetero, acho ótimo que as pessoas assumam as suas paixões. E que não cedam aos preconceitos dos homofóbicos, porque em civilização as pessoas devem mandar no próprio corpo e exercer a própria sexualidade sem tabus. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Não gosto de Daniela Mercury. E a birra vem desde 2006, quando ela fez uma turnê por Portugal e começou a insistir na tecla política. O que incomodou? É que foi tudo muito gratuito e deliberado. Parecia mesmo que ela estava a tentar arranjar manchetes de jornal. Ninguém perguntava sobre política, mas ela respondia. Aliás, escrevi sobre isso no AN.

A ideia com que fiquei: ela estava a passar uma imagem muito feia do Brasil.  Ah... o alvo era o então presidente Lula da Silva, que disputava a reeleição. Numa entrevista ao jornal Correio da Manhã, ela disse que “é muito importante que os brasileiros não votem em Lula da Silva, como punição por tudo o que aconteceu nos últimos anos. Não me cansarei de o pedir aos meus conterrâneos, em todos os meus shows”.

E antes que a Reaçolância se assanhe, quero dizer duas coisas: 1. ela tem o direito de não gostar do ex-presidente; 2. ela também malhou em Fernando Henrique Cardoso. O problema, volto a repetir, é que o seu discurso depreciativo serviu para pintar um quadro muito feio do Brasil. Quem acompanhou as notícias ficou com a ideia de que o país é uma república das bananas, uma terra em lei.

Cheguei mesmo a suspeitar que fosse uma estratégia de marketing. Afinal, não vamos esquecer que ela já andava numa espécie de ocaso artístico. Aliás, agora que assumiu uma relação com outra mulher não duvido que a sua carreira vai ganhar um novo fôlego. Já vi uma pessoa a dizer que nunca ligou para a música dela, mas agora ia ficar mais atenta. Acontece.

MINHA ESPOSA - Tem outra coisa para a qual pouca gente ligou mas que me provoca comichão. É o uso da expressão “minha esposa”. Sem querer iniciar uma discussão linguística, o fato é que esposa é uma palavra cheia de significado ideológico, que vem da sociedade do macho e aponta para a mulher feita para crianças, cozinha e igreja (os três “k” de Karl Marx: kinder, küche, kirche).

A palavra esposa aponta para a mulher submissa. E é uma forma encontrada para tentar anular a mulher sexuada, capaz de reivindicar a autonomia, a autodeterminação e o direito ao orgasmo. Pode ter sido apenas um deslize linguístico de Daniela Mercury, mas também pode ser um sintoma de conservadorismo.

Por fim. Ela assumiu uma relação homoafetiva? Perfeito. Ela é agora um nome a ser usado pelos opositores de Marco Feliciano? Perfeito. Ela representa o oposto dessa idiota chamada Joelma? Perfeito. Mas não vou nesse oba-oba. Enquanto ela não mostrar que tem consistência política, com ações que inspirem confiança, continuarei com um pé atrás.

Como já disse um velho professor: abrir as pernas é facil, abrir a mente é outra coisa.

P.S. Por favor, você que é homofóbico, não entenda isto como uma adesão à sua posição. Porque estou muito longe disso.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

As cotas e os heróis da direita

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Reinaldo Azevedo e Joaquim Barbosa devem ser, neste momento, dois dos ídolos mais queridos da direita hidrófoba. O primeiro por causa de um estilo marcado pela pouca cultura, uma enorme truculência e uma indisfarçável raiva de classe (não dá para chamar ódio de classe, porque é patológico e não sociológico). O segundo - talvez involuntariamente - virou queridinho da Reaçolândia por ter mandado engaiolar os caras do mensalão.

A popularidade de Joaquim Barbosa entre os conservadores não para de crescer. O delírio é tanto que, imaginem, o homem já foi comparado ao Batman. Santa loucura! Mas tem explicação. É que a direita hidrófoba está louquinha para ver se ele consegue jogar a tarrafa sobre o ex-presidente Lula. O fato é que essa gente, há muito tempo órfã de resultados nas urnas, move-se pela sede de vingança. E espera que o novo ministro do STF seja o instrumento dessa caça ao homem. A torcida é por uma espécie de duelo entre morcego e molusco.


Essa sublimação que os conservadores fazem de Joaquim Barbosa é tão insana que já começam a confundir a obra-prima do mestre com a prima do mestre de obras. Para a direita, Barbosa é uma espécie de super-homem da moralidade. E agora até surgiu uma campanha nas redes sociais a dizer que ele chegou à presidência do STF sem precisar de cotas. Ok... a questão precisa de um esclarecimento.
O fato é que Joaquim Barbosa é a favor das cotas. 

É aqui que os destinos dos dois heróis da direita hidrófoba se cruzam. Mas a coisa fica estranha. O que move a direita não é um ideário político, mas apenas retaliação: se é contra Lula é meu aliado. Quando manifestou apoio às cotas, Joaquim Barbosa foi alvo de duras críticas de... adivinhem quem? Ora, foi o próprio Reinaldo Azevedo, esse oráculo da direita iliterata, a detonar o ministro do STF. No seu entender, o negro e pró-cotas Joaquim Barbosa dividia o mundo entre bem e o mal. O bem do lado dos defensores das cotas, o mal do lado dos opositores.

Foi assim, nas palavras do próprio Tiozinho Rei, num texto com alguns meses :
- "É surrealista! Qualquer ministro branco que eventualmente se opusesse às cotas, então, estaria, segundo Barbosa, defendendo um interesse pessoal. Já Barbosa, negro e pró-cotas, só tem esse pensamento porque é um amigo da humanidade. O Bem de um lado, o Mal de outro. Conviva sem reação com esses absurdos retóricos e argumentativos quem quiser. Eu não convivo. E não venham com a história de que Barbosa disse ou quis dizer outra coisa. Está tudo gravado. Está lá. Ele disse e quis dizer o que disse".


Pois é, gente. O problema é que os conservadores gostam apenas da espuma dos fatos. E sofrem de uma espécie de glaucoma político: veem apenas o que querem ver, acreditam apenas no que querem acreditar.

Em tempo: Joaquim Barbosa tem muito mérito em chegar ao lugar onde chegou. Mas talvez tenha chegado com um atraso histórico. Porque se o sistema de cotas tivesse sido implantado antes, talvez um negro chegar ao cargo não tivesse sido tão demorado.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Chuva na cara





Sabe aqueles moleques da escola que, quando têm problemas, correm logo para a barra da saia da mãe ou buscam o apoio do irmão maior? Também é assim com gente grande. Sem que a candidatura decole e com o índice de rejeição insistindo em se manter elevado, é hora de pedir ajuda. E nada melhor que colar a imagem na do ex-presidente Lula. Quem sabe agora vai e o candidato sai do quarto lugar nas pesquisas. https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O blablablá na terra de Luluf e Malula

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Dizem que uma imagem vale por mil palavras. Mas foi diferente na semana passada: a foto em que Lula e Maluf trocavam um aperto de mãos provocou ataques verborrágicos que pareciam não ter fim. Foi um tremendo blablablá.


E ficaram evidentes duas formas de ver as coisas: uma muito emocional, outra nada racional. A primeira reação mais emocional foi do pessoal da direita vociferante, que não perdeu tempo em apontar o dedo a contradições. Falou-se muito em falta de ética e que o PT havia sido contaminado pela imagem pestilenta de Maluf.

Até aí tudo bem, porque os caras até tinham motivos. Mas o fato é que esse pessoal não estava disposto a discutir ideias. A intenção era apenas fazer barulho e acusar o PT de ter tropeçado na ética. Aliás, nada dá mais prazer à direitona braba que encontrar motivos éticos para desancar o PT. Foi o gáudio.

Na outra trincheira emocional estavam os petistas mais sectários, que não se importam com a aliança. Maluf?  Ora, se for para vencer a direita valem até pactos com o diabo. Ah... e entre os petistas havia também aqueles que gostam de posar de vestais e acham inadmissível serem vistos ao lado de Maluf. Aliás, são os mesmos quem em 2002 criticaram Lula por ter feito composições estranhas para chegar ao poder. O problema é que depois eles ficam sempre caladinhos e coniventes.

O QUE NÃO SEI DISCUTIU - Houve pouca racionalidade. A coisa ficou no oba-oba e ninguém se deu ao trabalho de discutir o que é efetivamente essencial. Para começar, vamos aos fatos: Lula apenas se antecipou a Serra, que também insinuava um namoro com Paulo Maluf. O partido do senhor “rouba mas faz” era o mais desejado. Lula só foi mais rápido no aperto de mão.

Tudo aconteceu porque tanto PT quanto PSDB estavam interessados em mais minutos de televisão. E, ao que parece, a conquista de mais tempo na telinha justifica todas as insanidades políticas. É o tipo de coisa que só pode acontecer em lugares onde a democracia ainda está a engatinhar.

Quando o horário na televisão é fator definidor de eleições, a própria democracia está sob fogo. Um regime democrático não pode conviver com distorções pouco democráticas, como o poder do horário de televisão. Porque estamos a falar de governar pessoas e não de vender sabonetes. Aliás, não conheço nenhum país desenvolvido onde o horário televisivo seja tão importante para definir os seus governantes.

Há algo de podre no reino da democracia brasileira. E de factóide em factóide, perde-se a oportunidade de discutir o que realmente importa: uma verdadeira reforma política. Aliás, vale salientar, a reforma não interessa a qualquer dos players atuais do xadrez político. Nem à esquerda e nem à direita, até porque na atual situação é difícil distinguir uns dos outros. Fica evidente que são todos conservadores, porque acham que o modelo está bem e não querem mudar.

EM JOINVILLE? - A questão da televisão vale também para Joinville. Porque há verdadeiras inexpressividades políticas que ganham peso de negociação em tempo de eleições. Não porque tenham representatividade política, mas porque representam tempo de televisão. O resultado é que verdadeiros nadas passam a ter protagonismo. E, lá como cá, algumas coligações acabam sendo autênticos bordeis ideológicos.


As democracias a sério não se fazem assim.

domingo, 10 de junho de 2012

Como fazer sucesso com a classe média


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O Chuva Ácida sempre convida os seus leitores (os que não são anônimos, claro) para escrever textos. Mas tem gente que sofre da tal síndrome da folha em branco (ou a tela do computador em branco) e acha difícil escrever. Por isso, arrisco dar uma fórmula eficaz aos nossos leitores.

Dica 1 - Fale mal de Dilma e dos ministros que não param de cair. Diga que são todos corruptos (nem precisa ter provas). É tema de sucesso garantido entre as classes médias que lêem jornais ou blogs.
Dica 2 - Falar mal de Lula é garantia de leitura. Meta o dedo na ferida: Lula não fez faculdade. Ironize, achincalhe e diga que é uma vergonha o Brasil ter um sem-diploma como presidente.
Dica 3 -  Fale mal da esquerdalha que tomou conta do poder na América Latina. Chávez, Morales, Correa. Faça piada com o populismo dessa gente. Não tem erro.
Dica 4 - Pegue numa frase feita e destrua a nossa auto-estima. "O Brasil não é um país sério", "coisa de brasileiro", "eta povinho", por exemplo, é receita certa. Culpe o governo, culpe os políticos, culpe os brasileiros. Todos são culpados menos você, que está heroicamente a escrever um texto (é fazer algo,afinal).
Dica 5 - Se for de Santa Catarina, mostre respeito pelos velhos caciques e oligarcas. Elogie. Puxe o saco sem pudor. Diga que são velhas raposas. Atenção: nem pense em dizer que são uns tipos pouco escrupulosos que fazem tudo pelo poder. Ah... e omita dizer  que alguns estiveram ligados à ditadura.
Dica 6 - Incorpore o paladino da ética e da moral. Seja agressivo. Diga que está indignado com toda essa bandalheira (não precisa especificar, há bandalheira em todos os lugares). Use palavras fortes como "lixo", "nojo", "repugnância" etc.
Dica 7 - Lance um slogan. Proponha coisas do tipo "não reeleja". É uma ideia totalmente idiota, mas os slogans são mera publicidade e não estão sujeitos à verificação.
Dica 8 - Não é preciso estudar, ler, pesquisar. Simplifique. Veja apenas a revistona semanal e tire de lá os seus argumentos. Podem ser pura balela, mas o povo acredita e gosta.
Dica 9 - Falar mal de integrantes dos movimentos populares é tiro certo. Use termos como baderneiros, invasores, criminosos, terroristas. Falar mal dos sem-terra é garantia de êxito.
Dica 10 - Culpe os políticos por tudo. Diga que são todos iguais. Ninguém vai perguntar se você, alguma vez na vida, levantou o traseiro da cadeira para tentar mudar as coisas a sério. Afinal, como já foi dito, você está escrevendo um texto para denunciar toda essa sacanagem. E isso é fazer muito.

