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terça-feira, 29 de março de 2016

É golpe, sim senhor!



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Há um movimento que tenta dar um ar de legitimidade ao golpe. Os articuladores do impeachment já entenderam que Dilma Rousseff não vai renunciar – o que faria o golpe parecer legítimo – e agora tentam construir uma narrativa própria. A intenção é criar um discurso que inocente a palavra “golpe”. Não adianta. Golpe é golpe. Quem adere ao golpe é golpista. E golpistas odeiam a democracia.

Nos últimos dias, surgiu uma meia dúzia de juristas pingados a defender a tese de que impeachment sem crime não é golpe. Traduzindo o palavrório: é conversa para boi dormir. Por mais gente togada que apareça a dizer o contrário, golpe é golpe. Essa gente quer esculhambar o estado de direito. A construção da tal narrativa em juridiquês só tem um objetivo: dar um álibi moral para os sacripantas cívicos. “Não é golpe, é legal”, dirão aliviados.

A “gente de bem” que adere ao golpe vive numa espécie de terceiro mundo mental. Não importa se o impeachment está a ser articulado pela pandilha Temer-Cunha-Aécio-Serra, políticos de caráter duvidoso (para ser simpático) e sobre os quais recaem indícios mais que suficientes para serem investigados. Mas se for para apear Dilma Rousseff do poder, os adesistas do golpe não se importam de chafurdar na mesma lama. É o grau zero da moralidade.

Os golpistas se esforçam por construir uma narrativa auto-indulgente. Mas é gato escondido com o rabo de fora. Não dá para disfarçar, apesar da ajuda sentenciosa de velha imprensa nacional. Em sentido contrário, no exterior a comunicação social despertou para o tema e denuncia a existência de golpe. A palavra começa a aparecer cada vez com maior frequência nas manchetes dos jornais. A opinião pública mundial também começa a acompanhar essa tendência.

E, por fim, que tal um exercício de imaginação? Se Dilma Rousseff for impedida, como será o dia seguinte? Os políticos articuladores do golpe, por terem uma agenda própria, já sabem o que vão fazer. Tremei, incautos! Mas e a tal “gente de bem” que se deixou manipular e aderiu à narrativa golpista? Terá noção do que aconteceria no dia a seguir ao golpe? Pensem. Porque se pensarem vão perceber que a agulha da bússola não está a apontar para o Norte.


É a dança da chuva.

A imprensa internacional chama o golpe de golpe

terça-feira, 8 de março de 2016

Tem brasileiro dormindo com o inimigo

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Se Lula for culpado, tem que responder perante a lei. Se Dilma tiver atentado contra a Constituição, que venha o impeachment. E os brasileiros que desejam expurgar os dois da política têm o legítimo direito de pensar assim (sempre dentro do respeito pela lei, claro). Mas fica dúvida: que país surgirá caso Dilma seja impedida e Lula se torne inelegível?

É só fazer uma pequena recolha de manchetes de jornais para perceber há muita gente que anda a dormir com o inimigo.

·      É um terço SP, um terço nacional e um terço Aécio.
·      Denúncia do MPF sobre Furnas que envolve Aécio Neves volta à fase de inquérito no Rio.
·      Aécio era “o mais chato” na cobrança de propina junto à UTC, afirma delator .
·      Senador tem de explicar caso da cocaína no helicóptero, diz Aécio.
·      Dono do helicóptero do pó ganhou 3 contratos sem licitação de Aécio Neves.
·      Indenização por aeroporto de Cláudio ajudará tio de Aécio a quitar dívida.
·      Ministério Público pede para arquivar investigação sobre aeroporto em terreno da família de Aécio.
·      Escancarado esquema de corrupção tucana no Metrô de São Paulo.
·      Trens e Metrô superfaturados em 30%.
·      Lava Jato fecha cerco a Sabesp e Metrô. Tucanos e imprensa se calam.
·      Alckmin diz que cooperativa citada em fraude da merenda foi aprovada.
·      Governo Alckmin e aliados na mira do MP por esquema de propina na merenda escolar.
·      FHC usou empresa para me mandar dinheiro no exterior, diz ex-namorada.
·      Fernando Henrique Cardoso pagava a amante via empresa.
·      FHC nega ter apartamento em Paris e ataca Lula.
·      Mirian Dutra confirma: apê de luxo em Paris é de FHC.
·      Irmã de ex-amante de FHC é ‘funcionária fantasma’ no gabinete do senador José Serra, dizem jornais.
·      Serra diz que funcionária fantasma trabalha em projeto sigiloso.
·      WikiLeaks: EUA estavam preocupados com exploração do pré-sal.
·      WikiLeaks: as conversas de Serra com a Chevron sobre o pré-sal.
E, por fim:
·      Senado aprova fim da participação obrigatória da Petrobras no pré-sal.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O blablablá na terra de Luluf e Malula

