segunda-feira, 30 de março de 2015

Trânsito mata mais que homicídios em Joinville

POR JORDI CASTAN
Durante quase dois anos Joinville deixou de ter radares e lombadas eletrônicas. Será que não precisava? Não é hora de buscar responsáveis pela omissão? Todos sabem de quem é a responsabilidade, quem devia ter licitado e quem responde pela gestão do trânsito na cidade. Não há dúvidas.

Os dados oficiais da Secretaria de Saúde do Estado de 2014 mostram que em Joinville o trânsito matou 148 pessoas. É o maior número de mortes nesta década. Ou seja, mais que os mortos em homicídios. O número de mortes no trânsito não era tão alto desde 2006.

O jornalista Jefferson Saavedra, no jornal "A Notícia" do dia 13 de março, informa que estes números são menores apenas que os de 1996 e 1997, quando a BR-101 ainda não tinha sido duplicada e vivíamos uma carnificina diária. Joinville não é só a maior cidade do Estado em número de habitantes, mas também a cidade em que o trânsito mais mata.

E o que isso tem a ver com os radares, as lombadas e o abandono em que Joinville está mergulhada já faz tempo? A primeira constatação é que sem radares o trânsito tem matado mais. A segunda é que quem deixou a cidade sem a proteção, dos radares e das lombadas, se omitiu e poderia ser responsabilizado por omissão. No serviço público, a omissão é um delito.

Estas duas constatações levam facilmente a uma terceira constatação, que tem implicações muito sérias. O município pode querer se eximir da sua responsabilidade justificando que não houve omissão por parte da autoridade de trânsito e do gestor municipal é que não há relação entre a retirada dos radares e o aumento do número de mortes no trânsito. Nesse caso a pergunta que surge é: se os radares e as lombadas eletrônicas não reduzem o número de mortes no trânsito, para que servem? Qual o seu objetivo? Só arrecadar?

De acordo com o Plan MOB, apresentado pelo IPPUJ na semana passada, o governo municipal não tem dados concretos e sistematizados. As informações se encontram divididas entre uma série de secretarias, fundações e ONGs. Assim não foi apresentado o mapa da morte no trânsito, com a identificação dos pontos mais perigosos, aqueles em que ocorrem o maior número de acidentes fatais, e portanto não há qualquer proposta concreta para acabar com eles.

Tampouco é possível verificar se os pontos em que estão sendo instalados os novos radares, são de fato aqueles em que serão mais úteis para reduzir o número de acidentes ou se tem como objetivo atender a demandas pontuais, frente a aquela igreja, escola ou órgão público, atender a pedidos de vereadores ou de líderes comunitários. Corremos o risco real de instalar mais radares, multar mais, arrecadar mais e ver o número de mortes continuar a aumentar. Pior ainda, corremos o risco que de novo ninguém seja responsabilizado pela omissão.

Em tempo, os mais de 50 mortos do trágico acidente de ônibus na Serra Dona Francisca terão um impacto sobre os números de vitimas fatais em 2015, que têm tudo para ser piores que os de 2014.



4 comentários:

  1. Mas houve aumento nos acidentes e mortes no trânsito de Jlle após as retiradas dos radares? Penso que aquele terrível acidente na SC 301 foi um caso excepcional. Em muitas cidades que excluíram os radares o número de acidentes se manteve ou até diminuiu.

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    1. Você leu o post? No segundo paragrafo esta claro que o número de mortes aumentou em Joinville em 2014.
      No ultimo esclarece que os 50 mortos do tragico acidente de onibus distorcerão os dados de 2015.

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  2. esse povo vai entender quanto tinhamos fiscalização "pardais" ou azuis atras das arvores era a chamada industria das multas .....na época um radialista criticava e gritava aos 4 quantos sobre a ilegalidade ...incrível q apos algum período o próprio comandou a referida instituição. Jordi, sabemos que o maior caminho é a fiscalização dura e intensiva .....é claro que a maior dor do povo é a do "bolso" e não a da consciência. obrigado S. Silva

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    1. Você lembra quando a Conurb instalou os pardais, as camaras identificando o avanço de sinal vermelho e os radares moveis? Bom lembrar. Eu lembro muito bem.

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