DICAS DOS LEITORES

Dica 11: Fale mal de Jonville, diga que é uma "vila", que é cidade pequena, de gente atrasada e que Curitiba é o que há. Não tem erro.
Dica 12: Diga que Joinville é uma cidade cosmopolita que mantém as suas tradições.
Dica 13: Eike Batista perdeu 1 bilhão em 24 horas, a Busscar foi para o saco de vez, a Construtora tal tá mal das pernas, a empresa do candidato também, o Chavez e Castro tem 2 meses de vida, e por aí vai. A classe média adora a desgraça alheia.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Lula, o presidente papa-títulos


POR GUILHERME GASSENFERTH

Lendo alguns comentários do texto de ontem do Baço (Os licenciadozinhos contra o doutor Lula) resolvi parar tudo o que estava fazendo e escrever esta resposta. É difícil aos conservadores e obtusos compreender a diferença entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento da vida. E principalmente aceitar que o segundo é tão importante quanto o primeiro.

Ninguém é obrigado a gostar do Lula. Pode criticá-lo, pode fazer campanha para o adversário contrário (como eu fiz para o José Serra agora nas eleições de 2010), pode questionar vários atos de seu governo. Eu mesmo cansei das bobagens que o homem dizia, do apoio aos desvairados do Chavez e Moralez e à frouxidão com o Irã, dos casos de denúncias de corrupção no seio do governo, da falta de julgamento do mensalão, enfim, de tantos aspectos negativos da biografia política deste tão ilustre metalúrgico. Mas, brasileiro ou estrangeiro, petista ou tucano, doutor ou analfabeto, NINGUÉM pode tirar da biografia deste homem a ENORME contribuição que ele deu para o desenvolvimento do Brasil.

Bolsa Família não é ideia dele, mas foi o seu governo que levou dignidade e comida a milhões de brasileiros que até então viviam na extrema miséria. O Lula é considerado uma unanimidade em combate à pobreza no exterior. Ninguém no mundo inteiro fala em combate à pobreza sem mencionar Lula, Bolsa Família, Fome Zero. Gostem ou não, é assim. Já li um livro estrangeiro escrito por um Nobel da Paz que traz este tema como referência no assunto.

A economia do Brasil floresceu com a gestão Lula-Mantega. A política econômica desenvolvimentista aliada ao vertiginoso crescimento da classe média brasileira (graças a, inclusive, Bolsa Família) fez o Brasil passar a player da economia global e suportar a crise de 2008-2009, que realmente foi apenas uma marolinha.

Quero lembrar a todos que o título de doutor honoris causa é dado a pessoas eminentes que, independente de qualquer diploma, apresentaram grande contribuição a causas humanitárias ou à promoção da paz, por ações que transcendam famílias, pessoas ou instituições. Lula é, sem dúvida, um honoris causa na paz e no combate à pobreza.

Ele teve a decência de não aceitar ser condecorado como doutor honoris causa enquanto esteve no seu mandato, mas já tem este título por nove universidades brasileiras, pela renomada Universidade de Coimbra e é o primeiro latino-americano a receber o título pela prestigiada Fundação Sciences-Po, na França, que desde 1871 só o concedeu a 17 personalidades. Nunca antes na história da América Latina...

Lula também é Estadista Global do Fórum Econômico Mundial; Campeão Mundial na Luta Contra a Fome da ONU; Prêmio pela Paz Felix Houphouët-Boigny da UNESCO; medalhas, condecorações, títulos honoríficos e reconhecimentos em diversos países pelos cinco continentes.

