segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Em Joinville, os zombies vão à escola... mas não há cérebros


POR JORDI CASTAN
Conta a lenda que se houvesse uma invasão do zombies, num certo instituto de pesquisa e planejamento morreriam de fome. E é provável que esse seja o motivo pelo qual Joinville não sofreu qualquer invasão de zombies. Porque dependendo de onde chegassem, não teriam muito do que se alimentar. Parece que os cérebros estão em extinção e os pensantes são definitivamente uma raridade.

Um dias destes, o jornal publicou a informação (fac-simile abaixo) de que o executivo, leia-se IPPUJ, estava propondo uma alteração na lei do EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança). E vindo de quem vem a iniciativa, desnecessário acrescentar que a mudança é para pior.

Poxa... lá vem o Jordi com o seu pessimismo. Ora, sempre que as propostas do Executivo forem para reduzir direitos dos cidadãos serei contra. O EIV é uma ferramenta importante para evitar que novos empreendimentos venham a causar um impacto negativo para a vizinhança. Claro que poderíamos dizer que impacto negativo é redundante, mas sou dos que acredita haver também impactos positivos.

Vamos lá. A proposta do IPPUJ de excluir, do cálculo da metragem quadrada das escolas, a área do ginásio para efeito de EIV é uma solene estultice. Aliás, é mais correto dizer que é uma imbecilidade. E o pior: é mais provável que esta proposta tenha endereço certo. Que venha a atender especificamente alguma escola que tem tido dificuldade em aprovar o seu projeto, porque nas audiências do EIV os moradores das áreas vizinhas tiveram a ousadia de fazer perguntas que foram além das obviedades.

É bom lembrar que escolas e colégios são polos geradores de tráfego importantes, que ocasionam não poucos problemas nas ruas de acesso. No caso de Joinville, em que a maioria de ruas já estão saturadas a instalação de uma escola sem que se tomem as medidas preventivas, corretivas ou mitigatórias é garantia de mais problemas a curto e médio prazo. 

Os ginásios também são motivo de problemas com a vizinhança. Sem isolamento acústico adequado, geram barulho e desconforto. Assim, é bom que escolas e colégios, especialmente aqueles com mais de 5.000 m2 de área construída, tenham que apresentar projeto de impacto de vizinhança. Descontar a área construída do ginásio é um casuísmo inaceitável. Uma sem-vergonhice sem tamanho.

Alias, é bom lembrar que os empreendimentos são responsáveis pelo impacto que provocam. E é inaceitável incluir no EIV que os problemas de trafego serão resolvidos só com investimentos da Prefeitura. Por quê? Ora, porque a Prefeitura somos todos e não é a sociedade quem deve pagar para mitigar ou neutralizar os impactos dos empreendimentos privados.

O que me leva de volta ao inicio deste texto. Se os zombies atacassem Joinville, com certeza haveria algumas áreas livres de risco. Sem cérebros dos que se alimentar optariam por atacar outros pontos.  Façam suas apostas "Que escola seria beneficiada hoje pela mudança da regra do EIV?" Eu aposto que este projeto tenha endereço certo.







4 comentários:

  1. Se os zumbis não encontrarem cérebros para se alimentarem, eles morreriam de fome?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim Francisco, morreriam. Do mesmo jeito que as boas ideias não vicejam num ambiente sem cerebros.

      Excluir
  2. Essa é a velha história de privatizar os lucros e socializar os prejuízos.

    ResponderExcluir
  3. E ter, ou não ter, ginásio muda a taxa de ocupação do empreendimento?

    ResponderExcluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem