quinta-feira, 8 de junho de 2017

Vamos encarar?


POR ALBERTINA CAMILO* - Fazer Aqui
As mudanças costumam causar um certo desconforto, no mínimo, e chegam a amedrontar, atingindo o estágio do medo, que paralisa. É neste nível que está um grande número de jornalistas hoje, diante da revolução sem precedentes provocada pela mídia online – nem dá para comparar com os anos 1990, quando os computadores invadiram as redações e aposentaram as máquinas de datilografia. 

Jornais impressos que pareciam inabaláveis fecham em todo o mundo. Mais e mais jornalistas se veem longe do emprego “tradicional”, tentando entender o que está acontecendo e sem saber o que vem por aí. Mas um bom número de profissionais já decodificou o recado: não há futuro possível fora do online. O problema (prefiro pensar em desafio) é saber como transformar as inúmeras possibilidades em ganhos financeiros.

É algo novo em todos os sentidos. Jornalista tem a fama (justa, aliás) de não saber “vender”. Era tão fácil ter o salário depositado pelo empregador todo mês, não é? Como enfrentar uma forma tão diferente de produzir conteúdo e, ao mesmo tempo, fazer com que renda financeiramente?

Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Ou ficamos no passado, em lamúrias do tipo “era bom e eu não sabia”, vendo as novas oportunidades passarem, ou encaramos nossas inseguranças e aprendemos os segredos e truques dessa revolução jornalística (lendo, pesquisando, perguntando, conversando muito, se unindo, criando). Eu estou encarando e chamando outros a fazerem o mesmo.

A aventura do jornalismo vai continuar, não importa o formato.

* Albertina Camilo é jornalista com passagens pelos jornais A Notícia e Notícias do Dia, de Joinville. É idealizadora do recém-lançado portal online Fazer Aquique reúne produção colaborativa de jornalistas e outros profissionais. O próximo desafio é monetizar o espaço e fazer todos ganharem.

Um comentário:

  1. Perdoe se me desvio do foco de sustentabilidade financeira da atividade, mas dou meu “fidibéque” como uma oportunidade de mercado que ainda está pouco explorada

    Qual será o trabalho do jornalista?
    ???
    Ontem, me ligaram do jornal AN. A moça se identificou e disse que a ligação estava sendo gravada. Me oferecia a retomada da assinatura que eu havia cancelado no final do ano passado. E pedi que ela não considerasse minha resposta de forma pessoal e se estava sendo gravada eu aproveitaria para me manifestar. Da mesma forma como me manifestei numa pelestra sobre jornalismo na IELUSC …. eu não compro mais papel. E depois de um tempo na assinatura digital, também a descartei. Eu não quero, e nem preciso, saber o que o Cunha comeu. Com quem o Temer viajou ou se o Cabral foi condenado mais uma vez …. esse tipo de informação nos entra pelos poros vindo pelo radio, TV, computador, celuar …. enche tanto o saco que a única utilidade do papel-informação é ajudar a acender a lareira (isso pra quem não tem cachorro). ….. Continuando, eu disse que só voltaria a buscar a sua empresa como fonte de informação quando esta fosse relevante para a minha qualidade de vida. Quero três, quatro, cinco páginas de cartas de leitores. Quero ler o que meu vizinho questionou. Quero saber o que aconteceu no pastel lá da igreja. Quero saber se o responsável por aquela secretaria burocrática foi questionado e se tomou alguma providencia. Quero ver questionamentos aos vereadores e ao prefeito. Quero que a gestão use a informação vinda das ruas (o jornal) para embasar os ajustes na condução.quero um veículo que integre o meu entorno.

    E como, em seguida, vocês abordam o assunto, vou ousar dar um pitaco

    Como disse um pensador de “além mar” (se não disse, pensou)…. hoje em dia todo mundo tem opinião formada sobre tudo e é expert em assuntos gerais, muito bem fundamentados numa postagem recebida de uma fonte desconhecida. E se for textão, então …. lida só nos primeiros dois parágrafos.

    Cabe ao jornalista tornar a informação rica em conteúdo e gostosa (saborosa mesmo) em ser absorvida

    O jornalista é o que vai “arrumar as gavetas”, checar a veracidade e dar legitimidade … tirar o excesso de retissências … e corrijir os erros de portuguez

    Combater os argumentos: “vc não tem o embasamento técnico para se manifestar” … “qual a sua especialização neste assunto?” desestímulos praticados pelos intelectuais que não desejam partilhar a informação.

    Abrirá espaço para que o cidadão se habitue à manifestação, mesmo que de forma leiga.

    Mas fundamentalmente, vai fazer circular a informação. Não só de cima pra baixo, como até então se praticava, mas de baixo pra cima.

    Sim. Somos diferentes. Temos necessidades diferentes. Temos interesses diferentes. Nos manifestamos de formas diferentes.

    Ao jornalista caberá ancorar a informação à verdade, aos fatos …. expondo dados, argumentos e organizando ideias e conceitos. Vincular a ética, a transparência, o embasamento e a ampla divulgação ... de forma que o conteúdo possa ser absorvido de forma plena, resultando no enriquecimento do debate.

    Talvez ainda caiba ao jornalista …. abrir um canal para que a sociedade se manifeste e se conscientize de sua responsabilidade no universo de convívio em coletividade.

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