sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Olha! Apareceu o prefeito!


POR FILIPE FERRARI

As redes sociais, grupos de Whats e espaços que frequento andam preocupados com o sumiço de algumas pessoas. Cada um em seu âmbito, muito se fala sobre o desaparecimento midiático do senador Aécio Neves, e aqui na nossa cidade, procurava-se desesperadamente um prefeito que deu o ar da graça essa semana para anunciar sua chapa que concorrerá ao paço municipal.

O chá de sumiço tem sido uma estratégia política importante na atual conjuntura brasileira, pois muitos políticos preferem ser esquecidos (e adotar estratégias agressivas de marketing nas eleições), do que estar sempre na linha de fogo da opinião pública. Quem deve, teme. Para estes, o esquecimento tem um papel importante em suas estratégias de campanha.

O historiador francês Paul Ricouer tem trabalhos interessantes sobre essa função da memória: o esquecer. Ele defende, inclusive, o direito ao esquecimento. Realmente, em alguns casos isso é importante, apesar dos diferentes tipos da ação do não-lembrar. O trabalho do governo alemão pós-holocausto é um exemplo. Fez-se um julgamento, colocou-se nome nos culpados, que foram então penalizados, ergueram-se (ou preservaram-se) museus e lugares de memória, e hoje a nação alemã tem sobre si a sombra do genocídio, mas essas gerações não precisam carregar a culpa. Foi. Aconteceu. Lembremos, mas esquecendo e nos libertando. É um trabalho psicológico de Estado e de cultura nacional.

Trabalho esse que foi desenvolvido em alguns países da América Latina com as Comissões da Verdade pós ditaduras. Trabalho que demorou a ser feito no Brasil, e que ainda não teve o alcance necessário, visto as aberrações que vemos nas últimas manifestações, ou mesmo as aberrações no congresso que pedem e defendem a Ditadura Militar.

Em época eleitoral, a estratégia do esquecimento é utilizada de forma canalha. Querem que se esqueça do candidato que foi condenado (sim, condenado; não delatado, julgado, suspeito...) por desvio de dinheiro público, querem que se esqueça do prefeito que fez mil promessas em cima da sua capacidade de gestão, e que paralisou a cidade.

Em determinados casos, o esquecimento é um direito, mas lembrar é um dever.

5 comentários:

  1. Oi professor Ferrari, estou ansioso pela sua aula!

    Abraços e beijos.
    Harysson EM131

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  2. Eu estou anotando o nome dos senadores que estão votando pelo retorno de Dilma Rousseff na comissão de impedimento. Vou fazer questão de enviar essa relação de irresponsáveis a todos os meus conhecidos em 2018.

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    Respostas
    1. Anotou o nome dos vereadores que apoiaram o aumento de seus próprios salários?
      E dos deputados que autorizaram o aumento do Judiciário (muito maior do que o Bolsa Família e que atinge muito menos famílias)?
      E de quem votou contra o impeachment do Collor? Acredite, estão quase todos lá ainda... até o Collor está por lá.

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    2. Vou mais longe: anotou o nome dos senadores que estão votando a favor do impeachment e que figuram nas delações premiadas da vida? Tem senador que já pode pedir uma sonata completa no Fantástico!

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    3. Anotou nada. Esse dai e mais um papagaio da RBS/Globo que posta essas merdas e depois vai correndo contar pro patrão...

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