Não me parece que a ONU, UNESCO ou Fórum Econômico Mundial tenham o hábito de bajular pessoas, muito menos brasileiras.

Aceitem ou não, podem chamá-lo de doutor honoris causa multiplex Lula. Título concedido a poucos brasileiros. Considerando que ele nasceu numa família paupérrima, veio de pau de arara, e mesmo sem estudar conseguiu alcançar tantas realizações, o mérito é ainda maior. E recomendo a quem não gostou que se cuide, pois a inveja pode lhe causar problemas no sistema digestivo.

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”, disse Aristóteles.

Vida longa ao Doutor Lula! Ele merece! Ele merece!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Os licenciadozinhos contra o doutor Lula

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O tema já provoca imenso tédio, parece um eterno retorno. Lula recebeu mais cinco diplomas de doutor honoris causa na semana passada, no estado do Rio de Janeiro. E não demorou para aparecer, nas redes sociais, o costumeiro chorrilho de besteirol. Tem neguinho que não perdoa e surge logo com aquelas merdices de “não pode: eu estudei, ele não”. Nem foi preciso ir muito longe para encontrar gente a falar com o fígado.

Eis alguns exemplos:
- "Ridículo. Ao lado de Dilma, Lula recebe títulos Honoris Causa no Rio. Ex-presidente foi homenageado por cinco universidades".
- "Lula disse que não teve tempo para estudar. Não estudou porque não quis. E a incultura sempre foi útil ao seu personagem".
- "Por isso Lula não desgruda do Sírio-Libanês: dão-lhe tantos títulos de doutor, que o cara já acha que pode clinicar".

Ora... é gente que, do alto da importância de um diplominha qualquer, julga ter relevância intelectual suficiente para dizer ao mundo o que é certo e o que é errado. Aliás, só num país como o Brasil - onde ter diploma ainda é um privilégio - esse ranger de dentes dos descontentes ainda pode ter guarida. Posso garantir, leitor e leitora, que não é assim nos lugares civilizados.

Os caras que reclamam das homenagens a Lula são, na maioria dos casos, licenciadozinhos que se julgam especiais apenas porque têm um canudo para pendurar na parede. É uma marca deplorável na história do Brasil - e que estranhamente persiste ainda hoje. O cara tem um diploma qualquer e acha que deve ser considerado um herói.


Não, amigo, você não entendeu o enredo da história. É por isso que no Brasil ainda existem uns tipos - dentistas, advogados, engenheiros e psicólogos, por exemplo - que se acham merecedores do vocativo “doutor”. O problema é que o “doutor” dessa gente não é um título acadêmico, mas um título que tende para o nobiliárquico. É um símbolo de distinção social.


O meu ponto de vista é o seguinte. Se você é doutor (com doutorado) vou considerar a sua opinião sobre o tema dos títulos concedidos a Lula. Sou capaz de entender se, por acaso, você reclamar da injustica, porque teve que estudar muito para chegar a um título. A questão é que nunca vejo um doutor (com doutorado, repito) a reclamar quando Lula recebe uma homenagem pela sua trajetória política. Até porque honoris causa é, como o próprio nome diz, um título honorífico.


Ora, acho que os doutores (com doutorado, repito) entendem que um ex-metalúrgico pode saber muito mais que eles num determinado campo de saber. Porque conhecimento é algo que também se adquire com a vida, com a experiência. Para ler o mundo não basta apenas ler livros. Lula já governou uma das maiores economias do mundo, já tuteou as pessoas mais relevantes ao nível planetário e já tomou decisões que afetaram a vida de milhões de pessoas. Isso vale um curso universitário.


Mas mesmo assim, ainda hoje tem gente a insistir na ideia elitista de que a educação passa apenas por roçar o traseiro nos bancos escolares. É claro que a educação acadêmica é importante, mas não é tudo. E se eu tivesse que ouvir uma aula de Lula sobre os assuntos que ele conhece, com certeza não perderia a oportunidade. Não posso dizer o mesmo dos licenciadozinhos arrogantes que não conseguem ver o óbvio e vivem agarrados à "importância" do próprio canudo.