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Dizem que uma imagem vale por mil palavras. Mas foi diferente na semana passada: a foto em que Lula e Maluf trocavam um aperto de mãos provocou ataques verborrágicos que pareciam não ter fim. Foi um tremendo blablablá.


E ficaram evidentes duas formas de ver as coisas: uma muito emocional, outra nada racional. A primeira reação mais emocional foi do pessoal da direita vociferante, que não perdeu tempo em apontar o dedo a contradições. Falou-se muito em falta de ética e que o PT havia sido contaminado pela imagem pestilenta de Maluf.

Até aí tudo bem, porque os caras até tinham motivos. Mas o fato é que esse pessoal não estava disposto a discutir ideias. A intenção era apenas fazer barulho e acusar o PT de ter tropeçado na ética. Aliás, nada dá mais prazer à direitona braba que encontrar motivos éticos para desancar o PT. Foi o gáudio.

Na outra trincheira emocional estavam os petistas mais sectários, que não se importam com a aliança. Maluf?  Ora, se for para vencer a direita valem até pactos com o diabo. Ah... e entre os petistas havia também aqueles que gostam de posar de vestais e acham inadmissível serem vistos ao lado de Maluf. Aliás, são os mesmos quem em 2002 criticaram Lula por ter feito composições estranhas para chegar ao poder. O problema é que depois eles ficam sempre caladinhos e coniventes.

O QUE NÃO SEI DISCUTIU - Houve pouca racionalidade. A coisa ficou no oba-oba e ninguém se deu ao trabalho de discutir o que é efetivamente essencial. Para começar, vamos aos fatos: Lula apenas se antecipou a Serra, que também insinuava um namoro com Paulo Maluf. O partido do senhor “rouba mas faz” era o mais desejado. Lula só foi mais rápido no aperto de mão.

Tudo aconteceu porque tanto PT quanto PSDB estavam interessados em mais minutos de televisão. E, ao que parece, a conquista de mais tempo na telinha justifica todas as insanidades políticas. É o tipo de coisa que só pode acontecer em lugares onde a democracia ainda está a engatinhar.

Quando o horário na televisão é fator definidor de eleições, a própria democracia está sob fogo. Um regime democrático não pode conviver com distorções pouco democráticas, como o poder do horário de televisão. Porque estamos a falar de governar pessoas e não de vender sabonetes. Aliás, não conheço nenhum país desenvolvido onde o horário televisivo seja tão importante para definir os seus governantes.

Há algo de podre no reino da democracia brasileira. E de factóide em factóide, perde-se a oportunidade de discutir o que realmente importa: uma verdadeira reforma política. Aliás, vale salientar, a reforma não interessa a qualquer dos players atuais do xadrez político. Nem à esquerda e nem à direita, até porque na atual situação é difícil distinguir uns dos outros. Fica evidente que são todos conservadores, porque acham que o modelo está bem e não querem mudar.

EM JOINVILLE? - A questão da televisão vale também para Joinville. Porque há verdadeiras inexpressividades políticas que ganham peso de negociação em tempo de eleições. Não porque tenham representatividade política, mas porque representam tempo de televisão. O resultado é que verdadeiros nadas passam a ter protagonismo. E, lá como cá, algumas coligações acabam sendo autênticos bordeis ideológicos.


As democracias a sério não se fazem assim.