quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

As diferenças entre direita e esquerda sobre Segurança Pública

POR FELIPE SILVEIRA

Segurança Pública é, muito provavelmente, a questão que mais divide direita e esquerda hoje. Tema da vez no Brasil, a discussão precisa encontrar pontos de convergência para produzir algum avanço. Se a direita é punitivista e não consegue enxergar as complexidades produtoras de violência social, a esquerda, pelo menos uma parte, se recusa a discutir propostas de curto prazo, de modo que não consegue oferecer uma resposta convincente à população.

A esquerda defende que a violência é resultado de uma sociedade desigual e é a resolução deste problema que vai resolver o primeiro por consequência. O argumento se justifica ao olhar para sociedades mais iguais, ricas (Suíça e outros países do norte europeu) ou pobres (Cuba), onde os índices de violência são muito baixos. Como a direita não quer uma sociedade mais igualitária (ser de direita, em resumo, é isso), mas quer uma sociedade com menos crimes (especialmente contra o patrimônio), ela precisa de outros argumentos. Foca-se, então, no armamento da população (ótimo negócio para a indústria bélica) e no punitivismo mais louco.

O problema da argumentação à esquerda é que desigualdade social não se resolve do dia pra noite e as pessoas estão amedrontadas com a quantidade de crimes violentos que ocorrem diariamente. Amedrontadas e indignadas porque perderam bens materiais e perderam pessoas para a violência. Mesmo em locais onde há redução da desigualdade (melhora no IDH), há aumento da violência, pois esta não é uma solução de curto prazo.

As ideias de esquerda a respeito da segurança não se resumem à redução da desigualdade. A legalização/descriminalização das drogas, em especial da maconha, está totalmente atrelada à discussão. A desmilitarização da PM também. Penas alternativas, tratamentos psicológicos, redução do punitivismo, educação e lazer no sistema penitenciário fazem parte de uma gama de pequenas soluções. Porém, tudo isso é lido como “pena de vagabundo” e “coisa de maconhista”.

Uma parte da responsabilidade sobre essa interpretação é da própria esquerda, que não se prepara para o diálogo e para explicar suas propostas sobre a legalização da maconha e o desencarceramento. A repetição de clichês e uma confusão argumentativa permitem que a direita nade de braçada no debate, deturpando as propostas mais progressistas.

Um exemplo disso é a questão do “fim da Polícia Militar”. A ideia é clara: desmilitarizar a polícia, promovendo melhorias na instituição (melhor preparação, garantia de direitos etc.), e ao mesmo tempo denunciar os abusos cometidos cotidianamente pelos fardados. A direita explora essa ideia como se a esquerda quisesse o fim da polícia, pura e simplesmente isso. Além disso, uma parte da esquerda realmente quer o fim da polícia e pronto.

É preciso enfrentar essa confusão, essa conversa torta, onde cada um grita no seu canto e a população vai na onda da indignação, pois isso responde seus anseios. Estabelecer o diálogo, construir pontes e criar propostas de médio, curto e longo prazo são coisas necessárias. Para isso, estudar as propostas que já existem e cuidar para não reproduzir clichês se tornam urgentes.

13 comentários:

  1. No caso do ES, tem de investigar quem está por trás dessa greve velada. Óbvio que não são as esposas dos pms, mas, quem sabe, os famigerados sindicatos. A questão é que os pms do ES recebem em média 2,6 mil reais, longe de ser o menor salário do país, além disso, nenhum funcionário público do estado tem seus vencimentos atrasados, como em outros estados. Isso significa que o ES tem suas contas em dia, ao contrário de estados governados pelo PT (RS, MG) e peemedebistas ligados ao Lula (RJ).

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    1. Depende. Um bom salário seria o dobro, mas qual UF paga isso, a não ser a ilha da fantasia chamado DF?

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    2. Governador do RS é do PT? Essa é nova pra mim!!

      E outra: PMDB ligado ao Lula? PMDB é a prostituta dos partidos políticos... faça-me o favor.

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    3. Tarso Genro te lembra algo? A destruição da economia gaúcha deu-se na gestão anterior!

      O presidiário ex-gonernador do Rio é amiguinho do Lula, que é amiguinho do ex-bilionário, que é amiguinho do dono da empreiteira. Não lembro de outro peemedebista com tamanha relação com o nove-dedos.

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  2. Sem entrar na discussão esquerda vs direita, a questão sobre educação e lazer no sistema penitenciário é algo já previsto pelo nosso atual sistema prisional.

    Há aquele abismo colossal entre a teoria e a prática apenas. A menos que seja educação para o crime e o lazer seja futebol durante o banho de sol.

    Abraços.

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    1. Sim, Zorak, o nosso sistema de ressocialização é ótimo no papel, mas é preciso por em prática.

      Abraço!

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  3. Quer resolver os problemas sociais do Brasil? Corte o $ dos sindicatos!

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  4. Isso que está acontecendo no ES é para essa esquerda burra que acha cool falar mal da polícia e idolatrar bandido, ver o que acontece quando os policiais resolvem deixar a população desarmada a mercê dos vitimados pela sociedade.

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    1. Caro retardado, só na tua cabeça a esquerda idolatra bandido. Quanto a falar mal da PM, se algum funcionário público não executa suas atividades à contento eu acredito que seja direito do cidadão reclamar desse funcionário/instituição.
      Mas vamos ao que interessa. O que vemos no ES é a falência do estado graças a gestão neo-liberal do Hartung. E só pra avisar isso é uma pequena amostra do que acontecerá com o Brasil devido a aprovação da PEC 55.

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  5. Sobre a crise no Espírito Santo, só tenho a dizer aos anônimos: calem a boca!

    http://m.cbn.globoradio.globo.com/editorias/policia/2017/02/12/INVESTIGACAO-APONTA-QUE-PARTE-DAS-MORTES-REGISTRADAS-NO-ES-TEVE-ATUACAO-DE-PMS.htm?utm_source=facebook

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  6. Pobreza e não desigualdade este é o problema econômico que tem que ser resolvido. As pessoas são diferentes, tem objetivos diferentes e isto por si só pode gerar grandes desigualdades econômicas. A decisão de cometer um ato violento contra outro pessoa é do indivíduo é um claro ato de desrespeito e quem sabe inveja. Atribuir a responsabilidade a desigualdade, é transferir a responsabilidade para o outro, típico de quem procura justificar seus atos. Vejam bem estamos falando de violência e não de furtar para saciar a fome ou de lutar contra um governo opressor.
    Anderson Titz

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