segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Dinheiro e fé: gente que crê ganha mais?


POR JORDI CASTAN




Pesquisa publicada pela "Folha de S. Paulo" em janeiro pede alguma reflexão. O brasileiro continua acreditando que está deitado em berço esplêndido. E talvez por conta disto persista a ideia de que os problemas do país possam se resolver por outros meios que não seja o trabalho, o esforço e o fazer bem feito. Há muitos seguidores por estes lados. Espanta que 9 entre 10 brasileiros digam que seu sucesso financeiro se deva a Deus. Impressiona que entre os graduados o percentual seja de 77%. Inevitável fazer-se a pergunta: que tipo de brasileiros estão a formar as nossas escolas e faculdades? Quanto menor a escolaridade e menor a renda maior a gratidão a Deus pelas conquistas terrenas. Como o Brasil é um país curioso. Entre os umbandistas, 63% acreditam que o seu sucesso financeiro se deva a Deus. Entre os ateus o percentual é de reveladores 23%.

Acreditar que há uma relação divina para o sucesso econômico tem lá suas implicações. A primeira que me ocorre é que possa haver uma interferência divina na geração de riqueza. A premissa é interessante e pode explicar porque há tanta gente que pensa ser possível ficar rico sem estudar, sem trabalhar, sem fazer nenhum esforço. Os que acreditam em milagres. Que 9 de cada 10 brasileiros acreditem de verdade ser possível o milagre da influência divina na geração de riqueza é uma noticia reveladora. Na Idade Média, algumas ordens religiosas tinham como lema “ora et labora” (rezar e trabalhar ou oração e trabalho). Não se cogitava, naquela época, que fosse possível enriquecer sem trabalhar. Hoje há quem acredite, não só que isso seja possível, mas que seja verdade.

O estudo ajuda a compreender melhor porque há tanta gente que acredita em milagres e em milagreiros. E ainda é mais interessante acredita em pecado sem culpa, em que possa existir o paraíso sem o seu correspondente inferno. Há nesta estulta maneira de ver o mundo uma versão atual do complexo de Polyanna. Promovendo a ilusão de que, sem se alicerçar em nada mais que na crença e na fantasia, se possa criar riqueza e promover o desenvolvimento. Algumas igrejas são muito mais atuantes neste sentido. No caso da Universal, com mais de 57% dos seus fieis ganhando pouco mais de dois salários mínimos, há um esforço em promover o desenvolvimento econômico dos seus fieis organizando cursos sobre empreendedorismo e geração de renda e incentivando-os a ser patrões de si mesmos. Será esta a influência divina a que a pesquisa se refere?

As igrejas evangélicas aumentam o número de fieis nas suas igrejas em 43%, as católicas só 14%. Também fazem mais caridade 63% frente a 45% das igrejas católicas e ajudam mais a achar emprego 56% frente a 35% das católicas.

Mais de 50% dos entrevistados acreditam que Deus proverá riqueza e saúde aos que tem fé. A denominada Teologia da Prosperidade defende o sucesso material nesta vida como benção divina estimulada pelo dízimo. Tanto acreditam os fieis neste caminho que a pesar de ter a parcela de fieis mais pobres a Universal é a que mais arrecada com o dízimo, R$96,5, frente aos R$70,3 da Assembleia de Deus. Há uma atitude diferente por trás da estratégia de cada uma das igrejas. Enquanto a Católica defende a caridade como forma de combater a pobreza e ajudar os mais necessitados, as igrejas pentecostais optam por uma política mais ativa e que apresenta melhores resultados.

11 comentários:

  1. Dois tipos de pessoas que creem piamente que as coisas caem do céu sem o esforço do trabalho: religiosos e esquerdistas.
    A diferença é que os primeiros creem numa entidade metafísica, os segundos, nos vastos impostos pagos ao Estado por aqueles que trabalham.

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    1. VTNC!
      Imposto que cai do céu! P0rr@! Aí é f0d@. Deixam vir qualquer bastardo escrever besteira por aqui.

      Imposto não cai do céu, é o preço que se paga para viver numa sociedade justa e organizada. Se os impostos no Brasil são mal gerenciados temos que remediar as causas. Esse discurso de ódio ao imposto é como o cara que não querendo matar as pulgas resolve sacrificar o cachorro.

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    2. "Imposto não cai do céu, é o preço que se paga para viver numa sociedade justa e organizada."

      Oi?

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    3. Imposto não cai do céu, o imposto é pago pelos trabalhadores (classe operária e empresarial), mas a esquerda não crê no trabalho, ela crê bom e velho Estado, no "Grande Irmão" ou nas tetas de algum sindicato ligado a algum partido governista.

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    4. Sim, tudo bem! E aí na Venezuela?
      Lembro que, recentemente, vc estava com problemas para conseguir papel higiênico!

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    5. Que saudades da Venezuela. Fazia tempão que não liberava um texto a citar a Venezuela.

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    6. Então tem texto que vc não libera?
      Baço, o censor?

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    7. Baço, já que vc está com saudades da Venezuela, que tal saber que a pobreza por lá atingiu cerca de 80% dos lares? É o sucesso do socialismo! Em breve, todos os venezuelanos estarão em igualdade por lá!

      A esquerda agoniza!... e as vezes não libera textos! KKK

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  2. Problema não é o pessoal ter fé, até acho possível que isso ajude , problema é pra onde toda essa energia é direcionada: dinheiro! (desejo, consumo, insatisfação, o mundo imaginado e experimentado por uma ótica economista, relações sociais e culturais sobre seu domínio)
    Não precisa ser Cristão para ver que Mamon reina, se não como entidade própria, como o espírito da época.

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  3. Não há problema em ser um cético, mas eu nuca vi um cético real a maioria é seletiva. Pois sempre acabam acreditando numa besteira ainda pior, tipo que o trabalho deixa alguém rico. O trabalho no máximo deixa alguém classe médica, pra vc ficar rico ou vc terá que passar muita gente para trás, ou contar com uma baita sorte.
    O que é a sorte? Nada mais que uma dadiva do caos para uns e uma providencia divina para outros.

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